Dorcas, ela nunca gostou realmente de seu nome, ela preferia ser chamada por apelidos e acabava passando todas suas ferias inventando alguns para si. Na verdade Dorcas fora tudo para Remus, seu sorriso angelical, seus olhos azuis celeste, seus cachos loiros e principalmente seu bom humor contagiante, ela era relevante demais para ser esquecida depois daquilo.
Remus estava ali parado, pequenas lágrimas caiam de seu rosto, era impossível controlar, era inevitável não relembrar. A chuva não o incomodava, todos já haviam saído do cemitério e apenas ele ficara ali, Remus lembrava do choro não contido de Lily, das lamentações de Marlene e do rosto marejado de Emmeline, mas lembrava principalmente das palavras de Dumbledore, palavras que ele mesmo não conseguia pronunciar, nunca mais conseguiria.
-Dorcas foi única, não apenas única como qualquer um diria, ela era diferente e gostava disso, era amável e terrivelmente alegre. Seu bom humor contagiava a todos e sua força nos orgulhavam, ela era poderosa e sabia disso, sempre sendo modesta e além de tudo companheira. Não existem palavras que possam expressar tudo que essa mulher foi, nenhuma seria capaz de dizer o quanto especial, linda e maravilhosa ela era.
Remus queria ter dito algo mais do que aquilo, além de simples palavras que para ele significavam tanto, ele sabia que não estava sendo forte o suficiente e sabia que toda dor um dia passaria, algum dia.
-Vamos sentir saudades, Dorcas Meadowes.
Sirius tentou o fazer ir para casa, Marlene disse que ele precisava se acalmar e de um copo de chá, mas Remus não podia, ele tinha que ficar ali, prestar suas ultimas palavras para a mulher que estivera com ele todos os minutos em que precisava, mas que agora, infelizmente, isso ela não estaria mais lá, ao seu lado.
Ele não pode evitar de sorrir, se Dorcas estivesse ali reclamaria com ele, diria que ele estava sendo idiota em ficar ali esperando como se ela fosse sair do caixão para beijalo, se ela estivesse aqui.
Remus estava triste, mas tinha uma parcela de ódio em seu coração, queria vingança, vingança pela morte de sua amada. Queria matar Voldemort com suas propias mãos, não deixar nenhuma parcela de vida naquele ser repugnante, mas ele tinha também culpa, se culpava por deixala participar da ordem, por não estar com ela naquele momento e principalmente por não ter impedido, afinal, será que ele poderia ter impedido?
Remus jogou uma rosa na lápide, olhou uma ultima vez para o tumulo e suas inscrições "Jamais deixe de sonhar, mesmo quando venha a fracassar, isso é ser feliz." E saiu do cemitério, deixando apenas as boas lembranças a tona e ele sabia, sabia que apenas aquilo o faria feliz.
"Ela assentiu e se levantou pegando um dos meus bolinhos.
-Vamos?
-Ei, esse bolinho era meu!
Eu praticamente gritei e ela engoliu o resto do bolinho.
-Tarde de mais.
E saiu correndo, que desgraça, como eu vou correr cheio de bolinhos nos braços? Que outra opção eu tenho a não ser comer meus bolinho e outras delicias aqui na cozinha enquanto ela não volta? Nenhuma."
