Título da Fic: Inesperada Paixão.
Banda: The GazettE.
Casal: Aoi x Kai.
Classificação: Slash/ Angust/ Lemon.
Capítulo: 1/3
Autora: Aiko Hosokawa
Resumo: O pequeno acontecimento foi capaz de despertar novos sentimentos em Aoi. O que ele fará agora que se viu irremediavelmente atraído por Kai? Participação especial: Miyavi[Slash/ Lemon/ Angust - Leve
Inesperada Paixão
Aiko Hosokawa
Capítulo 01 – Sentimentos Despertos.
A paisagem mudava rapidamente do lado de fora do ônibus que levava a banda The GazettE. O veículo era completamente adaptado, personalizado tanto no interior quando do exterior, oferecendo espaço e o mínimo de conforto necessário para os músicos, enquanto viajavam de uma cidade para outra em turnê.
Sentado em um negro sofá de couro e olhando pela janela estava o moreno guitarrista. Aoi mantinha as pernas semiflexionadas, deixando o braço esquerdo caído sobre o colo enquanto o cotovelo direito se apoiava no móvel e a mão servia de sustentação para sua cabeça levemente inclinada, mas a mente do jovem voava em um passado recente...
Era para ter sido uma sessão de fotos como qualquer outra, no entanto, algo diferente havia acontecido... A fotógrafa sugerira que Aoi e Kai posassem juntos, insinuando um fanservice. O baterista de imediato negou, dizendo que aquilo tinha mais haver com o Uruha, porém Aoi levou na esportiva e começou a brincar, fazendo o amigo ceder, a ausência dos outros membros, naquele momento, contribuiu para a aceitação.
O perturbador foi o que sucedeu... Conforme sugerido pela fotógrafa, Aoi se sentou em uma cama, com as pernas ligeiramente abertas, a esquerda um pouco flexionada e a direita esticada sobre o colchão. Então, um contrariado baterista foi se aproximando até se acomodar entre as pernas do outro e era nítido que Kai não estava nem um pouco confortável com aquilo.
Aoi colocou a braço esquerdo ao redor do ombro do amigo e brincou dizendo algo como "Relaxa, você vai gostar!", afirmação a qual o outro respondeu com um olhar severo, porém ambos acabaram rindo, mesmo assim o baterista ainda transparecia todo o incômodo que sentia.
Foi quando Kai fechou os olhos e se recostou a seu peito que Aoi estremeceu... Desde quando o amigo era tão bonito? Até aquele momento não havia reparado, mas agora sentia o perfume do jovem em seus braços e não conseguia desviar o olhar, estava encantado... Hipnotizado! Por instinto o guitarrista levou a mão direita até a face do baterista, segurando-lhe o queixo, delicadamente, e então foi abaixando o próprio rosto, vendo a distância entre eles diminuir até que...
O flash disparou e Aoi se assustou vendo o outro finalmente abrir os olhos e se encararam por um pequeno instante e podia jurar que Kai havia corado, porém não pôde ter certeza já que ele se afastou rapidamente, parecendo ainda mais constrangido e acabou frustrando a perspectiva da jovem que tirava a foto e que já imaginava que conseguiria um excelente material.
O que mais incomodava o moreno, enquanto olhava para fora do veículo, era que tinha completa consciência do que faria se não fosse o flash disparado... Teria beijado Kai sem pudor algum. E esse desejo se tornou sua maior cobiça nas semanas que se seguiram e não conseguia deixar de imaginar aquele jovem novamente em seu braços, queria beija-lo e o mais perturbador era que imaginava coisas muito além disso... Coisas, no mínimo, íntimas.
"Por que não consigo tirar isso da minha cabeça?". Perguntou-se em pensamento.
Aoi guiou seu escuro olhar para a esquerda, à frente, e lá estava o motivo de seus devaneios. Kai estava sentado com os pés em cima do sofá, as pernas flexionadas próximo ao peito, na mão direita trazia um livro e mordia o indicador esquerdo parecendo pensativo e muito concentrado e o guitarrista não conseguiu deixar de reparar naquela boca tentadora vendo a língua do outro tocar, às vezes, aquele dedo.
"Merda!". Praguejou baixinho, mordendo o lábio inferior e desviando o olhar novamente para o lado de fora.
"Algum problema?". A voz de Uruha soou, surpreendendo o moreno.
"Não.". Respondeu, simplesmente erguendo o olhar para o companheiro que estava em pé diante de si.
Estava tão concentrado que não reparara na presença dos outros três membros da banda e, por curiosidade, olhou ao redor, vendo, no sofá a sua esquerda, um pouco mais para trás, Reita deitado com Ruki aninhado em seus braços, ambos dormindo e logo voltou a olhar para o loiro diante de si.
