Utopia
Wiress gostava de relógios. O tique-taque característico, os designs simples, mas que por dentro revelavam detalhes intrísecos, curiosos, bem planejados - para ela, a prova da perfeição humana.
Não só deles, é claro, mas também gostava de Beetee. Não apenas como companheiro, como amigo, como alguém que compreendia na pele o terror de participar dos Jogos Vorazes, mas principalmente como amante. Em suma, ele era o que a mulher podia chamar de companheiro ideal, visto todas essas qualidades.
E ele era perfeccionista e tinha uma mente complicada, que ela gostava de decrifar como se estivesse desmontando um relógio - especialmente os mais antigos, cheios daquelas pecinhas pequenas, molas e traquinarias ultrapassadas, porém cheias de charme.
Isso lembrava um pouco como ela gostava de passar os dedos de sua mão pequena pelo torso e costas do companheiro. Beetee tinha diversas cicatrizes por ali, marcas de um passado não apenas em regime autoritário, mas principalmente da competição feroz em que participara e saíra vitorioso, assim como ela.
Wiress também tinha suas cicatrizes de guerra, em especial no ventre e nos braços. Arrepiava-se fácil quando o outro a beijava nessas regiões, que ela acharia feias se não fosse pelo fato constante dele de falar e ressaltar como era bonito. E, é claro, a moça fazia-lhe o mesmo.
Eles se completavam.
E, como bons amantes, costumavam provar aquilo da forma mais devotada, mais pura e sem censuras - pelo sexo. Porque, mesmo que a vida fosse complicada, ainda não podiam ser controlados nesses momentos.
Podiam se soltar. Podiam ser livres. Podiam esquecer a crueldade do mundo real por alguns minutos. Podiam esquecer.
Era quando livravam-se das roupas que ambos sentiam-se mais leves, soltos. Quando podiam apenas contentar-se um com a beleza do outro, nos carinhos, nos beijos trocados não apenas entre os lábios, mas também em toda a extensão de suas peles, como que marcando assim um como propriedade do outro.
Wiress gostava de ser precisa em seus toques. Sabia muito bem onde morder e apertar, e sempre tinha um ritmo constante, que ela sabia que Beetee adorava. Além disso, também amava ficar por cima, pois podia sincronizar os movimentos de seus quadris com o tique-taque do relógio. Cada segundo era como uma dose de uma droga - extasiante, viciante, prazerosa.
Já Beetee era um tanto diferente. Não afoito, mas fugaz. Dedicado. Conhecia a mulher, e por isso queria que ela sentisse tudo ao máximo - e por isso mesmo era que ele sempre parecia entregar-se por completo, o que era, de fato, uma verdade.
Mas talvez o que o rapaz mais gostava era de quando chegava ao limite. Seu corpo sempre se estremecia, instintivamente, ao gozar, e irracionalmente ele sempre tentava agarrar-se o quanto podia à moça.
Era quase como se ela estivesse mesmo recebendo um choque vindo do outro. Só que este não era doloroso - na verdade, era bem o inverso. Oh, se soubessem como o apelido de Faísca adequava-se até mesmo nesse tipo de situação!
Porém, assim como se passam os segundos dos relógios, passa-se o vigor físico. Era por isso que existia uma coisa chamada fadiga, mas que em geral acompanhada por outra que era dormir um abraçado ao outro. Dessa parte, não havia nenhum relógio, dor, e nem sexo inebriante. Apenas a neblina do cansaço, a ternura dos corpos cansados, e a troca silenciosa de desejos e carinhos por entre olhares sonolentos.
Em poucos segundos, os mesmos se fechavam, e ambos podiam cair em sono profundo - sem pesadelos, só sonhos. Somente eles, num mundo em paz.
Uma utopia entre eles e relógios, porque Wiress adorava relógios.
X
Uma drabble Beetee x Wiress, porque eles são meu OTP hétero de Jogos Vorazes e porque praticamente ninguém escreve com eles ;^; Acho um romance tão trágico X_X E eu acho a Wiress tão, mas tão fofa. Ela parece comigo _
Espero que tenha gostado! :3
