NARUTO NÃO ME PERTENCE, NEM A HISTÓRIA! CAPÍTULO UM

— Por favor, sua alteza, deixe-me avisar o sheik de sua presença. — O nervosismo era evidente na voz ge ralmente calma de Hinata quando as portas da sala parti cular de Gaara se abriram.

A família do sheik tinha a tendência a exercer aquele efeito nas pessoas, à exceção de sua sempre eficiente e tranqüila secretária. Cinco anos de contato lhe haviam dado quase imunidade total, mas a visita inesperada de um parente que ambos pensavam estar em Zorha era o suficiente para assustar até mesmo Hinata.

Gaara se levantou atrás de sua reluzente mesa com tampo de vidro.

— Percebo que você ainda está remoendo meu pedido de ajuda — disse ao homem alto que abrira não uma, mas as duas partes da porta francesa que levava a seu escritório.

Hinata se sentiu ofendida quando Gaara usou a palavra "ajuda" enquanto seu irmão simplesmente entrava no es critório com um ar sóbrio que não correspondia a uma simples visita de família.

— A que devo à honra de sua visita? — perguntou Gaara.

Ele tinha a impressão de que já sabia a resposta, mas admitir isso era tão bom quanto admitir a culpa, e não pretendia fazer isso, ainda. Gaara jamais deveria ter se envolvido com Ino. A gatinha tivera um caso de amor com o fotógrafo que poucos podiam enfrentar. Mas Gaara precisava loucamente de alguma diversão, e vira em Ino a solução. Por algum tempo, dera certo.

Sasori não respondeu; ficou apenas encarando Gaara por alguns segundos, tenso e em silêncio. O fato de ser o mais jovem dos três irmãos ensinara a Gaara várias coisas, entre as quais jamais falar quando o assunto era política. Aquela era uma destas ocasiões. Ele não come teria o erro de quebrar o silêncio.

Gaara encarou o olhar torto do homem que podia ser seu irmão gêmeo, não fossem os sete anos que os separavam.

Eles tinham o mesmo cabelo ruivo, cortado nem mui to curto nem muito longo. Enquanto Sasori tinha os cabe los arrumados como os de um homem de negócios, os de Gaara eram cuidadosamente despenteados. Tinham tam bém o mesmo queixo, o mesmo rosto angular e o nariz aquilino. Os três irmãos eram altos, mas Gaara era dois centímetros mais alto que Kankuro, enquanto Sasori, com quase dois metros, era o maior de todos. Parecidos com o pai, tinham corpos magros e esbeltos. Os músculos de Gaara eram ligeiramente mais evidentes, por causa do tempo que ele passava se exercitando, mas Sasori tinha o corpo de um homem que passava várias horas por sema na cavalgando. Ambos usavam roupas caras, enquanto Gaara preferia marcas como Hugo Boss, seu irmão mais velho vestia Armani.

Eles não desviaram seus olhos um do outro até que Hinata pigarreasse e eles prestassem atenção à graciosa se cretária de Gaara.

Abaixo dos cabelos azulados presos por um coque for mal, o nariz perfeito estava torcido num sinal de desgos to. Os lábios rosados e carnudos, pintados apenas com um bálsamo claro, estavam inclinados para baixo. Atrás da armação fina dos seus óculos, olhos de perolas brilha vam em sinal de desaprovação, diante do olhar alvoro çado dos irmãos.

— O senhor precisa de mim para esta reunião? — per guntou a Gaara educadamente.

Deus a abençoasse. Indubitavelmente leal, ela esta va deixando claro a Sasori que, embora ele fosse o pri meiro na fila para a sucessão do trono, era Gaara quem dava as ordens em seu escritório de Nova York. Hinata estava ainda sutilmente encorajando o irmão a respon der à pergunta inicial de Gaara sem que ele precisasse repeti-la.

Sasori podia ignorá-lo, mas não seria mal-educado a ponto de desprezar a pergunta de Hinata com seu silêncio.

Ele deu um passo à frente e pôs um jornal sobre a mesa. Então, mostrou outros jornais, cada um aberto na página que o interessava, isso quando a história não es tava na primeira página. Todas as manchetes diziam a mesma coisa sobre O Príncipe Playboy e sua mais re cente conquista.

Gaara deu uma risadinha.

Hinata fez outro som de desaprovação. E Gaara não tinha como saber se aquela desaprovação era para ele ou para o irmão, que trazia o escândalo ao escritório. Hinata não se importava muito com o movimento in tenso no quarto do patrão, como deixara claro mais de uma vez.

Sasori olhou para Hinata.

— Você quer se manifestar, Srta. Hyuuga?