"Tá e eu sou bobo.". Disse ironicamente o guitarrista que se sentou ao lado das pernas do músico que, na banda, toca o mesmo instrumento que ele.
"Não estou te entendendo...". Aoi falou confuso.
Nos lábios de Uruha um malicioso sorriso se desenhou, e um brilho impreciso se fez presente em seus olhos, e se aproximando mais do outro, se inclinou lentamente para frente a fim de murmurar no ouvido esquerdo do companheiro.
"Notei como você tem olhado pro Kai...". Dito isso o loiro afastou o rosto para poder ver a reação do colega.
Aoi se surpreendeu e se remexeu onde estava.
Ao ver a inquietação do moreno, o sorriso de Uruha se alargou.
"Não sei do que você está falando.". Respondeu o moreno, sem conseguir encarar o guitarrista loiro.
"E eu não gosto de Smirnoff...". Ironizou, afinal, aquela era uma de suas bebidas favoritas.
"...!". Aoi abriu a boca para retrucar, porém não encontrou as palavras necessárias.
"Relaxa, não acho que os outros repararam, nem mesmo ele.". Uruha sorria enquanto falava e se recostou às pernas do moreno, usando a lateral do corpo e deixando o braço esquerdo cair na coxa do outro.
"Como? Quando?". Indagou o moreno querendo saber qual fôra seu deslize.
"Sou ou não seu melhor amigo? É claro que eu perceberia algo do tipo!". Falou rindo, apertando levemente as pernas do guitarrista contra o sofá e dando um leve tapa naquela coxa encoberta pela calça preta.
"Só você mesmo Uru...". Aoi falou segurando a mão em sua perna.
Kai tentava se manter concentrado no que fazia, a leitura era deveras interessante, mas não conseguiu prender sua atenção quando Uruha se aproximou de Aoi e começaram a conversar daquele modo íntimo. Remexeu-se, incomodado. Já devia estar acostumado, mas era difícil lidar com aquilo e, em movimentos rápidos, o moreno fechou o livro e se ergueu, não conseguia mais ficar ali, resolvendo ir conversar com o motorista, um jovem senhor muito simpático. Rapidamente foi até a cabine fechando a porta atrás de si.
Com o olhar Aoi acompanhou os movimentos do baterista e Uruha teve que virar para trás para seguir o olhar do amigo, mas perderam Kai de vista em poucos instantes quando a porta da cabine se fechou.
"Você vai falar pra ele?". Uruha perguntou, de repente, voltando a encarar o outro.
"Hã?" . Por mais que tivesse ouvido era difícil processar aquela informação.
"É! Falar com o Kai!". Reafirmou, o loiro.
"Tá, eu chego e digo: 'Não é por nada não Kai, mas ultimamente sinto uma vontade louca de te beijar toda vez que te vejo...'. Vai dar certo, sei...". Falou zombeteiro, mas com uma pitada de amargura na voz.
"Não seja idiota, Yuu. Você está parecendo um colegial indeciso e inexperiente. Honre sua guitarra!!!". Indignou-se, Uruha.
Aoi teve que rir das palavras do amigo, nunca poderia ouvir aquilo de outra pessoa...
"Seja esperto e discreto!". O loiro afirmou, sabia que o amigo normalmente não tinha problemas em se aproximar de alguém, porém sendo um membro da banda as coisas se tornavam um pouco mais delicadas, já que conviviam todo o tempo e continuaria assim independente de um resposta positiva ou negativa.
"É melhor ser ágil também.". A voz do vocalista assustou os guitarristas que imediatamente olharam para o pequeno ainda deitado sobre o baixista que parecia dormir.
"Ruki!?!?!". Aoi se surpreendeu. Pronto! Agora todo mundo sabia de seus sentimentos!
"O que você quer dizer com isso?" Foi o loiro quem perguntou.
Aoi engoliu seco sentindo o coração palpitar esperando a resposta.
"Você não é o único que vê qualidades em Kai.". Ruki disse, meio sonolento.
"Tem alguém interessado nele?". O guitarrista moreno indagou incrédulo.
"Quem?". Adiantou-se, Uruha, curioso.
"Não falo, me deixem dormir.". Ronronou o vocalista virando o rosto para o outro lado.
"Miyavi.". Dessa vez foi Reita que surpreendeu a todos ao falar e abrir os olhos em seguida.
"Quero enfiar minha cabeça em um buraco e nunca mais tirar.". Aoi pensou irritado e envergonhado. Só faltava Kai ter ouvido também! Foi obrigado a olhar ao redor para confirmar a ausência do baterista, aliviando-se ao perceber que ele realmente não estava ali.
O vocalista ergueu o olhar para o amado, com uma interrogação explícita na face.
"Já que começou, termina.". Disse simplesmente, o baixista, afinal fôra ele quem ouvira, acidentalmente, uma conversa entre Kai o outro cantor, onde Miyavi, descaradamente, deu em cima do baterista e contara ao namorado o fato.
