Acampamento de Verão
Capítulo I –Todos acordaram cansados e felizes naquela manhã. O baile de formatura tinha sido muito bom e desgastante. Tomaram logo o seu café. Tinham uma longa viagem ao norte da Inglaterra ainda esta tarde. Os alunos do sétimo ano, ao final dos estudos tinham um mês em um acampamento de verão, para se divertirem e serem treinados para o mundo trouxa. Uma dupla em especial estava muito feliz com a viagem. Harry e Hermione tomavam o café animados, rindo e conversando todo o tempo. Comeram depressa, as malas ainda não estavam prontas. Andavam ansiosamente depressa pelos corredores, cheios de grupos afobados e felizes de alunos de todas as séries.
Você viu o Rony?
Mione, e desde quando a gente vê o Rony?
Aquela garota está realmente hipnotizando ele. Será que os dois não param de se beijar um segundo?
E você está com ciúmes!
-Não! Não estou! Harry... porque eu teria ciumes do Rony com aquela aguada?
Benny é realmente bonita, Mione... não sei como o Rony conseguiu, sinceramente.
Vocês são todos iguais, não é, Harry?
Parecidos...
Enquanto passavam pelo buraco para a Grifinória, Hermione olhou Harry com uma cara um tanto que debochada.
Seu irônico!
Harry riu e subiu correndo as escadas, parando na porta para olhar Hermione, que subia atrás dele.
Te espero na sala comunal na hora do almoço?
Tudo bem.
Harry entrou e começou a esvasiar as poucas gavetas que ainda restavam. Sua cama estava uma bagunça. Cheia de roupas e objetos. A mala, absolutamente vazia, estava aberta no chão. Harry começou a se apressar. Organizou tudo muito bem, e ficou até uma mala bonita, mas quando Rony chegou, Harry estava quase se matando para fechar a mala.
Harry! Baby! Onde esteve?
Aqui, Rony.
Aqui? Não te vi hoje.
Claro, você não para aqui! Hermione e eu sentimos sua falta as vezes, sabia?
Hermione? Ela disse alguma coisa? O que ela disse? O que ela disse?
O quê? Rony, para! Ela não disse nada! – Rony sacudia Harry pela manga da camisa. – Eu só disse que antes nós éramos um trio, e agora nós somos só dois!
Ah... é isso?
Claro!
Rony se virou para pegar sua mala na outra cama, que ainda estava vazia. Com a balançada de Rony, Harry tinha atrapalhado um pouco a estufada mala.
Você tá animado, Harry? Dizem que será divertido, e que tem piscina. Dizem que tem cavalos e provas. Não sei o que é uma piscina, não imagino como seja um cavalo e odeio provas!
Acredite, Rony... você vai gostar. É claro, teremos deveres, mas um acampamento é sempre bom pra relaxar e até pra namorar. Claro... quando se tem uma namorada. – Harry fez uma cara decepcionada ao se assentar em cima da mala.
Espero que tenha razão. Hermione conseguiu comprar o apartamento perto do nosso?
Os pais dela vão hoje assinar o contrato. Você tem certeza que quer morar com trouxas? Num apartamento que você nem imagina como seja?
Harry, eu não tenho dinheiro nem para comprar uma meia furada. Tenho dezessete anos e não quero morar denovo com meus pais! Mas se não quiser dividir o lugar é só dizer!
Claro que eu quero, Rony, mas... talvez seja difícil pra você se acostumar a morar numa cidade trouxa!
Harry, amigão... – Ele terminou de socar as roupas na mala e passou o braço pelo ombro de Harry – não importa se seja trouxa ou não, eu me dou bem em qualquer lugar! E além disso, a Benny vai morar na rua de cima e eu quero ficar perto dela!
Tá bem, tá bem! Mas me ajuda aqui com essa mala!
Rony olhou para a mala pensativo por um segundo e tocou-a com a varinha. Harry olhou para a mala abismado e se levantou, deixando a mala quase vomitando-se de tão cheia.
Bem pensado...
É o que sete anos de Hermione fazem com você. Já está pronto?
Tô. A Mione já deve estar me esperando.
Oh... um encontro, não é?
Deixe de ser ridículo, Rony!
Tá bem, já parei... não precisa ficar nervoso, baixinho...
