Por Leona-EBM

Por Favor, Céus

Eu fico dias acordando simplesmente pensando

Eu quero lhe contar, mas tenho medo

O medo corrói meus sentimentos e eu me isolo

Cortinas de ferro me envolvem

Eu lhe vejo e quero lhe contar, mas não consigo

Coragem, coragem, essa palavras sumiram do meu vocabulário

Eu sou forte, sempre fui

Não estou me reconhecendo

"As paixões são como as ventanias que incham as velas do navio. Algumas vezes o afundam, mas sem elas não se pode navegar".
(Voltaire).

A cada dia que passava uma dúvida crescia no seu peito, às vezes tinha uma vontade louca de ir lá e agarrá-lo e provar dos seus lábios para descobrir assim os seus verdadeiros sentimentos, mas sabia que isso não seria prudente, e que com isso correria o risco de perder sua amizade.

Agora mesmo estava sentado no primeiro degrau da escada, observando a casa vazia. Todos haviam saído em alguma missão especial, apenas Heero havia ficado em casa. Sozinho, pensava em tudo que estava acontecendo, nos conflitos que lhe perturbavam, e no final acabou percebendo que não tinha respostas para o que realmente queria.

O silêncio sumiu de repente, a porta antes trancada abriu-se e uma figura alegre entrou por ela. Duo finalmente havia chegado da sua missão e carregava consigo uma face entristecida, nada típica daquele americano tão alegre e cheio de vida.

Heero não disse nada, como de costume. Sempre se mantinha a par de tudo, como se não se importasse ou percebesse nada. Era sempre frio e calculista, não deixando transparecer suas preocupações, mesmo que tentasse, não conseguia fazê-lo.

Duo olhou para cima, vendo que o soldado perfeito estava ali parado no primeiro degrau da escada. Ficou olhando-o por um tempo, pensando se ele tinha algo a dizer, ou a mostrar, mas como sempre Heero não se movia e ele tão pouco queria saber o que aquele soldado frio e sem coração, que sempre o desprezava tinha a dizer.

Sem mais demora jogou seu casado preto de couro no prendedor de madeira que estava fixo na parede ao lado da porta, depois retirou seus sapatos molhados, e foi andando até a escada a fim de subir para seu quarto.

Quando chegou no último degrau olhou para Heero, que não se moveu, fazendo Duo ter que passar por um pequeno espaço que havia. Quando passou olhou para trás, para as costas de Heero, vendo se ele iria lhe dizer algo ou simplesmente olhá-lo, mas como sempre nada aconteceu. Duo respira fundo e continua em frente entrando no seu quarto, batendo a porta.

Heero olhou para trás e fechou os olhos, perturbado com o perfume que exalava pela casa. Ficou um tempo parado até que não agüentou mais ficar ali, e sem contar que uma pequena ereção estava começando a surgir no seu baixo ventre. No entanto, não era nada muito grave, era uma leve excitação.

Com passos lentos e preguiçosos Heero foi até seu quarto fechando a porta devagarzinho, foi andando até sua cama jogando-se na mesma.

Já no seu quarto, Duo foi andando até a janela. Quando se aproximou viu seu reflexo no vidro, ficou se olhando por um tempo até que as imagens do combate que havia travado horas atrás vieram a sua mente. As gotículas de água escorriam pela janela fria e lisa, seus olhos pareciam estar cansados, na verdade seu corpo inteiro estava acabado.

O americano virou-se de costas para seu reflexo e foi andando até sua suíte. Pegou uma tolha de algodão e um roupão de seda. Quando entrou trancou a porta e jogou suas coisas em cima da pia. E sem demorar muito entrou no Box ligando o chuveiro.

A água quente escorria por seu corpo amorenado, quando abriu os olhos viu uma chuva de gotas caírem na sua direção como se fossem alfinetes a fim de espetá-los. No entanto, as gotas eram inofensivas e apenas caíram por seu corpo, relaxando seus músculos. Levou sua mão direita até sua longa trança, soltando o pequeno prendedor que a segurava, a água soltou o resto da trança fazendo seus cabelos cobrirem todo seu corpo num manto de cobre.

Ficou um tempo indeterminado naquele banho, mas finalmente teve um fim. As gotas pararam de cair quando fechou a torneira, abriu a porta de vidro do Box fazendo um ar frio atingir seu corpo, saiu do Box vendo todo vapor correr pelo banheiro. Pegou a tolha e começou a secar seu corpo, começando por seus longos cabelos. Depois de secá-los, colocou sua perna direita em cima da privada e deslizou a toalha de algodão por ela, secando as ciumentas gotas que temiam em continuar naquele corpo.

Duo secou-se finalmente, colocou seu roupão e saiu do banheiro indo direto para sua penteadeira. Não era bem uma penteadeira, mas sim uma cômoda com um monte de coisas em cima, não era uma pessoa muito organizada. Quando pegou o que queria sorriu de canto e voltou para o banheiro, agora sim poderia pentear seus cabelos.

Heero ouvia atentamente tudo que Duo fazia ao lado. Seus quartos eram grudados. No entanto, era tão longe. Heero foi andando até a parede colocando seu ouvindo ali, para que assim ouvisse com perfeição cada movimento daquela criatura.

De repente viu-se assustado com que estava fazendo, então parou e saiu do quarto, perturbado e confuso com suas atitudes. Quando passou pela porta de Duo, sentiu seu coração bater forte. Tocou na maçaneta sentindo uma grande vontade de abri-la, mas recuou, não seria prudente. Então, como sempre, afastou-se e desceu as escadas.

Duo trocou-se rapidamente, colocando uma calça jeans preta e uma camiseta vermelha bem comprida, chegando quase a bater nos seus joelhos, parecia mais uma camisola do que outra coisa.

Como seus cabelos estavam molhados, não os prendeu. Saiu do seu quarto, fechando a porta atrás de si, deu uma olhada para o quarto de Heero, achando que este deveria estar ali sozinho e isolado como sempre. Sentiu vontade de ir falar com ele, pois gostava de ficar conversando com ele, apesar da conversa virar um monólogo no final. Dando de ombros, desceu as escadas indo direto para cozinha.

Heero ficou observando Duo entrar na cozinha e ir até a geladeira, abrindo-a e se abaixando para pegar alguns alimentos que ficavam nas gavetas. A visão era maravilhosa demais para seus olhos tão famintos, pena que aquela blusa tão comprida atrapalhava sua visão.

Um sorriso desenhou-se no rosto do americano, quando este encontrou o que queria. Virou-se na direção da mesa dando de cara com Heero que estava sentado numa das cadeiras.

- Ah! Heero! Que susto! – gritou, colocando as coisas em cima da mesa – Por que é tão quieto?

- Você que é desatento.

- Não! Que tipo de pessoa fica numa cozinha com as luzes apagadas?

- Hum.

- Ah! Não faça isso! – disse mais calmo.

Duo sentou-se numa cadeira de frente para Heero. Ele pegou duas fatias do pão de forma e começou a colocar manteiga e queijo nele. Heero apenas ficou observando-o.

- Quer um? – indaga, apontando para o lanche que havia feito.

- Não.

- Mesmo?

- Mesmo.

- Está com uma cara... Se quiser eu faço um.

- Eu já disse que não quero.

- Hum... Não precisa ter vergonha, eu faço um para você!