"É melhor andar rápido...". Uruha disse se levantando e se afastando do amigo, sabia que ele agora tinha que pensar no que fazer.
Aoi suspirou profundamente e aquela informação ficou se repetindo na mente do moreno, que não conseguiu dizer nada e apenas encolheu as pernas, abraçando-as e deixou seu olhar se perder novamente do lado de fora.
Miyavi era um cantor bastante talentoso, tinha um visual bem peculiar, era difícil relaciona-lo com Kai. Aquele cabelo tipo moicano que vivia mudando de cor, os inúmeros kanjis tatuados no corpo, realmente não parecia o estilo do baterista e líder dos The GazettE... Então uma memória surgiu de repente na mente do moreno.
"Miyavi estará na mesma cidade que nós!". Pensou, sabendo que o artista também estava em turnê e que faria um show naquele local, no dia seguinte a apresentação da banda.
"Tenho que tomar uma decisão...". Falou consigo mesmo ainda em pensamentos, logo mergulhando dentro de si mesmo...
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O quinteto, The GazettE, finalmente chegou a seu destino, como haviam feito um show em uma cidade vizinha na noite anterior, tiveram que ir direto ao local do espetáculo. A agenda era apertada, mas uma merecida folga de duas semanas se seguiria ao término daquela apresentação.
O ônibus parou e a banda desceu. Já estavam em uma parte coberta do Domo onde seria o show, o local havia sido construído de forma a não possibilitar a aproximação do público naquela parte, por isso não tiveram problemas ao entrar. Passaram rapidamente por alguns corredores, havia várias pessoas andando de um lado para o outro, a maioria falando ao celular ou em rádios resolvendo problemas de última hora, e finalmente chegaram ao camarim.
O recinto era razoavelmente espaçoso. Havia um comprido sofá branco, aparentemente de couro, recostado à parede direita, uma mesa com algumas cadeiras estavam à esquerda, mais ao fundo havia uma mesa com espelho na parede e as roupas para a apresentação estavam em um cabide comprido, do tipo que tinha rodinhas nos pés.
"Ahh... Eu tô morto!". Uruha falou, jogando-se no sofá.
"Realmente é cansativo esse ritmo.". O baixista disse se referindo as apresentações consecutivas.
"Pelo menos teremos uma folga...". Consolou-se Ruki, sentando ao lado do guitarrista com os pés em cima do móvel vendo o amado se aproximar e se sentar a seu lado, no braço do móvel.
Aoi se sentou em uma cadeira e Kai fez o mesmo, mas do outro lado da mesa, afastando o assento e, depois de se acomodar, o baterista colocou os pés cruzados sobre a mesa. Por um pequeno instante o guitarrista viajou no companheiro reparando nos detalhes daquela face sem maquiagem e mesmo assim perfeita, porém logo o outro moreno notou e desviou o olhar quando esse lhe encarou.
"Bom, pelo que ouvi, os últimos ajustes no som estão sendo feitos. Ainda temos tempo para descansar antes do ensaio.". O baterista falou olhando para Uruha.
Os instrumentos musicais da banda haviam chegado um pouco antes deles, somente teriam tempo para um ensaio, depois uma passagem de som rápida, afinal já estavam no meio da tarde e teriam pouco tempo para descansar antes da apresentação.
"Não vejo a hora de descansar um pouco.". O guitarrista moreno suspirou pesadamente e pôs os pés em cima da cadeira que havia diante dele, deixando as costas tocarem a parede atrás de si.
O grupo permaneceu ali por, aproximadamente, meia hora e trocaram poucas palavras, afinal realmente estavam muito cansados. Depois disso foram chamados ao palco e deram início ao ensaio. Não tiveram problemas já que o repertório estava 'afiado', apenas fizeram os ajustes necessários. Quando tudo foi resolvido o grupo se separou, os guitarristas continuaram naquele local, enquanto os outros retornaram ao camarim.
"Acho que nessa nota poderia ser assim...". Aoi falou ao amigo dedilhando sua guitarra e então erguendo o olhar para encarar o outro. Uruha estava sério, não parecia ter ouvido o que dissera e lhe lançava um olhar pensativo, meio perdido em suas idéias.
"Ei! Tá me ouvindo?". Indagou levemente irritado, já sabendo a resposta.
"Heim?! Desculpe, não ouvi.". Uruha respondeu aéreo, sentado sobre uma caixa amplificadora já sem sua guitarra.
"Percebi... No que estava pensando?". Falou retirando sua guitarra e a entregando para um houdie que passava.
"Queria saber se você já se decidiu, sobre aquele assunto...". Articulou o loiro em tom baixo, curioso e levemente preocupado, afinal desejava a felicidade do amigo e viu que Aoi suspirou levemente, deixando os ombros caírem, como se carregasse um enorme fardo.
