NOTAS INICIAIS: Yo, pessoas! Agora vocês se perguntam: what's this? Bem, eu irei descrever a primeira vez do casalzinho, já que ela ficou muito implícita na fic. PORÉM, como sou muito perfeccionista, não me contentei em escrever somente a relação, e sim tudo que ocorreu até que ela se consumasse de fato. Serão uns 2 capítulos de "introdução" até a cena, e mais 3 "bônus" (vocês vão entender mais tarde). Boa leitura!
GAROTAS TAMBÉM SÃO PERVERTIDAS - ESPECIAIS
Especial - Parte I - Relações
Como chegamos aqui, afinal?
Para explicar-lhes, pretendo regressar na complexa teia - e não linha, como teimam alguns - temporal.
Voltaremos alguns meses. Dois meses, na verdade.
Apresento-lhes agora o início de tudo. Ou, ao menos, deste episódio em particular...
Sentia orgulho por ele, embora nunca fosse admiti-lo.
Sentada em seu costumeiro lugar na sala do Conselho Estudantil, Misaki fitava o mais novo presidente: Kanou Soutarou, 38° a assumir o cargo no Seika. As eleições ocorreram no dia anterior, e mobilizaram tantos alunos quanto a última - os calouros e segundanistas haviam endeusado o garoto e lhe renderam muitos votos. E a morena, que se formaria ao final do ano, obviamente não participou como candidata.
Apesar disto, todos (entre professores, membros do Conselho, alunos e até o próprio Kanou) concordaram que ela permaneceria a exercer sua função até o fim do ano letivo, devido à esplêndida habilidade com que gerira as funções administrativas. E como não poderia deixar de ser, chamou o rapaz de óculos logo após sua vitória - não deixaria para tratar mais tarde todas as implicações e responsabilidades daquilo que, para ela, era talvez a mais recompensadora atividade que realizara.
- Já deve saber porque te chamei aqui. - Foi direto ao ponto. O moreno acenou em concordância, ainda que afetado por um ligeiro desconforto devido ao tom autoritário que ela utilizara. Misaki, no entanto, amenizou as próximas palavras com um sorriso amistoso: - Antes de tudo, parabéns.
Kanou agradeceu, um tanto surpreso; viera preparado (ou ao menos era sua pretensão) para um imediato e longo discurso sobre o seu futuro posto. Suas expectativas logo foram atendidas, ainda que de maneira não-convencional: a presidente apontou para uma carteira onde estavam empilhados vários encadernados grosseiros e espessos. Levantou-se, como se para incentivá-lo a segui-la.
- Estes aqui são os relatórios de todos aqueles que já passaram pela presidência.
E ela deu início à uma detalhada explicação sobre as informações contidas em cada um dos volumes, atentando-lhe o fato de que separara apenas aqueles que continham dados úteis para a futura administração. Ou seja, pressupôs ele, a morena lera cada um deles para retirar os que não julgava necessários ou que tratavam de problemas já solucionados. Era, realmente, muito dedicada.
- Em fevereiro, quando acabarem as minhas tarefas - denotou ela, ao final. - Vou te entregar meu próprio relatório. Até lá, leia estes aqui. - Em sua sentença não haviam sinais de dúvida: era uma ordem. Ele. Teria. De ler.
Ele acenou, afirmativamente. Contudo, apesar da responsabilidade enfadonha e demorada que lhe fora designada, não julgou demoníaca a exemplar aluna à sua frente - ela redobrara a própria carga de atividades para tornar, não mais fácil, e sim mais produtivo o trabalho de seu sucessor. Esperava excelentes resultados, interpretou o rapaz de capuz diante de tal gesto. E estava correto em suas suposições.
- Não vou ficar repetindo o que já te disse da última vez - esclareceu ela, em um tom mais leve. Citava, é claro, a anterior eleição, na qual o elogiara e admitira que aceitaria perder se fosse ele o vencedor, pois confiava em suas capacidades. - Mas fico mais tranquila ao saber que o colégio está nas mãos de uma pessoa como você.
