NOTAS:
Esta fanfic é fruto da imaginação da autora, nenhuma intenção de macular a realidade. Nem ofender os reais envolvidos. É apenas uma visão de fatos públicos, especulação de momentos privados.
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À minha cúmplice em aventuras insólitas, parceira de planos incríveis, conversas hilárias, velas&StaRita + Heinekens&fitinhas. Minha querida Carol, se ao menos eles nos escutassem; seria tudo tão mais divertido!
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Em 5 Atos
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Prelúdio
2008
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Os aplausos não eram para eles.
Eles se olhavam desconcertados, sem muito entender porquê estavam ali.
Sim, sabiam que "a promoção de filme adolescente baseado numa obra com até algum sucesso era perfeito para um canal direcionado para o público jovem alvo". Mas entender é diferente. Stewart, a veterana, odiava aquele carnaval (com todas as suas forças. Principalmente os gritos). Pattinson, o novato, estranhava aquele carnaval (os americanos são estranhos. Principalmente os gritos).
[Nada a se preocupar, pois os gritos não eram para eles também. Estavam à margem como um iceberg.]
Olhavam-se cúmplices, apoiando-se nesta nova fase. Como camaradas, ela diria. Como qualquer outra coisa que camaradas, desejava ele. Ela já tinha os cabelos mais escuros para um novo projeto, ele os seus cada vez mais desgraçados.
As roupas não tinham nada demais, a não ser que ele gostaria de poder tocar no corpo dela de novo, e ela gostaria de ter uma boa razão para beijá-lo. Seria bizarro, certo? Ela... do nada... Apenas beijá-lo? É, péssima idéia. Droga. Os óculos eram semelhantes, e o ator se sentia satisfeito por ela estar usando seu mimo. "Stew girl (e ele sabia que ela não gostava de ser chamada assim), se você vai continuar com esta mania de pegar minhas coisas, comprei este para você... Você sabe... tipo um presente". Não tinha sido sem motivo que ela os usara hoje. Ele se lembraria? Entenderia?
Entender é sempre diferente.
O inglês se policiava para não ficar encarando-a mais que o necessário para alguém... normal. Todavia, era tão bom revê-la. Era tão bom te-la ali, obrigatoriamente, a seu lado. O mesmo pensamento fazia piruetas na cabeça dela.
O tempo, fisicamente, separados foi saturado de mensagens e e-mails; a jovem tirava fotos e mandava para ele. Coisas banais, não tão banais assim, que lembravam-lhe ele, ou o tempo deles. Foto de uma página de livro italiano, de um disco de Cash, dos lábios dela, do pôster de um filme frances, de um gato gordo, de uma blusa lilás, de crianças correndo, de cookies de manteiga de amendoim, dela com seus pseudo lobos... Ela não tinha liberdade de mandar-lhe palavras. Ele entenderia o que ela queria dizer?
O rapaz tinha a liberdade. Moralmente? Nem tanto. Mas quem se importa? Ele inundava a caixa de entrada do celular, do mail, até da casa dela... Eram maremotos de palavras que arrasavam-na, devastavam-na, atordoavam-na. Eram pensamentos, declarações, confissões, ataques de ciúmes, regalos, letras de musica... Basicamente, qualquer coisa que deixasse o coração dele mais leve.
E quando ele sentia aquele peso sufocante da ausência dela, da boca dela, dos seios dela, do ventre dela, dos braços dela envolta dele, dos olhos dela faiscando de desejo... Buscava as poucas palavras dela, as fotos que eram apenas deles, a voz dela de recados passados não apagados e engolia a saudade queimando sua garganta.
Queria poder dizer que aquilo era um dueto, mas o coro cantava em trio.
Ela tinha outro. Ela escolhera outro. O que sobrava para ele?
Sobrava encontros sussurrados em lanchonetes longínquas com sorrisos tímidos, olhares travessos, conversas intermináveis, mãos que demoravam horas para alcançarem o que queriam e algo como "vamos sair daqui"... E eles saiam fugidos e se perdiam um no outro como devia ser.
A culpa acompanhava um, a frustração o outro, quando retornavam sozinhos pelos caminhos de origem. Não era o suficiente. Ela não lhe dava tudo, não se entregava totalmente. Ele queria tudo... Não, queria mais que tudo. Se existe algo mais que tudo, era isso que ele queria. Poderiam mudar? Que garantia ela tinha daquilo? Que pretensão ele tinha afinal? Não, isso ia acabar... Ia passar... Impossível continuar assim.
