"Eles também sabem da profecia."
Neville Longbottom entrou no antigo apartamento dos Blacks, aonde funciona a base da Armada de Dumbledore. Era lá que se encontravam Harry e Ginny Potter, Ron e Hermione Granger-Weasley, George Weasley, Luna Lovegood, Lee Jordan, Padma Patil e Susan Bones. Ou seja, a cúpula mais atuante dos antigos rebeldes da resistência a Voldemort. O grupo estava reunido em regime de emergência para discutir os desdobramentos dos últimos acontecimentos do mundo bruxo. Os movimentos puristas ressurgiram após boatos de que um novo lorde das trevas surgiria para comandar os bruxos na chamada guerra das guerras.
Mas a profecia em questão dizia que, tal como o novo lorde das trevas, surgiria também o seu opositor: aquele que comandaria o exército da resistência. De acordo com a mensagem: luz e escuridão estavam destinados a se enfrentar em um duelo em que um dominaria o outro. O mundo então conheceria séculos de paz ou de trevas de acordo com o vencedor. Quem poderia ser, não foi revelado na profecia, mas havia outras menores que davam pistas sobre a identidade desses grandes bruxos opositores. Se sabia, por exemplo, que os dois teriam a mesma idade, fariam aniversário em datas próximas, e estariam destinados a crescer na casa dos corajosos.
"Eles sabem quem é quem?" Susan Bones, a única que pertenceu a Huffepluff na cúpula e especialista em porções, analisava a lista de alunos que ingressariam em Hogwarts naquele ano.
"Não. Mas eles sabem o que nós sabemos." Neville confidenciou. "Draco disse que o lado de lá tem planos para os possíveis candidatos."
"Dois da casa dos bravos nascidos no primeiro ciclo lunar do outono do 10º aniversário da queda do inominável estão destinados a duelar. Um pelo lado das trevas e outro pelo lado da luz. O sobrevivente será o novo rei, e seus herdeiros perpetuarão seu legado." Hermione leu novamente a profecia e voltou a analisar a lista dos novos alunos. "Temos sete pessoas nascidos na data da profecia."
"Mas não dá para saber de antemão quem será sorteado para Gryffindor." George lamentou. "Sei que é egoísmo, mas fico feliz que meus gêmeos estão fora dessa. Eu odiaria que esse peso recaísse nos ombros deles."
"Na verdade, há um jeito de passarmos a perna no lado de lá. Podemos deixá-los confusos e ganhar tempo." Luna encarou os companheiros com os pálidos olhos azuis. "Precisamos garantir que o chapéu não selecione nenhum desses alunos para Gryffindor."
"Está sugerindo que a gente manipule a profecia?" Hermione ficou boquiaberta.
"Profecias acabam acontecendo de um jeito ou de outro." Luna deu de ombros. "Harry poderia não ser o menino original da profecia, mas você-sabe-quem manipulou os eventos de modo a torna-lo o seu igual com um poder que ele desconhecia: uma horcrux. Talvez a gente não possa evitar a guerra, mas podemos criar condições para ganharmos vantagens. Para preparar o nosso campeão."
"Como isso será possível?" Hermione ficou descrente.
"É só falarmos com ele! Com o chapéu!" Luna continuou indiferente mediante aos olhares descrentes dos demais.
...
Os alunos novatos entraram pela primeira vez no enorme salão de Hogwarts. Muitos observavam assustados a quantidade de alunos distribuídos nas quatro mesas das quatro casas. Muitos dos professores pareciam intimidadores, até mesmo a diretora Minerva, por mais que seu discurso de boas-vindas fosse gentil, não disfarçava a austeridade na postura. O chapéu seletor começou a falar, num discurso que todo ano trazia alguma coisa nova. Então, um a um, os alunos novatos foram sentando no banco e foram escolhidos. Entre eles, Lily Luna Potter, que finalmente se uniu aos irmãos mais velhos e primos em Gryffindor. Ela abriu um enorme sorriso e sentou-se entre Al Potter e Rose Granger-Weasley. Só lamentou que passaria um ano sem ter Hugo por perto: os dois eram como unha e carne.