Hinata podia ser tímida em várias circunstâncias fora de suas funções de secretária pessoal do sheik, mas ali estava em seu território. Sem dúvida Sasori era seu pa trão. Mas também não havia dúvidas de que Hinata rei nava suprema naquele escritório. Pelo menos era o que ela pensava. Haviam tido algumas conversinhas sobre o fato ao longo dos anos.

Ela olhou, irritada, para os irmãos.

— Não sei qual dos dois ganhará o troféu de pior gos to. Se Gaara, por se envolver com uma alpinista social, ou você pode trazer este lixo para dentro do escritório, sua alteza. — Hinata ajeitou seu casaco barato e incrivelmen te ordinário. — Mas percebo que não preciso participar desta reunião. Por isso, vou me retirar.

Dizendo isso, Hinata saiu, fechando as portas duplas. Sasori, na verdade, sorriu.

— E eu que achava que mamãe era durona.

— A Hinata me mantém na linha — disse Gaara, bem-hu morado, enquanto pensava novamente em seus desejos.

Estes momentos de atração por sua indispensável secretária estavam se tornando freqüentes demais. Mas aquele brilho nos olhos de Hinata quando ela açoitava seu irmão acendera uma fagulha em algum lugar de seu corpo.

Sasori balançou a cabeça.

— Só espero que seja verdade.

E assim, sem mais nem menos, o ar de gravidade se desfez.

— Ino foi um erro — admitiu Gaara.

— Sim.

Gaara se recusou a permitir que seu orgulho parecesse uma ofensa à honestidade do irmão. Ino fora um erro. Em vários sentidos.

— Você está aqui por vontade própria ou Papai o enviou?

— Papai me enviou.

Gaara sentiu um aperto no peito. Alguém pode pensar que o fato de o Rei Rasa enviar seu filho mais velho para representá-lo era um indício de que o monarca não acha que a mensagem era importante o suficiente para justificar sua presença. Mas Gaara sabia que isso não era verdade. O fato de ele ter enviado Sasori dizia mais a Gaara do que ele queria ouvir sobre como seu pai estava realmente desapon tado. Era um sinal de que o rei estava com tanta raiva que não queria nem mesmo ver seu filho caçula.

— Sabe, percebi que a Ino gosta um pouco demais da fama, e talvez eu tenha aparecido em mais de uma coluna social ao lado dela, mas... Droga, eu nunca fui morar com minhas namoradas, como o Kankuro fez com sua amante. Ele viveu com Temari durante quase dois anos antes de decidir se casar com ela.

Em qualquer outro mundo, este fato tornaria Temari uma mulher improvável para se casar com um homem como Kankuro, mas ela tinha amigos nos altos escalões. O tio deles se interessara pela união entre Kankuro e Temari e cuidou para que ela tivesse um lugar na família real de Zorha.

Pela expressão de Sasori era visível que ele não gos tara de ser lembrando de que sua cunhada fora amante do irmão.

— Manipulações não reverterão o resultado das suas ações.

— Você pode garantir ao rei que seu filho caçula to mará mais cuidado ao escolher suas companhias no futu ro. — Gaara fechou a boca, impedindo-se de acrescentar algo que queria dizer, mas de que se arrependeria mais tarde.

— Infelizmente, este tipo de garantia não será o bas tante. Nosso pai teme que você jogue o nome da nossa família num mar de lama. Já é hora de você controlar seus instintos permanentemente.

Mais uma vez, Gaara teve que engolir palavras mal-educadas de se dizer, mas que seu pai e irmão mereciam ouvir.

Ele era leal a sua família e seu povo. Gaara colocara os desejos tanto da família quanto do povo à frente de seus próprios desejos em várias ocasiões. Ele vivia longe do deserto para cuidar dos negócios da família. Por cau sa de sua posição, Gaara tinha pouco tempo livre para si mesmo. Se ele escolhia gastar este tempo com uma bela mulher, vivendo um relacionamento descomplicado, por que isso haveria de fazer de Gaara uma pessoa má?

— Eu não saio com mulheres inocentes ou casadas. Minhas namoradas sabem do caráter transitório de nos so relacionamento antes mesmo de eu levá-las para um primeiro encontro.

— Assim como o resto do mundo. Gaara estremeceu e disse:

— E daí?

— Seu estilo de vida influencia negativamente nossa família e nosso povo.

— Não há nada de errado com meu estilo de vida.

— Nosso pai não concorda.

— O que ele quer que eu faça? Voto de castidade?

— Não.

— Então o quê?

Um brilho de compaixão surgiu nos olhos escuros do irmão mais velho de Gaara.

