Prólogo

A vida sempre nos leva a lugares que não imaginamos situações que não desejamos ou que pelo menos no momento em questão não entendemos e foi exatamente assim que se encontrava minha vida quando o conheci. Era 25 de outubro de 2012 minha vida estava uma verdadeira bagunça meu marido tinha acabado de morrer, tinha uma filha de 10 meses, mudei de casa e de cidade... Enfim uma loucura!

A morte para mim nunca foi um tabu, claro que não é algo legal de se pensar ou ver por causa da saudade além de todo o resto que se passa na cabeça das pessoas, mas no meu caso sempre foi tranquilo, sempre lidei bem com isso até que ele se foi. Meu marido, companheiro, amigo, amante foi embora antes do que queria e não aceitava isso. Os médicos me disseram que foi um infarto fulminante e que por mais cuidados que ele tivesse tido não teriam como prever ou solucionar.

Ele tinha 30 anos e uma vida inteira pela frente comigo, com sua filha, porém Deus não quis assim e durante dois meses fiquei em depressão profunda afinal o melhor de mim não estava mais comigo, me tornei oca, quebrada só não acabei com a minha vida por uma única razão; minha filha. Luci tinha apenas cinco meses naquela época precisava da mãe e foi isso que me fez juntar o pouco que restava de mim e tentar levar a vida por ela.

E assim fui parar no Rio de Janeiro morando com meu pai tentando dessa forma fugir um pouco do que lembrava minha outra vida, lá era um lugar bom para viver com todo aquele verde, praias e sol. São Paulo era minha paixão só que para onde olhava estavam lembranças da época que era feliz e completa então como uma ótima covarde que sou decidi fugir de lá, o que no começo foi até bom comecei a trabalhar como assessora cuidava bem da Luci, entretanto à noite a dor voltava com toda a força e assim fui seguindo a minha vida sobrevivendo a cada dia.

Então aconteceu. Era uma manhã quente e ensolarada, o que é bem normal se tratando da cidade maravilhosa, tinha acabado de fechar um ótimo contrato para organizar uma festa de 15 anos no Copacabana Palace só de pensar em 500 pessoas naquele lugar e toda a minha comissão realmente fez a minha manhã muito mais feliz, ainda estava no telefone com a minha cunhada contando a novidade quando vi um SUV parar no meio da Av. Atlântica com fumaça subindo de dentro do capô.

Uma particularidade sobre minha personalidade é que existe um ser em mim que antes mesmo de pensar já está ajudando os outros ou oferecendo ajuda e acredite já me dei mal muitas vezes por causa desse impulso e foi exatamente o que aconteceu naquela hora quando vi o carro quebrando na minha frente. Com essa atitude podem até pensar que sei alguma coisa sobre mecânica, mas não, definitivamente não sei nada sobre mecânica! E mesmo assim parei meu carro a frente da SUV para tentar ajudar nem me pergunte como.

Sem cerimônias bati na janela do motorista para ele abaixar o vidro e totalmente desligada como sou não percebi toda a movimentação tanto dentro do carro como fora dele, perguntei para o motorista se estava tudo bem e se podia ajudar ligando para o seguro ou outro tipo de coisa, afinal era impossível o cara ter um carro como aquele sem seguro. Depois de alguns segundos reparei em um homem careca falando em inglês segurando discretamente uma arma aí aquele pensamento novamente veio em minha mente "Por que sempre tenho que me meter achando que vou ajudar as pessoas?". O motorista vendo a minha expressão de medo logo me tranquilizou dizendo que era o segurança. Recomposta perguntei novamente se precisavam de ajuda estranhando a movimentação de pessoas chegando próximas aos nossos carros vendo também alguns fotógrafos.

O motorista que se identificou como Flávio começou a traduzir o que havia falado para as pessoas de dentro do carro enquanto aglomerava ainda mais gente, estava achando tudo aquilo muito estranho até que entendi quando um homem no banco de trás falou. Taylor Lautner estava sentado no banco de trás do carro com acreditei ser mais um segurança e sua expressão não era nada agradável apesar dos óculos escuros estilo aviador esconderem seus olhos. Jeff o tal segurança careca que estava na frente achando que eu não falava em inglês começou a reclamar pensando que eu fosse alguma fã com segundas intenções o que ferveu meu sangue, afinal de contas eu estava ali sem querer nada em troca oferecendo a minha ajuda.

Não lembro exatamente o que falei em inglês, mas era algo sobre desconfiança e falta de educação sem esperar resposta dei as costas andando em direção ao meu doblô que estava mais a frente alguns segundos depois o motorista desceu do carro pedindo desculpas e perguntando se poderia levá-los para o aeroporto já que não poderiam esperar a seguradora chegar para concertar o carro ou trazer outro. Respirei fundo e acabei cedendo, não conseguiria ficar tranquila comigo mesma sabendo que poderiam ser assaltados ali ou até pior um bando de fãs loucas poderiam encontrá-lo ali e Deus sabe lá o que aconteceria com ele.

Sobre flashes e mais flashes os seguranças transportaram de um carro para o outro a bagagem enquanto já me posicionava no banco do motorista por ultimo trouxeram o Taylor rapidamente dentro do carro para irmos, Flávio ficou com o outro carro até a seguradora chegar. O primeiro a falar foi o próprio Taylor agradecendo pela minha ajuda e logo depois o segurança careca se desculpou pelo que havia dito explicando toda a tensão daquela situação. Logo o clima ficou mais ameno e tentei puxar assunto com eles para saber o que acharam do Brasil, realmente o tal Lautner era um cara bacana, realmente simpático e de sorriso fácil. Jeff, o segurança, ficou curioso por saber o que tinha passado na minha cabeça em ajudar daquela forma, como profissional da área sabia que minha atitude foi totalmente fora das normas de segurança, digamos assim.

Acabei falando um pouco sobre mim e a minha história o falecimento do meu marido e como uma boa mãe coruja que sou mostrei a foto da minha Luci o que causou certo espanto para todos do carro e algumas risadas minhas quando disseram que parecia ter apenas 19 anos e não 25 anos reais. Foi a minha melhor 1h37min vividos desde a minha perda com outras pessoas sem envolver a presença da minha filha, entretanto tudo o que é bom dura pouco e logo chegamos ao aeroporto nos despedimos e como agradecimento Taylor quis autografar algo para mim o que recusei causando espanto neles novamente, não adiantava ele querer me agradecer com aquilo, tudo bem, o cara é um ator de Hollywood, mas o que ia fazer com um pedaço de papel rabiscado? Vender para alguma fã?

Tentei da melhor maneira possível explicar que tinha feito o que fiz pela simples vontade de ajudar sem obter nada dele em troca até pelo fato de nem ao menos saber inicialmente que era ele naquele carro quebrado. Pela primeira vez enquanto estivemos perto ele tirou aqueles óculos escuros e me olhou fixamente, de perto seus olhos eram de um castanho diferente tinham um tom quente com a borda mais escura e com um misto de surpresa e admiração agradeceu novamente o que fiz dizendo que estava torcendo por minha felicidade. Fiquei ainda um tempo parada dentro do carro os vendo ir embora cercados por fotógrafos quem diria que um dia no meu doblô levemente bagunçado um ator de Hollywood estaria de carona, sorri sinceramente enquanto peguei meu nextel para chamar minha cunhada e contar a louca história daquela manhã. O que não podia nem imaginar é que aquela não seria a última vez que nos veríamos.