Harry riu. De um tempo pra cá Rony só o tem chamado de baixinho. Harry só era um pouco mais baixo do que ele. Era alto, tinha os peitos fortes e sarados e os braços fortes, mas não musculosos. Seus olhos, ainda ocultos pelos óculos eram imensamente mais verde e os cabelos continuavam rebeldes, porém estavam na altura das orelhas e atrás caia pelo pescoço. Rony devia ser apenas cinco centímetros mais alto que Harry. As sardas não estavam mais tão aparentes, em lugar delas, tinham bochechas mais cheias e vermelhas, que combinavam com o verde escuro de seus olhos. Os cabelos estavam como sempre foram. Vermelhos e lisos, e, ao contrário do de Harry, que tinha pequenas ondas e viradinhas nas pontas, o dele era totalmente liso. Só um pouco cheio. Hermione estava sentada ao lado da lareira, mas se levantou ao ver Rony. Ela era exatamente do mesmo tamanho que Harry. Os cabelos estavam lisos na raíz e com leves ondas na ponta. Os olhos encantavam vários garotos. As bochechas eram coradas e formavam uma pequena covinha quando ela ria demais.
Rony! A quanto tempo! Você cresceu!
Você acha? - Rony estufou o peito.
Deixa de ser tonto, Rony! Acorda! E vamos logo almoçar antes que a gente perca as carruagens! Mione, suas malas estão prontas?
Estão. E nem um pouco leves.
Podemos usar magia para levá-las.
Mas Harry, é perigoso bater em alguém!
Hermione, já nos aprimoramos! Não vai acontecer nada!
Talvez tenham razão. Vamos então!
Hermione olhava toda hora para o relógio. Eles tinham quinze minutos ainda, mas não era por isso que ela olhava. Os três conversavam sobre como poderiam se divertir no acampamento, até o momento em que Rony viu sua namorada e correu até ela.
Tava demorando! Ele ficou com a gente três minutos e vinte e sete segundos.
É Mione, talvez seja a hora da gente esquecer o Rony...
Acho que tem razão.
Os dois comeram virados para a mesa da Corvinal. Rony só comia lá. Já tinha até amigos. Como fora posível uma virada dessas. Harry não mentira ao dizer que sentia falta dele. Agora tinha raiva da traição dele e dos garotos que riam e brincavam com ele. Comeu pouco, assim como Hermione.
Acho que você também perdeu a fome...
Totalmente. Você quer ir para a carruagem?
Vamos, então. Não aguento olhar isso...
Harry e Hermione deixaram as malas no salão principal, junto com mais um monte delas. Se dirigiram a uma carruagem vazia, quando Hermione colocou o primeiro pé para subir na carruagem e ouviu uma voz arrastada.
Ora, ora, ora... não seria o casalzinho Potter?
Eu deveria desconfiar que o fedor era seu, Malfoy!
Os gorilas atrás de Draco fecharam os pulsos e avançaram, mas Draco os impediu.
Sabe que vocês até que fazem um casalzinho lindo? Pode ser estranho, mas um dragão e um lagarto!
Fica bem melhor do que um doido lunático e uma doninha!
Draco corou e se embraveceu.
Sua sangue-ruim idiota! Quem você pensa que é para falar de mim, coelho gigante?
Peraí, não fala assim da Hermione! – Harry empunhou a varinha.
É assim que se faz, Potter! Defenda sua namoradinha! Sinto pena de você, sujando mais o seu imundo nome e afundando na lama igual ao seu pai! – Draco se virou e os gorilas o seguiram rindo. Harry levantou a varinha, mas Hermione segurou sua mão. Eles se entreolharam.
Não vale a pena!
Harry abaixou a varinha e olhou para o chão.
Vamos entrar.
Harry entrou depois de Hermione e se assentou ao seu lado. Olhando pela janela.
Mione... Você acha que...
A gente tá parecendo...
Um casal de namorados?
É.
É?
Bem, ...
Talvez?
É, talvez.
Estamos muito...
Grudados?
É, e...
Sozinhos.
Sim. Cara, como eles viajam!
Sem noção, Harry... Acho que eles deviam procurar saber antes de sair falando besteiras.
Eles são ridículos!
Vamos esquecer, ou nossas cabeças vão doer durante toda a viajem.
Viajar com dor de cabeça é realmente horrível.
Você me faz rir, Harry...
Harry escorou o braço na janela e ficou olhando. Um arranco anunciou que estavam andando. Harry ficou olhando para fora por um tempo, até se virar para Hermione, que tinha as mãos cruzadas esfregando os polegares um para baixo do outro.
Mione... você... pode me responder... uma coisa?
A garota olhou para Harry, que olhou para o chão.
O que quiser, Harry.
Bem... é que... sabe... eu não sei se devo...
Deve o que? Não entendo, Harry.
Talvez eu não deva perguntar. Esquece! – ele voltou a encarar a janela.
Harry, por favor! Você teria coragem de falar anos atrás. Por acaso não confia em mim?