— O rei ordenou que você se case.

O rei? Então isso era uma ordem real.

— E ele já escolheu minha futura esposa? — pergun tou Gaara, sem poder acreditar.

Sasori parecia menos incomodado.

— Sim.

— Isso é tão medieval.

Novamente um brilho de piedade, mas então Sasori ficou sério.

— Você está se recusando a seguir as ordens do rei? Gaara teve um pressentimento. Ele sabia que pagaria caro por se negar a obedecer ao rei, podendo até mesmo perder sua posição dentro da família. Seu pai quase nun ca falava como rei. Quando fazia isso, todos os membros da família sabiam que não podiam contrariá-lo. Se Gaara se recusasse a se casar com a mulher que seu pai esco lhera, ele podia começar a procurar um novo emprego. Um que não fosse o cargo de príncipe.

Ele fora criado para cumprir com suas obrigações e não podia nem mesmo imaginar desobedecer a seu pai, a não ser que a ordem fosse tão absurda que Gaara não pudesse con viver com ela. Não era o caso desta ordem.

— Vou me casar com a princesa... Suponho que a mu lher escolhida seja uma princesa.

— Na verdade, sim. — Se Sasori se surpreendeu com a obediência do irmão caçula, não demonstrou.

— Quem é ela?

— A princesa Lina Bin Fahd ai Marwan. — Sasori pôs outro papel sobre a mesa.

Era um relatório sobre a princesa, que incluía uma foto da bela mulher. Talvez não fosse tão ruim. A última coisa que Gaara queria era casar por amor. E, se fosse ho nesto, ele admitiria que os relacionamentos fugazes que tinha com as mulheres estavam começando a cansá-lo.

Se pudesse, Gaara optaria por continuar solteiro du rante mais algum tempo, mas ele não era totalmente con trário à idéia de se casar.

Além do mais, Gaara tinha suas próprias razões para querer um divertimento mais permanente do que Ino e outras mulheres da mesma categoria.

— Quando será o casamento? — perguntou.

— O que você disse? — Hinata sentiu que Gaara lhe dava um soco no estômago, mas tudo o que ele fizera foi pedir-lhe algo.

— Quero que você encontre uma esposa para mim.

Hinata fechou os olhos e os abriu novamente, mas Gaara ainda estava lá, seu chefe lindo, sensual e o "ho mem perfeito para ela". Pela expressão de ansiedade no rosto lindo de Gaara estava claro que ele realmente fizera o pedido que Hinata esperava desesperadamente que fos se um produto de sua imaginação.

Já tinha sido horrível quando, há seis semanas, Gaara lhe anunciara que seu pai ordenara que ele se casasse com uma princesa qualquer de um reino vizi nho. Seu coração encolheu e quase sucumbiu quando Hinata viu como seu chefe, geralmente um homem in dependente e teimoso, submeteu-se tão facilmente à ordem do pai.

Então Hinata se sentiu aliviada quando a princesa Lina acabou por fugir de casa com um antigo namorado, anu lando o contrato assinado entre os dois sheiks. Aquilo acontecera há quase duas semanas. Hinata estava quase superando a dor criada pela ordem real e pela aceitação de Gaara.

E agora Gaara queria que ela lhe encontrasse uma es posa? Era mais fácil matá-la, porque a vida, para Hinata, não podia piorar.

Tudo bem, talvez pudesse, mas até mesmo simples secretárias tinham o direito de exagerar de vez em quando.

— O quê? Por quê?

Gaara estava feliz com seus casos. Ou pelo menos sempre parecera estar.

Ele definitivamente jamais se apaixonara por nenhu ma das mulheres. Até onde Hinata sabia — e ela o conhe cia melhor do que qualquer outra pessoa, incluindo os familiares de Gaara —, ele se apaixonara pela última vez aos 18 anos. Não que Gaara admitisse agora que estivera apaixonado naquela ocasião.

Mas Hinata reconhecia os sinais do amor verdadeiro e avassalador. Até porque ela os exibia todos os dias.

Gaara amara Matsuri o suficiente para pedi-la em ca samento. Eles estavam noivos há três meses e o casamen to seria no mês seguinte—para Hinata, aquela pressa era uma demonstração do quanto seu chefe amava aquela mulher —, mas Matsuri morreu num estranho acidente. Hinata acreditava que aquela perda do seu primeiro amor tivera um impacto maior para Gaara do que ele queria •admitir para si mesmo e para sua família.

Mas aquilo era inacreditável.

— Meu pai quer que eu me estabeleça — disse Gaara, dando de ombros.