"Não sei bem o que dizer...". Confessou atordoado.
"Se for apenas 'desejo' é melhor nem dizer nada.". Disse simplesmente.
"Qual é, Uruha? Você me apóia ou não?". Zangou-se o moreno, afinal o amigo tivera uma postura diferente na conversa anterior.
"Quem está indeciso é você, Aoi!". Afirmou firme, olhando para o outro que estava em pé diante de si.
O moreno sentiu um aperto no peito ao perceber a verdade naquelas palavras.
"Apenas estou dizendo que não vale o risco se for algo superficial, mas se sente algo verdadeiro te dou todo o meu apoio de amigo!". Uruha falou com a mesma certeza, porém em tom mais brando.
"Ahf... Eu sei disso, mas...". Aoi não conseguia distinguir os próprios sentimentos, tudo estava muito confuso em sua cabeça e coração.
"Vá falar com ele... Agora. Isso pode te ajudar.". O loiro disse sério.
Aoi ponderou sobre aquela hipótese por alguns instantes.
"E então?". Uruha ergueu uma sobrancelha, sua feição suave.
"É pode ser...". Murmurou, afinal não precisava ir direto ao ponto, e poderia conhecer melhor as próprias emoções.
"Vai logo!". Incentivou, agora sorrindo, o guitarrista loiro.
"Tá... Fui!". Disse simplesmente, já se virando de costas.
Rapidamente o guitarrista saiu do palco e foi até o camarim, quando lá chegou abriu a porta sem prévio aviso e encontrou Reita e Ruki aos beijos sentados no sofá, o vocalista estava no colo do outro e eles param sobressaltados a encarar o recém-chegado.
"Ops... Desculpem.". Aoi falou rindo.
"Estraga prazeres!". Ruki falou com uma expressão nada feliz na face.
Reita apenas repreendeu o namorado apertando-lhe levemente a cintura e olhando-o com severidade que rapidamente se abrandou.
"Algum problema, Aoi?". Indagou o baixista.
"Não. Só estou procurando o Kai.". Respondeu um pouco sem graça.
"Ele está no ônibus.". Ainda era Reita quem falava.
"Obrigado!". Disse o guitarrista voltando-se para trás para fechar a porta.
"Boa sorte!!!". Uma voz suave e quase brincalhona se fez ouvir.
Aoi resolveu ignorar a frase de Ruki que veio quando tinha acabado de fechar a porta. Era extremamente desagradável ter todos os companheiros cientes de seus sentimentos, principalmente por não haver algo concreto ainda. Deixou o fato de lado e continuou em sua empreitada.
Chegar ao estacionamento foi rápido e fácil com o uso do elevador que desceu para o subsolo. O local era bastante amplo e, aquela parte, estava reservada apenas ao ônibus da banda e alguns poucos carros. Logo alcançou o veículo que desejava e vendo que a porta estava aberta, Aoi começou a entrar, porém parou quando ouviu a voz de Kai...
"Alô. Oi, Miyavi!". O guitarrista sentiu algo dentro de si revirar, pois o tom da voz do baterista parecia conter traços de uma ternura suave.
"Claro! Está confirmado. Vou para o hotel depois do show e de lá vou para o local combinado". As palavras eram ditas com clareza e educação, mantendo a mesma ternura.
"Um encontro!". Deduziu mentalmente o moreno parado à porta do ônibus, sentindo uma pequena ira remoer dentro de si, afinal, não gostou de saber daquilo.
"Até lá então... Beijo. Tchau!".
Dessa vez a voz de Kai soou risonha como se o outro tivesse feito algum tipo de brincadeira e Aoi mordeu o lábio inferior para conter a vontade de irromper ônibus adentro pegar aquele maldito celular e falar para Miyavi não se aproximar do baterista, mas porque estava sentindo aquilo? O moreno simplesmente não sabia responder.
"Merda...". Murmurou o guitarrista sentindo seu mundo girar, mas respirou fundo, faria o que estava decidido a fazer!
A passos leves adentrou ao veículo subindo a pequena escada e, virando a esquerda, logo foi capaz de ver Kai, sentado sobre o sofá onde o guitarrista estava anteriormente. Os olhos escuros do recém-chegado se fixaram no outro, que estava com as pernas cruzadas, como em posição de meditação e um pequeno e negro aparelho de celular jazia na mão direita do baterista enquanto esse o fitava de modo pensativo.
"Kai...". Chamou se aproximando.
"Hum? Aoi? Oi...". Respondeu erguendo o olhar somente naquele momento, percebendo a presença do outro.
"Algum problema?" Aoi indagou sentando-se no sofá diante do outro.