"Esse ano vai ser legendário!" Rose sorriu para a prima. "Vou poder te ensinar tudo que você precisa saber sobre Hogwarts."
Lily sorriu. Adorava a prima e a admirava por ter entrado no time de Gryffindor como uma das melhores apanhadoras dos últimos anos. Lily adoraria ter a chance de participar da seleção para o time de quadribol. Sonhava em ser jogadora profissional na mesma posição da mãe dela. A garota cresceu ouvindo histórias de como Harry era um apanhador fantástico, que poderia também ser profissional caso não tivesse optado em se tornar um auror. Mas ela achava a posição incrivelmente chata e preferia mesmo era marcar gols, tal como a mãe. O único problema era que alunos do primeiro ano era proibidos de entrar nos times por questões de segurança (Harry foi a última exceção). Tudo que Lily gostaria era de ser uma exceção tal como o pai.
...
Depois da seleção, Neville e Minerva, que estava a parte do plano, transportaram o chapéu seletor até o cofre em que ele ficava guardado junto a outros objetos mágicos valiosos de Hogwarts. Sete eram os alunos que nasceram no intervalo da data da profecia: Quinn Fabray, Santana Lopez, Samuel Evans, Finn Hudson, Sonny Beaver, Miranda Larson e Michael Chang.
"Quem deveria ser um Gryffindor?" Minerva perguntou ao chapéu.
"Todos, menos Quinn Fabray. Como você me pediu, eu os encaminhei para a segunda melhor opção."
Minerva conferiu na lista.
"Lopez foi deslocada para Slytherin, enquanto Evans e Hudson foram descolocados para Hufflepuff, todos os outros foram para Ravenclaw. Interessante."
"Acredito que temos uma boa noção de quem possa ser o próximo você-sabe-quem." Neville ironizou. "O que faremos, Minerva?"
"Observamos por enquanto, Neville. Temos de tomar muito cuidado com as conclusões apressadas."
"Por Merlin, há anos que ninguém bom saiu de Slytherin!"
"Draco não está do nosso lado?" Minerva ponderou.
"Ninguém confia inteiramente em Draco!"
"Assim como ninguém, a não ser Dumbledore, confiava em Severus. Não se lembra, Neville?"
"Professor Snape era diferente."
"Como?
"Ele era inteligente e protegeu Harry por que amava a mãe dele. Draco ama ninguém do nosso lado, Minerva. Não há razão para ele ser fiel."
"O tempo vai dizer."
...
Santana Lopez entrou no dormitório feminino de Slytherin destinado as alunas dos primeiro e segundo anos. O lugar era muito bem organizado, limpo e amplo, com um vitral enorme com o símbolo da casa. O espaço era dividido em uma série de pequenos quartos separados com divisórias. Cada "quarto" tinha duas camas e dois pequenos armários.
Santana não tinha feito amizade com ninguém da casa, mas ela conhecia algumas garotas que foram selecionadas para Slytherin. Uma delas era Priscila Lestrange, cujo pai era medibruxo e trabalhava junto com Juan Lopez em St. Mungo's. Apesar da proximidade dos pais, as meninas não se consideravam amigas. Santana achava que Priscila era arrogante, orgulhosa demais devido a longa linhagem de puros-sangues da família. Os Lopez também eram tradicionais e vinham de uma longa linhagem de puros-sangues. Mas eram também bruxos migrantes. Ou seja: não importava a linhagem porque eles não passavam de estrangeiros aos olhos dos bruxos europeus de linhagens tradicionais. Nem mesmo o fato de Santana ser representante da segunda geração britânica da família era relevante.
"Se quiser, pode dividir um quarto comigo." Santana olhou para a menina loira que lhe dirigia a palavra. "Meu nome é Quinn Fabray." Estendeu a mão para cumprimentar a garota que parecia completamente deslocada.