Como ele podia ser tão cínico? Gaara não se impor tava em estar fazendo o coração de Hinata em pedaços? Tudo bem, então ele não sabia, mas como isso podia lhe servir como desculpai O júri ainda decidiria sobre isso, assim como estava decidindo sobre o fato de Gaara fazê-la sofrer com seus casinhos à toa.

— Mas ele não disse nada sobre encontrar outra espo sa para você, disse? — perguntou Hinata, com um racio cínio desesperado.

— Não.

— Então...

— Não vejo motivo para esperar que meu pai faça uma coisa destas. Se você encontrar uma esposa para mim, pelo menos eu terei controle sobre minha escolha final e me casarei de acordo com a minha vontade, não a dele.

Hinata precisou conter um gemido e a vontade de lhe dar um soco. Ela deveria ter adivinhado. Gaara era orgu lhoso demais para permitir que outro homem escolhes se sua esposa. Agora que tinha a oportunidade, em vez que esperar que seu pai exercesse o controle novamente, Gaara se adiantaria ao rei, agindo por conta própria. Hinata entendia a razão dele e era até capaz de respeitá-la, mas não o ajudaria por nada neste mundo!

Era simplesmente pedir demais.

— Não.

Gaara estreitou os olhos verdes de um modo quase cômico.

— Como assim "não"?—A surpresa diante da recusa era tão visível que Hinata podia senti-la entre os dois.

Estou dizendo que, se você quiser encontrar uma esposa, terá de fazer isso sozinho — ela disse, lentamen te e com muita firmeza.

A surpresa deu lugar a um óbvio descontentamento.

— Não seja ridícula. Não posso fazer este tipo de es colha sem a sua ajuda.

Hinata se encolheu como se aquelas palavras fossem facas apontadas para seu coração, e não um elogio vela do, como Gaara queria que fossem.

— Não estou sendo ridícula. Sou sua secretária, não uma casamenteira. Encontrar esposas não está entre as minhas obrigações.

— Tem razão. Seu cargo é de secretária pessoal, e não administrativa, justamente porque você me ajuda com outros assuntos além dos de negócios.

—A escolha de uma esposa é pessoal demais.

— Não, não é. Você já comprou presentes para mi nhas namoradas. Por que agora é diferente?

— Como você pode me pedir uma coisa dessas?! — Hinata amava aquele homem mais do que tudo na vida, mas às vezes Gaara era tão complicado que ela se sentia até mesmo tentada a questionar o QI de seu chefe.

Gaara apoiou-se contra a mesa e cruzou os braços, num sinal claro de que estava se preparando para o cerco.

— Não estamos avançando aqui, Hinata. Preciso da sua ajuda.

— Não. Eu não farei isso. — Ela jamais sobreviveria. Era doloroso o bastante sentir aquele amor por ele e saber que não havia nenhuma chance de se relaciona rem. Agora, ser obrigada a encontrar uma mulher para ocupar o lugar que ela sonhava mais do que tudo? Era demais. Demais, demais, demais.

— Por favor, Hinata. Não me desaponte agora. Vou recompensá-la por isso.

Era só o que faltava: a promessa de um bônus por fa zer a única coisa que ela nunca, jamais, de jeito nenhum, queria fazer.

— Não.

Antes que Gaara pudesse continuar a discussão, o te lefone tocou e Hinata correu para atendê-lo como um náufrago em busca de um salva-vidas. Ela conseguiu prolongar a ligação, fazendo com que Gaara perdesse a paciência e se afastasse.

O olhar que ele lhe deu sobre o ombro, no entanto, dizia a Hinata que o assunto não estava encerrado.

Gaara foi até seu escritório. O que estava acontecen do com Hinata? Ela estava agindo de um modo estranho desde que seu pai o forçara a se casar. A princípio Gaara pensou que a secretária estava preocupada em perder o emprego depois que ele se casasse, por isso garantiu a ela que aquilo não fazia sentido. Gaara não podia se ima ginar trabalhando sem sua eficiente e prestativa secretá ria pessoal.

Hinata continuou agindo estranhamente. Ela se aquie tou somente nas últimas semanas, depois que o plano de se casar com a princesa Lina falhara.

Por mais que tentasse, Gaara não entendia por que Hinata se recusava a encontrar-lhe uma esposa. Como o rei, ela também não aprovava seu estilo de vida. Hinata sempre deixara isso claro, apesar de jamais ter ido tão longe quanto seu pai e sugerido a Gaara que se casasse.

