A Imperatriz do trono do Dragão

Cap. I

Era abril na cidade de Pequim, e a primavera estava atrasada. Os ventos do norte conduziam sua fina carga de areia amarela, que amontoava- se nas ruas e se filtrava através de portas e janelas, espalhava-se sôbre mesas e cadeiras , introduzia-se nas dobras das roupas. Na casa de Kinomoto, porta- bandeira manchu, a areia era ainda mais incômoda porque as janelas não se fechavam com justeza.

Nesta manhã particular, Sakura,sua sobrinha e filha mais velha de seu falecido irmão, foi acordada foi acordada pelo vento e pelo estalar da madeira. Sentou-se na larga cama chinesa que partilhava com a irmã mais moça e franziu o cenho ao ver a areia acumulada sôbre a colcha vermelha, como se fosse neve. Deslizou suavemente pelas cobertas para não acordar a outra. Sentiu areia debaixo dos pés nus e suspirou. Fora apenas no dia anterior que varrera cuidadosamente a casa e agora teria que limpar tudo de novo quando o vento cessasse de soprar.

Moça bonita essa Sakura. Parecia mais alta do que era porque tinha o corpo delgado e gracioso, e se mantinha sempre ereta. Suas feições eram firmes porem delicadas, boca bem conformada e cabelos lisos e longos de uma linda cor castanha acobreada. Mas sua grande beleza residia nos olhos - eram longos, grandes e extraordinariamente límpidos, o verde esmeralda e o negro muito puros e distintos. No entanto essa beleza talvez não tivesse significação se não fosse o espírito e a inteligência que lhe iluminavam todo o ser, embora fosse muito jovem, sua força se revelava na suavidade de seus movimentos.

A luz cinzenta da manhã,vestiu-se rápida e sem ruído , e afastando as cortinas azuis de algodão que serviam de porta, dirigiu-se à pequena cozinha.

- Lu Ma, disse ela saudando a criada - Levantou-se muito cedo esta manhã.

O Auto domínio transparecia na extrema suavidade de sua bonita voz.

- Não pude dormir, Jovem Senhora. Que faremos quando nos deixar?

Sakura sorriu.

- A Imperatriz Viúva Mãe talvez não me escolha... Minha prima Mai Ling é muito mais bonita do que eu.

Emergindo naquele momento por trás do fogão, a criada mostrou uma fisionomia desolada.

- Será escolhida. O tom da velha era definitivo e triste.

- Esta casa não pode passar sem você, gemeu ela - A Segunda Irmã mal saberá pregar um botão porque você sempre fez tudo para ela. Os dois garotos, seus irmãos, gastam um par de sapatos por mês. E seu parente Shaoran Lí? Não está comprometida com eles desde a infância?

- De uma certa maneira estamos comprometidos, redargüiu Sakura na mesma voz bonita, mas agora um bocado triste. Sabia ela que desde pequena já era prometida com o filho de um primo distante da esposa de seu Tio, mas se sentia triste em pensar que era destinada á alguém que praticamente não conhecia. Lembrava-se vagamente de umas poucas visitas, na época em que seu pai ainda vivia, à casa destes parentes tão distantes, mas que, por casamento, pertenciam ao mesmo clã que o seu, e de como eles se divertiam juntos, mesmo ele sendo dois ou três anos mais velho. Mas ela não tinha nem cinco anos naquela época, e logo depois, com a doença de seu pai, eles nunca mais haviam se visto. Sakura sabia apenas que seu Li tinha se destacado tanto em seus treinamentos que fora chamado a algum serviço dentro dos portões do palácio do Imperador, e que quando tivesse a idade apropriada, eles se casariam de acordo com os costumes pré-estabelecidos. Sakura não gostava destes costumes, mas respeitava-os. Foi por isso que, ao saber que poderia ser chamada para uma vida melhor no palácio, vislubrava a possibilidade de um destino diferente de tantas outras mulheres de sua família.

- Ah, exclamou a velha fitando-a. -Eu sempre disse que você tem um destino. Está nos seus olhos. Devemos obedecer ao Imperador, o Filho do Céu. E quando você for Imperatriz, minha preciosa, lembrar-se-á de nós.

Sakura riu o seu suave riso controlado.

- Serei apenas uma concubina; uma entre centenas!

- Será o que o céu determinar, declarou a velha.