- Eu... nem teria pensado em concorrer de novo - reconheceu ele, ao recordar-se de sua traumática primeira experiência, na qual fora obrigado a competir numa tentativa dos alunos do sexo masculino de retirar o "demônio" do controle do Seika. - Mas suas palavras daquela vez... me motivaram. - Foi uma importante etapa no processo de adquirir confiança em si mesmo. - Então... obrigada, Ayuzawa-san. - Surpreendida, pois desta vez não foi designada através de seu cargo, ela apenas sorriu em concordância. E ele complementou: - Vou tentar ser tão esforçado quanto você, presidente.
- Ah, estou contando com isso. - Seu sorriso era perigoso. Ele não pôde evitar um arrepio involuntário. - Senão vou voltar aqui e te encher de porrada até que as coisas se ajeitem de novo. - Ela era medonha, pensou o moreno.
Interrompendo-os, o celular de Misaki vibrou, estridente, ao anunciar uma nova mensagem. Ao pôr os olhos sobre o conteúdo, suas feições converteram-se numa carranca rapidamente. Com urgência, ela reuniu seus pertences e avisou ao rapaz que poderia tirar qualquer dúvida com o vice-presidente; despediu-se e partiu, rumo às escadas. Da direção contrária, como se consciente das palavras de sua superiora, veio Yukimura, que sorriu largamente ao encontrá-lo.
- E então, Kanou-kun? Como foi com a presidente? - Já havia parabenizado sabe-se lá quantas vezes o amigo circunspecto.
- Não sei se minha cabeça será capaz de reunir tanta informação - revelou ele, sincero.
- Ela é incrível, não é? - O orgulho e fidelidade incondicionáveis implícitos na indagação retórica eram comoventes. E o moreno mais baixo informou-lhe, ciente de sua fobia: - A próxima vice-presidente será uma garota. Não tem nenhum problema, Kanou-kun?
Imediatamente, veio à memória do rapaz de óculos o que Misaki lhe dissera naquele fatídico dia no qual se escondera durante o intervalo para fugir de seus entusiasmados promotores de campanha. Algo sobre ampliar horizontes. Algo sobre proteger pessoas. E ele prometera a si mesmo que honraria aqueles que lembraram de seu nome desta vez. Uma mulher a auxiliá-lo não poderia ser um empecilho se pretendia gerir todo um colégio. Seria uma experiência. Enfim respondeu, resoluto:
- Nenhum problema, Yukimura-senpai.
Não havia como evitar, sentiria-se sempre desconfortável naquele ambiente.
Toda a decoração exuberante, que para alguns era uma elegante ostentação de riqueza, para ela eram apenas adornos desnecessários e excessivamente requintados - talvez devido à sua origem humilde. E, mais que as paredes e janelas inspiradas em exemplares europeus ou a mobília graciosamente esculpida, o motivo maior de sua repulsa era aquele que ocupava a posição central da sala. O "Tigre" de Miyabigaoka, Igarashi Tora.
- Seja bem-vinda, Ayuzawa Misaki - saudou o loiro quando a colegial transpassou as portas duplas, acompanhada pelo vice-presidente. - Não quer se sentar?
Ciente de que a única opção disponível eram os assentos do sofá ao lado dele, a morena negou terminantemente, mantendo-se de pé. Não pretendia se demorar ali - não queria, na verdade. Encarou o representante máximo daquela que era a instituição de ensino mais influente da região, buscando o motivo pelo qual lhe chamara com tanta urgência. Ela nunca baixaria a guarda em sua presença, ele pensou.
- Também não deve querer nenhuma bebida, não é? - O sorriso escarnecedor que acompanhara sua indagação indicavam que ele, assim como ela, lembrou-se de seu último "incidente" envolvendo líquidos. Apesar de suas precedentes experiências, Misaki não pôde deixar de se incomodar com a inconveniência daquele sujeito. Para que perguntara, se já sabia a resposta?