Ele achava que Hinata quereria ajudá-lo a escolher a mulher que interferiria também na vida dela. Como secretária de Gaara, sem dúvida ela teria de se relacionar com a esposa dele, a fim de organizar as agendas do casal e coisas afins. Na verdade, Gaara esperava que Hinata também o ajudasse a contratar uma assistente pes soal para a esposa, para que as duas pudessem trabalhar juntas, sem maiores problemas.

Hinata deveria saber que isto não era algo que Gaara queria, nem algo que ele se sentia qualificado para fazer sozinho. Ela sabia quais eram as necessidades dele, mes mo antes que Gaara mesmo soubesse. Hinata seria capaz de encontrar as melhores candidatas com as quais Gaara viveria o resto da vida.

Ele não estava à procura de amor, mas não queria uma esposa que não se adequasse a estilo de vida que Gaara vivia confortavelmente. Hinata entendia que ele era um sheik em vestimentas ocidentais. Ela entendia o quan to sua família e seu lar eram importantes, por mais que Gaara morasse em Manhattan e se divertisse com a vida nova-iorquina.

Gaara ficou pensando na expressão de Hinata quando lhe fizera o pedido. Atordoada. Totalmente chocada, o que na verdade o surpreendeu. Gaara imaginava que Hinata teria imaginado esta manobra da parte dele. Geral mente ela era boa em adivinhar suas ações.

Hinata sabia que ele não queria que seu pai controlasse sua vida, mesmo sendo o velho Rei de Zorha. Se não fosse agora, no futuro seu pai retornaria com outra noiva previamente aprovada pela família. A única chance de Gaara era encontrar a esposa antes. E ele era capaz de jurar que Hinata perceberia isso.

Gaara até mesmo esperava que a secretária já tivesse uma lista preparada de candidatas adequadas. Essa recusa intransigente estava totalmente fora dos padrões de comportamento de Hinata. Era algo inaceitável!

E não ajudava nada o fato de Hinata ficar ainda mais bonitinha agindo assim. Não era algo que Gaara via freqüentemente e, sinceramente, ainda bem. Ele não podia correr o risco de arruinar o relacionamento mais importante que mantinha com uma mulher apenas por sexo.

A mãe de Gaara ficaria magoada se soubesse que ele colocava Hinata acima dela e de qualquer pessoa na es cala de importância, mas isso era algo incontestável. Sua secretária afetava sua vida diariamente, tanto em larga quanto em pequena escala. Ninguém tinha mais influên cia em seu cotidiano do que Hinata.

Infelizmente, ela não era o tipo de mulher com a qual Gaara pudesse ter um caso e depois ignorar. Se não ele te ria satisfeito seus desejos há muito tempo. Gaara também não teria se relacionado com Ino se adivinhasse que seu pai ordenaria que ele se casasse. Gaara reconhecia que seria impossível trabalhar com Hinata se algo entre eles acontecesse.

Ele se recusava a arriscar algo tão importante quanto à relação que tinha com sua secretária perfeita por uma coisa tão banal quanto sexo.

O fato de o desejo por experimentar este lado de sua atraente secretária estar ficando mais forte só dava a Gaara ainda mais certeza de que o melhor a fazer era encontrar a esposa perfeita. O que significava que ele precisava convencer Hinata a ajudá-lo.

Eles precisavam se proteger. Porque Gaara sabia que seria fácil levar Hinata para a cama. Ela o observava com um desejo inocente que já o fizera esconder alguns dese jos em seu íntimo. Há muito tempo, Gaara deixara de se perguntar como uma mulher tão desinteressada, e tão in capaz, em mostrar seus atributos femininos podia atingi-lo daquele jeito. Ele simplesmente aceitava que desejava loucamente libertar suas madeixas longas e lisas daquele coque e acariciar-lhe a pele rosada.

Droga. Gaara tinha de parar de pensar estas coisas, ou teria de começar a tomar banhos frios no meio da tarde...

Ele tinha de convencer Hinata a ajudá-lo a encontrar a esposa mais conveniente... Exatamente como Gaara queria.

Gaara sentiu um frio na espinha ao se lembrar do úni co relacionamento amoroso que tivera na vida e das con seqüências deste envolvimento. Nada de amor. Nada de ligação emocional. Gaara jamais sentiria tal coisa nova mente. Nem na mente nem no coração e, definitivamen te, nem sua vida.

Hinata se ajeitou no banco ao lado de Gaara, no es tádio Fenway. Eles viajaram para Boston a negócios e Gaara a surpreendeu com ingressos para que Hinata visse seu time de beisebol preferido. Ela amava a Boston Red Sox e em qualquer outra ocasião ficaria absolutamente empolgada com a generosidade do seu chefe. O problema é que Hinata estava com a impressão de que aquilo era algum tipo de suborno.

