-Olá Minerva. -eu disse sentando na cadeira que ela me indicou a sua frente. -Dumbledore. -fiz um breve aceno com a cabeça em direção ao quadro de um dos mais ilustres homens da história da magia. Ele retribuiu o aceno. Como sempre um cavalheiro.
-Sra. Weasl…
-Hermione, por favor. Acho que a Sra. já está a parte do meu divórcio, não?
-De fato, creio que todo o Ministério esteja à parte. Mas não é por isso que a chamei aqui hoje, Hermione. – a voz da outrora professora de transfiguração nunca esteve mais séria.
-O que foi que ela fez dessa vez?- Honestamente? Eu tinha até medo de perguntar. Rose, minha filha, não fazia jus a minha reputação escolar. Garota Problema é como a chamam.
- Vamos só esperar mais um pouquinho... - disse a diretora conferindo o horário no relógio em sua mesa- O pai do outro aluno já deve estar chegando...- ela mal tinha acabado de falar quando a porta se abriu. Eu não estava com a mínima curiosidade de saber quem entrara.
- Desculpe McGonagall. Tive um imprevisto na empresa. Um dos artesãos teve a capacidade de queimar todos os pelos de unicórnio e me custou séculos pra achar um novo lote! O mercado de varinhas tem estado em alta, mas creio que a Sra. já está a parte disso, não?
-Sim, sim. O Profeta tem falado muito nisso. Sente-se, sente-se. – disse Minerva. E foi ai que eu me virei para ver quem era o pai do outro encrenqueiro que estava sentado na cadeira apontada por McGonnagal ao meu lado. E ali estava ele. Em toda a sua arrogância e nobreza, já com uma cara de desgosto ao me ver. Sim, era óbvio, e não, também não era. Nunca tinha perguntado a Minerva quem era o outro aluno que com Rose tinha tocado o terror em Hogwarts. Nunca me ocorreu quem poderia ser a criatura que com minha filha tinha pintado o castelo de vermelho com dourado e verde com prata. Nunca.
-Granger...-ele começou, mas o interrompi bruscamente.
-Malfoy, eu deixei de ser Granger quando casei. Pra você é Weasley.
-Desculpa, Granger, mas acho que não. Não de acordo com o Profeta, pelo menos. - e ele me mostrou o jornal do dia, aberto na secção de fofocas:
O Divórcio do Século
Por Lilá Brown
Não é novidade alguma que o casal RonMione tem passado por várias turbulências. Na ultima matéria publicada aqui no Profeta Diário vimos que em uma das brigas do casal uma sorveteria trouxa foi pelos ares, mas, segurem-se, a diretora do St. Mungus pediu divórcio! Sim, senhoras e senhores, o agora ex-casal teve os documentos assinados ontem a noite e a papelada foi oficializada, deixando Ron Weasley, o capitão da seleção nacional de Quadribol, livre para o mundo feminino. Meninas, atacar!
E por um momento eu esqueci. Esqueci meu nome. Esqueci onde estava. Esqueci a minha filha-problema. Esqueci como se falava. Só não me esqueci que o Profeta Diário iria ter que achar uma nova colunista porque Lilá Brown não iria sobreviver mais um único dia pra escrever mais uma única linha que fosse. Mas não ia mesmo. Não era novidade que Lilá tinha uma queda pelo Rony, mas isso?
-Vadia!- sabe o jornal que eu tava segurando? Já eras, colega.
-Ótimo, agora eu vou ter que passar na banca antes de voltar pro trabalho e comprar mais um jornal hoje. Obrigada, Granger.- disse o loiro com sarcasmo.
-Me poupe, Malfoy! Cinco minutos não vão fazer nenhuma diferença na sua vida. Mas olha a minha! Exposta pra todo mundo! Nem eu sabia que eu agora eu sou solteira!
