Capítulo 1

Lifehouse – You and me

(youtube*.com/watch?v=ac3HkriqdGQ)

5 anos atrás

O trem fez a sua primeira curva e meus pais desapareceram de vista. Isso só aumentou mais meu nervosismo. Me virei pra Albus e ele me deu um sorriso encorajador.
Bem, tentou. Mas ele estava tão nervoso quanto eu.
Fomos andando, então procurar uma cabine vazia. Onde passávamos, as pessoas olhavam para nós, e eu sentia meu rosto corar. Finalmente encontramos uma cabine onde só estavam uma menina e um menino. Apesar de sorrir abertamente para nós, a garota tinha algo falso no olhar. O garoto apenas nos ignorou.

— Oi. — começou Al — Meu nome é Albus. E essa é minha prima Rose.

— Oi. — respondeu a garota animada. — Eu sou a Vanessa. E esse... Bem eu não sei quem é porque ele ainda não falou nada.

Al sentou-se ao lado dela e eu sentei em frente a ele. Tentei dar o máximo de distância do garoto ao meu lado.

Estávamos conversando sobre como seria em Hogwarts e para qual casa seríamos escolhidos, quando Vanessa perguntou qual era a opinião do menino sobre a melhor casa. Foi a primeira vez que eu ouvi a voz de Scorpius Malfoy.

— Tanto faz. — ele deu de ombros — Não tenho escolha mesmo.

— Como assim? — perguntei, sem conseguir me refrear.

— Toda a minha família foi da Sonserina. É pra lá que eu vou. Ainda bem. — acrescentou.

Percebi que Albus queria responder ferozmente sobre a Grifinória ser bem melhor, mas na hora um monitor passou avisando para colocar as vestes. Obedecemos e logo descemos do trem. Fui me deixando ficar pra trás com Al, mas Vanessa, infelizmente, percebeu e nos acompanhou. Eu ainda não gostava muito dela. Entramos no Salão Principal e eu desejei ter quatro olhos, para conseguir ver tudo. Era magnífico e me senti muito pequena diante de toda imensidão.
A Prof. Sprout, que nos guiava no Salão, parou e mandou nos organizarmos em fila.

— Quando eu chamar seus nomes, por favor, se dirijam ao Chapéu Seletor.

Infelizmente, as chamadas eram por ordem alfabética, o que significava que eu seria uma das últimas. Nomes e mais nomes depois, chamaram um nome que prendeu minha atenção.

— Malfoy, Scorpius.

O garoto que nós tínhamos encontrado na cabine se dirigiu arrogantemente ao Chapéu. Demoraram uns 30 segundos para o Chapéu gritar "Sonserina". Ele estava pálido quando correu pra mesa da Sonserina. Porque seria, se ele foi pra onde queria ir?

— Moore, Alice.

Uma garotinha de tranças correu para o Chapéu, que anunciou "Grifinória". Malfoy ainda parecia muito abalado quando recebeu um tapinha nas costas de um monitor-chefe.

— Potter, Albus.

O Salão caiu num silêncio sepulcral.

Al foi, parecendo muito confiante, quando eu sabia na verdade que estava morrendo de medo. A Prof. colocou o Chapéu em sua cabeça, que demorou quase um minuto para decidir. E quando decidiu...

— Sonserina!

Al não se mexeu da cadeira, enquanto todo o Salão o encarava abismado. Até a Prof. McGonagall olhava, parecendo muito assustada. Os dois monitores chefes da Sonserina aplaudiram, mas suas palmas soaram tristes no silêncio. Al se virou para Prof. Sprout. Ela falou alguma coisa e ele se levantou, se dirigindo muito lentamente a mesa da Sonserina.

Tive vontade de gritar que aquilo era errado e que havia algum engano, que ele era da Grifinória, só podia ser. O Chapéu tinha pifado, com certeza.

— Williams, Vanessa.

— Sonserina!

Quer dizer que não tinha pifado?

Alguém me cutucou do lado e eu vi que todos me encaravam. Minha vez tinha chegado e eu nem havia ouvido meu nome.

Fui devagar, com medo que o Chapéu me mandasse pra Sonserina também. Porém, mal tocou em minha cabeça, já gritou "Grifinória".
Sorria aliviada e corri para a mesa dos leões, que aplaudia entusiasmada.

Sentei ao lado da tal menina de tranças. Olhei pra Al que estava do outro lado do Salão. Ele se levantou e correu em minha direção ignorando a diretora, que acabara de levantar para falar.

— É um prazer receber todos vocês aqui pela primeira vez e mais uma vez...

— Al, Al o que aconteceu? — desatei a falar assim que ele sentou encolhido do meu lado. — Você não pode ir pra Sonserina, Grifinória é onde você deve ficar, o seu lugar, o lugar dos seus pais, avôs, tios e...

— Eu sei, eu sei! — ele replicou aborrecido e de cara amarrada. — Você falando só faz parecer pior.

— Está vendo! — exclamei bobamente — Já está falando como um sonserino.

A menina ao meu lado soltou uma risada abafada. Ignorei-a.

— Devo dizer — continuou a diretora, mas eu não prestava atenção. — que a Floresta Proibida é, de fato, proibida...

— Não estou não!

— Tudo bem, não está falando como um sonserino — concordei de mau gosto. — Mas como o Chapéu te mandou pra Sonserina?