Fazia quase uma semana que Gaara não falara mais nada sobre Hinata encontrar uma esposa para ele. Mas ela era esperta o bastante para pensar que Gaara se esque cera do assunto. Não era o jeito dele. Hinata trabalhava para Gaara há cinco anos e não podia se lembrar de uma única vez em que ele desistira de algo que queria depois de uma simples discussão. Gaara era seguro e teimoso demais para desistir das suas vontades.

E ele deixara claro que queria Hinata em meio às suas vontades, escolhendo uma esposa para ele.

Aquilo não era certo. Nem mesmo justo. Hinata de veria estar se divertindo com o jogo de beisebol. Mas, ao contrário, estava pensando num modo de convencer Gaara de que estava falando sério. Hinata tinha medo de não ser capaz de se manter firme em sua decisão.

Era difícil dizer não para o homem que amava, mes mo que ele a visse como uma peça a mais na mobília do escritório.

Gaara a olhou desconfiado.

— Tudo bem com você?

— Sim. Estou feliz de estar aqui. Obrigada.

O sorriso de Hinata era ao mesmo tempo sincero e ex tremamente sensual.

— Que bom. E não precisa agradecer. Você merece muito mais.

Tudo bem, não um simples móvel de escritório. Sentindo-se culpada, Hinata suspirou. Ela era capaz de apostar que, se perguntasse Gaara não só lhe diria que era uma secretária de primeira como também que eram amigos. E eram mesmo. A verdade era que o sheik Gaara No Sabaku ai Zorha era o melhor amigo de Hinata. E ela estava certa de que Gaara pensava o mesmo.

O problema era que Hinata queria ser mais do que amiga, mesmo sabendo que isso jamais aconteceria. Já que Gaara estava longe de jogar ao lado dela, Hinata po dia considerar em chamá-lo para um amistoso, só que ele era jogador para campeonatos maiores, até mesmo uma Copa do Mundo.

Nada disso era novidade para Hinata, então por que ela estava deixando que aquela situação arruinasse aquele momento? Não, Hinata não deixaria que isso aconteces se. Aquele era um momento especial para uma fanática por beisebol e ela não estragaria tudo com pensamentos deprimentes.

Hinata se obrigou a prestar atenção aos atletas em campo. Se ela, na verdade, tinha a atenção voltada para o homem a seu lado, ninguém precisava ficar sabendo.

Gaara estava aguardando o momento certo de conversar com Hinata novamente sobre a questão de a secretária encontrar uma esposa para ele. O que quer que a tenha feito ser menos receptiva do que da primeira vez, sem dúvida já teria passado.

Essa estratégia funcionara antes. Gaara mencionou algo a Hinata e lhe deu tempo para pensar. Se a reação dela fosse negativa a princípio, geralmente ela mesma se convenceria do contrário, com mais eficiência do que o próprio Gaara. Geralmente. Ele esperava que essa fosse uma destas ocasiões. Se não fosse, Gaara estava cuidando de amansá-la levando-a ao estádio, além de estar prestes a comprar-lhe uma blusa depois da vitória do time para o qual Hinata torcia.

Ela escolheria uma blusa masculina, claro, e com cer teza uma blusa alguns números maiores. Quando Gaara apontou para uma peça mais justa, Hinata simplesmente balançou a cabeça.

Gaara não podia reclamar da propensão dela a vestir roupas grandes demais ou mal-cortadas, ou ambas as coisas, porque assim ele conseguia manter sob controle o desejo que sentia por Hinata. Se bem que até mesmo isso estava falhando.

Ele jamais conhecera uma mulher tão descuidada em relação a seus atributos femininos e em como exibi-los.

Gaara só podia se sentir grato por este pequeno detalhe.

Ele esperou até que estivessem na limusine para tocar no assunto. Hinata facilitou-lhe as coisas, recostando no assento de couro e encarando-o.

— Tudo bem, o que está havendo? Como se eu já não soubesse.

Gaara serviu um copo de água Perrier para ela e uma dose de vodca para si mesmo. Pena que Hinata não bebia. Torná-la mais maleável agora só lhe seria útil.

— Se você já sabe, não tenho por que dizer. Ela pegou sua água.

— Obrigada.

Gaara meneou a cabeça.

Hinata bebeu, olhando para o chefe pela borda do copo de cristal.

— Obrigada por não negar que fez tudo isso só para me convencer.

Aquilo doeu.

— Você acha mesmo?