"Santana Lopez."
"Você não parece muito à vontade." Quinn disse enquanto guardava as coisas dela na cama do lado direito
"É que a minha melhor amiga foi para outra casa. A gente fez um monte de planos e agora... fomos separadas."
"Quem é a sua amiga?"
"Brittany Pierce. Ela entrou para Ravenclaw."
"Ravenclaw? Lar de todos os esquisitos de Hogwarts, ao meu ver." Uma das garotas entrou na conversa. "Está bem claro quem é a vencedora e quem é a perdedora. Não deveria se preocupar com isso, Lopez. Se você está aqui, é porque está destinada a grandiosidade."
Santana encarou a garota de cabelos castanhos e gestos afetados. Aquela era Sugar Motta, que vinha de uma família rica irlandesa. As duas se conheciam de vista nas festas da sociedade que a madrasta de Santana arrastava a família de vez em quando. Sugar era uma garota estabanada e carente que achava que podia comprar amigos.
"Talvez." Respondeu baixinho enquanto acomodava suas coisas.
"Não ligue para Motta. Ela tem miolos a menos." Quinn sorriu.
"É o que parece." Santana colocou a mala no lado do quarto que ocuparia e inspecionou o armário que lhe parecia pequeno demais.
"As meninas do sexto e do sétimo ano fazem feitiços de extensão." Quinn comentou. "Mas é preciso pagar cinco galeões."
"Talvez a gente possa fazer isso sem pagar."
"É um feitiço avançado."
"Mas que é ensinado, certo?"
"Sim, mas com um monte de restrições. Iniciantes como nós não conseguiríamos."
"Me dê até o final deste ano. No máximo, até o início do nosso segundo ano." Santana abriu um pequeno sorriso. "Você pode me pagar com material oficial dos Tutshill."
"Tutshill?" Quinn ergueu uma sobrancelha.
"Você não é Fabray? Seu pai não é dono da metade de Tutshill? Ou a coluna de Ginny Potter no Profeta Diário passa informações falsas?"
"Isso seria um exagero."
"Claro que o pai dela é dono dos Tutshill Tornados." Sugar Motta entrou na conversa.
"Meu pai é o presidente do time, não o único dono." Quinn revirou os olhos. "Lopez... interessante... Desculpe mas eu não me lembro de ter visto você antes. É a primeira da sua família a estudar em Hogwarts?"
"Não, o meu pai estudou aqui. Ele foi um Ravenclaw."
"E a sua mãe?"
Santana suspirou e desviou o olhar.
"Minha mãe não estudou em Hogwarts. Ela é americana."
"Oh, ela frequentou Ilvermorny? Ouvi falar muito desta escola."
"Não..." Santana continuou olhando para o chão. "Ela não foi para nenhuma dessas escolas grandes."
"Porque Santana é mestiça!" Priscila Lestrange, no quarto ao lado, disparou com um meio sorriso no rosto. "A mãe dela é muggle. Ela ainda é filha de pais divorciados. O meu pai trabalha junto com o pai dela no hospital. Ele me contou tudo que precisava saber sobre ela. Disse para eu ser gentil, mas eu não sei."
Santana viu que algumas meninas começaram a rir e isso fez o sangue ferver. Ela poderia conjurar o choquinho que vinha da ponta de sua varinha de ébano e dragão. Ou até mesmo diversas outras pequenas mágicas que ela aprendeu por conta própria enquanto se preparava para ingressar em Hogwarts. Sabia que era muito melhor do que todas essas meninas metidas juntas, mas preferiu respirar fundo e engolir o orgulho. Não queria fazer inimigos no primeiro dia em Hogwarts, especialmente porque sabia que teria de conviver com elas pelos próximos sete anos. Era esperta suficiente para primeiro fazer o reconhecimento de campo.
Viu que Quinn era a única que não estava rindo. Ela até revirava ostensivamente os olhos e balançava a cabeça, como se chamasse silenciosamente as outras garotas de idiotas ou estúpidas. Santana deu um pequeno sorriso e acenou para a provável nova amiga. Entendeu o recado.
