DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions (perdoem qualquer omissão).
Referências: Divine Right, The Prisioner, The Secret, e provavelmente muitos outros episódios que construíram esses personagens tão ricos...
Era uma vez...
Capítulo 1 – O Anel
'Esse calor está me matando.' Marguerite reclamou.
Ned, Roxton e Verônica já tinham desistido de retrucar. O calor estava realmente infernal, e ao mesmo tempo sabiam que Marguerite não pararia de reclamar, e também não desistiria da busca.
Summerlee estava doente, e Challenger tinha ficado com ele na Casa da Árvore, mas tinha-lhes fornecido instruções precisas sobre o que eles precisavam encontrar e trazer de volta para que Challenger pudesse cuidar de Summerlee apropriadamente.
'Não gosto de vir para esse lado do platô.' Ned comentou. Estavam próximos do lago de gases pelo qual tinham passado quando Roxton fora subitamente levado por um cavalo desconhecido a um reino dentro do platô, e fora aclamado rei.
'Nem eu.' Roxton concordou. 'Da última vez que estivemos aqui tivemos que enfrentar um dragão de verdade.'
'É, mas o dragão no final revelou-se apenas ser aquele mago mal-encarado.' Verônica completou.
'E você quase se tornou rei.' Marguerite suspirou, lembrando-se que se oferecera para tornar-se a conselheira de Roxton no lugar do mago malvado.
'Quase. Ainda bem.' Foi como Roxton encerrou o assunto, numa careta.
E continuaram caminhando.
A noite estava quase caindo, e embora julgassem estar próximos – já que tinham encontrado alguns poucos sinais que Challenger indicara como plantas que cresceriam nas redondezas daquela que eles procuravam – ainda não tinham encontrado a planta exata da qual precisavam para cuidar de Summerlee. E estavam exaustos.
'Não creio que iremos encontrar essa planta sem a luz do dia.' Roxton ponderou.
'É, parece que teremos que passar a noite por aqui, antes de recomeçar logo cedo.' Verônica concordou. Assim como Roxton, vinha observando a luz do dia caindo rapidamente, e sabia que teriam que parar em breve.
Mas um T-Rex fez com que eles mudassem subitamente de plano.
'Prestem atenção!' Ned chamou. Mas nem era necessário, as pesadas passadas do T-Rex não deixavam dúvidas da proximidade do famigerado "amigo" dos exploradores.
Só não esperavam encontrá-lo tão cedo, mas ali estava ele. Enorme, do alto de seus quase dez metros, olhando para eles.
'Permaneçam parados.' Verônica murmurou, entre dentes. Mas todos já sabiam como proceder em situações como essa. Precisavam avaliar o terreno para saber o próximo passo a tomar.
Os quatro ficaram ali, imóveis, ouvindo a respiração irregular do T-Rex, que parecia mais um ronronado depois da corrida que tinha feito pela selva. O monstro balançava a cabeça de um lado a outro, levemente, sem desviar os olhos deles. Sabia que suas presas deviam estar perto, o cheiro o tinha trazido, e os ruídos deles, mas agora tudo estava quieto.
'Temos que nos dividir.' Roxton ordenou, em voz baixa.
'Por que eu nunca gosto dessa parte?' Marguerite objetou.
'Verônica e Ned, vão pela direita. Eu e Marguerite iremos pela esquerda.' Roxton continuou.
'No três.' Verônica instruiu. 'Um, dois... Três!' E os dois casais dispararam pelos flancos do T-Rex.
O animal mal teve tempo de registrar o movimento, e viu dois seres passarem correndo de cada lado. Virou-se para sua direita – que era o lado que Marguerite e Roxton tinham seguido – e começou a persegui-los. Ned e Verônica, tão logo notaram a decisão do bicho, desviaram o caminho e passaram a seguir a trilha do T-Rex, sem deixá-lo notá-los, mas próximos o suficiente para tentar auxiliar Marguerite e Roxton caso isso se fizesse necessário.
A herdeira e o caçador, por sua vez, corriam como loucos.
'Já disse que eu odeio o platô e todos os seus habitantes escamosos?' Marguerite resmungou, sem fôlego.
'Pelo menos umas dez vezes só hoje, Marguerite.' Roxton respondeu, um pouco irritado. 'Poupe seu fôlego e corra mais rápido.' Ele cortou.
Ela virou-se para olhá-lo, incrédula, porque estava correndo o mais que podia, mas sentindo a terra estremecer a cada passada do T-Rex, entendeu que mesmo a maior corrida de ambos ainda era pouco para despistarem o monstro.
Em mais um ou dois minutos chegaram a uma clareira, mas era um fim de linha: estavam cercados de paredes suficientemente altas de rocha por todos os lados.
'Maldição!' Roxton blasfemou, baixinho.
'Vamos nos dividir de novo. Temos que confundi-lo.' Marguerite instou. Sabia que daquilo dependeria a vida de ambos.
'Não. Entre naquela caverna. Aquela pequena. A entrada à direita. Parece apenas uma fenda, mas é uma caverna que deve ser suficiente para que você se esconda.'
