Liberdade nas Estrelas
Ártemis encarou o rosto pálido da menina que fora a líder de suas caçadoras por tantos anos. Ela finalmente entendera que o afastamento do mundo dos homens que ela impunha às suas companheiras não era por ódio, mas uma precaução contra certos homens que tentariam prendê-las a eles. Uma precaução em favor da verdadeira liberdade, ou do conceito que a deusa da Lua possuía da palavra.
- Estrelas, - falou a menina olhando para o céu acima da cabeça delas, - posso ver as estrelas novamente, minha senhora.
Ártemis sabia que ela estava partindo para sempre e sabia que poderia ajudá-la, mas também tinha conhecimento do fato que Zöe não desejava aquilo. Era hora da menina que a servira por tantos anos descansar, libertar- se daquela existência que tanto a torturava. A deusa caçadora deixou as lágrimas deslizarem por sua face enquanto desviava o olhar do rosto de sua amada seguidora para as estrelas no céu.
- Sim, minha corajosa. Elas estão lindas essa noite.
- Estrelas…
A deusa sentiu a vida se esvair dos olhos da menina enquanto ela os fechava lentamente, em um último esforço. Os olhos fechados e os lábios avermelhados semicerrados formando um leve sorriso faziam parecer que ela apenas dormia um sono profundo. Ela se fora para sempre do mundo que a aprisionara.
Em um último gesto de amor e solidariedade à menina que ela fora sua amiga e companheira de caça por tantos anos, Ártemis formulou um encanto grego que raramente utilizava. Em instantes o corpo de Zöe desapareceu e, nos céus, formou-se a imagem de uma menina caçadora. Para mim, você será eterna, minha amada. Que esse presente seja o suficiente para retribuir a sua companhia e o seu amor. Jamais te esquecerei.
- Deixe o mundo honrá-la, minha caçadora. Viva para sempre nas estrelas.