Com um leve aceno de seu superior, Maki partiu, fechando as portas e dando-lhes privacidade. Como se imediatamente consciente de que estavam sozinhos, Tora deixou-se relaxar: cruzou as pernas e recostou um dos cotovelos sobre o braço demasiadamente rebuscado do móvel, apoiando seu queixo sobre a mão suspensa. Junto dela, não havia necessidade de encenações - podia agir como si mesmo. De qualquer forma, ela o repeliria.
- Para que me chamou, presidente Igarashi? - Embora com polido tratamento, ela não escondeu sua antipatia. Assim era melhor. Ele já havia se cansado de falsos bons modos.
- Tão direta. - Mais uma vez, seu humor distorcido acompanhou a sentença. Porém, ao prosseguir, deixou de fitá-la para mirar o vazio. - O Seika vai perder uma ótima presidente.
- Seus elogios não me convencem - revelou ela, pois já conhecia a inclinação do rapaz para representar o papel que lhe traria maiores benefícios. Além disso, ansiava pela real causa daquele diálogo. Aonde ele pretendia chegar?
Ao rir, ele traiu suas próprias palavras. - Ah, estou sendo sincero. - Apesar da abordagem, era verdadeiro em sua essência. Como dependia do interesse dela, iniciou-se num tópico que certamente a atrairia: - E você está se tornando bem famosa entre nosso meio, presidente Ayuzawa. - Obviamente, ela não estava inclusa no "nosso", pois ele referia-se ao alto círculo de relações do Japão.
- É irritante dizer as coisas pela metade - advertiu ela, ainda séria. No entanto, de acordo com o que ele esperava, a curiosidade dela despertou ao assimilar o sentido implícito na frase.
- Aquele cara está realmente sério em relação a você. - Pela primeira vez, a sentença veio desacompanhada de um sorriso sarcástico. Ainda que sua expressão denotasse a arrogância costumeira - e quase que exigida - da classe nobre, para a morena era menos incômoda do que, em sua visão, eram risos desaforados de mau-gosto.
- O que quer dizer? - Embora estivesse à par das reuniões de família devido à conversas com o namorado, não conhecia toda a situação por completo, pois Takumi permanecia alheio às mais importantes decisões - e gradualmente excluía-se por completo.
- Digamos que tanto os Walker quanto os Usui não são muito fãs do relacionamento de vocês. - Seu tom era mais leve, e ao completar, permitiu-se gesticular displicentemente: - Mas ele não parece se incomodar com isso.
- Usui nunca se incomodou com a opinião de ninguém - reconheceu ela, pois era a única para a qual o alienígena pervertido era honesto e aberto. E, principalmente, porque ele não se importaria com pessoas que só lhe deram atenção quando esta atendia a seus próprios interesses.
- Está arriscando todo um futuro brilhante por uma mulher - lamentou o loiro, quase que para si mesmo. Somente a ideia de fazê-lo já lhe trazia repulsa; a atitude, então, era impossível.
Não obstante a personalidade difícil, o aparente desleixo e o exacerbado egocentrismo, percebeu Misaki, Igarashi era responsável em relação à sua posição naquela cruel hierarquia "aristocrática". Não poderia continuar a julgá-lo, teimosamente presa à um estereótipo que adotara ao conhecê-lo, quando entendeu todo o seu esforço. E somente ao notá-lo ela, enfim, compreendeu tudo do qual o namorado desistira. Por ela. Não iria, no entanto, envergonhar-se ou oprimir-se diante do fato - ele já havia se consumado; restava a ela apenas aceitá-lo.
- Aquele alien pode conseguir um futuro brilhante ele mesmo - garantiu ela, segura das habilidades sobrenaturais de seu parceiro.
Ouvi-la pronunciar aquelas palavras (principalmente a alcunha pela qual designava Takumi) com tamanha certeza e determinação era hilário o suficiente para que Tora gargalhasse de maneira desmedida. - Vocês dois são um par muito interessante - admitiu, ao final, ao recuperar-se.
- Que bom que eu te divirto - comentou ela, perdida e um tanto impaciente diante das inusitadas nuances de temperamento daquele que ocupava um cargo semelhante ao seu.
