Vencedora em 2º lugar do Tributo a Renato Russo do Need For Fic.
Autora: Kassiminha
Categoria: [Tributo NFF] Renato Russo, 1ª Temporada, Slash M/M
Advertências: Contém spoilers da primeira temporada.
Classificação: PG-13
Capítulos: 1 (one shot)
Completa: [X] Yes [ ] No
Resumo: Arthur, numa viagem de caça, matou um unicórnio, o que desencadeou uma maldição terrível sobre Camelot. Agora ele vai tentar salvar seu reino, mesmo sabendo que pode lhe custar a vida. Mas Merlin não o deixará sozinho...
Disclaimer Eu bem queria, mas Merlin NÃO me pertence. Esta fic é produto de uma mente slasher insana.
N/A: Suuper dedico esta fic ao Fabitch, que insistiu e brigou comigo pra que ela saísse. Soulmate, ela tá aqui! Quase não sai, mas tá aqui! Ah! Os diálogos da parte do teste são todos tirados da série, ok?
Merlin's POV
Idiota! Como Arthur consegue ser sempre tão estúpido? E por que diabos ele nunca, NUNCA me ouve? Eu disse a ele que não matasse o unicórnio... mas ele me ouviu? Não, por que ouvir o idiota do Merlin? E agora o povo está sofrendo a maldição por ter matado um ser tão puro... Camelot vai ser destruída pela fome e pela sede, se Arthur falhar nesse último teste. E o idiota nem sabe de que teste se trata! E, mesmo assim, ele foi ao Labirinto de Gedref SOZINHO!
Meu cavalo se rebela um pouco, acho que estou puxando demais as rédeas. Sim, estou seguindo o príncipe em direção ao desafio. E daí? Estou morrendo de preocupação por aquele orgulhoso de uma figa! Não vou deixa-lo passar por isso sozinho, de jeito nenhum! Afinal de contas, sou o servo dele, é minha responsabilidade protegê-lo, mesmo que ele não saiba... acho que ele se morderia de raiva se soubesse o número de vezes que salvei sua vida. Heheh... salvamento de verdade, acho que ele só recorda o do meu primeiro dia na corte, o dia em que virei seu servo.
Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.
Ah, como eu o detestava! Por ter se divertido à custa do pobre pajem, por me colocar na cadeia só porque eu o enfrentei! Principezinho idiota e mimado, nunca tinha visto igual! E, ainda assim, quando pulei sobre ele para livrá-lo do punhal jogado pela bruxa, senti-me estranhamente bem. Os segundo que passamos corpo a corpo, no chão foram estranhos... e ao mesmo tempo me fizeram sentir tão... em casa... ainda agora me pergunto por que Arthur me fez sentir daquele modo... mas preciso parar de divagar. Ele vai entrar no labirinto.
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.
Arthur's POV
A espada pesa nas minhas mãos, enquanto entro no labirinto. Qualquer barulho faz meu estômago revirar-se, não de medo, mas de ansiedade. Estou pronto a fazer qualquer coisa para salvar Camelot, qualquer coisa!
Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.
Quando matei aquele unicórnio, não consegui entender o porquê de Merlin ter ficado tão desesperado. Ora, era só um animal raro! Perfeito para presentear meu pai... que aliás é um dos homens mais difíceis de se agradar que eu já vi! Um presente raro como esse iria certamente agradá-lo. E ele gostou, de fato, mesmo com os maus agouros de Gaius, que pressagiou má sorte para mim por ter matado a criatura. Ah, como eu desejo ter me assustado com o olhar de Merlin na floresta e ter deixado o unicórnio partir!
Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.
Que labirinto imenso! E até agora não encontrei o maldito teste. Aliás, sobre o que será esse teste? O que eu posso fazer para salvar a minha terra?
Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.
-oOo-
Arthur já estava correndo havia um bom tempo quando a luz do sol refletida no mar quase o cegou por alguns instantes. Finalmente encontrara a saída do labirinto! Um tanto ofegante, andou pela praia pedregosa até ver o Guardião dos Unicórnios, Anhora, que lhe tinha imposto os testes. Que espécie de cena era aquela? O que Merlin estava fazendo ali?
– Merlin?
O jovem mago estava sentado a uma pequena mesa, onde havia duas taças. Sua cabeça estava baixa, sentia vergonha. Ao seguir o príncipe, lógico que não pensara em ser capturado!
– Sinto muito...
– Deixe-o ir. – Arthur falou para Anhora, num tom que dificilmente soava como um pedido. – Aceitarei seu teste, mas não antes que ele se vá.
– Não é possível. Merlin é parte do teste. Por favor, sente-se – O Guardião estava impassível. Ao ver a hesitação do jovem, Anhora declarou com simplicidade. – Se recusar o teste, terá falhado. E Camelot será destruída.
Pousando a espada na mesa, o loiro sentou-se, ficando cara a cara com Merlin. Todas as linhas do rosto bonito de seu servo mostravam desconforto. Arthur estava tenso, também, e não podia deixar de descontar a tensão de alguma forma.
– Pensei que tinha dito para você ficar em casa. – falou em tom de reprovação, ao que Merlin respondeu engolindo seco. O príncipe desviou o olhar, falando para Anhora. – Vamos logo com isso.
Impassível como sempre, o velho guardião deu as regras do teste.
– Há dois cálices na sua frente. Um deles contém um veneno mortal, o outro contém um líquido inofensivo. O líquido de ambos os cálices deve ser bebido, mas cada um de vocês só pode beber de um cálice.
– Que tipo de teste ridículo é este? – Ah, o príncipe estava revoltado! Afinal de todos os tipos de teste que esperava, com certeza algo assim não havia sido cogitado. – O que isso prova?