"Diga uma coisa, Lopez. Por um acaso você torce pelos Tutshill Tornados?" Quinn perguntou, cortando o assunto iniciado por Priscila.
"Eu não torço para os Tornados. Sou uma orgulhosa!"
"Portree?" Quinn estranhou. "Então por que você iria querer material esportivo dos Tornados?"
"Quadribol é quadribol!"
"Você gosta de jogar?"
O sorriso de Santana aumentou.
...
Finn Hudson olhou para a cama que ocuparia no dormitório masculino de Hufflepuff. Aos 11 anos, ele já era um garoto grande, o maior entre os novatos, mas aqueles beliches do dormitório não contemplavam alguém tão alto para a idade. Pensou que teria de aprender um feitiço para expandir o tamanho da cama antes do final do ano. Não estava inteiramente feliz com a seleção. Achava que deveria ir para Gryffindor, como o pai dele, casa que considerava ser dos vencedores. Os Hufflepuffs era a casa dos perdedores. Se você não fosse corajoso suficiente, inteligente suficiente ou poderoso suficiente, aquele era o seu lugar: o foço dos fracassados.
"Como isso foi acontecer?" Finn sussurrou para si.
"Não é tão ruim assim." Samuel Evans tomou posse da cama ao lado. "O dormitório não se parece em nada como buraco frio e úmido que eu havia imaginado. Aqui é confortável."
"Não é Gryffindor!" Finn ainda estava convencido de que aquele era o seu lugar.
"Quem liga para o clubinho dos Potters e dos Weasleys?" Samuel procurou enumerar as coisas boas. "Acho legal que a gente ficou na mesma casa. Eu e você seremos os reis do quadribol."
"Não acredito que Mike é um Ravenclaw!" Finn sentou-se na cama e começou a relaxar com a conversa ligeira com o velho amigo.
"Ninguém imaginava que um cara que come balinhas explosivas de cera de ouvido fosse para a casa dos cabeções?"
"É mesmo... quem diria?"
...
Depois de algumas semanas de aula, alguns grupos de amigos foram estabelecidos entre os calouros. Lily Potter tinha o suporte dos irmãos e dos primos, mas ela logo conseguiu fazer o próprio círculo de amizade. Andava sempre com a Melissa Brown, uma garota negra com grande senso de lealdade. Finn e Samuel já tinha um grupo formado antes de Hogwarts que não apenas se manteve, como também cresceu. Além de Mike, os dois amigos fizeram amizade com Puckerman. Ninguém tinha entendido como o garoto que usava moicano tinha sido selecionado para Hufflepuff em vez de Slytherin. Outro grupo estabelecido foi formado por Quinn Fabray, Santana Lopez e Brittany Pierce. O trio ocasionalmente recebia a companhia de Sugar Motta, mas em essência, as três eram inseparáveis.
Os Ravenclaws pareciam muito unidos, especialmente Mike Chang, Miranda Larson e Sonny Beaver, que andavam sempre juntos. Havia neles a impetuosidade que os conectava, além de todos torcerem pelo mesmo time de quadribol: todos eram Montrose Magpies. Mike e Sonny sonhavam em jogar profissionalmente, e não viam a hora de poderem participar das seletivas para as posições vagas no time da casa. Miranda, diferente dos garotos, adorava o jogo, mas como torcedora, sobretudo depois das mudanças nas regras que tornaram as partidas mais curtas e mais dinâmicas.
Neville Longbottom era o principal agente da Armada designado a observar atentamente os seis alunos. Como professor, ele tendia a simpatizar mais com Finn Hudson porque era atrapalhado, como ele foi naquela idade, e era o aluno que mais demonstrava interesse na disciplina que ministrava. Mas o professor não podia deixar-se enganar. Havia outros cinco alunos em seu radar. Um seria o salvador, o outro o diabo. O que qualificava o messias e o anjo da morte? Ainda era muito cedo para saber.