Heero respirou fundo se irritando com aquela insistência, mas de repente olhou para aquele par de violetas que tanto o encantavam e acabou se acalmando e se perdendo.

- Heero... – chamou-o constrangido. Aquele olhar o deixava sem reação.

- Hum?

- Não teve nenhuma missão hoje? – indagou, tentando puxar algum assunto e fazer aquele olhar faminto sumir da face do japonês. No entanto, tinha que admitir que estava adorando ver o soldado perfeito prestar atenção nele.

- Não.

- Hum... Eu tive uma bem pesada. A próxima vez que eu encontrar aquele doutor, eu com certeza irei matá-lo! – disse irritado, dando uma mordida forte no seu pão.

- O que houve? – indagou.

- Ele não me disse nada de "grupo secreto", e por isso eu quase morri! – desabafou.

- "Morrer" – a palavra adentrou na mente de Heero o deixando perturbado. O Deus da Morte poderia morrer? Mas como o Deus que decidia a vida e a morte de algum ser, poderia simplesmente morrer? Isso não era certo. Não conseguia associar a palavra "morte" a Duo.

Heero fechou os olhos com força para que imagens tristes saíssem da sua mente. Duo percebeu sua reação tão atípica e resolveu perguntar o que havia acontecido.

- Nada – disse Heero, levantando-se.

- Espera! – Duo segura sua mão e olha para Heero, que simplesmente o paralisou.

- "Muito tentaram me parar, mas você, você... com um único toque faz mil e uma sensações me pararam de repente, por que isso? Por que?" – pensou Heero, não conseguindo se mover.

- Por que sempre foge? Sou tão desagradável assim? Fale um assunto que gostaria de conversar comigo, eu deixo.

- Amor...

- O que! – Duo engasgou com o pão.

Heero sentiu um frio correr por sua espinha. Será que havia falado algo errado? Será que Duo não entenderia seu ponto de vista? Será que ele poderia desconfiar dos seus sentimentos para com ele? Um pânico sem precedentes instalou-se no seu interior, e o que ele mais queria agora era sumir da frente do americano, que o questionava com seus grandes olhos.

- Nada...

- Não, espera aí! Você quer falar... De... Amor? Não me... Não me diga que está apaixonado? Hahaha... – riu – não acredito, será que é por uma garota loira com belos olhos azuis claros?

- Não, não é isso.

- Não? É outra? Heero senta aí cara, vamos conversar sim.

- Não quero mais.

- Não, desculpa! – pediu, percebendo que estava sendo muito explosivo com Heero, uma pessoa que sempre foi muito reservada –, vamos falar sim, sente-se.

Não resistiu e acabou sentando. Afinal era um pedido de Duo, que valia mais do que qualquer ordem.

- O que está sentindo Heero?

- Nada.

- Hum... – sorriu de canto – bom, então... Er... Heero posso lhe fazer uma pergunta?

- Pergunte.

- Você gosta de alguém?

Heero sentiu seu coração disparar, e ele ainda estava encostado a Duo, que não havia soltado sua mão. Seu corpo tremeu levemente e não teve como Duo não perceber isso. O americano estava ficando abobado com toda aquela tremedeira que sentiu, e estava louco de vontade de saber quem era a "super mulher" que havia roubado aquele coração de pedra.

- Seu olhar já disse tudo. Heero se quiser ajuda, pode falar comigo. Eu... Apesar de me julgar um idiota, eu não são tão burro assim.

- Eu... – não sabia o que dizer. Então o que dizer?

- Eu a conheço?

- Duo... É... – engasgou. Será mesmo que seria certo falar a verdade? Mas o que tinha a perder? – é... – talvez falar por partes seria melhor, e dependendo da sua reação descobriria se ele iria aceitar ou não o que iria dizer – É... Que eu... Sou... – Talvez não fosse certo falar, mas seu coração, sua mente e seu peito pareciam que iriam explodir a qualquer momento. Iria revelar – É que eu... Sou gay! – disse, fechando os olhos com muito pesar.

Quando me revelo, acabo me expondo

Eu não gosto de me expor...

Meus sentimentos foram descobertos

Não, minha máscara caiu

Quero fugir, mas seus olhos me capturaram

Duo soltou sua mão, não por sentir nojo ou raiva do seu amigo, mas sim por causa da sua perplexidade. O americano ficou um tempo tentando processar aquelas palavras tão bem ditas por Heero, mas elas simplesmente não pareciam estar coerentes. No entanto, viu que Heero estava pronto para ir embora e se não mostrasse que estava do lado dele agora, talvez jamais pudesse falar com ele novamente.

- Heero, eu entendo! – disse, segurando sua mão novamente – vem, vem comigo!

Duo levantou-se e puxou Heero, que parou de repente não se deixando levar para onde quer que iria ser lavado.

- Vamos! – Duo insistiu e Heero não resistiu, deixando-se levar até o quarto do americano.

Quando entraram, Duo fechou a porta e empurrou Heero até sua cama fazendo-o se sentar nela. Heero sentia-se desconfortável, queria ir embora, mas sua curiosidade em saber o que Duo iria lhe falar era muito maior, e, além disso, poderia conhecer aquele quarto melhor.

Duo ficou sério de repente, afinal o que iria falar agora não seria brincadeira. Estava perplexo ainda, mas sentia-se incrivelmente bem por Heero ser gay, já que ele mesmo estava confuso com a sua própria sexualidade.

- Heero, quando descobriu isso?

- Hum... – resmungou, olhando para o outro lado.

Está certo que Heero é gay. Que ele mesmo revelou e afirmou isso. Mas ele ainda continuava a ser Heero Yuy, o soldado perfeito, sendo assim ele não iria se abrir para Duo tão rápido.

- Bom, olha Heero. Você está gostando de algum cara, pois deve ser muito difícil, mas pode ter certeza que eu sempre vou ser seu amigo. Você deve estar confuso... Bom, eu mesmo estou confuso.

- Confuso com o que?

- Bom, é que pra mim você sempre gostou da Relena, então é difícil imaginar que você gosta de outra pessoa, na verdade, eu sempre pensei que você nunca iria gostar de ninguém, mas de repente você gosta de alguém, que não é a Relena, e que não é uma mulher.

- Eu deveria gostar de uma mulher? – indagou.

- Heero, eu não sei. A sociedade colocou nas nossas cabeças que devemos seguir a bíblia, que Deus é o rei do universo e que suas ordens são incontestáveis. Portanto, eu que fui criado em cima dessas leis... Eu lhe digo: isso para mim é tudo besteira, pois o ensinamento de Deus que mais vale é o "Amor", e só ele pode curar tudo e descriminar tudo.

- Descriminar um amor homossexual... – Heero falou baixinho – isso é possível numa sociedade?

- "Heero gosta de alguém, ele ta falando em amor..." – Duo pensou – Bom, acho que é difícil descriminar isso, mas Heero... Quem tem o direito de lhe dizer o que lhe fazer? Acha que vai vir um cara qualquer aí e dizer: "Hei, você tem que ficar com uma mulher, não pode ser gay!", você acha que isso irá afetar o soldado perfeito que faz o que quiser? – sorriu.

- Não... – Heero disse, fazendo um sorriso disfarçado surgir na sua face.

- Essa pessoa que você gosta, ela sabe o que você sente?

- Não.

- Vai falar com ela?

- Não.

- Por que? Acha que ela não iria aceitar?

