Hina & Taro

1 Ledo Engano

No alto da montanha onde a paz reinava proeminente sobre a relva, Taro meditava antes de fazer os preparos medicinais para a vila. Seus cabelos negros, normalmente colocados em uma trança, agora se encontravam soltos, a mercê do vento. Não foi difícil para a ninja perceber a presença de quatro corpos que estavam a observar. Embora uma angústia em seu peito não a deixasse, continuou a meditar, sabia que se precisassem de algo, logo lhe fariam o desejo claro. A angústia aumentou.

Fuja, eles cometeram um engano! Não estão atrás de você, mas até que percebam isso será tarde demais!

A moça não deu ouvidos ao espírito que a alertava. Não devia nada a ninguém, não havia porque temer. Mas logo se arrependeu de não ter confiado na entidade. Um dos corpos a espreita conjurou alguns selos e logo a ninja já estava lacrada em uma enorme caixa de madeira. A energia que sentia vinda deles não era de ódio, por isso não considerou temê-los. Mas porque então agiram com tanta brutalidade? Uma leve fatia de revolta se erguia em seu coração, algumas lágrimas correram e ela não sabia explicar se era por causa da traição de seu dom ou pelo medo, mas acabou reconhecendo que compreenderia as razões destes em breve.

— Ela não parece assustadora! — Sasuke disse desmentindo as versões de Kakashi e Yamato.

— Muito menos mortal! – Sakura dizia observando a mulher confusa.

— Hina! – Yamato chama pela ninja. A mesma se arrepia ao ouvir o nome. O espírito estava certo. — Não queremos machucá-la. Apenas levá-la para interrogatório.

— Façam o que bem entenderem... – Tora falou querendo parecer arrogante como Hina. Observando a caixa percebia que não havia como escapar, e mesmo que houvesse uma maneira, haviam cinco pessoas para persegui-la. Arregalou seus olhos pretos quando sentiu de perto o Chakra de Naruto. Ela ficou momentaneamente sem ar. — Quem é esse?

—Uzumaki Naruto! – Pelas frestas da caixa Tora percebia que o rapaz parecia ser o único que talvez não tivesse medo dela.

—Deixe de ser idiota! Ela é o inimigo! Como ousa dizer o próprio nome? – Sasuke xingava seu amigo pela imprudência. Naruto começou a xingar Sasuke de volta e como que recuando, foi dando passos pra trás, até que caiu em um espinheiro venenoso. Poucos segundos depois de sair de cima do espinheiro, ele já estava inconsciente.

—Naruto! – Gritava Sakura achando que ele estava brincando.

—Sakura, isso é veneno, tente fazer alguma coisa! —sasuke falava impressionado com o modo como uma simples planta tinha derrubado o melhor amigo. A amiga tentava a todo custo curar Naruto, sem sucesso. As lágrimas escorriam enquanto ela gritava. — Ele vai morrer!

Vendo o desespero dos inimigos e que o garoto era apenas uma criança, Tora decidiu ajudar.

—Tenho o antídoto na minha casa! Deixem-me sair! Prometo que não fugirei! — O desespero de Yamato quando abriu a caixa era evidente.

Ele a pegou pelo braço enquanto a acompanhou até a sua casa. Estranhou a quantidade de ervas espalhadas pela casa e os vidros cheios de unguentos, mas não fez nenhuma pergunta, apenas deixou ser levado pela casa, para que "Hina", como ele assim pensava, pudesse pegar os mantimentos. Levou um susto quando em um cômodo encontrou um Buda em tamanho natural.

—Gostaria de deixar um bilhete para que meu avô não se preocupe. — Ela olhou fragilizada para Yamato, que a contragosto permitiu, afinal, uma pessoa que tinha um Buda em tamanho natural dentro de casa, não podia ser tão má assim. Embora não houvesse nenhum avô. O bilhete era pra outra pessoa.

Fui prestar alguns esclarecimentos em Konoha, volto logo. Estou bem, não se preocupe! – Tora já tinha assinado um T no lugar de H, fechou os olhos temendo pelo pior, mas Yamato estava muito transtornado por causa de Naruto, então ela rabiscou um Hina por cima do T.

Ela chegou até Naruto, fez o que era necessário com a ajuda de Sakura e logo o Genin já estava bem.

—Obrigada Hina! Nunca vou esquecer que você salvou a minha vida!

—Chega Naruto! Não confie! Ainda estamos em missão! – Kakashi olhava desconfiado para a mulher que jurava estar morta. Havia se encontrado com ela em certa ocasião, mas antes que pudesse usar seu sharingan, ela o deixou em meio a uma série de explosões. Ele nunca acreditara que ela estava morta de verdade, mas vê-la novamente, sem trocar um comentário sádico sobre isso, era quase constrangedor. Além do mais essa sua personalidade calma e compassiva não se parecia nada com a terrorista que o ninja encontrara tempos atrás, ainda mais depois de ter salvado a vida de Naruto.

—Não acredito que você seja Hina! — Yamato dispara sem encarar a ninja. — Como pode uma assassina de massas, simplesmente salvar a vida de um garoto que a está levando sobre custódia?

—Eu mudei... A meditação sacia meu desejo de matar, e agora trabalho com ervas em ordem de reparar o mal que fiz! Não luto mais! — Ela mentia descaradamente tentando proteger a verdade.

Quanto mais Tora tentava se explicar, mais Kakashi ficava desconfiado, embora ela realmente fosse idêntica a Hina, muitas coisas diferiam essa da verdadeira. Decidiu não confrontá-la. Ainda tinham três dias pra isso, ficou só coletando informações.

—Só passei aqui pra te deixar a par do que anda acontecendo... Se Orochimaru conseguir raptar minha irmã, não sei o que será de nós!

—Não sei por que decidiu desertar a vila Hina! Você poderia virar espiã da vila, eu te daria autonomia pra isso!

— Gaara... Gaara... Ouça suas palavras... Eu sou uma "assassina", lembra? Não quero piorar ainda mais sua reputação na vila, além do mais, esse é o "seu" povo... Você deve ser fiel a ele!

Hina arrumava os cachos do cabelos cobertos por pequenos pergaminhos. Tinha um carinho enorme por Gaara, ele era o único na sua vila que sabia de seus planos e do quão injustiçada havia sido, por ser acusada de assassinato por seus compatriotas. Eles nem sempre eram justos e nem sempre eram corretos. Por isso admirava tanto Gaara, sabia que a sua lealdade era fato raro na vila da areia.

— Não se preocupe, seu segredo está a salvo comigo! – Seu tom era triste, embora compreendesse a gravidade da situação, gostaria de fazer mais por Hina. Lembrou-se de Tsunade. – A Hokage da vila da Folha está a sua procura... Tome cuidado!

—Vou ver como Tora está, depois partirei para Konoha! Quero encontrar um certo ninja... Preciso dar o troco nele. Acredita que tive que me fingir de morta? – A indignação nos olhos da crespa era óbvia.

O riso suave de Gaara fizera ela amolecer o coração. Isso era algo muito difícil de acontecer!

—Só lembre-se de que não poderei te ajudar lá! Uma guerra pode ser iniciada se eu interferir.

—Não se preocupe. Prometo me comportar! E depois, eu desertei a vila, lembra? Você não tem responsabilidade nenhuma sobre os meus atos!

Assim que terminou de falar, Hina deu um grande pulo fora da grande torre, sem se despedir. Gaara ficou encarando a escuridão. Sua vontade era de sair correndo atrás dela e dizer como era feliz por ser seu amigo, mas isso ela já sabia.