– Vocês decidem o que ele prova. Se passarem no teste, a maldição será liberada – foi a última resposta de Anhora.
Houve certa discussão, claro. Desde pensar que havia solução, até o desânimo diante do óbvio. Alguém teria que beber o cálice envenenado.
– É perfeitamente simples. – O cenho de Arthur estava franzido. – Um de nós tem que morrer. Temos que achar um jeito de saber qual dos cálices está envenenado... e eu o beberei.
– Quem vai bebê-lo sou eu. – O quê, Arthur tinha enlouquecido?
– Isso tudo é culpa minha. Eu bebo.
– É mais importante que você viva. Você é o futuro rei. Eu sou só um servo! – Merlin começava a se desesperar. Por favor, Arthur, não me deixe vê-lo morrer! os olhos azuis do moreno praticamente gritavam. De alguma maneira, sabia que não aguentaria ver tal coisa.
– Essa não é a hora de ser um herói, Merlin. Isso não combina mesmo com você.
É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
– E se eu beber do meu primeiro e, se não for veneno, daí eu bebo o seu?
– Ele disse que cada um de nós só poderia beber uma taça... – Uma dor fina atravessava o peito de Arthur a cada vez que ele tinha que encarar o moreno. Não ia conseguir deixar que Merlin morresse em seu lugar. Não suportava sequer vê-lo se machucar, às vezes! Mas, assim como nunca o deixara saber antes, não deixaria agora. Como se explica que um príncipe tenha sentimentos estranhos por seu servo? Sorrindo, disfarçou seus sentimentos com uma piada – Eu não fazia ideia de que você morreria por mim!
– Acredite, nem eu fazia ideia... – As risadas do príncipe não tiraram Merlin de sua posição concentrada, o queixo apoiado nas mãos fechadas. Estava pensando.
– Mas eu estou feliz que você esteja aqui, Merlin.
...
– Já sei! Colocamos todo o líquido em uma só taça, daí teremos certeza que está envenenada e o veneno vai poder ser consumido por uma só pessoa.
– Você nunca deixa de me surpreender! – De fato, Arthur estava chocado. Como não tinha pensado nisso? – Você é mais esperto do que aparenta.
Merlin sorriu. Quase como numa despedida. Beberia o cálice. Morreria por Arthur.
– Tem certeza de que isso é um elogio?
O rosto de Arthur estava sério quando ele disse "cuidado!" tão sério que Merlin se virou para olhar, caindo num dos truques mais velhos da História. Quando voltou à posição anterior, o loiro tinha colocado todo o líquido da outra taça na sua própria, e já se preparava para beber.
– Não! Eu vou beber!
– Como se eu fosse deixar...
– Você não pode morrer, não é o seu destino!
– Parece que você está errado de novo!
– Me escute!
– Você me conhece, Merlin! Eu nunca escuto você!
– Arthur! Não!
Arthur's POV
Argh! Que gosto horrível! Mas, também, é um veneno, o que eu estava esperando? Vinho? Acho que estou tonto... Merlin está gritando, mas não consigo ouvir... Meu servo amado... me perdoe por deixa-lo sozinho... mas estou com sono... tanto sono...
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.
Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.
-oOo-
O sol estava machucando os olhos de Merlin. E que culpa tinha ele, se a luz refletia na armadura de Arthur e ele tinha que arrastar alguém tão pesado? Ah, mas ele preferia ficar cego, se preciso fosse. A dor de perder Arthur tinha sido inimaginavelmente maior do que ele imaginara. Não era só seu mestre que havia morrido. Parecia que toda a alegria do mundo se havia acabado, nada fazia sentido!
Até que Anhora dissera as palavras que fizeram o mundo se encher de luz novamente. Arthur não estava morto! O que ele tinha tomado era apenas uma poção do sono, em poucas horas ele acordaria... e ficaria furioso se Merlin o deixasse exposto ao sol.
Pronto, lá estavam os dois. Dentro do labirinto, protegidos do sol forte. Agora bastava esperar...
...
Arthur acordou assustado. Sentou-se devagar, testando os movimentos com se não acreditasse ainda que estava vivo. Ao abrir os olhos, deparou-se com o sorriso de Merlin, e aquelas ruguinhas que se formavam ao redor dos olhos azuis sempre que ele estava feliz... E começou a lembrar... não estava assim tão inconsciente ainda, quando Merlin murmurava palavras sofridas de amor e chorava como uma criança, achando que o tinha perdido. Seria possível então... que seus sentimentos eram correspondidos?
– Já estava na hora de acordar! Precisamos voltar a Camelot, Belo Adormecido, a maldição já deve ter acabado.
– Merlin... você sabe que é o servo mais abusado que eu já tive, não sabe?
– Sou? Bom, acho que você gosta disso, então... já que estava disposto a morrer por mim... – o jovem mago deu-lhe a mão para que se levantasse... e qual não foi a surpresa quando teve o braço puxado e acabou caído praticamente entre as pernas de Arthur! – O que... o sonífero deixou sua cabeça confusa, meu senhor?
– Eu ouvi você.
– Como?
– Eu ouvi o que disse... quando achou que eu estava morto. – Merlin começou a gaguejar, tentando explicar-se. Ainda pensava no que dizer quando seus lábios foram cobertos pelos de Arthur, que decidira arriscar tudo de vez. Se Merlin se sentisse ofendido, que o afastasse!
A surpresa fez com que Merlin ficasse inerte por alguns segundos, o que fez Arthur começar a recuar. Mas quando o jovem mago sentiu que o contato estava prestes a se desfazer, abriu os lábios roçando a língua contra a do príncipe e abraçando-o com força. Sentiu o coração de Arthur bater tão freneticamente quanto o seu e baixou de vez a guarda. Camelot teria que esperar um pouco mais.
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.
FIM