As entrevistas se sucederam naquele dia de sol, no começo do verão, os olhares se encontravam naquele red carpet... Se tinha algo entre eles fora das telas? Yeah... Ele tinha proposto casamento a ela 4 vezes! Nem pestanejou em falar isso no microfone, e seu desconsolo não era fingido. Ele até gostava daquela brincadeira de pedir em casamento, mas NUNCA tinha proposto 4 vezes alguem. Muito menos a uma cruel o suficiente em lhe negar cada uma delas. Muito menos a uma que era a única que queria um sim. Deus, provavelmente... Não, tinha alguma certeza nisso... Ele se casaria com ela, de verdade mesmo, onde fosse mais rápido (seria Vegas?), casar-se-iam se ela dissesse sim. Inferno, estava fodido, o que era isso que sentia?
E mais uma vez ela lhe negou. Pior que Pedro, essa filha da mãe.
Nervos o bastardo tinha, ela não podia negar, falar aquilo ali... E o namorado dela ali, ali! Um nó no estomago. Ele não podia ser apenas seu buddy? (e ela sabia o quanto odiava ser chamado assim). Mas era seu Baloo, seu melhor amigo, seu melhor comparsa... Não era suficiente?
Não, não era. E ela sabia que era totalmente retórica.
Tudo bem que ela e o namorado nunca tiveram crises maiores, apenas eram certos um para o outro. Eram felizes juntos, se davam bem, suas famílias se davam bem. Tinham um futuro já determinado. Por que ia querer mudar aquilo? Ela não lhe cobrava explicações, nem ele a ela. Ou, pelo menos era assim.
Não podia mais ignorar as brigas, nem o nome constante do outro que se estabelecia entre eles. Ali mesmo estava entre a cruz e a espada. Em Rob procurando pela reafirmação dela, mesmo ao lado de Michael agora. Ela engoliu seco. Amargo.
Michael não era bobo, tomava-lhe a mão, resmungava o tempo todo. Aqueles dois homens passaram se medindo silenciosamente, mal trocaram palavras. Sua mão estava gelada ali entre a dele.
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O trabalho deles estava quase terminado, e no primeiro momento sozinhos, ela o acusou:
- Sério? Falar de casamento em rede nacional? Puta que pariu, cara... Pattinson, meu namorado está aqui comigo... Você não pode fazer isso! –não podia gritar, mas sua voz era severa, seu olhar cuidava quem podia lhes escutar- ...Por que você não pensa nas coisas que fala! Sabe muito bem a dor de cabeça da nossa última entrevista com eles... Você acha que se apaga, se esquece quando você quiser? Hello!? Isso é Hollywood! Porra, cada palavra tua é gravada e guardada e usada contra você... Ou contra as pessoas que elas alcançam, buddy...
Ele respirou forte. Tentou alcançar a mão dela, ela se esquivou. O ator a acusou com os olhos, e procurou um ponto perdido na outra direção.
- Nunca te prometi que seria diferente... Pouco me importo com quem você está... Quero mesmo que todos saibam... –ele a olhou, seu olhar tornou-se suave-...Não faço para te machucar, Love, não mesmo... Sei que você acha que não sou tão bom partido como ele, você não leva a sério o que te digo... Talvez, no dia que você entender, entender mesmo, não precise mais falar em rede nacional... E também não posso prometer nada, porque gosto de dizer o quanto... –respirou forte, passou a mão nos cabelos agitado-... Que merda, você sabe o que sinto...
- Rob... isso não tem nada com...
- Tem sim, Kris, tem sim... Você acha que é fácil para mim te ver com ele? Sei que você também não me prometeu nada e sei que isso é uma idiotice, a maneira como estamos fazendo isso... Está tudo errado...-mediu as palavras-... Sei que você não quer me machucar...
- Claro que não... Nunca...
- Eu sei... Mas você faz... Entende? Quero a porra da tua mão na minha...
- A gente...
- Eu sei... –ele a cortou.
- Eu não posso... Não quero mais falar disso, já falamos disso, já te disse...
- Lembro o que você disse, sou um imbecil...
