Autora: Anna Lennox
Créditos à ex-autora brilhante: Camila Castle
Beta: Lanah
Resumo: Quando a paixão explode, tudo muda de cor, seu bom-senso vai para o espaço junto com seus ideais. Ela não escolhe a hora para chegar... Simplesmente chega e arrasa tudo com a força de um furacão. Shoran nunca pensara que seria levado por uma paixão.
N/A: Bem, como todos já sabem, ganhei esse incomensurável presente da maninha Cam.Porém não conseguiria ir adiante se não mudasse alguns detalhes... Mas mesmo assim o capítulo continua sendo mesmo que há muito tempo atrás foi postado, apenas recomendo que leiam e comente esse capítulo, para sim entender o próximo que já estar por vim.
Boa Leitura!
Sedução
Setembro de 2003
Shoran Li era mais um empresário renomado, dono de um das maiores empresas na área financeira, lidava com câmbio, infração, alta e queda do dólar, o crescimento do euro, a oscilação da cotação do barril de petróleo pela tensão bélica no Oriente Médio e, por fim, a desvalorização do iene. E, aos trinta e nove anos, sentia-se como um moleque de dezoito, recém graduado em medicina. Não que tivesse prestado para medicina, porém, na juventude, esse fora o seu maior e abortado plano.
Era vibrante, adorava música e, antes de se casar com Tsui, era figurinha marcada em eventos sociais. Namoradas, festas em iates, paparazzi por todos os lados, dinheiro jogado pela janela e muito, mas muito tempo livre. Era de uma família rica, muito famosa no ramo das finanças cambiais, mas mesmo assim não subira na vida pelo elevador da LTDA. Sempre fizera questão de distinguir o seu trabalho do dinheiro e da influência do pai.
E, sim, aquele seu ar autônomo sempre fora um ponto de discórdia entre eles. Ser auto-suficiente e admitir isso, a ponto de não ser o sucessor direto de Massuda, fora demais para a paciência do empresário. Nas entrelinhas, uma raposa velha como o seu velho, sabia que ele, Shoran, era o único que ocuparia com êxito a presidência da tradicional consultoria financeira. Seu irmão, Kaito, não tinha dom nenhum para lidar com preços, juros ou câmbio de vários paises, preferia a divisa a ter que fazer cálculos promissores. Certamente, o clã Li não era e nunca seria uma família ordeira. Eram seres de opinião própria que não gostavam de receber críticas.
E, se tinha algo que ainda o magoava, era o fato de nunca ter se dado bem com seu pai. Hideki era um homem frio e ganancioso, queria dinheiro e mais dinheiro, que seu nome de preferência o elevasse aos céus e, se possível, até mesmo às estrelas, talvez fosse por isso que, todos os anos, milhões saíam de suas empresas diretamente para o bolso do projeto governamental de levar o primeiro japonês à Lua. Eram seres completamente opostos, heterogêneos e que nunca dariam certo juntos. Shoran trabalhava por prazer e não por dinheiro, embora já tivesse feito seu primeiro milhão há muito tempo.
Dinheiro era sinônimo de problema...
Tsui mudara da água para o vinho, agora se portava como uma dama afetada da alta sociedade de Tókio, já não era mais sua mulher, sua amante e mãe de seus quatro filhos há muito tempo. Por anos vivera um casamento feliz, ela se satisfazia em apenas ser sua mulher. Enfrentara tudo com ele, até mesmo passara fome quando ele gastara tudo para construir o seu sonho de adolescente rebelde. Na época, já tinham dois filhos ainda bebês. Fora difícil, mas hoje era rico, tão rico, que Tsui deixara de amá-lo para traí-lo com o seu dinheiro.
Dirigindo seu carro importado pelo trânsito caótico de Tókio, Shoran pensava no encontro que teria com o seu pai em menos de uma hora. Seria mais um round naquela briga interminável, entre gostar e poder. Hide era um senhor de oitenta anos, já estava na hora de se retirar da diretoria da Ltda Ryolin it finances, já não era mais um jovem. Ele, sem dúvida gritaria, mas Shoran, como filho, não desistiria fácil daquela vez! Não seria ele a substituí-lo, mas conhecia vários executivos competentes que poderiam muito bem fazer isso com dignidade e limpeza. Afinal, trabalhar naquela empresa era uma tensão. Como era famosa, sempre concorria para ganhar obras do governo, e quase sempre ganhava. Aquilo era revoltante, até mesmo parecia haver um sistema de "favorecimento explícito" entre a "It Finances" e o parlamento.