Logo nas primeiras semanas, Santana mostrou ser a mais habilidosa entre os seis, mas ainda não apresentava nenhum indicativo de interesse pelo poder. Finn, por outro lado, queria ser admirado. Samuel era um garoto de baixa-estima, que parecia estar sempre à sombra do amigo Hufflepuff. Mike tinha o orgulho como principal pecado capital. Sonny era competitivo e Miranda era altruísta e excêntrica. De certa forma, ela lembrava muito o jeito de ser de Luna.
Neville podia perceber isso de longe. Que sinais levar em consideração e quais aspectos deveria ignorar? Neville sabia que estava em uma corrida ali. Quanto mais rápido identificasse os jogadores, mais eficiente seria a ação da Armada. Enquanto fazia anotações em seu diário, o professor tomou um gole do chá, encostou-se na poltrona confortável e fez algumas apostas.
...
O primeiro incidente aconteceu no terceiro mês de aula, quando as temperaturas começaram a cair e o inverno anunciava sua chegada. Depois das aulas de voo, costumava-se fazer entre os alunos do primeiro ano uma atividade extraclasse para os alunos praticarem quadribol e alguns outros esportes bruxos. O quadribol tinha recebido muitas modificações na última década para deixa-lo mais dinâmico e competitivo, além de ficar mais atraente para as transmissões de rádio. Agora o esporte era praticado em até quatro tempos de 55 minutos, com cinco minutos de intervalo entre eles para água e orientações técnicas. Cada gol continuava a valer 10 pontos, e a captura do pomo de ouro, 150 pontos. Se o apanhador não conseguisse pegar o pomo ao longo das quase quatro horas, a partida terminava no tempo.
Havia uma única diferença significativa entre os materiais oficiais dos amadores, tirando a potência das vassouras: os balaços amadores eram feitos de madeira maciça com núcleo de três centímetros de ferro e camada externa de couro. Era com o material amador que as crianças do primeiro ano jogavam.
Santana e Quinn foram a arena e se encontraram com Brittany, que estava com Mike, Larson e Miranda. Lily Potter também estava lá junto com a quase inseparável Melissa Brown, tal como Finn Hudson e Samuel Evans.
"Vamos formar dois times." O professor Pottus Vianna tomou a frente. "Quem quer jogar na posição de apanhador?" Três pessoas levantaram a mão. Observando o cenário, continuou. "Vamos fazer o seguinte: os candidatos em cada posição fiquem juntos." E indicou as posições. "Aqui os artilheiros. Aqui os batedores e aqui os goleiros." Ficou satisfeito ao ver que apenas duas pessoas se candidataram como goleiros. "Bom... os goleiros vão escolher os times."
Lily sorriu e ficou no grupo dos artilheiros, que também contava com Santana Lopez, Brittany Pierce e Mike Chang. Um dos goleiros candidatos era Finn Hudson e o outro, George Patton, um Slytherin. Cada um escolheria alternadamente, mas diversidade de casas só existiu em um dos times.
No time de Patton ficaram Santana Lopez, Brittany Pierce e Netunos Black como artilheiros. Quinn Fabray como apanhadora. E os irmãos Kanan e Ezra Goyle como batedores. Apenas Brittany não era uma Slytherin. Ela só foi indicada porque Santana praticamente ordenou Patton.
No outro time, além de Finn, foram escolhidos Lily Potter, Samuel Evans e Mike Chang como artilheiros. E Também Tiya McGlynn (Gryffindor) como apanhadora, Sonny Beaver e Bail Onyo (Gryffindor) como batedores. Os demais alunos ficaram como reservas e iniciariam jogando na partida seguinte da recreação.
