A fanfic a seguir é a segunda de uma série de one-shots para os "Missing Moments" em Harry Potter and the Deathly Hallows, todos envolvendo Ron e Hermione. Não é necessária a leitura da primeira one-shot (Doze Maneiras Infalíveis de Enfeitiçar Bruxas) para o entendimento desta, mas é recomendável. Sorrisos é dividida em duas partes.

Sorrisos

Parte 1 – Um ao Outro

Ron não conseguiu dormir direito naquela noite. Céus, ele era um fiasco! Não era de se espantar que Fred e George tenham tentado ajudá-lo. Era difícil admitir, mas ele realmente precisava de ajuda; nunca soubera lidar romanticamente com Hermione, e não era como se sua experiência com Lavender tivesse sido a melhor possível. Por isso, ao invés de usar a madrugada para recuperar as energias, ele deitou-se em sua cama iluminando alguns centímetros à sua frente e começou a ler Doze Maneiras Infalíveis de Enfeitiçar Bruxas

Louco, era isso que ele era. Lendo antes de dormir... pensou no que Harry diria se soubesse. Mas ao mesmo tempo, aquele não era um livro qualquer; era um artigo de primeira necessidade. E foi com esse consolo que ele fechou Doze Maneiras Infalíveis de Enfeitiçar Bruxas após ler atentamente o final do capítulo 8 (A Importância do Toque – 7 Maneiras de se aproximar) e dormiu.


Ron estava sozinho em seu quarto após o café da manhã. Havia acabado de guardar o manual precioso embaixo do travesseiro quando ouviu batidas na porta. Era Hermione.

- Oi! – ele disse, tentando reprimir um bocejo.

- Oi... – ela respondeu, sentando-se na beirada da cama de Ron – Não dormiu essa noite?

- Não muito, eu fiquei... erm... pensando em algumas coisas. Minha mãe não te fez ajudar na escolha dos, não sei, guardanapos?

Hermione sorriu.

- Eu disse que precisava estudar.

Ron levantou as sobrancelhas.

- Estudar? Mas Hermione... pensei que tivesse ficado decidido que nós não voltaríamos a Hogwarts!

- Eu sei, Ron. Mas a sua mãe ainda não sabe disso, sabe?

- Bem... não, ela não sabe.

A verdade era que Ron não havia pensado em como comunicar sua família que ele não terminaria seus estudos. Eles não podiam obrigá-lo, pois ele era maior de idade, mas a perspectiva de encarar a Sra. Weasley não era das mais agradáveis. Hermione olhou para ele de maneira diferente. O mesmo olhar triste que ele viu na noite anterior quando ela chegou à Toca. Mais para evitar que ela começasse a dizer que ele deveria contar os planos para os Weasleys do que qualquer outra coisa, Ron tentou direcionar a conversa para outro assunto.

- Então... como estão seus pais? – ele perguntou, ajeitando uma parte do lençol que estava bagunçada. Quando olhou novamente para Hermione, viu que ela estava com a cabeça apoiada em suas mãos.

- Hermione... – ele se aproximou, sem saber exatamente o que fazer. Ela estava chorando. Tentou se lembrar do que o autor de Doze Maneiras Infalíveis de Enfeitiçar Bruxas havia escrito sobre o que fazer quando a bruxa em questão começa a chorar, mas não teve muito tempo para pensar; Hermione estava soluçando, e ele precisava fazer alguma coisa. Ergueu um dos braços para abraçá-la, mas conteve-se: e se ela o repelisse? Não, isso não importava agora, não era uma questão de atração, ela estava chorando, provavelmente era algo sério. Sem pensar mais, Ron passou um de seus braços sobre os ombros dela, e ela recostou-se em seu peito.

Céus, era tão simples! Era tão simples e era tão gostoso estar perto dela! Ron fechou os olhos e sem saber direito o que estava fazendo, começou a alisar seus cabelos, tentando não pensar em como seus corpos estavam próximos, em como ele sentia o peso dela em seu peito... E pouco a pouco, Hermione se acalmou. Quando ela levantou a cabeça, revelando olhos vermelhos e inchados, Ron disse:

- Você quer alguma coisa? Água, chá?