- E você, o que você faria se viesse alguém e lhe dissesse que lhe ama, sendo essa pessoa um homem? – indagou, no seu tom frio e cortante.

- Eu... Se eu gostasse dessa pessoa... Por que não?

Heero sentiu seu peito bater cada vez mais forte. Então Duo poderia aceitar ficar com ele? Será que ele sabia que estava falando dele? Será que isso foi uma indireta? Será que deveria falar que o amava? Na verdade, não o amava, mas será que poderia pedir para descobrir se o amava? Seria correto pedir permissão para um beijo? Ou apenas beijá-lo sem pedir permissão? Deveria falar algo? Duo lhe fez uma perguntar? Sua cabeça estava cheia de perguntas que só tinha um único objetivo: Duo.

- Heero? – chamou-o.

- Hum?

- Você... Já beijou algum homem antes?

- Nunca beijei ninguém.

- Não? Pensei que tivesse beijado a Relena! – disse surpreso – Não beijou? Ela comentou que havia lhe dado um beijo.

- Ela encostou seus lábios nos meus uma vez, mas nada senti e muito menos quis – revelou.

- Ah! Nossa, que situação. Bom, então nunca beijou ninguém? Como pode saber se quer ou não um homem se não o beijou?

- Não importa a parte carnal agora. O que vale são meus sentimentos – disse, fazendo Duo calar a boca. Realmente, o americano havia falado besteira.

- Heero, eu posso lhe revelar uma coisa?

- Claro – disse, sem pensar.

Duo respirou fundo e olhou bem nos olhos de Heero, dentro daquele par azul cobalto e sem mais demora abriu a boca deixando as palavras saírem, tão facilmente, revelando um segredo que para Heero era muito revelador.

"Eu também sou!", ele havia dito isso. E agora? O que fazer? Era outra indireta? Heero estava paralisado novamente com suas mil e uma perguntas e sensações. Agora, nesse instante lembrou-se das palavras de uma certa pessoa: "siga sempre suas emoções", e naquele instante, o que mais queria era provar daqueles lábios carnudos.

Num movimento rápido e afobado, Heero puxou a cabeça de Duo na sua direção fazendo seus lábios encostarem-se abruptamente. Sua mão se fechou no seu cabelo ainda molhado, sentindo seu perfume mais de perto. Quando deu conta do que estava fazendo, abriu os olhos dando de cara com um par de violetas, que pareciam estar bem calmos.

- O que foi? – Duo sussurrou, sem se mover.

Heero abriu a boca para buscar um pouco de ar e logo a fechou cobrindo aqueles lábios que ainda estavam parados. Aproximou-se mais do corpo do americano e o abraçou com força sentindo seus ossos estralarem com aquele movimento, e ainda assim, estava com os lábios grudados. Duo fechou os olhos e Heero abriu mais sua boca, sentindo vontade de colocar a língua ali dentro, ou como se fosse uma obrigação pôr a língua naquela cavidade tão quente e úmida, como se fosse uma regra.

Uma língua tímida e muito quente foi adentrando na boca de Duo que se abria delicadamente para ele. Quando se viu dentro dela, Heero tocou na língua adormecida e começou a mexer com ela, pedindo para que se mexesse também, mas nada aconteceu, Duo não se moveu. Heero ficou nervoso, mas continuou a passar a língua por sua boca, sentindo um gosto muito diferente, que descobriu ser saboroso.

Sua mão, que estava parada no ombro direito do americano foi descendo pelo seu braço até chegar na sua mão, que estava parada ao lado do seu corpo. Heero a pegou e a apertou, pedindo que Duo se movesse, mas nada aconteceu. Estava ficando nervoso.

Agora estou com aqui com você

Não quero sair dos seus braços

Descobri em você uma parte de mim

Quero ficar nos seus braços

Que os céus permitam que esse momento dure

Que os anjos ouçam minhas preces

Que as dores da inveja não caiam sobre mim

Que o desejo não me cegue

- Duo? – chamou-o baixinho, com medo de uma repulsa por parte dele.

- Hum?

- Fala alguma coisa, por favor.

- Você pedindo para eu falar?

- Sim – fechou os olhos.

- O que quer que eu fale?

- Qualquer coisa, apenas não fique quieto.

Duo sorriu e levantou o queixo de Heero, fazendo este abrir os olhos para encará-lo. Nunca pensou ver Heero naquele estado tão frágil. Sentiu vontade de rir, mas segurou, pois ele poderia se irritar e sair correndo.

- Me diga o nome da pessoa que você gosta.

- Duo Maxwell! – disse, sem pensar duas vezes.

Duo sorriu e fechou os olhos e disse:

- Agora, me pergunte o nome da pessoa que eu gosto.

Heero não entendeu muito que ele queria com essas perguntas. Já que estava na cara que um gostava do outro.

- Qual o nome da pessoa que você gosta?

- Eu ainda não sei o nome dela, pois não gosto de ninguém – disse.

Heero engasgou. Ele arregalou os olhos e depois se afastou um pouco, olhando para baixo, ficando com seus próprios pensamentos. Não sabia mais o que fazer. O que Duo quis dizer?

- O que... Quer... O que quer dizer?

- Heero, você está bem? Está pálido! – disse, tocando em seu rosto.

Heero tirou aquela mão quente que o tocava e depois o encarou com fúria. Sentiu-se usado por aquele piloto. Parecia que Duo era uma criança e ele seu eterno brinquedinho. O soldado perfeito se levantou de repente e foi andando até a porta, deixando Duo sem palavras.

- Heero... Aonde vai?

- Não tem nada a me dizer? – Heero indaga, virando-se para trás.

- O que quer ouvir Heero? "Eu também gosto de você"? É isso? Bom, eu não sei o que sinto. Eu gosto de você, mas Heero, eu não sei se gosto como você quer que eu goste, e também não quero dizer que gosto, para depois descobrir que não gosto. Definitivamente não quero me precipitar e nem te magoar, pois além de tudo, eu o considero meu amigo e não quero vê-lo infeliz! – disse.

Heero sentiu-se um tolo de repente. Ficou um tempo pensando naquele discurso que acabara de ouvir e viu que Duo tinha razão. Seria muito estranho, de repente, ele falasse que era gay e dissesse que o amava, isso não soaria verdadeiro.

- Duo, me desculpe. Eu preciso ficar sozinho agora – mentiu.

- Não, por quê vai me abandonar depois de me beijar?

- Eu...

- Fique aqui comigo, abraçado ao meu corpo. Eu quero você aqui comigo, eu sempre quis, por favor.

Suas pernas moveram-se novamente em direção a cama. Quando se aproximou sentiu as mãos quentes e trêmulas de Duo tocarem nas suas o puxando para cima da cama. Duo foi se arrastando até a cabeceira da cama, para encostar-se nela, quando o fez puxou Heero com tudo, fazendo-o cair na cama de barriga para baixo.

Heero olhou-o e foi andando até ele de joelhos até que se aproximou dele. Duo abriu seus braços que envolveram o corpo do maior e ficou ali abraçado com ele, em silêncio, ouvindo a respiração pesada de ambos. Heero retirou seu tênis e se aconchegou melhor naquele abraço.

Eu quero continuar assim

Não quero sair dos seus braços

Por favor, eu não mereço tanta felicidade

Por favor, me deixe ficar

Por favor, eu quero amar

Sou um soldado sujo de sangue

Por não ser menos pior que eu animal não tenho o direito de amar?