Naquela mesma manhã, chegou a casa dos Kinomoto o portador da convocação Imperial, com um pacote dourado com o informe oficial ao tio de Sakura que ela e sua prima, Mai Ling tinham sido chamadas a se apresentarem ao Imperados dali a nove dias, como o previsto. Naquela mesma tarde, já tendo acabado a maioria dos seus afazeres domésticos, Sakura saiu de sua casa pelos fundos e, em pouco tempo, se se colocava a cominho do grande bosque que demarcava o final da cidade. Sakura conhecia muito bem as proximidades do bosque, por isso não sentia medo de entrar lá sozinha, e neste dia decidiu fazer algo que nunca havia tinha tido coragem antes: se aproximar dos muros da cidade Imperial. Já que havia terminado mais cedo que o normal, ninguém sentiria falta dela na menos de uma hora de caminhada que ela achava que levava, e ela ficaria lá por poucos minutos mesmo. Ela sabia que a cidade Imperial era considerada um lugar sagrado e que não deveria se aproximar, mas, agora que sabia existir a possibilidade de ter que passar o resto de sua vida dentro daquele lugar, tinha que saber como se parecia. Mais rápido do que esperava avistou de longe a alta muralha de pedra que deduziu ser o que circundava todo o enorme lugar, e se decepcionou.

-Como são altas!- falou baixo para si mesma.

Ela ainda tentou subir em algumas árvores em volta, mas as paredes tinham sido construídas para afastar todo e qualquer inimigo, e ela sabia que não tinha nenhuma chance de avistar nada. Já estava bem cansada quando notou, ao descer de uma última árvore, um pequeno lago numa clareira, e se dirigiu automaticamente para lá, afim de se refrescar e descansar um pouco. No caminho, achou um pequeno pássaro caído no chão e um esquilo bastante dócil, e parou um para acaricia-los, já que gostava muito de animais e era, acima de tudo, muito carinhosa com os que achava serem mais fracos.

Perto dali, um ouvido muito bem treinado sabia que alguém se aproximava. Shaoran Li, um guarda dos portões da Cidade Proibida, tinha como dever, naquele dia, cuidar exatamente daquelas partes laterais exteriores.Aproximando-se cuidadosamente da fonte de barulho, viu entre as folhagens alguma coisa numa árvore. Já ia atacar o intruso em potencial quando viu que estava descendo da árvore, e que era uma jovem. Decidiu esperar um pouco mais, já que ela estava se afastando do portão mesmo, e continuou a observá-la por entre galhos e troncos.

Quando ela parou para ajudar a recolocar um pássaro no ninho e ele pôde vê- la com clareza ficou imediatamente impressionado pela sutileza de seus movimentos e o cuidado que demonstrava com aqueles animais e, por que não adimitir, com a incrível beleza daquela mulher.

-"Você tem que prende-la, pensou- ela está muito perto dos palácios, e todos sabem que não é permitido se aproximar deste local!

-"Sim, sim, vou prende-la, ou ao menos avisa-la, mas... uummm.. não agora..., Shaoran pensava ao ver aquela jovem já começando a molhar os pés as águas frias.

Mas, neste momento um peixe pulou no lago e Sakura se assustou. Tentando se agarrar num galho, ela fez com que este se quebrasse fazendo um barulho enorme, e acabou caindo na água, levando o galho junto, e fazendo um barulho maior ainda.

No mesmo momento, ela e Shaoran puderam ouvir passos velozes e vozes se aproximando do local.

-Droga! pensou Shaoran- ela atraiu a guarda inteira pra cá! Rapidamente, ele saiu da onde estava e correu para onde Sakura ainda estava tentando se levantar. Antes que ela conseguisse perceber, tinha sido jogada nos ombros de alguém e estava sendo levada dali.

-Que... quem é você?? O que é isso? Sakura não conseguia entender o que estava acontecendo... estava sendo tudo rápido demais!

Ao ver que o estranho parecia ignorar totalmente suas perguntas e estava correndo como se não tivesse nada em seus ombros, ela ficou nervosa e estava falando mais alto.

- Me solta! Olha que eu vou gritar, hein? Eu não que...

Neste instante, Shaoran tirou quase jogando ela de seus ombros e a segurou na sua frente, tapando sua boca e entrando de costas numa pequena caverna, cuja entrada , queera tapada por galhos e vegetação morta caindo, era quase invisível.

-Quieta! disse numa voz baixa ao ouvido dela - eles vão passar por nós a qualquer momento! Sakura estremeceu ao sentir aquele sussurro rouco tão próximo de si e tentou se afastar, mas ele a segurou mais forte e, naquele mesmo instante, eles puderam ouvir muitos homens correndo e gritando, enquanto passavam direto pela frente da caverna. Depois de alguns minutos em que ficaram em total silêncio, ele falou novamente, numa voz mais alta e grave:

- Você pode sair agora.

