Era, até certo, ponto engraçado ser eu. Crescendo sem a mínima atenção do meu tutor; Crescendo mediocremente. Eu era absolutamente comum. Meus cabelos castanhos não brilhavam e meus olhos – igualmente castanhos – eram de uma cor sem graça. Olhava a minha volta, todas as pessoas progredindo, tanto economicamente quanto profissionalmente. E eu regredia.
Era engraçado ser eu, porque eu não tinha medo de ousar. Mas ninguém reparava nisso, ninguém olhava para a garota com o uniforme da lanchonete parada no ponto de ônibus. Bom, talvez houvesse uma exceção.
Ele apareceu, trazendo todas as coisas boas para mim e em mim. Entenda, eu não era uma pessoa ruim. Essa não era minha índole, mas todo mundo precisa de atenção. O mundo era um mar revolto, no qual eu era apenas carregada pelas ondas; Até ele chegar. Como a maré baixa, com um porto seguro em meio à tempestade.
Mas assim como chegou, ele se foi. Instantaneamente. Deixando comigo o fruto do nosso amor e a espera crescente de sua volta. Enquanto isso, eu voltava a ser ninguém para as demais pessoas, em um mundo onde o único que reparava em mim era a parte de mim que cresceu; Perseu.
Estava apenas jogada no mundo, tentando alcançar um sonho sem ajuda, remando contra a maré. Mas eu não tinha motivos para reclamar, porque eu já tinha tudo apenas por ter ele.
Era, até certo, ponto engraçado ser eu.