O professor Pottus explicou as regras aos iniciantes liberados a jogar e soltou as bolas. O jogo teve início terrível devido a inexperiência dos alunos. Muitos achavam que entendiam de quadribol apenas por acompanhar o campeonato ou brincar com irmãos e amigos no quintal de casa, mas o fato era que jogar completo e com o equipamento apropriado, num campo de dimensões oficiais, era muito diferente. Fazer os passes em pleno voo era muito mais complexo. Santana deixou a goles escapulir em sua primeira tentativa. Finn levou um gol no primeiro arremesso fraco, quase sem querer, feito por Brittany. A única que parecia saber exatamente o que fazer em campo era Lily. Ela fez cinco gols seguidos em jogadas individuais. Pudera: tinha uma mãe que foi jogadora profissional, além dos primos e do irmão que faziam parte do time de Gryffindor: Lily era a única com alguma prática regular no esporte, além de Quinn Fabray.
Santana se irritou quando o time adversário dilatou o placar para 80 a 20 em menos de 15 minutos. Olhou para Quinn, que apenas circulava o campo, ora assistindo ao jogo (ruim) ora tentando visualizar o pomo. Santana pegou a goles e fez uma jogada individual, ignorando por completo os pedidos dos companheiros para passar a bola. Lily tentou marca-la, mas levou um drible improvável, com Santana girando por cima dela para ficar livre da marcação. Por causa disso, marcou o gol mais bonito da partida e saiu comemorando de forma ostensiva. Lily ficou desconcertada e o resto do time se irritou com a adversária.
No ataque seguinte, o inexperiente Samuel foi atingido pelo balaço e precisou ser substituído. Brittany conseguiu recapturar a goles depois de um lançamento impreciso de Mike e passou para Santana, que mais uma vez marcou e comemorou de forma ostensiva. 80 a 40. Lily, irritada, fez uma jogada simples com Mike que terminou por marcar um gol. Para extravasar, comemorou de forma ostensiva perto de Santana, que se irritou. Goles nas mãos Netunus. Ele tenta passar para Brittany, mas Lily intercepta. Ela voa em direção as argolas adversárias já sabendo que Patton era um goleiro fraquíssimo e que a chances de gol eram grandes. De repente, levou uma trombada ilegal de Santana. A goles lhe escapuliu. Falta. Discussão forte. Nesse meio tempo, Quinn apanha o pomo. Jogo encerrado!
"Mais sorte na próxima vez, perdedora!" Santana provocou Lily antes de comemorar junto com Quinn e Brittany.
"Não vá pensando que isso significa alguma coisa ou que você tenha talento, Lopez. Isso só foi um jogo de recreação de calouros. Entrar para o time da casa é outra história."
"Fala como se você já tivesse lugar reservado, Potter." E voltou-se para Quinn e Brittany, ignorando de propósito a outra garota. "Mas isso não é surpresa alguma, considerando que os Potters e os Weasleys pensam que são donos da casa de Gryffindor."
"Você é ridícula!" Lily esbravejou e virou as costas para o trio, andando em direção onde estavam Melissa, Finn, Mike e Sonny.
Santana, Quinn e Brittany riram da atitude de Lily e ignoraram todos os demais. Enquanto os iniciantes deixavam o campo, sequer repararam que o jogo teve um professor na plateia. Neville observava atentamente ao comportamento dos alunos e continuava a fazer ponderações.
...
O trio formado por Santana, Quinn e Brittany era infernal. No alto dos seus 11 para 12 anos, as garotas iam descobrindo não apenas suas habilidades, mas também as mudanças no corpo, personalidades e vaidades. Brittany era uma mente desafiadora que pensava de uma forma diferente dos demais. Precisava da ajuda constante de colegas para entender o que estava escrito nos livros, mas ela tinha instinto extraordinário para dosagens. Não havia aluna melhor em aritmancia em toda Hogwarts. Quinn era uma aluna dedicada em todas as matérias, mas longe de ser considerada extraordinária em qualquer uma delas. Santana era preguiçosa para a maior parte das matérias exceto em defesa contra arte das trevas e em feitiços, em que demonstrava talento extraordinário.
