O Que Precisamos para ser Feliz

Há muito tempo não sentia felicidade genuína, daquela que costumava sentir durante os dias ensolarados de seu quinto ano (o sexto dele) em Hogwarts. Ela sabia que não era culpa dele, mas não conseguia deixar de pensar que seria bem melhor se ele fosse menos bobo e a pedisse em namoro de novo.

Não era questão dele não querer. De vez em quando, em um momento em que ele achava que ela não estava olhando, Ginny pegava Harry a olhando com carência. Mas o enorme receio de fazer mal aos outros – à ela –, o qual antes a ruiva tanto admirava nele e agora encarava como um dos grandes defeitos de sua personalidade. Ele não entendia que a presença dele apenas deixaria as coisas mais suportáveis.

Durante um almoço silencioso, como costumava ser tão incomum quando Fred ainda era vivo, mas após a morte dele era tão comum, Ginny se cansou de vê-lo encará-la como se ela fosse o último copo d'água em meio ao deserto e chamou-o para uma séria conversa, um pouco afastado do resto da família.

- Diga-me, Harry, - disse ela quando se afastaram o suficiente, - Voldemort se foi há quase dois meses e você não voltou a me chamar para sair, é de se concluir que não quer mais namorar comigo. Entretanto, se não quer ficar comigo, porque continua a me olhar como se quisesse?

- Não é essa a questão, Ginny. Remus, Tonks e Fred estão mortos…

- E é certo que eles não iam querer que ficássemos juntos e felizes após a batalha, apesar de suas mortes… - falou a ruiva irônica.

- Não é tão simples assim, foi culpa minha. Eu não entendo como sua mãe consegue me encarar depois disso - falou o rapaz.

- Poupe-me Harry. Não vou perder meu tempo dizendo que não é sua culpa, tenho certeza que essa conversa você já teve com Ron e Hermione. Mas mamãe? Ela te ama como se você fosse filho dela, então, mesmo que tivesse culpa, ela ainda o amaria e não permitiria que você voltasse sozinho para aquela casa fedorenta em Grimmauld Place depois de tudo. Você precisa parar de agir como se o mundo estivesse em seus ombros.

Harry deu de ombros sem saber o que responder e, percebendo que ele não diria nada, Ginny o beijou. Com todas as defesas desmoronadas, Harry retribuiu o beijo, sentindo-se feliz e vivo como não se sentia desde o funeral de Albus Dumbledore. Ela estava certa, é claro; mesmo Ron já havia enfatizado a necessidade dele ir falar com ela. Era isso que ele amava na ruiva, ela sabia o que ele precisava e não temia agir, como ele.

Os dois se afastaram com um sorriso sincero nos lábios. Ginny tocou o rosto de Harry com delicadeza, para em seguida se afastar.

- Agora, eu preciso dormir. Boa noite, Harry. – Disse, rindo.

- E… ei! – E Harry Potter se apressou em segui-la.