"Não.". Respondeu simplesmente, colocando o aparelho telefônico a seu lado, mantendo uma expressão distante na face.
"Desculpe, mas ouvi sua conversa...". O guitarrista falou em tom normal, lutando para se conter e não ser direto demais e parecer pouco interessado.
Kai se remexeu levemente onde estava, desviando rapidamente o olhar, voltando ao normal logo em seguida.
"Vai sair depois do show?". Perguntou Aoi, querendo confirmação.
"É, estou precisando espairecer um pouco.". Respondeu em tom morno, escondendo toda a aflição que aquela conversa lhe causava.
"Dois shows consecutivos, sem falar das outras apresentações recentes. Não seria melhor descansar um pouco?". Aoi concentrava-se em parecer apenas um amigo preocupado com o bem-estar do outro.
"Energia não me falta! Além do que tenho que aproveitar que Miya...". Começou a falar com um belo sorriso na face, porém as palavras desapareceram de sua garganta quanto o nome de sua companhia lhe veio aos lábios e foi tomado por um embaraço desconcertante.
"Er... Ouvi essa parte também... Você o ama?". Perguntou meio sem jeito, não tendo coragem de encarar o outro moreno enquanto falava.
"Amor?!" Kai falou em tom triste e sorriu amargo.
Aoi se surpreendeu com a postura do companheiro de banda e amigo, ele parecia tão triste e indefeso que sentiu ímpetos de ir até ele e abraçá-lo com força para fazer aquele sentimento ruim desaparecer, porém se conteve bravamente.
"Não é bem isso, eu gosto de estar com ele, mas amar... Não. Esse sentimento guardo apenas para uma pessoa que não está a meu alcance...". Enquanto falava o baterista olhava para baixo, vendo as próprias pernas cruzadas, deixando sua voz ser modulada por uma fina tristeza.
O guitarrista sentiu algo engasgar em sua garganta, tentou dizer algo, mas as palavras lhe fugiram e, por instinto, se ergueu indo até o outro, sentando-se ao lado do amigo, rapidamente tomando-lhe a mão esquerda entre as suas próprias.
"...!". Kai ergueu o olhar, assustado, sentindo o coração palpitar muito acelerado vendo o companheiro tão perto de si, instintivamente guiou um rápido olhar para aquela boca obscena, voltando a se perder na imensidão negra daqueles olhos em seguida.
"Quem é? Quem você ama?". Inquiriu olhando fixamente nos olhos cor de ébano diante dos seus.
Um rubor intenso subiu as faces do baterista que, envergonhado, puxou a mão segura e se ergueu dando as costas ao outro e se afastando.
Aoi piscou ante essa reação, observando atentamente o baterista.
"Você está querendo saber demais!". Afirmou, Kai, colocando as mãos na cintura sentindo o mundo girar, não conseguia pensar direito.
Aoi fechou as mãos ao redor do negro tecido de sua calça, havia indo longe demais e seu coração apenas desejava que se erguesse e abraçasse o amigo por trás e começasse a distribuir beijos naquele pescoço lindo só para ouvir Kai arfar em seus braços.
"Me desculpe...". Murmurou envergonhado, abaixando o olhar.
"Tudo bem. Vou voltar para o camarim.". Kai falou já caminhando para sair do veículo.
Novamente Aoi teve que se conter, pois desejou avidamente impedir o outro, porém ficou quieto vendo-o sair, rapidamente, de seu campo de visão. As palavras de Kai continuaram a reverberar em sua mente. O amigo já amava alguém, mas quem seria? E por que essa pessoa era inatingível? Indagações e suposições... Tudo surgia na mente do guitarrista que se deixou ficar naquele local por um tempo que não soube precisar.
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O show fôra um completo sucesso, como era de se esperar. Ao término do mesmo, um cansado quinteto se dirigiu ao hotel e, com exceção a Reita e Ruki, todos ficariam em aposentos separados.
"Boa noite!". Disse um cansado Aoi, despedindo-se do grupo e entrando em seu quarto.
O estresse físico era muito grande devido à longa série de apresentações consecutivas, no entanto, o que mais perturbava o guitarrista era ter Kai no quarto diante do seu e saber que ele sairia com outra pessoa aquela noite, afinal ainda era pouco mais de vinte e três horas... Em outras palavras, para alguém animado a noite apenas havia começado.
O moreno, desanimadamente, retirou a negra camiseta larga que vestia jogando-a em cima do criado-mudo ao lado da cama de casal, retirou os sapatos usando os próprios pés e os deixou cada um em um canto, onde foi retirado, depois foi ao banheiro. Desafivelou o cinto e retirou o resto da roupa que lhe cobria, entrando no box e ligando a ducha.