'Não.'
Ela correu para um lado, e Roxton para o outro. O T-Rex parou por um instante, parecendo considerar quem iria seguir. Ele foi para o lado de Roxton, que sacou sua arma e começou a atirar, e Marguerite fez o mesmo de trás do bicho. Mas as balas mal pareciam fazer cócegas contra o gigante, e numa abanada de rabo ele derrubou Marguerite.
Verônica e Ned finalmente alcançaram a borda do lugar, e chamaram a atenção do monstro para eles, que finalmente decidiu segui-los.
'Você está bem?' Roxton correu para perto dela.
'Estou sim.' Ele ajudou-a a levantar-se, mas notou que quando ela foi colocar o pé esquerdo no chão fez uma careta e apoiou-se mais nele.
'O que houve com a perna?'
'Nada. Apenas a pancada.' Ela despistou.
'Preciso ir atrás de Ned e Verônica.' Ele olhou a entrada estreita que vira antes, confirmando que era a entrada de uma caverna, vendo-a tentando disfarçar que estava mancando enquanto o seguia. 'Entre e fique aqui. Voltaremos logo. E acamparemos por aqui.'
'Eu vou com você.' Ela insistiu. Não gostava da idéia de ficar ali sozinha, nem de deixá-lo ir sozinho atrás do T-Rex.
'Sua perna pode dar mais trabalho se abusar dela agora. E já temos um doente que nos aguarda na Casa da Árvore.' Ele cortou, mas ela podia reconhecer a preocupação no rosto dele. 'Se algo der errado, dê dois tiros para cima, e virei imediatamente.' Ele orientou, e saiu seguindo o rugido do T-Rex para auxiliar Verônica e Ned.
Marguerite suspirou e entrou na pequena fenda. Uma pequena réstia de luz se filtrava pela entrada, mas mesmo isso logo desapareceria com o cair da noite. Droga. Bem que os outros já podiam estar de volta. Não lhe agradava a idéia de ter que buscar lenha e fazer fogo enquanto aguardava a volta de todos. Era uma agonia ficar esperando sem saber o que estava havendo.
A caverna, que parecia bem pequena vista de fora, compunha-se de uma antecâmara realmente bem pequena, mas a passagem estreita no fundo dela abria-se para uma muito maior. Foi o que Marguerite descobriu quando tinha resolvido sentar-se ao fundo da caverna e estender um pouco a perna, que doía um bocado por causa da rabada que levara do maldito T-Rex. Não pretendia tirar a bota, porque se algo estivesse quebrado nunca mais seria capaz de recolocá-la – embora achasse que fosse apenas uma pancada mais forte, sem fratura. Mas pelo menos podia esticar-se, evitando apoiar peso na perna. Porém, a visão da grande caverna que se abria ao fundo dessa pequena câmara, fê-la decidir-se a dar mais alguns passos – já que estava ali, não haveria nenhum mal em dar uma espiada.
E o que viu pagava a pena: espalhados aqui e ali pelas beiradas da caverna maior estavam vários objetos em ouro e pedras preciosas...
'Ah!' Marguerite exclamou, e seus olhos cinza azulados brilharam no escuro. Um pequeno tesouro, e disponível ali, para ela!
Foi só então que notou que essa caverna maior tinha mais uma passagem, e dela uma caverna, ainda assim muito grande, que saía para a luz do dia do outro lado da montanha. Lá se ía por água abaixo a idéia de Roxton de acamparem ali: cobrirem dois flancos, duas entradas na caverna, não seria uma idéia que agradaria ao caçador. Porém, enquanto estivesse ali, não custava nada dar uma olhadinha e ver que tesouros poderia carregar consigo.
Seus olhos foram imediatamente atraídos por um anel no chão. E não precisava de muitas explicações para saber porque aquele anel especificamente lhe captara o olhar: o anel, aparentemente feito de ouro maciço, era enorme – parecendo um anel de homem, e de um homem grande – mas sua forma é que imediatamente encantara Marguerite: o anel tinha sido moldado como uma serpente tridimensional, em todos os seus volumes, e, para formar o aro do anel, a serpente estava mordendo o próprio rabo. O Oroborus. Ela pegou o anel e revirou-o em suas mãos. Era pesado, e todo dourado, à exceção dos olhos da serpente, incrustados em rubis vermelhos que faiscavam violentamente dada a agudeza de sua lapidação.
Como a perna latejasse um pouco, ela sentou-se ali mesmo, encostando-se contra a lisa parede da caverna. Experimentou o anel, que continuava a segurar, no dedão – e mesmo assim o anel era enorme na mão dela, e ela julgou que ele poderia facilmente acomodar três dedos seus ao mesmo tempo. Ficou se perguntando o tamanho do homem para o qual tal anel fora feito, e estremeceu só de pensar na possibilidade de ter encontrado a sala do tesouro de outro gigante como aquele tal Apep. Sem tirar o anel do dedão, tentou levantar-se e voltar para a pequena antecâmara onde Roxton a pedira para esperar – provavelmente estaria mais segura ali, pois nenhum gigante conseguiria ultrapassar a passagem estreita. Mas então sentiu como se algo estivesse queimando sua mão aonde o anel a tocava, e ao mesmo tempo uma onda de fogo subindo pelo seu braço e espalhando-se pelo seu corpo, e essa foi a última coisa de que teve consciência antes de tudo escurecer ao seu redor.