Eu quero amar, eu não quero sair dos seus braços

Por favor, anjos ouçam minhas preces

Eu quero você, e somente você

- Me desculpe – disse Duo.

- Não, não se desculpe.

- Heero, é tão estranho ver você falando tanto.

- Eu penso em falar às vezes, mas de repente travo e me fecho. Não gosto de me expor. Não, apenas com você.

Duo sentiu-se radiante com aquela revelação. Então abraçou mais o corpo de Heero se assustando de como estava amando ficar assim agarrado a ele. Naquele momento não queria fazer mais nada a não ser ficar ali.

E nada aconteceu a mais, os dois ficaram conversando sobre coisas simples e complexas com naturalidade, até que acabaram pegando num sono profundo. Duo dormiu primeiro, pois estava exausto, e em seguida foi Heero, que parecia estar anestesiado.

Nesse intervalo eu penso

Não quero me desfazer de você

Meu corpo parece ter se unido ao seu

Por favor, céus não me deixem agora

Eu quero ficar aqui

Eu quero ficar nos seus braços

O dia veio finalmente, sua luz forte e arrasadora invadiu a cidade, e ela adentrou no quarto do americano revelando o casal que dormia profundamente. Sua luz revelava o contorno dos seus corpos, mostrando toda sua beleza.

Antes que a manhã acabasse por completo os dois acordaram. Heero olhou para cima encontrando o americano a olhá-lo, ficou encantando com sua beleza. Seus cabelos estavam cheios, ondulados e soltos para uma melhor visualização, nunca havia os visto dessa maneira.

- Bom dia! – disse, esbanjando um dos seus sorrisos.

- "Eu definitivamente não quero que isso acabe" – pensou Heero, não deixando seus sentimentos transparecerem em sua face.

- Ai, minhas costas! – reclamou, quando se moveu – não foi uma boa idéia ficar assim – disse.

Heero o abraçou lhe dando um beijo na sua bochecha. Duo ficou vermelho de repente, mas deixou ser beijado pelo japonês, tinha que admitir que estava amando todas aquelas sensações que sentia por todo seu corpo.

- Vamos descer? Estou com fome – disse, com seu jeito maroto.

- Sim...

Duo sorriu e se afastou dele. Ele foi andando até o banheiro e fechou a porta. Heero saiu do quarto indo até o seu, afinal tinha que se arrumar, e agora tinha motivos para ser um garoto mais vaidoso, pois é muito bom se vestir e se embelezar para pessoa que você gosta.

Os dois saíram ao mesmo tempo dos seus quartos. Coincidência? Talvez. Os dois desceram juntos, mas antes observaram que as portas dos quartos dos seus companheiros estavam fechadas, isso significava que eles haviam voltado das suas missões.

- Que bom que voltaram! – comentou Duo, descendo o primeiro degrau da escada.

- Hum.

Quando chegaram na cozinha, Heero foi pegar um pouco de café, enquanto Duo começava a pegar alguns mantimentos na geladeira. O japonês sentou-se no seu lugar de sempre e ficou a observar a manhã pela janela. Duo ficou olhando discretamente se perguntando se realmente gostava de Heero e se estava fazendo a coisa certa, mas se soubesse a resposta não estaria se perguntando.

- O que foi? – Heero indaga, assustando Duo.

- Hum? – indagou, com os olhos arregalados.

- Por que está me olhando desse jeito?

- Ah! É que... Hahahaha... Nada, nada! – riu sem graça, colocando os mantimentos em cima da mesa.

- Hum! – Heero olhou-o de canto, mas nada comentou.

O americano sentou-se e começou a se servir. Em tempos e tempos ficava observando Heero, tomando o máximo de cuidado para que o japonês não percebesse. Agora, nesse instante, o americano se perguntava se aquele rosto lhe atraia, se aquelas palavras o seduziam, se o soldado perfeito lhe era uma paixão. Na verdade, seus pensamentos estavam envoltos por uma grande névoa.

- Duo? – Heero chamou-o.

- Hum?

- Sábado, irei viajar... E... Quer vir comigo? – indagou, com o rosto avermelhado.

- Eu? – indagou, apontando seu dedo para si mesmo.

Heero fez um sim com a cabeça e continuou a olhá-lo, esperando ansiosamente por um resposta afirmativa. Duo ficou um tempo pensando, até que seu coração começou a bater incrivelmente forte, assustando-o. Realmente, não sabia o que queria.

Um silêncio inquietante caiu na cozinha, deixando os dois adolescentes tensos. Principalmente Heero, pois o mesmo não estava acostumado com essas sensações e situações. Francamente, o soldado perfeito, não aprendeu a sobreviver na guerra do amor.

Um vento forte fez-se presente fechando com força a janela da cozinha, quebrando assim o silêncio que reinava. Duo quase mordeu a própria língua pelo susto que havia levado e em seguida soltou um sorriso nervoso.

- Heero eu... Não sei – disse sinceramente.

- Tudo bem! – disse cabisbaixo.

- Eu vou pensar! – disse, ao ver a expressão de tristeza que tomou a face do japonês. Na verdade, estava começando a se assustar com Heero, pois este nunca havia demonstrado tanto o que queria, como estava.

Heero levantou-se jogando o resto de café que sobrara em sua xícara na pia e logo em seguida olhou para o americano, que buscava palavras para se explicar. No entanto, Heero se apressou e disse:

- Duo, não quero que faça nada que não lhe for agradável. Apenas siga suas emoções!

Os dois se encararam novamente, até que Duo sorriu mais aliviado. No entanto, apesar de todas as diferenças dele com Heero, estava gostando desse lado compreensível do seu parceiro.

- Tem razão! – sorriu com seu jeito maroto, fazendo Heero se perder em seu sorriso.

A vida é estranha. É muito estanha a maneira que as pessoas entram na sua vida e de como elas saem. No entanto, é ainda mais estranho, quando alguém entra na sua vida com uma grande máscara e no final da tarde essa máscara cai, revelando uma pessoa tão diferente do que ela jamais foi.

As pessoas cruzam nossos caminhos deixando lições, sentimentos e aprendizados. A vida é cheia de aprendizado, mas a vida é recheada de sentimentos e o que estava entrando em conflito na relação de Duo e Heero eram os sentimentos atípicos que nutriam pelo outro.

Os dois continuaram juntos durante três dias. Sem muitos beijos, logicamente sem sexo. Apenas conversavam muito, descobrindo que ambos tinham mais coisas em comum do que se podia imaginar. Talvez a dúvida de Duo para com Heero tivesse terminado, mas não podemos ser apressados quando estamos falando de sentimentos. Portanto, Duo ainda tinha suas perguntas, e o mais surpreendente é que Heero sorria.

As pequenas estrelas expostas no céu brilhavam intensamente iluminando a deliciosa noite, que cobria os céus da cidade. O tempo estava quente, os ventos quase não sopravam. Era uma noite perfeita para dar uma caminhada.

As ruas e as pessoas estavam em festas. Um grande festival acontecia na cidade, muitas luzes, pessoas e sorrisos preenchiam a noite que prometia ser maravilhosa.

Os barzinhos estavam cheios. Muitos jovens estavam sentados no chão das ruas, bebendo alguma garrafa de vinho ou simplesmente conversando. Os carros interditaram as ruas, e os estacionamentos mais próximos ao festival encontravam-se cheios.