A água morna lhe atingiu as negras madeixas e escorreu pelo corpo alvo e esguio. Aoi então espalmou as mãos contra a parede azulejada, erguendo a face para deixar o líquido tocar-lhe diretamente ali. A mente do jovem perdeu-se nos mais recentes acontecimentos, analisando todos os fatos.
"Por que Kai fica tão incomodado quando chego perto?". Perguntava-se mentalmente, revendo várias ocasiões em que isso havia acontecido, inclusive quando foram tirar a bendita foto e quando conversaram no ônibus.
"Será que existe alguma possibilidade...?". Murmurou deixando, agora, a água cair-lhe no dorso.
A tese de que era ele o amado do baterista lhe surgiu em um lapso quando retornavam do show, talvez fosse fruto de seus anseios, não sabia definir e o que mais lhe intrigava era que, se fosse verdade, por qual motivo Kai o consideraria 'fora de alcance'?
Aoi desligou a ducha e saiu do box, pegando uma toalha branca e felpuda, a enrolando na cintura e, usando uma segunda, começou a retirar o excesso de água de suas belas madeixas voltando para o quarto, indo até a cama onde se sentou.
"Isso só pode ser coisa da minha cabeça, não tem fundamento.". Pensou, deixando a segunda toalha cair-lhe nos ombros.
Então um pequeno barulho do lado de fora chamou a atenção do moreno, sabia, era no quarto em frente ao seu, ou seja, no de Kai. Levantou-se e foi até a porta, logo olhando pelo olho-mágico e vendo, apenas de relance, o baterista sair.
"Droga!". Murmurou, virando de costas para a porta e nela se recostando.
"Afinal... Por que estou com tanto ciúme dele?". Novamente se perguntou em pensamentos.
Por alguns instantes ficou parado tentando encontrar uma resposta para aquela questão, porém de forma alguma ela lhe veio, então resolveu ir se vestir. Caminhando até o armário e o abrindo encontrou algumas peças de roupa previamente enviadas para o local, pegou uma calça cinza-claro, bastante confortável e a vestiu, depois uma camiseta branca e, instantes depois, se jogou de bruços por sobre a cama, as toalhas haviam sido deixadas em um canto qualquer.
O corpo do moreno estava cansado, porém a mente não parava de trabalhar, os pensamentos sempre se voltando para a mesma pessoa... Kai. Não conseguia compreender os próprios sentimentos, aquilo parecia ir muito além de um simples desejo, mas não era capaz de definir exatamente do que se tratava e, vencido pelo cansaço, acabou entrando em um estado de sono no qual matinha certo nível de consciência, onde seus pensamentos se confundiam com sonhos.
Há certa hora na madrugada Aoi ouviu alguns murmúrios que o despertou. Sonolentamente olhou para o relógio sobre o criado-mudo, parcialmente encoberto por sua camiseta, e pôde ver que eram quase quatro horas da manhã. Novos sons chegaram aos ouvidos do guitarrista e, prontamente, reconheceu a voz de Kai dizendo "Calma!" e isso o fez despertar instantaneamente e, rapidamente, foi até a porta olhando pelo olho-mágico.
Do lado de fora foi capaz de ver Kai recostado a porta de seu quarto com Miyavi diante de si, sendo assim podia ver a face do companheiro de banda e percebeu que ele parecia um pouco contrariado, mas sorria daquele jeito peculiar e bonito.
"Vai, me deixa entrar!". Foi Miyavi quem falou com a voz carregada de luxúria.
Dentro de seu quarto o guitarrista sentiu vontade de socar aquele idiota, principalmente ao ver que as mãos do cantor estavam na cintura do baterista o imprensando contra a porta.
"Não... Logo vai amanhecer, minha banda toda está aqui!". Afirmou firme, mas não conseguiu conter o olhar que guiou aos lábios diante de si e foi obrigado a morder os próprios ao reparar naquele piercing no lábio inferior no canto direito.
"Não seja perverso comigo...". Pediu o cantor, colando os corpos, querendo mostrar o quanto o outro lhe excitava.
"Hhuumm...". Kai gemeu baixinho, fechando os olhos, sentindo o membro rijo roçar contra o seu.
Aoi engoliu seco não conseguindo acreditar em como a voz do baterista podia soar tão sensual e uma vontade louca de expulsar Miyavi e substitui-lo cresceu em seu coração.
"Pára, por favor... Eu só deixei você subir porque ameaçou me beijar lá em baixo na frente dos outros...". Ainda era Kai quem falava com voz arrastada, sentindo a face queimar levemente.
"Você tem noção do que faz comigo? Heim?". Indagou o cantor, apertando levemente o corpo do outro contra si.
"Eu vou lá fora e encher esse idiota de pancada!!!". O guitarrista pensava furioso, mas mordendo o lábio inferior, ficar olhando para aquela expressão de Kai estava mexendo com seus instintos mais primitivos.
