O insistente barulho do despertador o acordou, mas nem por isso o menino acordara emburrado, o que geralmente acontecia. Era sábado e o simples fato de passar dois dias fora daquela prisão da qual chamava de casa, era mais que o suficiente para animá-lo. Levantou-se em um pulo, tomou um rápido banho e jogou algumas roupas dentro da mochila, trancando seu quarto com pressa e descendo as longas escadas do casarão.

- Takanori-san! Espere. - A governanta o chamou, parando-o na porta. - Matsumoto-san quer falar com o senhor.

- Eu estou atrasado, falo com ele quando voltar.

-Mas senhor, ele disse que era importante...Melhor ir vê-lo. Está no escritório.

Suspirou, cedendo a insistência da senhora que sempre cuidou de si, e esboçando um leve sorriso junto com um "Está bem." sussurrado, dirigindo-se para o escritório e já se preparando mentalmente para mais um sermão de seu pai.

- Bom dia, otto-san.

- Takanori, quero que conheça o senhor Suzuki Akira. - Sem ao menos responder ao comprimento do filho, o atropelando com palavras, apontou distraído em papéis para o loiro em um canto do cômodo. - Ele será seu novo segurança e não ouse fazer sei lá que raios você costuma fazer para dar fim a ele, entendeu?

- Há...Outro segurança? - O tom de deboche em sua voz rendeu um olhar repreensivo do pai, mas pouco se importou, observando o novo segurança por inteiro, escondendo uma risada cínica.

- Ele irá com você onde for, e acredito que com a capacidade de Suzuki, você não escapará tão fácil...Por favor, facilite o trab... - O senhor foi interrompido pelo barulho alto da porta batida com força desnecessária, suspirando em seguida e voltando a dar atenção à seus papéis. - Pode começar seu trabalho agora, Akira.

E novamente a porta foi batida, mas sem violência. O baixinho andava apressado, saindo de casa com o outro loiro que correra para alcançá-lo. Bufou contrariado, girando os olhos em ter o de terno em sua cola. Com passos rápidos, conseguiu ainda pegar o ônibus, que embora não precisasse realmente do transporte publico, negava-se pegar um dos carros do pai. Esperou paciente sentado no banco, com o loiro em pé no transporte, mesmo o banco ao lado estivesse vago, fato que incomodou o menor seriamente.

- Você não vai sentar não?

- Não, Mats-

- É Ruki. Se vai me perseguir pelas próximas horas, acostume-se com esse nome.

E fim de papo entre os dois. Ruki bufou novamente com a antipatia do segurança, levantando-se sem ao menos pedir licença ao mais alto e informando pelo sistema que desceria no próximo ponto. Andando um pouco mais, logo estava frente ao prédio de Aoi. Não precisou ser anunciado pela portaria porque a mesma já o conhecia, e o clima nada simpático durou do elevador à entrada do apartamento do moreno, abrindo-o com a cópia da chave.

- Aoi! Cheguei. - Jogou a mochila no sofá, procurando a presença dele pelo local.

- Estou no quarto, vem cá. - E quando abriu a porta do quarto, o moreno não se virou da tela do computador para cumprimentá-lo. - É sério, eu preciso me aposentar, Ruki, acredita que eu estava fazendo provas? Em um sábado de manhã?

A gostosa risada de ambos invadiu o local e só assim o dono da casa se levantou e foi em direção à Ruki, abraçando o menor e logo notando a terceira pessoa no apartamento.

- Quem é o de terno e grava?

- Meu mais novo segurança, legal, né? - Não evitou o tom divertido, tirando um sarro do loiro, que se conteve para não respondê-lo. - É o...Su...Suzu...Suza...Suzaki alguma coisa, eu sei lá, algo do tipo.

- É Suzuki Akira.

- Suzuki Akira... - Aoi pareceu pensar um pouco, reconhecendo o nome de algum lugar. - Por um acaso é amigo de Kai? Lembro-me dele falar sobre alguém com esse nome...

- Sim, eu sou. - E as respostas secas e curtas pareciam sempre encerrar qualquer tipo de assunto, o que fez Ruki se distanciar e buscar o telefone de Aoi.

- Hei, vou ligar pro Uruha, tá?

- O chame se quiser, aliais, Ruki?

- Huh?

Aproximando-se do baixinho, constatou que sua próxima pergunta seria incoveniente se fosse feita em voz alta com Akira presente, sussurrando no ouvido do menino.

- Você e Kouyou estão tendo algum tipo de caso?

- Não exatamente, ter uma amizade colorida não é ter um caso, né?

Ambos preferiram falar em tom baixo para que o loiro não ouvisse, assim como suas risadas foram abafadas pelas mãos.

- Chame Kai, Miyavi e Nao também, podemos dar uma...Festa.

- Por que chamar o Nao?

- Pro Kai não ficar chupando dedo.

- Você está saindo com o Miyavi?

- É uma amizade colorida.

E novamente ambos riram, Aoi se afastou e voltou para o computador enquanto Ruki ligava para os amigos os convidando. Reita apenas olhou os dois se distanciarem, suspirando baixinho ao ouvir as conversas ao telefone. Definitivamente, aceitar aquele emprego para ser praticamente babá de um garoto mimado, foi a pior coisa que já havia feito na vida.

Continua.