Hermione balançou a cabeça.

- Hermione... o que aconteceu?

- Foi pela segurança deles, Ron... foi só por isso que fiz isso!

- Fez o quê? – ele perguntou, sem soltá-la. – O que você fez, Hermione?

- Eu modifiquei a memória dos meus pais, Ron. Para a segurança deles. Eles pensam que se chamam Wendell e Monica Wilkins e se mudaram para a Austrália.

Ela olhou ansiosamente para ele, mas não foi antes de abrir e fechar a boca diversas vezes que Ron conseguiu emitir algum som.

- Você não...

- Meus pais estarão protegidos na Austrália, pelo menos mais protegidos do que estariam aqui.

- Mas Hermione... eles... você...

- Eles não sabem que eu sou filha deles, Ron. Eles não sabem que têm uma filha. Eles não se lembram... eles estão mais seguros assim, é melhor pra eles... não é? Ficar longe de tudo? Eu quero dizer, eles estariam correndo um risco enorme se ficassem aqui, não estariam? Voldemort poderia ir atrás deles para extrair informações quando não voltarmos pra Hogwarts... – ao ver que ele não responderia novamente, Hermione acrescentou com um tom de desespero em sua voz – Ron, eu fiz a coisa certa, não fiz?

Os olhos dela começaram a marejar novamente. Ron não precisou lidar com sua mente desta vez; abraçou-a sem receios.

- Claro que fez! Hermione... essa foi a atitude mais nobre e corajosa que você poderia ter tido!

- É pra valer, não é? – ela respondeu, forçando um sorriso, e limpando os olhos com a manga das vestes.

- Sim, é pra valer... – eles ficaram alguns minutos abraçados, perdidos em seus próprios pensamentos, até que Ron se afastou. Uma idéia acabara de lhe ocorrer. Era algo bem absurdo na verdade, mas poderia dar certo...

- Hermione, você sabe o vampiro velho que a gente tem no sótão?

- O que faz barulho à noite, sei. O que tem ele?

- Você acha que ele poderia se passar por mim?

Hermione pareceu confusa.

- Como assim?

- Eu também não posso simplesmente não aparecer em Hogwarts! Podemos modificar um pouco o vampiro, pra ele ficar parecido comigo e... e... Hermione, você lembra do que aquele Curandeiro no quadro do St. Mungo's falou quando fomos visitar meu pai no Natal? Que minhas sardas eram sarapintose? – Ron sentiu suas orelhas corarem – nós poderíamos modificar o vampiro e deixá-lo coberto de pústulas, e ele poderia se mudar para o meu quarto, assim...

- Sua mãe e seu pai poderiam dizer que ele é você e que você está com sarapintose –

- E ninguém vai se atrever a verificar realmente porque é uma doença contagiosa! – Ron completou – Eu posso pedir pro Fred e George me ajudarem, eles não vão se opor! Você acha que é uma boa idéia?

- Uma boa idéia? É uma ótima idéia!Ron, você é um gênio!

Ron sorriu, mas foi impedido de responder por Ginny, que acabara de entrar no quarto.

- Ron, Hermione, a mãe pediu pra vocês descerem. O almoço está quase pronto.

Eles se levantaram e seguiram Ginny. Ao passar pela porta, Hermione olhou para Ron e sorriu. Não um sorriso forçado ou falso. Um sorriso espontâneo, com um brilho no olhar. E Ron sorriu de volta. Era bom saber que apesar de estarem deixando suas famílias de lado para ajudar Harry, eles ainda tinham um ao outro. Ron tinha Hermione, e não deixaria que ninguém a tirasse dele.


Nota da Autora: Dedico esta fanfic novamente à beta reader e amiga Val Weasley, e também à Melissa Hogwarts, por me entender perfeitamente com relação a Dumbledore, Snape e principalmente, Fred Weasley.