Hinata deu de ombros. Desta vez seus cabelos não esta vam presos numa trança, e sim num rabo de cavalo que a fazia parecer mais jovem do que seus 25 anos. Ela estava usando a camiseta do Red Sox que Gaara lhe comprara um ano antes e calças jeans que lhe deixavam com as pernas ainda mais compridas. Graças a Deus eram calças largas.

Ele a repreendeu com um olhar.

— Você não está sendo justa, Hinata. E isso não com bina com você.

Ela fez um biquinho e Gaara teve de se conter para não ceder à vontade de beijá-la.

— Ah, claro... Isso não é para me convencer. Mesmo que você não tivesse querendo algo, você provavelmen te teria comprado ingressos para o jogo. — Ela revirou os olhos. — E até me comprou uma blusa, com a qual eu dormirei num futuro próximo... Então, obrigada.

Gaara não suportava a idéia de imaginá-la na cama, por isso afastou esta imagem da mente rapidamente.

— E poderia ter comprado camarotes. — Se bem que Gaara jamais era pão-duro com Hinata, e ela sabia disso.

A secretária tinha poucas paixões, e beisebol era uma delas. Gaara fazia as vontades dela o máximo possível. Uma funcionária como Hinata merecia alguns agrados.

— Talvez... Mas, apesar disso, sei que você pretende usar meu bom-humor e minha gratidão para atingir seus objetivos.

— Se eu não pretendesse isso você diria que não sou um bom negociador, não é?

— Acho que sim.

Hinata mordeu os lábios e olhou pela janela do carro por alguns segundos, em silêncio.

— O que você está olhando? Isso é só o tráfego con gestionado que nós enfrentamos todas as vezes que es tou na sua companhia em um destes eventos.

Ela suspirou, voltando a prestar atenção em Gaara, com os olhos marejados.

— Você quer que eu lhe arranje uma esposa.

— Sim. — Gaara a conquistara, ele sabia. E não, ele não se sentia nem um pouco culpado por se aproveitar da fraqueza dela.

Hinata o encarou.

— Você acha que ganhou, mas está enganado.

— Eu ganharei.

Ela franziu a testa ainda mais, sem tentar esconder.

— Se você quisesse mesmo a minha ajuda, deve ria ter me arranjado um encontro com o "Big Papi". — Seus olhos brilharam de um jeito que o deixou des confortável.

— Não quero apresentá-la ao seu herói. Astros do es porte podem querer uma boa secretária também. E eu não a perderei tão facilmente. — Gaara disse isso rindo, mas no fundo estava sendo sincero.

— Você acha? Vou me lembrar disso.

— Não estou me divertindo. — A idéia de perdê-la para o melhor jogador do Red Sox o deixou irritado, mesmo sabendo que isso era impossível.

Hinata riu, mas depois ficou séria quase instantanea mente.

— Não estou dizendo que farei isso. Mas, se fizesse o que você procura numa esposa?

A pergunta o pegou desprevenido. Gaara abriu a boca e a fechou em seguida. Ele não conseguiu pensar em nada para lhe responder.

Ela ficou olhando para Gaara, os olhos brilhando.

— Você não tem a menor idéia, não é?

— Foi por isso que pedi sua ajuda.

— Mas, Gaara, estamos falando da sua esposa. Não posso simplesmente fazer uma lista das candidatas e lhe pedir para escolher.

— Por que não?

— Porque primeiro você terá de me dizer o que quer!

— De algum modo, a agitação de Hinata o fez se sentir melhor.

— Você sabe o que eu quero. — Provavelmente me lhor do que ele mesmo.

— Você estava feliz com a escolha do seu pai.

— Exceto pelo fato de ser a escolha dele, é verdade.

— Aquilo na expressão dela foi dor? Não havia moti vos para Hinata ficar magoada. Deve ser a luz interna da limusine o enganando. — Eu prefiro escolher minha própria esposa — ele concluiu.

— Então por que você está me mandando fazer isso?

— Isso é diferente, você sabe. Agora pare de bancar a difícil.

— Eu não sou difícil. Mas como você pode esperar que eu faça o que você quer sem me dar ao menos algu mas diretrizes?

— Ótimo. Ela precisa ser atraente fisicamente.

— Só isso? — perguntou Hinata, com um sarcasmo evidente.

— Não. Ela tem de ser culta e diplomática.

— Entendo. — O divertimento deu lugar a certa an gústia.

Será que ela estava incomodada com a falta de consi deração dele?

— Eu quero me casar com uma mulher que me com plete e que combine com minha posição, tanto no mundo dos negócios quando na política, quando estiver agindo como sheik e príncipe.

— Entendi. —Ah.

Hinata suspirou.

— Não sei direito o que você entende por uma mulher atraente.