...
'Como você está?'
Summerlee mexera-se na cama, e Challenger começava a preocupar-se com o estado do amigo.
'Tudo está sob controle, George.' Summerlee se esforçou por tranqüilizar o cientista.
'Não sei se gosto dessa frase sob controle...' Challenger ironizou.
'Ora ora, é uma frase adequada para um cientista. Estou com febre, mas não alta demais. É incômodo, mas está controlado.' Summerlee sorriu. O desconforto era realmente grande.
'Tome mais um pouco desse chá, que vai ajudar a manter a febre baixa.' Challenger instruiu, ajudando-o a tomar o chá. 'Mas o remédio que vai mesmo tirá-lo dessa cama está nas mãos dos nossos amigos.'
'Eles já não deviam estar de volta?' Arthur inquiriu, com olhos esperançosos. A perspectiva daquela noite não era das mais alvissareiras.
'Infelizmente não, Arthur. A distância a ser percorrida era suficientemente grande, e pelo horário que saíram – logo após eu ter conseguido diagnosticar o que você tinha – creio que se tudo correu bem eles devem ter alcançado a planta no final do dia, e devem estar de volta amanhã apenas.' Challenger explicou, paciente.
Summerlee suspirou, antes de dizer. 'Vai ser uma longa noite.'
George apenas deu um tapinha amigável no braço do amigo, porque não poderia discordar dele. Seria realmente uma longa noite...
...
Enquanto isso, a uns dois quilômetros da clareira com a caverna onde deixara Marguerite, Roxton alcançara Verônica, Ned e o T-Rex. Mas seus amigos já tinham tido a idéia mais sensata no momento, e tinham se jogado na água do lago de gases mal-cheirosos. Roxton não perdeu tempo em juntar-se a eles.
O T-Rex parou e ficou observando-os da beira do lago, como que aguardando que aqueles serezinhos desistissem de ficar naquele lugar mal cheiroso e voltassem para seu alcance.
'Ele podia ir embora logo. Esse cheiro é de arrepiar.' Verônica reclamou.
'Pelo menos Challenger disse que não eram venenosos na época.' Roxton argumentou.
'Venenosos ou não, o cheiro é terrível.' Ned teve que concordar com Verônica.
'Onde está Marguerite?' Verônica perguntou, preocupada.
'Levou uma rabada do T-Rex. Deixei-a numa caverna, a uns dois quilômetros daqui.' Roxton explicou.
'Está ferida?' Ned preocupou-se.
Mas Verônica, depois de olhar para Roxton, respondeu por ele. 'Não, Ned. Roxton não a deixaria ferida sozinha.'
Roxton ruborizou-se mesmo sem querer, mas completou. 'A perna dela pode estar ferida, e não quis arriscar-me a que ela tornasse minha corrida atrás de você mais lenta. Ela ficou mais segura lá.'
Ned olhou para os dois, antes de dizer. 'Melhor para ela. Imagine-a aqui dentro dessa água.'
Verônica revirou os olhos e riu: 'Além do cheiro, íamos ter que agüentar as reclamações.'
Demorou um pouco, mas finalmente o T-Rex foi atraído por um outro animal que passou por ali, e se afastou do local.
O sol já tinha descido quando eles saíram da água, e o frescor da noite, associado às suas roupas encharcadas, não era nada agradável.
'Vamos. A caverna onde deixei Marguerite vai ser ideal para acendermos uma fogueira e passarmos a noite. Se a perna dela não estiver doendo muito, aposto que ela até já deve ter uma fogueira acesa.'
A idéia de abrigo para a noite e uma fogueira animou-os a seguir para onde Roxton tinha deixado Marguerite.
'Veja! A planta que precisamos!' Verônica apontou.
'Que ótimo! Quando passamos correndo não a vimos, mas agora, podemos colhê-la já.' Ned e Verônica rapidamente encheram as mochilas que traziam com as folhas e raízes da planta, exatamente como Challenger lhes explicara para fazer.
'Agora podemos seguir.' Roxton estava impaciente, e todos continuaram caminhando.
'Não vejo nenhuma luz.' Verônica estranhou, aproximando-se de Roxton, que afirmara que a caverna estava logo a frente.
'Eu notei.' Era possível notar a preocupação no tom dele, e em como ele apressara o passo. 'Significa que ela deve estar com dor e não saiu buscar lenha para a fogueira.'
Ned e Verônica se entreolharam e aceleraram para alcançar Roxton. Mas, ao chegarem na pequena caverna, os três ficaram ainda mais preocupados. Roxton entrara e se voltara, e seus olhos traíam o tom tentativamente controlado de sua voz quando ele disse: 'Ela não está aqui!'
CONTINUA...
(o próximo capítulo está pronto, mas quando ele vai ser publicado dependerá dos comentários e reviews!)
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