- Bella, você aceita se casar comigo? – A emoção era tangente na voz de Jacob, sentado à minha frente me mostrando um anel de noivado.

Eu abri a boca, mas dela não saiu nem sequer uma palavra. Onde estava minha voz? Eu simplesmente não a encontrava dentro de mim. Eu sequer me lembrava de como falar. Não que eu quisesse mesmo responder à pergunta. Eu não tinha certeza do que queria realmente. Isso era complicado. Se eu dissesse não poderia me arrepender do mesmo modo que se dissesse sim.

- Jake. Acho que é muito cedo para pensar em casamento. – Minha voz perdida voltou para mim.

- Como assim cedo, Bella? – Jacob riu. – Estamos juntos há mais de um ano. Eu tenho como sustentar uma família e eu amo você. – Ele contou nos dedos.

- Sim, mas... Somos jovens ainda. Quero dizer... Não que eu queria me casar com trinta anos, mas não pretendo casar aos dezenove anos. – Ao dizer isso foi inevitável sentir um arrepio. Eu não suportava a ideia de me casar. Muito menos tão cedo.

- Bella meu amor. Estamos prontos, eu sei disso. – Ele pegou minha mão direita e tentou colocar o anel nela. Eu recolhi minha mão.

- Não Jacob. Vamos esperar um pouco. Eu ainda nem terminei minha faculdade. Eu sei que você já tem seu emprego garantido na empresa do seu pai, mas eu não quero viver às custas de meu marido.

- Você tem dúvidas se me ama? – Perguntou ele de repente. – É isso? Me fala Isabella.

Ai Deus. Lá vem isso de novo.

- Jacob será que vou ter que lhe dizer todas as vezes que não estou interessada em outra pessoa? – Perguntei já cansada da mesma ladainha de sempre.

- Não sei. Você sempre arranja um jeito de me evitar. – A nossa discussão era baixa. As pessoas à nossa volta no restaurante nem percebiam o clima tenso se formando.

- Você sabe que isso que está dizendo não é verdade. – Retruquei.

- Acha que não percebo as coisas que acontecem à minha volta, não é Isabella? – Sua voz adquiriu um tom cínico. – Acha que não percebo a forma como o Cullen te olha. – Sua voz já havia adquirido mais uma oitava.

- Ah, por favor, Jacob. Você sabe que Edward e eu somos melhores amigos e que nunca houve segundas intenções entre a gente. – Mantive a altura de minha voz.

- Então se afaste dele. – Jacob exigiu.

- Claro que não vou fazer isso. – Falei indignada.

- Está vendo? Está vendo como ele interfere no nosso relacionamento? – A voz de Jacob se elevou e algumas pessoas nos olharam.

- Nunca vou deixar de ter amigos por causa de ninguém. – Disse de dentes trincados.

- Não quero que deixe de ter amigos. Só quero que deixe de ter o Cullen como seu amigo. – Seu punho bateu na mesa.

- Pára de escândalo Jacob. – O repreendi.

- Escândalo é você andar para cima e para baixo com aquele moleque, sendo que você está namorando. – Agora até garçons nos olhavam.

- Primeiro: Edward não é nenhum moleque, ele tem minha idade e talvez seja até mais maduro que você que tem seus vinte e dois anos. – Jacob ficou vermelho. – Segundo: não vou largar uma amizade de dez anos com ele. Nunca.

- Mas tem coragem de largar seu namoro de quase dois anos? – Ele esbravejou.

- Dois anos para dez tem uma grande diferença de oito anos. – Peguei dinheiro em minha bolsa, o suficiente para pagar a minha parte da conta. Me levantei da mesa e Jacob segurou meu braço quando passei por ele.

Olhei para sua mão e depois para ele. Lançando-lhe um olhar de: É melhor você me soltar agora.

- É assim que vai acabar Isabella? – Ele me perguntou, mas eu somente puxei meu braço. – Ok. Vá para os braços daquele idiota. Só diga à ele que é melhor não cruzar meu caminho, ou então aquele rostinho bonito vai ficar deformado.

Eu saí do restaurante ciente de que uma platéia estava à par de minha última conversa com Jacob. E numa cidade pequena como Forks, as notícias correriam rapidamente e logo no fim da semana a cidade inteira saberia deste 'show'.

Peguei um táxi e dirigi para um caminho familiar. Não que fosse o caminho da minha casa, mas era um caminho que eu seguia toda a semana. O caminho para o apartamento de Edward.

Cheguei ao seu prédio e apertei a campainha. Ele abriu a porta esfregando o olho. Como eu não havia avisado nem nada ele estava só de calça e sem camisa. Mas eu nem reparei direito, pois as lágrimas estavam embaçando minha visão.

- Bella. O que houve? – Ele perguntou enquanto eu o abraçava com força. Chorando alto e soluçando.

- Terminamos Edward. – Eu disse e ele permaneceu quieto, já sabendo do que se tratava. Edward estava à par de todas as minhas discussões com Jacob. E esta era a primeira vez que eu tomara uma atitude drástica.

- Shh... – Ele fechou a porta e me puxou para sentar em seu colo no sofá. – Acalme-se. – Ele afagava minhas costas. Vai ficar tudo bem. Eu coloquei o rosto entre seu pescoço e seu ombro e chorei.

Depois de algum tempo as lágrimas pararam de escorrer. Eu apenas soluçava. Edward me afastou e enxugou minhas lágrimas restantes com os polegares.

- O que aconteceu desta vez? – Ele perguntou.

- Nós brigamos. De novo. – Contei.