Uma música alta estava no ar, as pessoas dançavam sua melodia com excitação, e outras simplesmente deixavam-se levar pelo som.

Nessa corrente de pessoas alegres, estavam Duo e Heero, que acharam uma ótima idéia aproveitar o festival da cidade. Agora os dois estavam passando pela grande porta de madeira que dava entrada para a cidade.

- Que lugar bonito! – disse Duo, maravilhado com tanta cor e brilho.

- Está cheio – comentou, com a cara virada. Definitivamente, não gostava de lugares cheios.

- Ah! Heero, vamos nos divertir! – disse entusiasmado, puxando a mão do japonês até uma barraquinha de jogos.

Os dois se aproximaram da barraca, onde muitas crianças estavam conversando e pedindo para seus pais mais fichas para brincar. Duo como era uma "criança" num corpo de um jovem de 18 anos, não saiu dessa linha e olhou para Heero.

- Heero...

- Já sei, você quer brincar!

- Não! – disse se aproximando do seu ouvido – eu quero que você ganhe aquele coelhinho azul para mim!

Heero sentiu um arrepio correr por seu corpo. Ele olhou para Duo e depois para o coelhinho, que tinha mais ou menos uns 20 cm de comprimento, não era muito grande, mas era uma gracinha. Sem pensar muito, olhou para os lados procurando o caixa que vendia as fichas.

- Já volto! – disse, se afastando de Duo e pegando a fila para comprar fichas.

Duo ficou de braços cruzados esperando Heero, não resistiu e acabou rindo, adorava provocá-lo. Depois ficou olhando para as crianças que tentavam colocar todas as argolas dentro das garrafas. E do lado tinha a brincadeira do "tiro ao alvo", aonde o primeiro lugar ganhava o coelhinho que tanto queria.

Não demorou muito, Heero veio com um monte de fichas. Duo arregalou os olhos, Heero parecia disposto a jogar a noite inteira, o que para ele era perfeito.

- Heero... Você tem que acertar os cinco alvos para ganhar o coelhinho! – diz Duo, apontando para as latinhas.

Heero se aproximou do rapaz, que estava observando-o há um tempo, esperando que lhe entregasse a ficha. Heero entregou-lhe a ficha, e o rapaz responsável perguntou:

- De qual brincadeira gostaria de participar, meu jovem? A das "Argolas na Garrafa", "Tiro ao Alvo" ou na "Pescaria"?

- Tiro ao Alvo! – disse.

- Oh! Muito bem, boa sorte. Você tem seis balas, para acertar cinco garrafas! Se derrubar três garrafas pode pegar um prêmio azul, quatro garrafas o prêmio vermelho, e cinco garrafas o prêmio amarelo! – disse, indo atender outro cliente.

Heero pegou a arma na sua mão, sentindo como era leve e sensível qualquer movimento aquela madeira podre quebraria. Afinal, não poderia esperar uma arma de verdade. O japonês mirou a primeira latinha, que estava bem perto.

Disparou e acertou a lata em cheio. O rapaz pegou a lata no chão e a segurou. Heero o esperou se afastar e atirou na segunda, derrubando-a com perfeição. Logo em seguida, derrubou a terceira, a quarta e a quinta com muita felicidade, fazendo as crianças delirarem e gritarem entusiasmadas.

- Tio você joga muito bem! – disse um garotinho, com os olhos brilhantes.

- Sim! Tio, tio me ensina! – pediu outra, que estava no colo do seu pai.

- Parabéns! Qual dos prêmios amarelos você quer? – indaga o dono da barraca, não tão entusiasmado, pois perderia um dos seus melhores prêmios.

- O coelho azul! – disse, e logo em seguida recebeu seu prêmio em mãos – obrigado!

Heero virou-se para trás, onde Duo estava esperando-o, o americano bateu palmas e disse:

- Parabéns!

Duo pegou o coelhinho nas mãos e o abraçou comentando como ele era fofo. Depois olhou para Heero, que o observava com um sorriso no rosto. Uma coisa que havia percebido nesses dias juntos de Heero era que: Heero adorava mimá-lo.

- O que quer fazer agora? – indaga.

- Não! Eu escolhi o "Tiro ao Alvo", você que escolhe agora.

- Hum! – Heero olhou ao redor, procurando algo que lhe agradece, até que algo lhe chamou a atenção – vamos ali? – apontou para umas mesinhas, aonde um velho senhor tocava gaita.

Duo sorriu e puxou Heero pelo pulso até o lugar que ele havia escolhido. Os dois sentaram numa mesinha de pedra, que por sorte acabara de ser desocupada por um casal de enamorados. Depois de se sentar, Heero ficou olhando para o senhor que tocava a gaita tão perfeitamente.

- Gosta de música, não é mesmo? – indaga Duo, adorando descobrir mais coisas dele.

- Sim. Eu adoro, acho que a música pode nos levar a vários mundos e nos tocar de várias formas.

- Nossa! Eu não... Não sabia que pensava assim! – disse, se debruçando em cima da mesa, para ficar observando a face serena de Heero.

O velho, que tinha uma longa barba branca e pequenos olhos negros, como a cor da sua pele, que brilhava com a luz que vinha do poste, acabou sorrindo ao ver que Heero ouvia sua melodia e então continuou a tocá-la, só que agora com mais entusiasmo.

A música não era desconhecida, era muito popular. Tinha tons altos e baixos, era muito ritmada e agradável. Realmente, a gaita, aliás, todos os instrumentos de sopro eram magníficos.

- Com licença!

Duo e Heero olham para a garota que se aproximou da mesa. Ela era uma garota de rua, isso dava para se notar de longe. Tinha longos cabelos, e um rostinho todo sujo.

- Tem algum trocado?

Os dois se olharam e Heero fechou os olhos. Duo então disse:

- Eu não lhe dou dinheiro, mas se quiser comer qualquer coisa eu lhe comprarei.

- Hum... Eu... Então quero um... Cachorro quente!

- Tudo bem então! – disse, se levantando – Heero, eu já volto.

Heero voltou a prestar atenção na melodia que continuava a tocar, enquanto esperava o americano, que não se afastou muito. Momentos depois, Duo se aproxima com um sorriso orgulhoso no rosto.

- Tinha que ver a cara que ela fez, quando lhe entreguei o lanche! – disse.

- Devo imaginar! – disse – "Afinal, Duo, você era igual a ela" – pensou.

Os dois ficaram conversando por um tempo, até que cansaram de ficar ali sentados. Heero levantou-se e se aproximou do homem que tocava, comprando um cd que ele vendia. O japonês ia embora depois disso, mas o velho o chamou.

- Parece gostar muito de gaita.

- Sim, eu gosto.

- Você sabe tocar? – sorriu.

- Não, nunca tive oportunidade.

- Não? Um jovem como você deveria aproveitar mais as coisas belas da vida! – disse.

- Sim, quem sabe um dia! – disse, pensando que ele mesmo não tinha uma vida normal. Enquanto garotos da sua idade estavam estudando, trabalhando, namorando e se divertindo, Heero estava num campo de batalha tentando sobreviver.

- Obrigado por ter comprado meu cd!

- De nada, senhor! – disse, se afastando. Heero não era muito sociável, apenas com Duo.

Duo sorriu e acenou para o senhor e foi atrás de Heero. Os dois estavam passeando pelas barraquinhas, olhando as roupas, objetos, bonecos, etc. Demoraram mais de duas horas para andar por toda a feirinha, e já estava na hora da apresentação de danças folclóricas.