- Não pretendo te segurar mais aqui. - Suspirou ao levantar-se; trataria de negócios dali em diante. - Este ano, a formatura do Seika e seus preparativos serão de responsabilidade do Miyabigaoka.
- Por... quê? - indagou ela, surpreendida e levemente desconfiada. Precisava confirmar suas suspeitas.
- Eu realmente não preciso explicar, não é? - Seu olhar a perscrutava; contudo, Misaki não se intimidou e assentiu. Então as mãos da elite do país iriam interferir nas celebrações de um pequeno colégio somente porque ela, como uma das "peças" daquele jogo, estava envolvida? Ela não poderia discordar de Usui ao considerá-los irritantes. - Além disso - prosseguiu o rapaz, com o tradicional sorriso zombeteiro: - obras de caridade para plebeus irão atrair uma atenção positiva para os Igarashi, de qualquer forma.
Prestes a proferir uma réplica mordaz ao modo pejorativo com o qual ele denominara ela mesma e seus colegas, a morena interrompeu-se. Ainda que a causa trouxesse vantagens ao loiro, encarregar-se de duas formaturas exigiria dele uma descomunal dedicação. Novamente, assombrou-se com o empenho que ele empregava quando se tratava da manutenção (e almejada elevação) de seu próprio status.
- Obrigada por me ajudar, presidente Igarashi - agradeceu com franqueza e amenidade.
Devido à surpresa, a expressão dele despiu-se de toda a arrogância e escárnio e adquiriu um aspecto quase indefeso. Permaneceu assim por um tempo mais, até desviar os olhos para o chão enquanto suspirava e afagava a própria nuca. A resposta da colegial foi mais do que inesperada - era impertinente agradecer por algo que ele faria apenas para sua própria conveniência.
- Huh, essa sua sinceridade irrita - murmurou ele, sério mais uma vez. Atestou: - Continua idiota e deselegante. - Porém, no emaranhado de sua mente confusa, a sentença não era uma ofensa, ainda que assim fosse interpretada por Misaki.
- Sinto muito, se não sou duas-caras como você - repetiu ela, indignada, as mesmas palavras que dissera em um anterior diálogo no qual também trataram da família Walker e suas implicações.
A resposta de Tora foram mais gargalhadas; as reações exageradas e espontâneas da garota sempre o divertiriam. Com um anúncio prévio, Maki adentrou no cômodo para notificar seu presidente de que sua noiva o aguardava - e o loiro deixou de rir para confirmar o compromisso. Aproveitando-se da oportunidade, a morena dirigiu-se às portas para partir, e encarou uma última vez aquele rapaz. Aquele olhar; aquele sorriso. Aquele sarcasmo.
- Foi bom te ver de novo, Ayuzawa Misaki.
Ela não poderia dizer o mesmo.
Contudo, internamente ele a amaldiçoava. Aquela mulher continuava tão interessante quanto o fora das últimas vezes. A sensatez, no entanto, o impedia de avançar naquela que era uma causa perdida, por alguém que despertava nele talvez o desejo mesquinho daqueles que sempre tudo tiveram, e frustravam-se ao não obter algo realmente dificultoso. Sim, a queria porque era inalcançável - e assim deveria manter-se, ou deixaria de atraí-lo.
Simulou seu melhor sorriso ao receber Chiyo, e, aos fundos do recinto, como seu auxílio constante, a velá-lo das sombras, Maki acenou em concordância - seu superior estava agindo de modo prudente desta vez. Negando a si mesmo, uma vez na vida.
NOTAS FINAIS: Vou assumir: Igarashi é meu personagem preferido. Esse jeitinho arrogante, egocêntrico e sarcástico dele me conquistou 3 Já Kanou... ah, o Kanou é só o moreno mais fofo, tímido, gracinha e astuto de todo o mangá 3 Dois personagens muito amados dividiram a cena com a Ayuzawa desta vez, e mais dois dividirão as atenções com o casal no próximo. Até o/
(E aí, gostaram? xD)