-Bem, se você não se importa eu vim falar do meu filho, então, por favor, saia logo que eu tenho hora marcada com a Minerva aqui.- se ele falou aquilo por que não tinha percebido que eu estava interessada na reunião tanto quanto ele, ou se ele simplesmente disse por força de um antigo hábito eu não sei, mas sei que não consegui controlar a minha língua.
-Você era mais inteligente antigamente...
-O que você quis dizer com isso? -disse ele se levantando
-Exatamente o que eu disse. - eu também me levantei, afinal, quem ele pensa que é pra ir falando assim, como se eu fosse uma vagabunda de esquina que tivesse dado pra ele uma nota 7, quando ele na verdade esperava um 10! (N/A: um beijo pra quem entendeu!) Só que ele era mais alto e a curta distância entre as nossas cadeiras nos obrigou a ficarmos com os corpos colados, seu olhar cinza encarando o meu, castanho.
-O dois, sentem-se! –foi a vez da diretora se levantar. - Francamente! 20 anos atrás isso ainda era aceitável, mas por favor, vocês já são adultos, e já que seus filhos não tem maturidade alguma, não me olhe com essa cara Sr. Malfoy, não sei porque esperei que os pais deles tivessem!Calem-se agora ou detenção para os dois e menos 50 pontos para a Grifnória e Sonserina!
-Mas... -ele começou
-Sem mas!
-A gente nem... -eu continuei
-Quietos!
-Estuda mais aqui!-falamos ao mesmo tempo.
-Sentem-se agora ou são menos 100 pontos!- e nós, que como melhores alunos de Hogwarts de nossa época, de burros não temos nada, sentamos. – Obrigada. –ela se sentou a nossa frente. –Agora vamos nos focar no real motivo dessa reunião. Os seus filhos. Como bem sabem, os filhos de vocês tem nos causado muitas dores de cabeça, azararam muitos alunos, bombas de bosta no corredor, vestiram Madame Nor-r-ra com um tutu, pintaram o colégio e muito mais.
-Acho que falo por ambos quando digo que conhecemos o histórico escolar de nossos filhos. - falou Malfoy, muito sério.
-Mas ontem à noite o histórico de ambos ganhou mais um item.
-Acho que vou me arrepender, mas... O que eles fizeram?-eu ainda estava meio abalada com a coisa do jornal, então que venha tudo de uma vez!
-Sabe,- McGonagall se mexeu, desconfortável, na cadeira.- Bem... Eles...
-Com todo o respeito, Minerva, mas eu tenho horários e...
-Certo Malfoy! É que... -disse a professora que, irritada e sobre pressão, se atrapalhava com as palavras e me lançou um olhar de súplica. Estava claro que era um assunto um tanto quanto desconfortável, mas o olhar dela era como se eu soubesse do que ela estava falando... - Ah! Hermione, você tem que saber do que estou falando!- agora ela falava só para mim, e em um movimento rápido de mais para o loiro perceber, ela fez uma curva na região do ventre. Ela beirava ao histerismo e me fitava com seus olhos emoldurados por ainda mais rugas do que as existentes em minha época. Mas... Será? Não, não podia ser. A minha única filha... Já? Não, não e não! Não isso, por favor! Por tudo que é mais sagrado, não! Por quê, Merlin, por quê?
-O que foi?- Malfoy olhava frenético de McGonagall para mim, e vice-versa, ambas pálidas. - O que é que vocês sabem que eu não sei?
-Malfoy... – eu comecei, surpresa em saber que ainda conseguia falar. Era de se esperar que eu desmaiasse em plena reunião de tantos choques que eu passei em uma única manhã. – Nossos filhos... Eu não fazia idéia... Ela nunca me disse nada... Tão novos!
-Olha, eu realmente tenho horários, -disse ele olhando no relógio de pulso – então vamos logo com essa coisa toda, desembucha.
-Malfoy.- eu disse me recuperando totalmente do choque. Razão. Era tudo o que eu precisava agora.
-Que?
-Acho que nós vamos nos ver muito a partir de agora.