Os dois caminharam até o grande estádio de futebol, aonde tudo seria realizado. Conseguiram um lugar bom, e ficaram ali esperando o show começar. Enquanto isso conversam e riam juntos.

A noite passava cada vez mais rápida. A luz estava cheia, no alto do grande azul escuro. Estava ficando tarde, o festival estava ficando vazio, era hora de ir embora.

Os dois estavam voltando para o carro, comentando as danças, músicas e as diversas coisas que tinham ocorrido no espetáculo. Quando chegaram ao estacionamento, que estava um pouco afastado do festival, pagaram ao dono e pegaram o carro.

Heero ligava o carro, enquanto Duo colocava o rádio. Os dois saíram dali, pegando a estrada de volta para casa. Estavam em silêncio, até que Heero desliga o rádio e olha para Duo.

- O que foi? – indaga o americano.

- Duo, o que está achando?

- Do que? – fez-se de desentendido, pois ele não queria ter essa conversa tão rápido.

Heero respirou fundo e disse:

- Nós dois, juntos!

- Ah! Heero. Está tudo muito legal.

- Só isso?

- Não, é que... Bom, eu acho legal, nós nos damos bem, mas...

- Mas?

- Mas... Eu não sei! Eu... Não sei, me desculpe.

Heero parou o carro no encostamento e virou-se na direção do americano, que começava a suar frio. O soldado perfeito tinha um olhar tão penetrante, típico dele. Aquilo lhe dava medo, mas tinha que enfrentá-lo.

Uma mão toca o rosto de Duo, fazendo fechar os olhos para sentir melhor a carícia que ela lhe fazia. A mesma mão deslizou até seus lábios, fazendo seu polegar desenhá-los sutilmente numa doce carícia. Duo abriu os olhos então e viu Heero se aproximando dele, ficou paralisado, quando deu conta estava beijando-o.

Um abraço uniu seus corpos, Heero havia puxado para seu banco. Ele era tão forte, que nem havia sentido direito quando ele havia feito isso, mas o que sabia agora, era que estava sentado no seu colo, beijando-o.

A mão de Heero deslizou por sua cintura, apertando-a sentindo como era fina e magra, simplesmente a adorava. Ficou um tempo ali, até que levou sua mão a nuca de Duo para brincar com os cabelos que tinham ali. Ficou explorando aquela cavidade úmida com sua língua, aproveitando cada segundo que passava.

Os dois ficaram se beijando por um tempo, até que um carro passa do lado deles buzinando e gritando algo vulgar. Deveriam estar bêbados, por sorte nem desconfiaram que eram dois homens, ou então, com certeza desceriam para dizer asneiras ou até mesmo brigar. Pessoas sem nada na cabeça.

- Não sente nada? – Heero indaga.

- Ah... Er... Heero... Nossa, eu sinto... Eu adoro, mas eu tenho medo.

- Medo do que?

- De confundir as coisas.

- Que coisas? – indagou.

- Gostar como amigo, gostar como namorado! – revelou.

- Você não sabe se o que sente por mim é amizade ou paixão? – disse entristecido.

- E você Heero, não está se confundindo também?

- Não! – disse rapidamente, sem deixar qualquer dúvida.

- Que bom que não tem dúvidas do que quer. Agora eu sou um idiota mesmo, me desculpe.

- Tudo bem. Eu não gostaria que você estivesse comigo por obrigação ou por impulso. Portanto, pense bem e depois me diga.

- Sim!

- Agora me diga. Você gosta de me beijar?

- Ah...

- Se sente vontade de me beijar, é um bom sinal, para mim pelo menos.

- Eu... Nem sempre, mas sim, sinto. Eu gosto – revelou, não tendo muita certeza disso.

Heero abriu um lindo sorrido deixando Duo encantando. Pensando bem, o que encantava Duo era o fato de Heero estar se comportando diferente e revelando várias coisas que jamais imaginaria que o japonês pudesse ser ou fazer, ou estava encantado porque realmente gostava dele?

O sorriso manteve-se no rosto de Heero e logo em seguida este foi buscar mais um beijo, para que pudessem finalmente voltar à estrada. E assim foi feito, após encerrar o beijo, Heero voltou à estrada, e Duo ligou o rádio.

"O amor que ainda não se definiu... é como a melodia do desenho incerto. Deixa o coração algum tempo alegre e perturbado. E tem o encanto fugidio de uma música ao longe".

(Saint-Exupèry)

O percurso foi silencioso, os dois comentavam algo uma vez ou outra, mas nenhuma discussão longa iniciou-se por parte de nenhum dos dois. E não demoraram muito para chegarem em casa, onde as luzes ainda estavam acesas.

Quando entraram, encontram os outros pilotos assistindo televisão na sala. Duo os cumprimentou com um belo sorriso e sentou-se ao lado de Quatre, que perguntou como havia sido o festival.

Trowa e Wufei olharam de canto para Heero. Nenhum deles era idiota para não perceber que os dois estavam ficando, mas não tinham nada a dizer também, pois eram muito reservados e não se importavam e nem queriam saber da vida dos outros. No fundo, eram egoístas. Talvez a guerra tenha feito isso.

Heero subiu as escadas que davam para o quarto. Ele estava com sono, queria descansar, e, além disso, não iria conversar com ninguém, pois nunca teve esse hábito. Duo ficou observando-o até que Heero sumiu da sua visão.

- Bom, foi muito bom! Você tem que ir, amanhã a noite é o último dia! – disse.

- Ah, eu não quero ir sozinho! – disse.

- Eu vou com você! – disse.

- Promete?

- Prometo! Você vai adorar – sorriu – e vocês não gostariam de ir?

- Não – disse Wufei – e eu irei embora amanhã à tarde para colônia L5! – disse friamente.

- Mas já? – indaga Quatre – porque não nos comunicou antes?

- Porque eu só recebi um comunicado que as minhas missões acabaram aqui, hoje.

- Hum! E depois, para onde vai?

- Não sei, Quatre. Mas agora eu irei dormir, boa noite para vocês! – disse, se levantando.

Duo e Quatre se olharam, já estavam acostumados com o temperamento do chinês. Wufei saiu da sala subindo para seu quarto.

- E quanto a você Trowa!

- Eu não gosto muito dessas coisas!

- Ah, vamos! Vai ser divertido! – disse Quatre.

- Não, obrigado!

Os dois acharam melhor não insistir. Trowa era como um cachorro rabugento, nada diferente de Wufei e Heero. Se ele dizia "não" e se insistiam, ele simplesmente iria rosnar e sair de perto das pessoas que estão lhe incomodando, que no caso eram Duo e Quatre.

Duo e Quatre ficaram conversando por um bom tempo na sala. Trowa havia ido se deitar já, e agora só os dois conversavam. Até que o sono veio e os levou até suas camas.

Nesse intervalo eu penso

Não quero me desfazer de você

Meu corpo parece ter se unido ao seu

Por favor, céus não me deixem agora

Eu quero ficar aqui

Eu quero ficar nos seus braços

Que os céus permitam que esse momento dure

Que os anjos ouçam minhas preces

Que as dores da inveja não caiam sobre mim

Que o desejo não me cegue

Sábado. O tempo estava muito quente, mas o céu estava carregado de nuvens, com certeza iria chover a tarde.

