Regina não conseguia dormir, não haviam ainda traçado o plano de como encontrar Greg e Tamara em Neverland por isso ainda navegavam os mares que rodeavam o lugar. Estava ela na proa do navio, encostada às grades, faziam exactamente 9 meses que ela tinha sido obrigada a matar seu amor, Daniel. Não foi por sua vontade, teve de ser daquela maneira, mas mesmo assim pensou em voz alta: "Me perdoe, Daniel."
Ali perto estava Hook, que ao ouvir a voz de Regina se aproximou. Não teve coragem de interrompe-la, ficou apenas a observá-la. Regina tinha os olhos fechados, no seu rosto estava estampada uma dor doce, o vento tocava de maneira leve os fios dos seus cabelos, a sua camisola branca era balançada em um movimento que lembrava as ondas do mar. Linda! Foi a primeira palavra que veio ao pensamento de Hook. Ele observava a linha que contornava seus lábios, a curva do seu pescoço, os seus braços nus, as suas mãos delicadas que agarravam com alguma intensidade as grades do navio e ainda o movimento que seus seios faziam a cada suspiro pesado e profundo que dava, como se em cada um deles a dor fosse e voltasse para dentro de seu peito. Grande admirador da noite, Hook reparou que a lua dava um brilho deslumbrante à pele de Regina, desceu o olhar pelos seus quadris até seus pés – descalços. A rainha tão temida e odiada por tantos estava no extremo da sua simplicidade, descalçada e sentindo a noite.
- Captain!? Disse Regina. Hook, ainda em transe com a sua admiração e embriagado pela figura da rainha, disse:
- Linda noite, Your Majesty.
Regina limpando rapidamente a teimosa lágrima que lutava em descer pelo seu rosto, disse com um meio sorriso:
- Realmente. Há muito tempo não parava para observar, com tanto acontecendo ultimamente me esqueci, costumava tanto fazer isso quando era mais jovem, sim, realmente linda, Captain.
Hook com sua voz sedutora e um pouco rouca, descendo seu olhar para os pés descalços de Regina, disse:
- E o que a rainha faz aqui, durante a noite, de pés descalços, chorando? Não deveria estar planeando algo para achar Henry e fugir para um lado qualquer só com o rapaz?
Hook percebeu que suas palavras tornaram a expressão de Regina mais amarga e sua voz um pouco mais grave, respondeu:
- E como poderia você saber que não era o que eu estava fazendo no exato momento em que você chegou? Bom, preciso descansar. Boa noite, Captain Hook. – Regina temendo chorar outra vez na frente de Hook, se afastou. Passou ao lado do pirata que como num reflexo segurou o braço da rainha fazendo com que ela parasse.
- Não era o que seu rosto me contava. Vá Regina, me diz o que se passa. – ela gostava de como seu nome soava na voz dele.
- Você não entenderia. – disse Regina olhando para onde Hook segurava.
Ele segurou com as pontas dos dedos em seu queixo levantando-o, fazendo com que a rainha olhasse em seus olhos, seus rostos estavam próximos e podiam sentir a respiração um do outro se tornando mais quente e pesada a cada segundo, Hook disse como num sussurro:
- Você não sabe, você ainda não tentou Regina.
- De qualquer maneira você não sabe o que é perder alguém importante.
Ao ouvir as palavras de Regina, Hook soltou de seu braço e afastando um pouco desviou o olhar para o céu, deu um leve suspiro e baixando o tom da voz, respondeu:
- Sei mais sobre isso do que você pensa, Your Majesty.
Não era nada o que ela estava a espera de ouvir. Um pouco pensativa, Regina se aproximou e perguntou:
- Sabe? Como?
- Isso não é importante agora. O ponto principal da nossa conversa não sou eu, - Hook apontou o seu gancho para Regina e continuou – mas sim você, por isso comece você explicando o que realmente se passa.
Regina se aproximou mais e de frente para o pirata abaixou o seu gancho, ergueu o seu queixo fazendo com que seus olhares se encontrassem mais uma vez e naquele momento sentiram que algo em comum os ligava. Essa ligação trouxe um sentimento de confiança mútua que quebrou qualquer barreira existente na aproximação dos dois. Regina sabia que poderia confiar nele e por isso contou sua história com Daniel, o que Cora tinha feito a ele, e como pela segunda vez Regina tinha visto seu amor morrer, mas agora pelas suas mãos.
Hook que até então esteve em silêncio se lembrava de como havia perdido Milah. Pela primeira vez sentiu que podia contar aquilo a alguém, por isso contou à Regina como havia conhecido Milah, suas aventuras no mar e como assistiu à sua morte sem poder fazer nada, tal como Regina não pôde.
Ao terminarem de contar suas histórias um silêncio confortável envolveu-os. Regina quebrando o silêncio disse:
- Jamais poderia imaginar algo assim vindo de você, Captain.
Hook sorriu de leve e disse:
- Esqueça o Captain, me chame apenas de Hook.