— Você está se fazendo de boba de propósito? — Sua secretária podia ser bem teimosa, e ter uma atitude passivo-agressiva fazia parte do repertório dela.

— Você acha? Certa vez você me disse que não en tendia por que Temari era tão especial para Kankuro. Claro que vocês dois têm gostos diferentes. A maioria das pes soas tem.

— Mas você sabe qual o tipo de mulher que me atrai. Você viu e conversou... Droga, você até mesmo fez com pras com as minhas namoradas!

— Mas você sabe que faltava algo a elas, se não você teria se casado com uma destas antigas companheiras.

— Estou pronto para me casar. Talvez, se eu estivesse preparado há algum tempo, já teria me casado com uma delas.

— Mas você nunca as amou.

— Não pretendo amar minha esposa. Trata-se de um casamento por conveniência.

— Então que diferença faz se a sua esposa for atraente ou não?

— Agora você está sendo ingênua. Uma bela mulher sempre pode me ser útil.

— Como uma espécie de troféu?

— Não como uma companhia feminina que acrescen tará brilho à minha pessoa.

— Isso é tão fútil.

— É realista.

— Que seja.

Gaara a decepcionara... Novamente. Hinata era muito boa no que fazia, mas ainda era ingênua demais a respei to de como o mundo funcionava. Ele quisera lhe explicar as coisas de um modo que a deixasse envergonhada, mas que não ferisse seu senso de justiça.

— Não quero que a necessidade de permanecer fiel se torne um castigo para mim.

— Por quê? Você planeja ser fiel?

— Claro. Os homens da minha família não são mu lherengos.

— Tudo o que você falou agora é tão superficial... E quanto a você e ela terem interesses em comum?

— Não é preciso. E até melhor que não. Desde que sejamos compatíveis na cama, podemos ter vidas total mente separadas.

Hinata olhava para ele como se duvidasse da sanidade de seu chefe, o que era ligeiramente melhor do que duvi dar da integridade dele.

— Não é o melhor ambiente para se criar uma crian ça, ou você não pretender se tornar pai?

— Eu não preciso ser um tolo para ser um bom pai.

— Mas os seus pais se amam.

— E daí?

— Você está me dizendo que não quer o mesmo para si e para sua família? Nem um pouquinho?

A lembrança da época em que tivera algo remotamen te parecido o invadiu, e Gaara pensou em Matsuri.

Logo depois que Matsuri morreu, a mente de Gaara bloqueou estas imagens e a dor e a fraqueza que elas representavam.

— Nem todo mundo anseia por este tipo de relacio namento.

Hinata voltou a franzir a testa, indignada.

— Agindo assim, seria mesmo bom para você que eu procurasse uma esposa.

— É exatamente isso o que eu espero que você faça. Mas Hinata não estava ouvindo, ou pelo menos não estava mais olhando para ele. Ela estava ocupada com a paisagem novamente. O que havia de errado com ela?

Seria possível que sua secretária ultra eficiente, que se vestia desleixadamente e que jamais namorara sério, tivesse um amor secreto? Isso explicava a reação dela ao casamento por conveniência... Tanto ao que o pai ordenara quanto ao que Gaara estava tentando arranjar para si.

Isso também explicava por que Hinata jamais namora ra. Porque não importava que ela se vestisse mal. Gaara sabia que outros homens percebiam que sua secretária tinha uma sensualidade latente. Mas aparentemente ela estava esperando pelo "Senhor Perfeição". O cavaleiro em uma armadura brilhante que se jogaria aos seus pés. De certo modo, Gaara estava feliz por Hinata ter este lado romântico oculto. Isso a mantinha trabalhando. Do con trário, ela estaria namorando ou até se casando com outro homem.

— Pense no assunto, Hinata — pediu Gaara, usando o coringa que ela jamais ignorara antes. — Por favor.

Hinata olhou para o chefe, com uma expressão nos olhos que ele não compreendia.

— Tudo bem, vou pensar no assunto. Como previsto, Gaara vencera.

Mas, de algum modo, ele deve ter demonstrado esta certeza da vitória, porque Hinata logo surgiu com uma afronta:

— Não seja tão convencido. Eu posso muito bem di zer não.

Era tão improvável que beirava o impossível, mas Gaara foi esperto o suficiente para não dizer nada.

Finalmente teminei de adaptar essa! Tive que alterar muitas coisas

Espero que gostem, minha proxima história será pra mudar COMPLETAMENTE a rotina, será um SasuHana ( Sasuke x Hanabi ) espero que acompanhem essa também, logo mais posto o primeiro capitulo!

Beijooooooos!