O caso não é esse, Mione. É que... eu tenho vergonha.
Vergonha de mim? Você está realmente mudado, Harry. Anda! Pergunta!
Tá bem, mas não ria. Eu queria saber... se... você namoraria comigo. Se a gente não fosse irmãos, não é?
O quê? Era só isso? Ah, Harry... você está muito carente, não está?
Hermione esfregou os cabelos de Harry, que pela primeira vez, olhou para ela. Sorriu e acenou com a cabeça.
Bem, eu conheço várias garotas que gostariam de namorar você.
Conhece, é?
Mas não é tão fácil, Harry. Você tem que ver o caráter da garota, algumas acham que a gente fica tão junto que pensam que nós namoramos... outras pensam que você não goste de garotas gordas ou magras demais ou muito cabeludas... e é claro, tem o caso da vergonha também. Mas já que você perguntou, acho que, se a gente não fosse irmãos, eu namoraria com você, sim.
Hermione riu e os dois se abraçaram com um só braço, recostados no banco com as cabeças unidas. A carruagem de Draco passou pelos dois, e ao olhar a cena ele fez cara de nojo.
Harry acordou e viu que já tinha anoitecido. Rony estava de frente para ele e Hermione, abraçado à Benny. Os dois dormiam tranquilamente, e Hermione também. Tinha se recostado na porta da cabine do trem e dormia normalmente. Resolveu sair da cabine. Não queria ser o único acordado ali. Queria andar, ver se já estavam chegando. O relógio em seu pulso indicava duas horas e meia desde que as aulas acabaram no dia anterior. Tinha apenas que recarregá-lo com um feitiço, mas na hora se esquecia. Abriu cuidadosamente a porta e Hermione se mexeu um pouco no banco. O corredor estava vazio, mas saia barulho de algumas cabines. Foi andando lentamente olhando para dentro das cabines. Maioria dos alunos dormiam e uns dois em cada cabine cochichavam. Ao chegar na parte da frente do vagão, recostou-se na janela da porta. Conhecia bem os gramados de Londres para saber que já haviam chegado. Por mais estranho que parecesse não conseguia pensar em nada. Olhava para o furioso vento que corria tentando levar seus cabelos e via apenas um gramado no escuro que parecia fugir de algo. Sentiu alguém escorar-se ao seu lado na janela, mas não se preocupou em olhar. Na verdade, nem saberia que tinha compania se uma voz arrastada não se anunciasse, fazendo-o tremer.
Não entendo como pode deixar seus horríveis cabelos mais rebeldes ainda, Potter.
Não entendo como pode deixar sua ridícula voz cada vez mais chata e irritante, Malfoy.
Mas que surpresa! Não vejo sua namoradinha! Por acaso se enjoou? Ah, mas se eu fosse você, já teria enjoado desde saber que uma coisa daquelas existe.
Hei, Malfoy, mais respeito com as pessoas seria o básico para a sua idade!
Tenho respeito por pessoas, Potter, mas por animais selvagens não.
Escuta, Malfoy. Se quer chegar no acampamento inteiro, fique longe de mim! – disse Harry empunhando a varinha e apontando para o malicioso loiro, que o encarava friamente. Harry foi se afastando até o corredor e se dirigiu de volta à cabine, encontrando Rony acordado.
Onde você foi, cara? Eu durmo e você some?
Fui andar. E me arrependi. – disse se acentando.
Malfoy?
Harry acenou com a cabeça e voltou a encarar a janela.
Não liga, cara! Apenas soque a cara dele.
É... é uma proposta tentadora.
Estamos chegando? – perguntou uma sonolenta Hermione.
Já. Falta só a curva para chegar na estação. É bom acordar a Benny, Rony, temos que descer primeiro.
Rony começou a cochichar com a namorada e Harry olhava Hermione se espreguiçar. Quando o trem parou, todos já estavam perto da porta e desceram bem rápidos, pegando suas bagagens e começando a seguir um enorme Hagrid que acenava para segui-lo pela passagem para o mundo trouxa e depois por uma passarela da estação. Não andaram muito e encontraram uma escadaria para descerem.
Estão vendo aquele ônibus lé embaixo? É o que vai nos levar a North Freendy, mas primeiro, deixem-me contá-los. – gritou Hagrid, começando a apontar para cada um.
Vejo que estava enganado, Potter! Você ainda é casado com este tronqüilo. –disse Malfoy, ficando de frente para Harry e de costas para a escada.
Já chega, Malfoy! – disse empurrando Malfoy, que se desequilibrou, e procurando equilibrio agarrou a gola da camisa de Harry, que caiu em cima dele.