Na casa dos pilotos gundans, na verdade, era uma casa alugada para que cumprissem suas missões e depois cada um era para tomar seu rumo. Todos já estavam de pé, Wufei já arrumava suas coisas para partir. Trowa iria partir no dia seguinte, junto de Quatre. E Duo já havia terminado sua missão há um tempo, só estava ali, pois Heero estava ali.

Na mesa do café da manhã não tinha uma cena em família. Os pilotos gundans não eram uma família, isso nem se passava pela cabeça deles. Eles tinham simpatia pelo outro, mas seus corações fecharam-se completamente para uma vida de amor e família.

Duo se aproximou de Heero, que estava saindo da cozinha e lhe cumprimento com um sorriso maroto, depois foi andando até Quatre que estava no telefone com um dos seus amigos. Vendo que não tinha ninguém para ele conversar, olhou para Wufei, que simplesmente lhe jogou um olhar dizendo "se falar comigo, e ainda por cima besteiras, eu vou lhe destruir com meu Nataku". Então o americano olhou para Trowa, que lhe lançou um olhar similar, mas este era mais calmo e simplesmente o ignorou.

- Você ainda vai querer ir comigo ao festival, Duo? – indaga Quatre, ao sair do telefone.

- Sim, e por que não? – sorriu.

Quatre sorriu e depois olhou para Heero, que estava chegando na sala. Ele olhou para o japonês e perguntou:

- Heero, você também vai partir hoje?

- Sim.

- Que horas?

- À noite.

Duo sentiu uma pontada no coração, ele havia combinado de ir ao festival com Quatre. No entanto, acabou trocando Heero por isso. Ele olhou para o japonês, que nem sequer limitou-se a isso, e depois se jogou no sofá.

- Algum problema Duo?

- Não, nada... – mentiu.

- Parece preocupado.

- Não é nada.

- Tem certeza?

- Eu já disse que não é nada! – sorriu amarelo.

- Hum! – Quatre viu que não estava tudo certo, mas não queria contrariar seu amigo.

A manhã foi agitada na casa. Todos estavam arrumando suas coisas. Duo queria falar com Heero, mas este não parava de andar para lá e para cá.

Já era meio dia, a casa estava vazia. Quatre e os outros haviam saído para ajeitas as coisas. Apenas Heero estava no seu quarto, mexendo no seu laptop. O americano deu duas batidas na porta e entrou, sem receber nenhuma permissão ou impedimento do japonês, que simplesmente o ignorou.

- Heero?

Duo foi se aproximando da cadeira, quando ficou ao lado de Heero, viu que este escrevia um e-mail para o Doutor J. Ele leu o e-mail, vendo que Heero estava aceitando alguma missão.

- Heero, eu quero falar com você.

- O que quer? – indagou.

Duo ficou pálido. Heero voltou a ser aquele soldado frio de antes com ele. Ele tentou dizer algo, mas o choque foi grande demais, acabou engolindo suas próprias palavras.

- Er... Eu queria... Bom, você vai embora hoje?

- Você sabe que sim.

- Eu esqueci! – disse.

- E?

- Heero, por que agindo assim comigo?

- Não estou agindo de jeito nenhum, agora me deixe trabalhar.

- "Heero está com ciúmes?" – pensou. Duo não agüentou e começou a rir baixinho.

Heero tentou ficar quieto e continuar a prestar atenção no seu laptop, mas Duo tinha o dom de lhe tirar a concentração. O japonês se levantou e ficou frente-a-frente olhando para Duo, que encurvou seu corpo, buscando mais ar e fazendo sua risada continuar.

- O que foi?

- Nada...

- Duo... – Heero tocou em sua cabeça.

Duo levantou seu tronco e encarou o japonês que estava muito próximo dele. Heero abraçou sua cintura e foi andando até a parede encostando Duo nele, o prendendo, para depois beijá-los docemente.

Ficaram se beijando, até que Heero se afasta com os olhos fechados e começa a deslizar seus lábios pela bochecha, numa leve carícia, mas tudo teve um fim rápido. Heero se aproximou do seu ouvido direito e disse:

- Você vai ou não comigo?

- Eu... Vou! – disse, por impulso.

Heero sorriu e lhe deu outro beijo nos lábios.

- Mas Heero, eu vou depois. Diga-me onde estará.

- Colônia L232, no sul. Perto da fronteira, num hotel chamado "Cruzeira", número do quarto é: 23. Meu nome é: Pietro.

- Pietro?

- Sim.

- Quem escolheu isso?

- Doutor J.

- Que nome estranho! Não combina com você.

- Eu nem tenho um nome.

- Heero?

- Hum?

- Qual seu nome verdadeiro?

Heero se aproximou do seu ouvido e sussurrou. Duo sorriu e balançou a cabeça.

- Interessante! – comentou.

Heero ficou quieto e lhe deu mais um beijo.

- Te espero!

- Me espere!

- Agora preciso terminar isso! – diz, se afastando e voltando a sua cadeira.

Duo sorriu, e saiu do quarto dando um tapa de leve na cabeça de Heero, que simplesmente o ignorou, não tirando os olhos daquela máquina. A porta do quarto fechou-se, anunciando a partida do americano.

Duo foi descendo as escadas com um sorriso alegre no rosto, havia feito Heero feliz, e sentia-se bem com isso. Ele caminhou até uma grande poltrona na sala, jogando-se ali para poder assistir um pouco de televisão. Pegou o controle remoto e começou a passear pelos canais, parando em um filme qualquer.

A cada cena do filme, Duo arregalava os olhos e seu coração palpitava. Era um romance, onde o homem tentava convencer a mocinha de ficar com ele. No entanto, ela já gostava de outro, mas no final acabou ficando com ele, para que ele ficasse feliz, já que era um bom homem.

- "Meu Deus, isso é algum sinal?" – se perguntou em seus pensamentos – "Eu... eu vou com o Heero, sim, mas e depois? Vou namorar ele? Transar? Ahh... que... ahhhh!".

- O que está assistindo, Duo? – indaga Quatre, sentando-se no sofá ao lado.

- Um... Um... Filme.

Quatre sorriu e disse:

- Isso eu sei, mas que filme?

- Não sei, coloquei agora.

O loirinho analisou um pouco o filme e sorriu, dizendo:

- Ah! Conheço esse filme, é um casal que fica junto, mas a mulher não gosta dele, então o cara descobre isso no final do filme e se... Mata!

- Nãooooooooooooooo! – Duo gritou, se levantando com tudo.

- É triste, mas esse filme é muito idiota, não fique tão triste, Duo! – diz Quatre, estranhando sua reação.

- Mas... Não! – gritou novamente – "O... O Heero pode se matar... por minha causa! Por favor, céus não deixe isso acontecer!" – pensou em seguida.

- Duo?

O americano olha para cima, vendo que Heero estava no primeiro degrau da escada olhando-o. Heero havia se assustando com os gritos do seu amado companheiro, então não demorou muito para vir ao seu socorro, e ainda por cima, estava com sua arma inseparável no cós da sua calça.

- Ah... Heero?

- O que está acontecendo? Por que gritou?

- Nada, Heero. Ele ficou comovido com o filme! – disse Quatre.

- Comovido? – Heero achou estranho, Duo não era uma pessoa fácil de se impressionar.

- É... É... Bom, vamos falar de outra coisa! – sorriu nervoso – Ah, Heero, você não estava passando um e-mail para uma certa pessoa?