Podiam ter sido 5 minutos ou 45, o silencio gelou entre eles.
A garota se aproximou dele, e pegou a mão dele de maneira velada, ninguém iria ver. Agradou-a, sem poder encará-lo. A boca dele desenhou uma curva.
- Vocês falam "prélude"? -teve a mirada dela surpresa-...Como prelúdio... Vocês falam prelúdio neste país?
- Está de novo se exibindo com teu frances?! –falou um pouco irritada, já bastava o sotaque dele, frances dos lábios dele era baixaria-...Não creio que fora de um libretto, você vá achar alguém dizendo isso normalmente por aqui... Por que?
- Ano que vem, será apenas nós dois aqui. E a gente vai ganhar aquele premio do beijo...
- Um pouco convencido, não? O filme nem foi lançado, Pattinson! E alem de estar aqui ano que vem, comigo, sozinhos, você ainda quer ser nomeado e ganhar um estúpido premio? Eles podem odiar o filme.. a gente...
- Está vendo aquele palco ali? Vou te beijar ali, na frente de...
- Vai sonhando...
- Nem que tenha que roubar de você...
- Você não faria isso! -mortificada.
- Tudo depende de você na verdade... Bem, nem tudo... E vai saber... Numa dessa, é você mesma que vai querer me beijar ali...
- Você enlouqueceu...-falou sem sombras de dúvida-... Você vai ter que arranjar outra...
- Vou fazer tudo que puder até você entender... E entender é sempre a parte mais difícil...Entender que eu... –e ele não terminou a frase.
Robert apertou a mão dela. Não se despediu, apenas saiu o mais rápido que pode daquele lugar.
Eram como um iceberg a deriva. E se você entende o mar, saberá que não há nada mais perigoso que um iceberg avaliado erroneamente. Sua vida pode custar isso. E ninguém naquele lugar verdadeiramente prestou atenção naquele casal. Poucos mesmo pensaram neles como um casal.
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Kristen não dormiu bem aquela noite. O sexo com Michael foi como estava sendo há um bom tempo. Uma peneira tapando o sol que tudo estava bem.
Tomou o celular.
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Vc ainda estah acordado?
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Esperou. Olhou o relógio. Era bem tarde. Podia estar dormindo... Podia estar com alguém. Algo lhe machucou por dentro. Olhou o relógio mais uma vez. Decidiu não esperar mais.
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+que ñ queira,entendo.E pq isso ñ me faz feliz?
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Levantou-se da cama, pegou o maço de cigarros na mesa de cabeceira, foi até a janela. A cidade continuava a mesma. Expeliu a fumaça, vislumbrou o celular. Nada.
Passou os dedos pelo cabelo, e sentiu quando as lágrimas encharcaram sua camisa. Então, percebeu que estava chorando.
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Robert não estava dormindo, e muito menos com alguém ali. Estava acompanhado por uma garrafa do melhor malte escocês pela metade, um cinzeiro lotado, os dedos sujos de tinta, e o violão no colo.
Encarava o celular. Não sabia o que responder. Uma tensão se formava no corpo dele. As palavras dela não tinham lhe trazido o alivio que pensara. Nem tinha cabeça para pensar em tudo.
Frustração.
Não podia viver sem ela. E com ela era pior ainda. Aquilo era loucura... Ela estava certa, ele tinha enlouquecido.
O celular bipou de novo.
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E ñ vou te beijar na frente de tdo mundo por 1 estupido premio de TV!
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E ele riu. Desculpa, ele gargalhou. Tinha de novo a mesma cara de bobo.
Estava fodido, tinha enlouquecido, perdido a cabeça por uma mulher... Inferno de mulher. Por que tinha que ser tão teimosa!?
Ele gargalhou. Digitou rápido.
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A amada sentiu o celular vibrar. Passou as mãos pelo rosto, e apagou o cigarro. Os dedos não lhe obedeciam. Queria saber o que tinha lhe escrito, era ele, ela sabia. Mas havia medo nela... Por qualquer das respostas que ele pudesse dar...
Aceitou. Leu.
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Vc vai dzer SIM 1 dia. Ñ vou parar de ?
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E o tremor foi de medo, não era de um premio bobo que ele falava. E de medo era também a certeza que ele tinha razão.
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Fim do Prelúdio.