Apenas ao retirarem-se da caverna Sakura pôde olhar com mais cuidado o seu salvador. Ao observa-lo enquanto este subia em uma pedra para ver se eles já estavam mesmo seguros, ela reparou que ele era um homem alto, com músculos claramente definidos embaixo do que ela reconheceu como o peitoral com o símbolo real. Tinha também os braços fortes e cabelos castanhos um tanto bagunçados, e ela sentiu ruborizar-se ao pensar que ela era certamente mais bonito que qualquer um que ela conhecia das redondezas. Quando Shaoran finalmente se virou e começou a andar em sua direção, ela notou que mesmo em meia a toda aquela fuga, ela parecia ter o domínio de toda a situação, e quando ele se dirigiu a ela, ela notou a calma e controle de suas maneiras.

1. Afinal, o que você estava fazendo perto dos muros da cidade?

Sakura se surpreendeu ao vê-lo falar de maneira um tanto rude com ela, mesmo após te-la salvado.

- Por que você me salvou?

Shaoran arregalou os olhos ao perceber que ela o estava fitando. Nenhuma mulher, a não ser sua mãe, o fitava nos olhos.

- Oras,disse ele - responda você a minha pergunta, e demonstre um pouco de gratidão! Se os guardas imperiais tivessem pego você tão perto dos portões, estaria certamente com grandes problemas!

Sakura abaixou um pouco os olhos para mostrar que já tinha observado a roupa dele, e voltou a fita- lo.

- Você também é um guarda imperial, e se eles souberem que me ajudou estará mais encrencado do que eu. Não deveria ter feito tudo isso.

Shaoran não acreditava que ela não apenas não estava agradecendo, mas falando o que ele deveria ter feito ou não.

- Bem, de qualquer maneira, não deveria te-la ajudado mesmo. Volte para sua casa e não se aproxime da morada do Imperador novamente. Aqui não é lugar para alguém como você. Enquanto ele falava, já ia empurrando Sakura em direção a uma trilha.

- Você não manda em mim, e eu não estava querendo nada com o Imperador, apenas... Me afastei demais de minha casa num passeio. Shaoran levantou uma sombrancelha incrédu-lo , já que a tinha visto subir na árvore para olhar para dentro dos muros.

- Passeio? Sim, sim, claro - ele ia falando enquanto caminhava atrás de Sakura na trilha, não conseguindo deixar de observar a leveza com que ela se movimentava - tome mais cuidado com esses passeios da próxima vez, seu pai ou marido deveriam pensar duas vezes antes de deixa-la sair de casa sozinha por aí.

-Ora, meu tio me da mais liberdade do que a maioria das mulheres tem, mas não que isso seja de sua conta, e eu não tenho - mas nesse momento, ela se virou para olha-lo, mas já não havia ninguém atrás dela - marido...

Voltou para a sua casa pensativa e sentido raiva do estranho que havia sido tão gentil inicialmente, mas que depois - pensou - tinha se mostrado rude como tantos outros.

A entrar pela porta, a Lu Ma veio rapidamente em sua direção.

- Seu tio mandou avisar-lhe que dentro de dois dias, haverá uma grande festa em sua homenagem e de sua prima, pela honra que vocês trouxeram ao clã por terem sido escolhidas para se dirigir ao palácio

- Sim, ótimo - disse distraidamente Sakura - será bom, assim poderemos nos despedir de todos - ia falando enquanto se dirigia para seu quarto - e Mai Ling e eu poderemos nos falar antes de irmos.

- Afinal, a criada ia tagarelando sem mesmo ouvir Sakura - é tão raro serem escolhidas duas meninas do mesmo clã, não é? Todos os seus parentes das cidades vizinhas virão para vê-las crescidas, e entenderam por que foram duas desta vez, já que vocês são tão bonitas e... Mas Sakura já nem ouvia. Já havia entrado no seu quarto e deitado em sua cama, olhando para o teto.

-Será que se eu for escolhidas, terei guardas assim ao meu dispor também, que se preocupam tanto com a minha segurança? Será que todos são como... Ele? Dormiu pensando e relembrando os acontecimentos daquele dia, sem nem se preocupar com a festa que se aproximava...Afinal, não se sentia próxima de seus parentes, de qualquer maneira.

Continua...

Espero que vcs tenham gostado do primeiro cap. Eu adoro fics UA, e sempre quis escrever um.. e agora nas férias, naum tinha mais desculpas pra naum fazer -_-' A ideia inicial vem do meu livro favorito, chamado "mulher Imperial", mas logo depois da primeira pag eu já mudei toda a história.. entaum podem ler o livro q já não tem nada a ver e o final com certeza não vai ser o mesmo, hehe...Qualquer ideias, mail-me, ok? ^^