- Hum... – Heero não disse nada, dando meia volta, saindo dali.

Duo sentou-se novamente na poltrona e olhou para Quatre. O loirinho ficou pensando por um tempo, tentando achar alguma resposta para aquela atitude insana, mas estava ficando cada vez mais louco ao pensar nisso. Afinal, um ato insano não dá para ser muito bem analisado e se fosse, talvez a pessoa que tentasse analisá-lo também ficasse insana. Agora, loucuras à parte. Duo já estava melhor, havia mudado de canal e ignorava os olhares curiosos de Quatre.

Wufei entrou na sala junto de Trowa, os dois conversavam alguma coisa sobre as colônias. Era raro ver alguém conversando sobre assuntos banais.

- Então eu já vou indo! – diz Wufei, olhando para Duo e Quatre – Adeus!

O chinês foi embora, sem despedidas, sem choros, sem nada. Era sempre assim. Estavam acostumados com isso. Mas eles tinham vontade de serem abraçados? Tinham vontade de serem queridos? Tinham vontade de choros de despedidas? Talvez, mas seus corações estavam acostumados a não serem mais mimados. Pobres crianças, adolescentes, que nasceram e vivem em um mundo de caos e guerra.

Depois da partida, todos ficaram na sala, menos Heero que não saiu do seu quarto. Trowa estava sentado ao lado do loirinho, que nem sequer desviava os olhos da televisão. Duo ainda estava chocado demais com o final daquele filme medonho, e Trowa não conseguia desviar seu olhar da pessoa ao seu lado.

Todos ficaram em silêncio, deixando apenas a televisão falar, falar e falar. Então podemos perguntar uma coisa. A televisão faz um grupo de pessoas se calar, para que prestem atenção só nela? Talvez seja um mal, talvez não. Mas de uma coisa pode-se concluir. A televisão nos limitava muito.

O tempo passava rápido, uma mancha azul escuro cobria os céus anunciando a chegada da noite. Todos ainda vidrados na televisão, só desviaram os olhos para ver Heero descer as escadas com sua grande mala, onde com certeza não estava recheada de roupas, mas sim de armas, bombas, rastreadores, etc.

- Já vai Heero? – indaga Quatre.

- Sim.

- Boa sorte! – diz Trowa. No fundo, tinha grande orgulho de seu companheiro, afinal, Heero era o "piloto" gundam.

- Obrigado – disse, dando uma olhada geral para todos – Bom, adeus – disse, indo até a porta.

Quatre e Duo se levantaram. O loirinho abraçou o japonês, e disse um monte de coisas no seu ouvido.

Duo apenas ficou olhando para aquilo se perguntando se sentia ciúmes, raiva ou medo de perdê-lo, mas nada veio a sua mente. Talvez estivesse tentando forçar sentimentos que não estavam vindo no momento.

Heero não se aproximou de Duo, por simples vergonha de mostrar sua verdadeira face para os outros. Ele virou-se de costas e foi embora. O americano pensou em falar algo, mas travou. O que diria? Adeus? Tchau? Depois nos falamos? Não sabia.

Quando o soldado perfeito deixou a casa, todos se olharam. É, estavam se separando novamente. Mas sem pensar em mais nada, todos voltam para o só sentindo uma nostalgia invadi-los.

- Trowa...Vamos ao festival? – indaga Quatre.

- Que horas? – indagou. Poderia falar que estava com vontade de ir, mas também não gostava de se expor.

- Vamos sair daqui à 1 hora, o que acha?

- Tudo bem então – disse, após refletir.

Quatre abriu um lido sorriso, adorava ver todo mundo junto. Talvez ele fosse o único sincero dentro os cinco pilotos, o mais forte e com grande personalidade. Ele era apaixonante.

O americano nem conseguia prestar atenção na conversa dos seus amigos. Ele estava se matando, fazendo perguntas para ele mesmo, tentando a todo custo achar respostas.

- "Eu to como saudades? Será que ele ta com saudades? Eu devo ir até ele? Eu gosto dele? Ah... mas... e... nossa... eu... eu... será que senti ciúmes? Ah... eu to ficando paranóico! Mas antes paranóico a ter que ferir os sentimentos de Heero!" – pensava.

Quatre levantou-se e olhou para os pilotos, dizendo:

- Eu vou me trocar, vocês vão assim?

Trowa e Duo se olharam, e depois para suas roupas e resolveram se arrumar também. Não eram vaidosos, mas vestir-se bem de vez em quando mostrava de como gostavam de si mesmos e desejavam o melhor para seu corpo. Afinal, é impossível ver alguém que não tenha nenhum pouco de amor próprio. O que acontecem com pessoas sem amor próprio? Sem matam? Quem sabe.

Pentear seu cabelo, comprar uma roupa, comer algo que lhe faça bem a saúde, tomar um remédio contra gripe, malhar-se, etc. tudo isso poderia ser um pouco de amor próprio, e não ser visto como só vaidade. Era estranho imaginar os pilotos gundans, que se suicidariam em qualquer missão, comprando um xampu que melhorasse seus cabelos. No entanto, por trás desses pilotos manchados de sangue e mortes, tinha um ser humano, com um coração e idéias.

Quatre foi o primeiro a se trocar. Colocou uma calça de pano preta, uma camisa azul marinho e sapatos. Como sempre muito bem vestido e perfumado. Duo foi o segundo a descer, usando uma calça de couro preta, blusa vermelha e uma jaqueta estilo sua calça. E Trowa, o último a desfilar escada a baixo, estava usando uma calça jeans preta, uma blusa preta colada ao seu corpo e por cima uma jaqueta jeans preta.

Três lindos rapazes saíram de casa no carro do loirinho. No entanto, era Trowa que dirigia. Quem visse de longe aquelas figuras, poderia jurar que eram deuses, vampiros, anjos, ou qualquer coisa que desse a entender que eram magníficos. Mas eles nem sequer se importavam com isso, queriam mesmo se distrair.

O trio chegou ao festival. Estacionaram o carro no estacionamento onde Duo havia parado da última vez e logo foram andando até o local, que estava mais cheio que no dia anterior. Trowa estava próximo a Quatre, e Duo um pouco mais afastado.

- "Esses dois são meio estranhos. Será que são como eu e Heero?" – pensava, olhando para os dois – "Não, Quatre é mais tapado que eu, e Trowa é mais lento que Heero".

Ficaram se divertindo por um tempo, até que foram ao grande estádio onde teria as mesmas danças do dia anterior. Duo estava dormindo no banco, nem participava da conversa de Trowa e Quatre, e nem teria espaço para entrar nela também. Quando o americano abriu os olhos, Quatre e Trowa se levantaram, parecia que os organizadores do festival preparam uma chuva de fogos de artifícios. Duo levantou-se também, adorava aquilo.

OOO

Continua...

O que estão achando? Eu espero que estejam gostando. Esse conto é antigo e foi publicado em 2005, mas eu quero saber a opinião de vocês, pois eu preciso de incentivo num fandom que há muito eu adorava escrever, mas que agora está sumido.

Eu estou republicando em capítulos, pois eu era muito louca e postei mais de 150 páginas de uma vez. Espero que esteja melhor ler. E eu sei que quebrei muitas cenas do nada, mas foi o jeito.

Obrigada ao apoio de todos.

Por Leona-EBM