As três eram vaidosas de forma diferentes. Santana descobria a própria sexualidade ao sentir-se atraída por garotas. Ela também era a mais vaidosa e demonstrava isso com preocupação em ter o cabelo impecável, no batom nos lábios, nas unhas muito bem pintadas. Santana influenciava as outras duas na questão da vaidade, embora Quinn não ligasse muito para adereços. Brittany, quando não estava com o uniforme da escola, se vestia excepcionalmente bem, sempre em sintonia com o melhor da moda jovem muggle, considerando que ela nasceu nesta comunidade.
Para desespero dos colegas, as meninas não tinham medo de se imporem. Aprontavam com outros alunos do primeiro e até do segundo ano, embora não se atrevessem a mexer com os mais velhos. Graças ao fatídico jogo de quadribol entre iniciantes, as vítimas preferenciais do trio eram Lily Potter e Melissa Brown. A dupla de amigas não podia descuidar que se tornava vítima de pequenos trotes articulados especialmente por Santana. Por mais que as Gryffindors tentassem revidar, aquele trio conseguia sair ileso na maior parte das vezes, graças a combinação ímpar de seus talentos.
Certo dia, quando a primavera estava no auge e já demonstrava sinais de que o verão logo chegaria, Santana planejou a mãe dos trotes contra os rivais Gryffindors, especialmente contra Lily. Quinn e ela escapuliram do dormitório ainda pela madrugada e instalaram bombinhas de enxofre compradas na loja dos Weaslesys ao longo de toda mesa dos Gryffindors. Fizeram questão de ser uma das primeiras alunas a ir ao café da manhã e esperaram a vítima favorita. Assim que Lily sentou-se à mesa em companhia de Melissa, mais os irmãos e os primos, Santana acionou o gatilho. As bombas explodiram em perfeita sintonia, espalhando comida, suco, talheres e louças para tudo que é lado. Isso sem mencionar na fétida fumaça verde que se concentrou na mesa dos Gryfindors. A gritaria foi geral. A mesa de Slytherin toda se contorceu em gargalhadas, mas os alunos das demais casas estavam perplexos. O que Santana e Quinn não calcularam bem foi que alunos poderiam se machucar de verdade com os pequenos estilhaços e com a agitação por causa do mau-cheiro. Lily saiu suja de comida, mas Rose Weasley sofreu um pequeno corte na testa. Nada grave, mas o suficiente para despertar a ira e a indignação dos alunos.
A diretora Minerva, junto com demais professores e alunos mais velhos, incluindo monitores e prefeitos, correram para ajudar os Gryffindors. Neville conjurou um feitiço para sugar a fumaça fedida e melhorar o odor no salão, para, em seguida, conferir o bem-estar dos estudantes. Finn Hudson e Lily Potter não tiveram dúvidas do autor do trote desastroso e correram para cima de Quinn e Santana.
"Locomotor mortis!" Finn pronunciou contra Santana, mas o feitiço saiu tão fraco que a garota não teve o menor problema em bloqueá-lo.
"Evanesco!" Foi a vez de Lily pronunciar. O feitiço foi mais forte com ela, ainda assim, Santana foi hábil suficiente para anulá-lo e, consequentemente, proteger Quinn.
"Expelliamus!" Entoou Santana, em seguida, desarmando Lily.
Houve um momento de silêncio e admiração. Lily arregalou os olhos ao ver a própria varinha escapulir das mãos delas e voar até a mesa do Hufflepuffs, que estava logo ao lado.
"Expelliamus!" Foi a vez de James Potter entoar. Ele e o grupo que formava o time de quadribol de Gryffindor se aproximaram e desarmaram todos os três jovens metidos na briga.
Em vez de apaziguar, o grupo aproveitou a maior experiência para afastar Lily de encrenca. James agarrou Santana pelo colarinho da camisa do uniforme.
"Foi você que fez isso?" Ele perguntou firme. "Responda Lopez, antes que as coisas piorem para o seu lado."
"E se fui eu?"
