Fade to white
A tristeza imperava em mim. Não queria falar, não queria fazer coisa nenhuma, nem olhar para ninguém. Para onde quer que eu olhasse, as pessoas estavam sorridentes, felizes e isso incomodava-me, deixava-me ainda mais revoltado, quase como se a alegria delas fosse uma ofensa pessoal. Fui sentar-me debaixo da faia ao pé do lago, só queria estar sozinho e não pensar nele…ou como ele tinha ido… como mais uma vez eu tinha sido abandonado. Desta vez por minha culpa. Mais uma vez, a vida de alguém tinha sido perdida por minha causa. Era mais do que eu poderia suportar. De repente, senti uma mão apertar o meu ombro levemente. A rapariga observava a paisagem com os olhos vagos, como se estivesse perdida no seu próprio mundo.
- Não foi tua culpa – ela disse.
- Claro que foi – respondi-lhe com violência. O olhar penetrante dela demorou-se em mim, observando-me atentamente.
- Há coisas pelas quais vale a pena morrer. Por amor, por ideais. – ela sussurrou sabiamente.
-Não creio que... – murmurei agoniado com o rumo da conversa.
-E há as vozes Harry, eles estão lá. É fantástico, isso. Nunca estaremos sozinhos – Luna disse aquilo com tanta simplicidade enquanto pegava na minha mão e a apertava gentilmente que eu não pude duvidar dela. Aquilo encheu-me de paz, confortou-me para além do que posso exprimir. A partir daquele momento, talvez não precisasse jamais de estar sozinho, se ela estivesse comigo.
