Começou outra vez. O aperto na garganta, como se eu não pudesse me conter. Eu não posso.
Meu corpo inteiro está tremendo. A respiração arfante, e logo os gritos cortam minha garganta, tão altos como um megafone. Posso sentir o gosto de sangue, subindo ácido para a minha boca. Posso sentir meus olhos arderem de raiva junto com as lágrimas incontáveis. Raiva? Ódio. Ódio da dama de negro, que empunha sua marca, tão orgulhosa que é.
Mãos firmes que pertencem a uma enfermeira qualquer me seguram e tentam me conter - mas nada pode.
Há quinze longos anos, todos os anos, a lembrança do que ficou esquecido vem me assaltar. A memória da dor física que me foi infligida não é nada se comparada à impotência. A dama de negro me pegou não apenas por uma noite. Anualmente ela vem me assombrar, mesmo que inconscientemente. E isso eu não posso suportar.
Então, meus olhos esquadrinham o quarto e lá está ele: minhas lágrimas refletidas em seus olhos. Frank compartilha da minha dor de forma tão intensa que é impossível exprimir em palavras.
Meu nome é Alice Longbottom e não me foi permitido morrer pela causa. Mesmo assim, me afundo em agonia todos os dias, justamente por ela. Valeu a pena? Acho que dessas coisas nunca saberei.
Até o próximo ano então, eterna loucura! Eterna síndrome.