Irritado com a demora no trânsito, Shoran pegou o celular. Ligaria para a secretária de seu pai, a fim de comunicar que chegaria novamente atrasado à reunião.
-Moshi Moshi, Ltda. Ryolin it finances a sua disposição. - soou a voz rouca e sensual do outro lado da linha.
Toda vez que falava com a bela e jovem secretária de seu pai, uma corrente elétrica de desejo tomava o seu corpo com a força de um tufão. Sakura era jovem demais para ele, tinha a idade de sua filha mais nova... Era frustrante perceber que jamais daria vazão a sua paixão. Não gostava nada do roteiro capcioso de Lolita e Tiozão que aquele desejo atroz lhe passava.
-Aqui é Shoran, Sakura.
-Ah, senhor Li, estava tentando encontrá-lo há horas. -falou ela em tom aflito.
-O quê aconteceu agora? – perguntou, indócil.
-Senhor Massuda, não poderá comparecer à reunião de hoje com o conselho, pois teve que ir a seu cardiologista, e bem... bem...
A voz dela o estimulava a ponto de cometer uma loucura, como bater seu carro no poste mais próximo ou não prestar o mínimo de atenção ao que ela discorria hesitante.
-Ele deixou ordens explícitas para você comandar a reunião. - falou rapidamente para não dar margens a erros.
-O quê? Como assim, ordenou?
-Eu sei que isso é constrangedor, mas o meu papel aqui é passar recado. - com a voz arrastada, completou. – Entretanto, foi isso mesmo que ele ordenou.
Aquilo era ridículo! Era mais um plano sórdido de seu pai para manipulá-lo a fazer o que não queria. Ele sempre tinha aquelas idéias mirabolantes e absurdas, devia era dar meia volta e voltar para sua empresa. Ltda Ryolin it finances era passado e não queria assumi-la... Nem pelo bem-estar de seu pai.
-Por favor, Shoran, se não for pelo seu pai, faça então por mim, sabe o quanto ele é intolerante... e se desmarcar uma reunião do conselho sem a autorização dele, amanhã estarei no olho da rua. – implorou, nervosa.
Era a primeira vez que ela o chamava pelo nome... E aquilo soou como música em seu ouvido atormentado pelos toques insistentes de buzinas naquele maldito congestionamento. Faria tudo por ela, e ela sabia disso, tanto que se utilizava disso para manter seu emprego.
-Eu o ajudo na reunião, faço tudo, menos presidi-la. – falou, acanhada com o seu silêncio. - Então, Shoran, vai me ajudar?
Era um pequeno dilema. Ajudá-la seria dar esperança infundada a seu pai de que um dia, quem sabe, à base de muita persistência, assumiria a presidência da empresa e, caso falasse um não, certamente ganharia uma inimiga pela qual sentia uma forte e inegável atração.
-Sim, Sakura, farei de tudo para estar ai em no máximo vinte minutos. -falou cansado e, ao mesmo tempo, aliviado por ver que o trânsito andava.
-Muito obrigada, Senhor Li...
-Por favor, Shoran. – falou, galanteador. - Pois senhor está no céu, e eu ainda me sinto jovem.
-Claro, sen... quer dizer, Shoran. - gracejou. - Então... Até mais...
-Até mais, Sakura. - falou desligando o celular.
A jovem morena de olhos encantadoramente verdes o tinha cativado desde o princípio. Era uma atração que mexia com os seus nervos, pois o atormentava incontáveis vezes durante o dia. Enquanto dormia, comia, trabalhava ou, até mesmo, quando fazia sexo com sua esposa, pensava na estonteante secretária de seu pai. Era um vício que no começo era paixão, mas acabara virando um jogo de tara e amor.
Porém, não era livre...