"Então você é pior do que poderia imaginar. Não vê que sua brincadeira feriu pessoas? Você é uma moleca inconsequente."
"James..." O garoto ouviu a voz firme do professor Neville. "Largue Lopez. Se tem alguém que vai resolver esse problema, somos nós, os professores. Se quiser ser útil, vá ajudar seus colegas."
James largou Santana, cuja reação foi arrumar as roupas.
"Lopez, Fabray, Malfoy, Goyle, Flint e Nott. Acompanhe-me, por favor." Chamou todos os alunos de Slytherin que costumavam estar envolvidos em trotes e confusões. Para não ser injusto, Neville pensava em convocar posteriormente alunos de outras casas também conhecidos por não serem fáceis e praticarem bullying, como era o caso de Noah Puckerman.
"Você não precisa convocar todas essas pessoas, professor." Santana disse séria, como jamais estivera até então. "Fui eu quem fez tudo isso."
Quinn fez menção de se manifestar, afinal, a ideia foi basicamente dela, mas Santana gesticulou para ela ficar quieta. Neville encarou a aluna e apontou para fora do salão em direção a sala da diretora. A aluna caminhou sentindo os pés pesados. Ver que o trote realmente machucou pessoas tirou toda a graça. Ela foi conduzida a sala da diretora e esperou junto com o professor Neville até a diretora Minerva chegar.
Neville e Minerva só não expulsaram Santana porque precisavam ter a garota debaixo de seus narizes. Em compensação, ela ficou de castigo todos os dias pelo resto do ano letivo. Dependendo do comportamento dela até o final do ano, poderia ter direitos retirados também no segundo ano.
...
"Lopez é má!" Neville disse com convicção durante a reunião com os integrantes da Armada de Dumbledore. "Tenho certeza que ela é o futuro lorde das trevas."
"O que nós sabemos é que ela gosta de fazer trotes." Harry ponderou. "Grande coisa. George e Fred viviam aprontando com todo mundo, especialmente com os desafetos. Isso não faz alguém ser mau."
"Não foi à toa que o chapéu a colocou em Slytherin!" Neville ignorou a ponderação do amigo e continuou. "Era a opção mais próxima. Pois digo o seguinte, Harry, ela realmente se tornou um deles."
"Será? Meu pai, Sirius Black e Lupin praticavam bullying contra Snape. Eu vi as lembranças do Snape: eram agressões terríveis. Foi isso que levou Snape a praticar artes das trevas. Não é um lado que me orgulho do meu pai, mas isso mostra um ponto: jovens fazem coisas estúpidas, e nem por isso se tornarão adultos estúpidos. Santana Lopez tem apenas 11 anos. Todos eles têm apenas 11 anos."
"Nem sempre os casos são similares, Harry." Hermione ponderou. "Às vezes se trata de alguém simplesmente ruim."
"Eu sei Mione... Eu estou ciente que a última brincadeirinha de Lopez feriu Rose, apesar de que não foi nada grave. Mas pense por outro ângulo: alguém ruim e covarde não assumiria a responsabilidade do feito que lhe fosse render uma punição severa: ele se esconderia e ainda faria outra pessoa levar a culpa. Eu temo muito mais o lobo em pele de carneiro. Não é porque os outros não fizeram nada suspeito que devemos automaticamente presumir que eles são os mocinhos e Lopez a vilã. Não podemos esquecer que todos são essencialmente Gryffindors, por isso, naturalmente impetuosos. A culpa por eles não estarem em uniforme grená é totalmente nossa."
"Qual a sua teoria então, Harry?" Neville perguntou.
"Que uma motivação futura, um evento que ainda não aconteceu, é o que pode fazer com que um se torne o nosso campeão e o outro, o novo líder das trevas. Que nada está definido ainda."
"Que tipo de evento?" Neville insistiu.
"Não tenho a menor ideia, amigo. Tudo que podemos fazer é ficarmos vigilantes e protegermos a todos com o mesmo cuidado."