"Então é melhor parar...". Em tom de aviso, disse o baterista.
"Tá legal...". Miyavi consentiu, parando de apertá-lo daquele modo, mas continuando a abraçá-lo na cintura.
Kai apenas sorriu e levou os braços, que antes seguraram os do outro, para envolver o pescoço do parceiro.
"Mas e minha proposta?". Ainda era o cantor quem perguntava.
"Proposta?". Aoi repetiu baixinho, em um murmúrio quase ininteligível.
"Não sei se a idéia é boa...". Kai ponderou, pensativo.
"Por que não?". Quis saber Miyavi.
"Se eu for com você nessas duas semanas que tenho de férias, o que vamos dizer para a imprensa?". Falou em tom normal.
"Eu não vou permitir!". Ainda olhando pelo olho-mágico o guitarrista pensou, corroendo-se internamente devido àquela proposta.
"Bom, podemos dizer que eu estou à procura de um novo baterista e você está em fase de teste...". Brincou o cantor.
"Só você mesmo...". Riu Kai, achando a idéia demasiadamente absurda.
"... Ou podemos dizer a verdade!". Sugeriu o jovem de cabelos tipo moicano que, naquele momento, tinha tons pink e roxo.
"A... Verdade?". Inquiriu Kai piscando os olhos, curioso.
"É. Que você é meu namorado e estamos em lua-de-mel!". Afirmou simplista.
Novamente o baterista sorriu levemente e desviou o olhar, pois era, ao mesmo tempo, estranho e gostoso ouvir aquilo.
"Eu quero matar esse Miyavi!!!". Aoi já imaginava maneiras cruéis de fazer isso, tamanha sua ira e ciúme.
A expressão no rosto do cantor se tornou mais séria e aproximou as faces.
Kai mirou os olhos escuros ante a aproximação.
"Você vai ficar comigo, não é, Kai?". Sussurrou, recostando as faces em uma suave carícia.
Kai apenas suspirou fechando os olhos, sentindo o quando aquilo era agradável.
"Quero tanto ter você a meu lado...". Miyavi ronronou e beijou a maçã do rosto do baterista.
"Miyavi, eu...". Disse baixinho, sentindo aqueles lábios continuando a distribuir carícias em sua face, indo em direção a sua boca. Em sua mente a dúvida bailava... Devia se entregar àquela relação?
"Chega disso!". Pensou um decido guitarrista. Não poderia mais ficar assistindo aquilo. Tão pouco deixar que outro fizesse o que ele desejava! Em um impulso levou à mão a maçaneta, rapidamente a girando, puxando a porta.
"Kai!". Aoi chamou com irritação contida.
O casal se assustou parando de imediato o que fazia.
Os olhos escuros do baterista se arregalaram ao ver o guitarrista e, por instinto, retirou as mãos do pescoço de Miyavi. Esse também se surpreendeu, porém apenas olhou para trás e depois novamente para o jovem em seus braços que estava absurdamente corado e que havia desfeito o abraço, depois novamente olhou para Aoi e então finalmente soltou a cintura de seu amado, dando as costas a ele e lançando um desafiador olhar ao recém-chegado.
Aoi parou no meio do corredor mantendo uma pequena distância do cantor e então o encarou do mesmo modo que ele lhe olhava. O clima de tensão se formou e, por alguns segundos, o silêncio imperou.
"Algum problema?". Kai deu um passo a frente segurando o braço esquerdo de Miyavi, fazendo os dedos de suas mãos se entrelaçarem.
O guitarrista trincou os dentes ao ver o ato do companheiro de banda e o sorriso exultante que surgiu na face do cantor.
"Sim, preciso falar com você. É urgente!". Sentenciou, estreitando levemente os olhos.
De imediato o líder da banda The GazettE ficou preocupado, por mais que Aoi se estressasse facilmente aquela expressão era incomum, parecia que realmente havia algo muito importante acontecendo.
"Miyavi, eu...". Desviou o olhar para o cantor e começou a falar.
"Tudo bem, eu sei.". Interrompeu, olhando por alguns instantes naqueles orbes tingidos com a cor do ébano.
"...!". Aoi desviou o olhar, irritado.
"Você me liga?". Miyavi perguntou mantendo uma expressão séria, não estava gostando nem um pouco da atitude do guitarrista, sentia o ciúme transbordar daqueles orbes negros.
"Claro!". Afirmou um sorridente baterista.
"Estarei esperando.". Falou o cantor e depositou um suave beijo nos lábios do outro.
Mesmo olhando para o lado Aoi pôde ver a cena e sentiu uma vontade louca de separá-los, mesmo que o contato tivesse sido superficial.
"Tudo bem!". Kai respondeu.