Shoran Li sentia um calor delicioso subir sua espinha dorsal, apenas por vê-la e estar a seu lado. Ela era linda, tinha o corpo perfeito, os cabelos castanhos sedosos, e uma perna de dar inveja a qualquer modelo. Era baixinha, mas isso não tinha importância, pois seus traços quase de uma menina não transpareciam a idade que tinha. Era inteligente e perspicaz, e sabia muito bem do que falava, percebera isso na reunião em que ela dera todas as diretrizes de um contrato na ponta de sua orelha esquerda, apenas emprestara a voz para seus pensamentos brilhantes e sua mente incalculável.
-Você foi perfeita, Sakura. - elogiou minutos depois do término da reunião.
Ela corou envergonhada, era tímida e percebia isso pela forma que sempre abaixava os olhos quando o via. Era um sinal de respeito e admiração.
-Obrigada, não seria ninguém sem a preciosa experiência que ganhei observando o seu pai trabalhar.
Ele sabia disso, e sua briga com ele não foi por causa de seu talento, e sim por sua teimosia.
-Sem você, não teria conseguido fazer nada.
-Conseguiria sim, eu confio em você. - falou sorrindo quando olhava para o relógio, já passava da seis, já passava da hora de ir para casa. Não que alguém a esperasse, mas...
-Bem, vou arrumar a mesa e ir para casa. - falou ela, relaxada.
Era bom vê-la tranqüila, fora bom também tê-la só para si durante três horas, nas quais visualizara bem o seu corpo e as suas lindas e torneadas pernas. Naquele momento, não queria deixá-la ir. Porém, tinha uma festa beneficente, a qual Tsui fizera até mesmo tortura psicológica para que ele não desistisse de ir. Caso contrário, ela certamente iria ter um ataque.
Olhando para o movimento do quadril sob a saia colada no corpo, Shoran disparou, impulsivamente:
-Que tal tomarmos um café e depois jantarmos em algum restaurante? - falou quando ela pegava sua bolsa.
-Adoraria, mas... - falou ela, surpresa pelo convite. Tivera uma época que fora maluca por ele, chegara até a recortar várias reportagens nas quais ele aparecia e a colá-las na parede de seu quarto. Todavia, seduzi-lo estava fora de questão, o cara tinha uma família e uma esposa que parecia amar, além de netos.
-Já tem outro compromisso?
-Não, mas acho que você devia ir para casa ficar com a sua esposa e com os seus filhos.
A força do seu desejo pujante o fez mentir.
-Isso não é problema. Tsui não estará em casa hoje... e meus filhos já estão um tanto crescidinhos.
-Para os pais, os filhos sempre são crianças.
-Eu sei. - falou rindo. - Linda já tem dezoito anos, já sabe se cuidar sozinha. Então, você aceita meu convite?
Sakura apenas sorriu sedutoramente.
Luxúria, paixão, estremecimento... Orgasmos...
Não desgrudava os olhos dela. Era a mulher mais linda do restaurante, e sabia disso, tanto que o seduzia, a ponto de deixá-lo louco de vontade de beijar aquele lábio carnudo. Ele também sabia que era observado pelas mulheres, mas nenhuma era tão bonita quanto Sakura. Estava perdido... Estava perdidamente apaixonado por ela. E ela sabia disso, tanto que flertava despudoradamente com ele.
-Nossa, já é tarde... – falou ela, surpresa ao constatar a hora, naquele minuto já passava da meia-noite. - Amanhã tenho que acordar cedo...
-Espera... - falou segurando a mão dela enquanto levantava da mesa. - Eu vou levá-la.
Dez minutos depois, estavam a caminho da casa de Sakura. Sentido o ritmo do coração acelerar, tinha certeza de que depois daquele dia seu relacionamento, tanto com a esposa quanto com Sakura, jamais seria o mesmo.
-Deve estar cansada.
-Não, estou agitada, se não tivesse que acordar cedo amanhã, passaria horas jantando com você... Daí poderíamos ir a uma boate, com música eletrônica, cheia de luzes e poderíamos dançar a noite inteira. - falou sensual, mandando às farpas a sensação de que estava agindo de maneira errada ao seduzi-lo. Ele já não era mais um menino, já sabia muito bem o que queria e parecia querê-la com tanta intensidade quanto ela o queria.