- Por qual motivo? – Embora já soubesse a resposta ele quis se certificar.

- O mesmo de sempre. Ciúmes. – Eu suspirei e Edward assentiu. – Não aquento mais isso Edward, não agüento. – Balancei a cabeça.

- Bella... – Ele começou. – Se você o ama... Não acha que seria melhor, talvez se nós... – Ele se encolheu um pouco.

- Não! Não podemos. Nunca. Não vou ficar longe de você Edward. Eu... Precisode você. – Falei histérica. – São dez anos de amizade contra dois de namoro.

- Eu sei, mas... Isso afeta a sua felicidade e... – Ele continuou.

- Edward, não! – Eu me levantei de seu colo num pulo. – Não faça isso comigo. – Eu comecei a chorar. Ele me olhou e suspirou.

- Me desculpe Bella. Eu também não quero isso. Desculpe-me, eu só achei que seria melhor para você. – Ele se levantou e me abraçou.

- O melhor para mim é continuar tendo você ao meu lado. – Quase sussurrei.

- Desculpe. – Ele pediu. – Nunca vamos nos afastar. Eu prometo. Estarei aqui ao seu lado, sempre. – Ele disse e afastou meu rosto, me dando um beijo na testa.

Eu assenti com a cabeça. Eu esperava isso. Esperava que ele nunca me deixasse. Dez anos pesavam muito mais que dois. Edward e eu tínhamos uma forte ligação. Quase um elo. Desde os nove anos de idade que nos conhecíamos. E isso não iria perder para um relacionamento desequilibrado e instável.

- Acha mesmo que não tem volta? – Ele perguntou.

- Mesmo que tivesse algum jeito de voltarmos eu não voltaria. – Falei. Edward me olhou.

- Por que não? – Ele parecia confuso.

- Sabe... Acho que não sinto mais aquilopor ele. Não é como antes. Sabe... Cansei de tanta responsabilidade. Eu quero viver a idade que tenho. Não quero ser uma senhora de meia idade aos vinte e cinco. – Eu ri e Edward me acompanhou.

- O que quer fazer então? – Ele sorriu. - Quer se embebedar e ser suspensa da faculdade?

Eu gargalhei.

- Claro que não seu bobo. – Bati de leve em seu ombro e ele sentou no sofá. Caí sentada ao seu lado e ele me abraçou.

- Quero deixar de ir à coquetéis com empresários chatos, quero deixar de usar saltos, vestidos longos. Isso... Não sou eu. – Justifiquei. – Quero ser quem realmente sou. Usar meus All Stars; ir à festas com meus amigos; dançar; beijar na boca. – Edward gargalhou e eu o olhei sorrindo. - O que foi?

- Você e ele não se beijavam? – Ele riu mais uma vez.

- Eu falo beijar de verdade. Demonstrações de afeto em público, não aquele encostar de lábios sem graça. – Me lembrei de quando eu ia às festas da empresa com Jacob. O máximo que fazíamos era andar de mãos dadas e dar selinhos.

Edward franziu os lábios.

- Rosalie, Alice... Minhas amigas que quase não vejo mais. Quero sair para fazer compras com elas. Quero conversar bobagens... – Divaguei.

- E eu estou incluso neste seu verdadeiro você? – Ele perguntou.

- Claro que está seu bobo. Você vai me acompanhar também.

- Só espero não me arrastar para as compras. – Ele riu e eu o acompanhei.

Edward e eu ríamos de tudo. Ele era o único que me fazia rir muito em tão pouco tempo. Era graças a ele que eu agüentei tudo isso até hoje.

- Tudo bem então senhorita Swan. Bem vinda. – Ele cumprimentou minha nova eu.

Nós conversamos e rimos mais um pouco. Até que era hora de eu ir.

- Eu te levo. – Edward disse sorrindo para mim.

- Ah, não. Eu soube chegar aqui, então sei voltar para casa. – Recusei sua oferta.

- Eu insisto. Já está tarde e é perigoso que mocinhas inocentes vaguem por aí sozinhas. Sabe... Algum lobo mal pode te perseguir. – Ele riu e eu estreitei os olhos, gargalhando logo em seguida.

Edward colocou uma camisa e nós descemos para a garagem do seu prédio. Ele abriu a porta do seu Volvo prata para mim. Edward não era mal de vida. Seu pai era médico e ele estava cursando para a mesma profissão.

O caminho até meu apartamento foi tranqüilo. Rimos mais algumas vezes de coisas sem importância. Até que chegamos ao meu prédio.

- Obrigada por tudo Edward. – Eu suspirei.

- Sabe que pode sempre contar comigo. – Ele acariciou minha bochecha.

Eu sorri.

- Ah, e prepare-se. Segunda - feira você verá uma nova Isabella. – Garanti a ele.

- Hmmm... Estou ansioso para a mudança. Espero que a nova Isabella seja menos tapada que esta. – Ele gargalhou.

- Rá-rá. – Ri. – Boa noite Edward.

- Boa noite. – Ele disse.

E eu me inclinei para dar-lhe um beijo no rosto, ao qual ele correspondeu.

Saí do carro e subi para meu apartamento. Eu estava determinada. Amanhã eu iria ao shopping comprar novas roupas e mudar meu visual. Não que eu tivesse muito dinheiro, mas iria comprar as coisas básicas que eu costumava usar antes de conhecer Jacob.


Só estou re-postando este capítulo pq a burra aqui deletou o capítulo sem querer, I'm sorry!

Bom... Esta é minha segunda fic, os personagens são de Stephenie Mayer, mas a história é totalmente minha.

Have fun...