Nondum amabam, et amare amabam
Sinopse: Mais uma fic da série "A Primeira Vez dos Casais Potterianos"... rsrsrs!! E como seria com Draco e Gina?
Eu não me responsabilizo pelas mudanças no caráter de Draco Malfoy... rsrs!! Acredito que a ruiva possa realizar milagres. Ah, como trilha sonora, que tal Bryan Adams?! Foi o que ouvi enquanto esta fic criava vida, especialmente "Please, forgive me"... rs!! Pela Deusa, como a voz dele é linda... (suspiro)
Divirtam-se e, por favor, escrevam nem que seja um bilhetinho dizendo 'eu li aquela porcaria de fic'... rsrsrs!!
Capítulo 1: Eu não amava...
Salão Principal de Hogwarts. Manhã de um sábado de maio.
As duas últimas semanas de aulas tinham fornecido conversa suficiente para meses entre os grupos de alunos reunidos em torno da habitualmente saborosa comida dos elfos domésticos. Criava-se um conflito interno entre comentar a última manchete do Profeta Diário e experimentar as deliciosas tortinhas de maçãs.
O cheiro do mingau de aveia com caramelos produzia saliva em abundância nas bocas, o mel nas torradas lambuzava dedos, que eram prontamente limpos com o simples e automático gesto de levá-los à boca e chupá-los estalando os lábios. Era um gesto tão natural, afinal de contas como se limparia os dedos, não é mesmo? Não poderia causar nenhum mal, poderia?
E era uma sensação boa, prazerosa até, por isso ela sempre colocava mais mel do que a torrada podia comportar.
Assim, teria a desculpa perfeita para revezar os cinco dedos, lambendo-os demoradamente enquanto lia histórias engraçadas na sessão "Entre trouxas" do jornal. De vez em quando, sua audição captava trechos de frases ao redor, porém, ela permanecia absorta no maravilhoso mundo dos dedos lambuzados e das histórias de contatos acidentais entre bruxos e trouxas.
Quando empurrou o dedo médio vagarosamente por entre os lábios, um filete de mel escorreu e ela trouxe a pontinha da língua para fora afim de impedir que ele pingasse em suas vestes. Então, um choque inesperado subiu pela coluna, fazendo-a arrepiar-se e endireitar-se na cadeira. De imediato, seus olhos foram atraídos por outros, do lado oposto do Salão. As bochechas de Gina incendiaram-se.
"Como ele se atreve?"
"A vida deveria ser mais fácil."
Era irresistível. Todos os dias, ele sentava-se ali. Não havia lugar melhor para vigiar as pessoas que transitavam pelo Salão, convencia-se mentalmente. Ele estava, na verdade, prestando um serviço descobrindo segredos, anotando hábitos. Precisava estar à frente de todos se quisesse ver seus planos funcionando.
Sempre fora útil. E estava sendo agora. Mas, ao invés de percorrer as mesas das Casas, tentando ver por sobre as cabeças abaixadas sobre os pratos, ou a dos professores, com menos persistência, ele não conseguia resistir à cena que se descortinava.
"Malditos cabelos vermelhos!"
Porque foram os brilhantes e enormes cabelos vermelhos que começaram tudo. Foram eles que desviaram sua atenção do corredor do Expresso de Hogwarts para a visão surreal da cabine onde ela estava dormindo tranqüila. O sol brincava com eles, iluminando o rosto adormecido com infinitos tons de vermelho e seus olhos cinzentos não puderam resistir. Sua pernas não puderam continuar. Seu cérebro não pôde funcionar.
Fora nocauteado pelos impertinentes cabelos vermelhos. E pior, tinha uma vaga consciência de quem ela era.
"Cabelos vermelhos, vestes de segunda-mão..."
Então ela se moveu minimamente, respirando fundo e ele despertou. Piscou algumas vezes. Fechou a boca, que nem sabia ter aberto. Olhou para os lados, retomou sua pose usual e obrigou-se a seguir em frente e parar de fazer papel de idiota.
Inutilmente.
A lembrança da pele branca da garota sendo tocada de forma tão provocante pelo jogo de luzes perseguia-o. Bastava deixar sua mente vagar e logo flashes lampejavam. Dormir tornara-se uma tortura porque ela o atormentava sensualmente. Seus olhos a seguiam pelos corredores quando ela passava apressada, fugindo dos insultos grosseiros que seus amigos lhe dirigiam e que ele liderava, embora a observasse não só com desprezo. Não mais só com desprezo.
Em poucas semanas, Draco pegou-se analisando as curvas do corpo dela quando a ruiva andava rápido para longe dele, a cadência dos quadris, o movimento dos ombros, o pedaço de tornozelo que vislumbrava de relance por baixo das vestes negras da escola. Por mais que ele tentasse não ver, lá estavam os cabelos vermelhos como um imã.
Os meses de aulas arrastavam-se sem que ele pudesse ver-se livre da visão. Seus relacionamentos deterioravam-se porque ele exigia algo que não conseguia definir. Enfureceu-se com essa loucura, afinal ele era um Malfoy e não podia simplesmente prender-se a uma lembrança infernal.
Por esse motivo, fustigou-a com maior veemência, atirando nos ouvidos da ruiva palavrões que faziam mesmo seus companheiros corarem. Ele a perseguia, a aterrorizava, espezinhava e triturava sua dignidade a ponto dela tremer ao som de sua voz.
Ele sabia. Os lábios dela contraiam-se e ela desviava o olhar, mas, ele não pôde deixar de notar, jamais deu meia-volta, jamais fugiu de passar pelo loiro. O que tornava a coisa toda extremamente complicada. Ela poderia conquistar seu respeito se mantivesse esse padrão tolo de comportamento.
"Malfoy e Weasley..."
O ano estendeu-se e não houve saída para Draco. As férias de verão começariam e ele poderia livrar-se da tormenta. Quem sabe alguma das suas garotas pudesse fazê-lo esquecer?
E lá estava ele, imerso no movimento vagaroso e contínuo da garota, seus olhos cinzentos vidrados no que, em outra pessoa, seria rotulado de falta de modos.
"Mel."
Ele rodava o vidro fechado nas mãos, nem percebendo a careta do garoto ao seu lado, tendo que esticar-se longe para servir-se. Não era agora que ele começaria a se importar com os desejos dos outros. Ele tinha os seus próprios a satisfazer.
"Ela não sabe se alimentar de maneira decente?"
Seu corpo todo arrepiava-se ao focalizar os dedos melados sendo continuamente limpos em movimentos, no mínimo, enlouquecedores. Sua pulsação acelerava-se juntamente com a respiração, seus olhos cinzentos perfuravam-na, seu corpo era bombardeado por sensações que ele sabia o que significavam.
"Pelo Merlin!"
A língua dela.
As pupilas escureceram os olhos dele. Ela assustou-se, encontrando-o.
Ele não respirava. Os olhos castanhos da ruiva estavam nele, pela primeira vez sem medo, sem receio.
O loiro encontrava-se num estado miserável, totalmente à mercê de uma grifinória.
E ela, enigmaticamente, sorriu para ele. Sorriu e levantou-se, caminhando para sair. Parou na porta do Salão e olhou para trás, apenas para notar que as faces normalmente pálidas do sonserino estavam levemente coradas.
