Sob o meu olhar
Do jardim da nossa casa, eu via a mesa posta, as velas a flutuar, tudo pronto para servir o jantar aos nossos amigos. Podia sentir no ar o cheiro da sopa de plimpies do teu pai, do teu assado maravilhoso, das sobremesas que estavam no forno. Podia ver os nossos três filhos a brincarem na relva, a rolarem por ela enquanto soltavam deliciosas gargalhadas. Chegaram os nossos amigos com os filhos, duas crianças arruivadas juntaram-se ás duas cabeças negras e uma loira que pertenciam aos nossos filhos, seguidos de perto por duas crianças, uma loira e uma ruiva que lançavam risos mais contidos.
Pude observar os nossos amigos a sentarem-se á mesa, os mais idosos a conversarem, e por fim senti-te sentares ao meu lado, dando-me a mão por baixo da mesa e sorrindo contente perante a vida que tínhamos criado, pela qual tínhamos lutado. E nunca me senti tão feliz, tão preenchido como naquele momento. Soube que tinha feito a escolha certa quando olhei outra vez para o quadro á minha frente, os nossos filhos radiantes e os teus olhos cor de céu tão brilhantes, nunca poderia ter sido feliz se não tivesse ao meu lado uma pessoa como tu, que olhasse comigo na mesma direcção.