Educadamente Miyavi se despediu de Aoi, que fez o mesmo, embora nenhum dos dois sentisse realmente vontade de fazer aquilo. O cantor foi até o elevador, que ficava próximo de onde estavam e logo a dupla estava sozinha.
"E aí, qual é o problema?". Inquiriu Kai olhando para o outro moreno.
"Será que podemos entrar?". Sugeriu o guitarrista virando de lado para deixar a porta aberta de seu quarto a mostra.
Em muda resposta o baterista começou a caminhar, tudo estava muito estranho e queria descobrir os motivos do companheiro estar daquela forma. Já do lado de dentro Kai passou rapidamente os olhos no aposento o vendo muito desorganizado, toalha para um lado, sapatos e camisa para outro, definitivamente, a cara de Aoi.
"Pronto...". Kai falou, virando-se para encarar o jovem que acabara de fechar a porta atrás de si e não conseguiu deixar de pensar que mesmo em roupas tão simples ele lhe parecia extremamente sensual.
Aoi parou, mantendo alguns passos de distância do amigo, mas o esquadrinhou com o olhar. Como sempre, Kai estava muito bonito e discreto, a calça social preta em conjunto com a camisa branca com os primeiros botões abertos e o terno, também preto, no baterista não ganhavam um ar completamente forma nem radical, e os acessórios, o cordão com um pequeno pingente em formato de cruz o brinco na orelha esquerda, bem como o cinto com fivela da cor de prata envelhecida, apenas deixavam o visual ainda mais agradável, sem falar nas negras madeixas que caiam repicadas até o ombro.
"Estou esperando, Aoi!". Disse o baterista de braços cruzados na frente do corpo, impaciente devido ao silêncio do outro.
"Por que você permitiu, Kai?". A indagação simplesmente saiu dos lábios do guitarrista quando fixou o olhar no amigo.
"Permiti? Permiti o quê? Não estou te entendendo...". Falou confuso.
"Por que permitiu que Miyavi te tocasse daquela maneira?". Uma leve irritação já estava presente na voz do guitarrista.
Kai descruzou os braços e desviou o olhar, lhe incomodava absurdamente que o companheiro tivesse visto algo.
"Heim?". Inquiriu, sentindo-se ser corroído por dentro.
"Você não tem nada haver com isso!". Yutaka sentenciou sem conseguir ocultar aquela sensação que lhe tomava.
"Como não? Você não o ama!!!". Aoi falou aflito diminuindo a distância entre eles.
"Você está indo longe demais!". Kai falou irritado e depois desviou o olhar. Queria fugir dali!
"Me responde! Por que você deixou aquele 'pergaminho humano' te beijar?". Em tom inquisitório, falou Aoi e um furor absurdo subiu as faces do baterista que o encarou firmemente.
"Eu beijo quem EU quiser!!! Por que isso te incomoda tanto?". Não mais conseguiu conter a própria raiva e frustração subindo o tom de voz, mas não chegou a gritar.
"Porque eu te amo...". A resposta veio de imediato na mente do guitarrista, porém permaneceu em silêncio.
"Fala, Aoi! Por que te incomoda?". Indagou ainda alterado.
"Eu amo... É isso!". Aoi concluiu ainda em pensamento, voltando a fitar Kai.
Kai ficou parado esperando uma resposta e pôde assistir a expressão do companheiro de banda passar de irritada a surpresa em uma fração de segundos. Assustou-se quando ele veio, a passos decididos, em sua direção e sentiu vontade de recuar, porém continuou firme onde estava até que poucos centímetros os separassem.
"Por isso...". Aoi disse firme encarando o amigo. Então, o guitarrista ergueu rapidamente as mãos as levando para a nuca do outro e o puxou para si unindo os lábios...
Continua...
oooOOOooo
Nota da Autora:
Cá estou eu com minha primeira fanfic slash.
The GazettE é, na atualidade, minha banda favorita, adoro yaoi entre eles e quando vi aquela foto do Aoi e do Kai, juntos, eu realmente não resistir. Sei que o casal não é habitual, mas depois daquela... Minha mente perva não poderia deixar uma foto assim passar desapercebida!
Quanto ao Miyavi, gosto muito dele também, mais em fics do que como músico, tenho que admitir. Ele com o Kai é muito fofo! Usei o visual tipo moicano, porque eu acho MUITO legal, mas não sei qual era o penteado dele na época daquela foto... E, mais uma coisa, 'Pergaminho Humano' o, 'carinhoso', apelido que Miyavi recebeu, me veio à mente por razões mais do que obvias, basta dar uma olhada nos braços e nas costas do cantor para entender!!! Pôxa! Ele é cheio de tatuagens! Espero não ter deixado nenhum fã irritado pela brincadeira! xD
O que estão achando da fanfic? Gostaria de saber a opinião de vocês!
17/07/2007.
08:17 PM.
Aiko Hosokawa