-Você gosta de dançar? - perguntou, sentido o corpo se eriçar de luxúria.
-Amo! É tudo na minha vida. – falou, aproximando o rosto do ouvido dele. - É minha segunda paixão...
Entrando no clima e mandando tudo para o inferno, Shoran jogou com a sedução.
-E qual é a primeira? – perguntou, roçando os lábios no rosto dela, enquanto ela tirava o casaco, ficando fácil de ver a curva torneada dos seios.
-Você... - falou com a voz rouca.
-Como?
-Você... Eu te quero. - falou beijando o pescoço dele e, em seguida, acariciando seu peito. - Quero que seja meu primeiro homem... Sei que estou agindo como uma vadia, pois você é...
-Shhh, vamos viver o momento sem culpas ou arrependimento. – falou, parando o carro na frente do prédio simples em que ela residia. - Eu também te quero... E muito.
Pegando suas mãos, Sakura o levou a caminho de seu apartamento.
Os gritos ensurdecedores...
Que quero mais...
E mais...
Com mais força...
Com mais vontade...
Até gritar que sim, e não tenho culpa por te amar.
Estava perdido naquele corpo. Nunca se sentira tão completo e satisfeito em toda a sua vida, pronto para amá-la mais uma vez. Mas não era egoísta, pensava no bem-estar dela primeiro. Ele fora o primeiro homem da vida daquela garota. Sabia que se sentia um animal orgulhoso, o que não era louvável. Afinal, ela sofrera, via isso pela pequena mancha de sangue no lençol. Devia se orgulhar de tê-la feito sentir prazer com ele...
Beijando-a no rosto, admirou o corpo nu que repousava sobre o seu. Sabia que seria difícil esquecê-la depois daquela noite... Seria impossível ignorar, e voltaria sempre a procurá-la, o que não era justo com nenhuma parte envolvida no caso. Não gostava de estar enganando a mulher, mas não pediria o divórcio apenas por aquele motivo. Sabia que estava mais do que na hora de colocar um ponto final naquele insustentável casamento de mentira. Estava cansado de ponto e vírgula.
Saindo dos braços dela, Shoran forçou a vista para olhar os ponteiros de relógio. Já passava das quatro da matina, e Tsui deveria estar ligando para a polícia a sua procura.
-Droga...
Praguejando, pegou seu celular, o qual havia desligado ao sair da empresa de seu pai. Havia cinqüenta e quatro mensagens a sua procura. Indo para o banheiro, pelo simples fato de não querer incomodar Sakura com o barulho, discou para casa.
-Papai, é você? - perguntou a voz ofegante de Linda do outro lado da linha.
-Sim, filha.
-Onde você está?
-No apartamento de um... um... amigo.
-E porque não ligou antes? – perguntou, desconfiada.
-Meu celular pifou. - mentiu pela segunda vez naquele dia. Isso já estava virando um hábito irritante, pensou mordendo os lábios.
-Ah, meu Deus... o senhor não sabe o motivo que nos fez procurá-lo tão desesperadamente. - falou ela, em sobressaltos.
-O que aconteceu Linda?
-Mamãe sofreu um acidente...
Eu não quero sentir culpa pelo meu desejo...
Esse sentimento agostiniano, que cobrava valores de meu pecado...
Eu amo o meu corpo e tiro dele prazer da melhor forma de que se tem registro...
É meu corpo... apenas meu... e eu faço dele o que quiser...
Ele fora embora sem deixar sequer um bilhete. Sentia-se um crápula por sair enquanto ela dormia. Mas Tsui precisava dele, em vinte anos de convivência, ela jamais precisou tanto dele como agora precisava. Seu estado era crítico a ponto de nem os médicos darem muitas esperanças.
Descobrira que nunca a amara, mas tinha filhos com ela e uma vida que lhe pedia seu sacrifício agora. O mesmo holocausto que ela um dia fizera em nome do seu maior sonho. Só esperava que Sakura, mesmo com o seu silêncio, compreendesse e o perdoasse...
Continua...