— Eu não sei. — ele baixou a voz — Quer dizer. Ele ficou em dúvida entre qual casa me mandar. Eu disse pra ele que preferia Grifinória...

— Então como você foi pra Sonserina?

— Bem; eu acho que, mesmo sem admitir, eu queria ir pra Sonserina. Provar que eu não sou uma cópia exata do meu pai.

— Você é um idiota, sabia disso?

— É, eu sei.

— Volte pra sua mesa, com sua amiguinha Vanessa. Olha ela está acenando pra você.

Ele me olhou confuso.

— O que tem com a Nessa? — nesse momento, eu quase me engasguei com a comida que tinha acabado de aparecer — Até achei que você quisesse que ele fosse pra Grifinória.

— Pois graças a Merlin que não veio.

Mas quem falou não fui eu; e sim a garota de tranças.

— Porque você diz isso? — cedi, sabendo que não podia mais ignorar ela.

— Eu conheço a Vanessinha. Os pais dela são amigos dos meus.

— E...

— E que ela é o ser mais irritante na face da terra. Nunca tira aquele sorriso falso do rosto, e acha que a pessoa não vale um nuque se não tiver dinheiro ou descender de uma família nobre.

— Em outras palavras — completei, me sentindo levemente enojada — sangues-puros.

— Exatamente. — confirmou ela — Agora experimente passar todos os verões a ouvindo falar de como já sabe de tudo sobre feitiços e sobre Hogwarts e que queria mesmo era ir pra Beauxbaton porque lá as coisas são diferentes, as pessoas são bem comportadas e blá blá blá... Entende o que eu quero dizer quando agradeço a Merlin?

— Com certeza — acenei vigorosamente com a cabeça.

— Hm... — começou Al baixo — Acho que... Acho que eu vou voltar pra minha mesa... quero dizer, a mesa da Sonserina.

— E porque ainda está aqui? — retruquei rispidamente.

Por alguma razão eu estava realmente irritada com o fato de ele ir pra Sonserina. Era quase como uma... Traição.

Depois do jantar, os monitores chefes nos guiaram através dos corredores. Eu acabei me separando de Alice – era assim que se chamava a menina de tranças. Chegamos ao salão comunal e eu corri para pegar a poltrona perto da janela (depois de tanto ouvir meu pai falar sobre ela e sobre o Salão Comunal, parecia que eu já conhecia aquele lugar).
Não encontrei mais Alice, então me deixei ficar ali na poltrona sozinha, olhando a Floresta Proibida.

Depois de um tempo, percebi os olhares que as poucas pessoas que ainda estavam no Salão me davam, e eram extremamente constrangedores. Eu só queria sair dali, ficar sozinha. Mas o dormitório já deveria estar cheio, e por alguma razão eu não queria ficar acompanhada. Os monitores passariam a qualquer momento para mandar os alunos restantes subirem, e me perguntei o que aconteceria se eu simplesmente não subisse. Então me ocorreu uma idéia maluca. A Floresta Proibida parecia tão tentadora da janela em que eu a via.

Um lugar perfeito para se ficar sozinha e pensar. Um lugar perfeito, também, para ser pega levar uma detenção ou até morrer, mas eu ignorei esse pensamento.
Levantei o mais discretamente possível e quando passei pelo quadro da Mulher Gorda, ninguém tentou me impedir. Afinal, parecia impossível que uma garotinha de 11 anos, no seu primeiro dia em Hogwarts corresse o risco de se meter em problemas, e até se machucar, indo na Floresta Proibida de noite e, ainda por cima, desacompanhada.
Mas, ninguém me conhecia.

Por alguma incrível sorte, eu não encontrei nada no caminho que me atrapalhasse, exceto Pirraça, mas eu consegui convencer ele a não sair gritando que eu estava no corredor a noite em troca de ajudar ele a jogar uma bomba de bosta no dormitório feminino na Grifinória.

Embora segura de que ele adorou a idéia, um trato com Pirraça não é realmente um alívio.
Dei com Filch também, virando em um corredor, mas eu corri antes que ele visse meu rosto e ele já não corria como antigamente.

Apesar de tudo isso, quando eu estava na metade do caminho para floresta ao ar livre, comecei a sentir frio e lembrar de que eu deveria ter trazido um casaco.

Além disso, a Floresta agora parecia extremamente assustadora e a única luz vinha da cabana de Hadrig, que por algum motivo, ainda estava acordado.
Queria voltar para o aconchego da lareira. Mas continuei em frente.
Eu não tinha sido escolhida para Grifinória a toa.

— Merda. — murmurei depois de tropeçar e quase cair.

Finalmente cheguei perto das árvores. Adentrei o suficiente para estar envolta por elas e ainda ver o luar. Sentei numa pedra chata, e descansei por um momento. O que eu tinha ido fazer ali mesmo?
Ah sim, pensar.

— Rose idiota. — resmunguei para mim mesma. — Porque não podia pensar deitada na cama?

Refleti sobre o que eu podia fazer ali então. Eu era muito boa com fitas.
Tinha visto uma vez num programa trouxa. Quando elas perderam a graça, acabei descobrindo um feitiço que seria muito útil para elas. Desde então, havia praticado muito.

— Como é mesmo o feitiço? — continuei falando sozinha. — Ah, sim. Já que estou aqui mesmo... Azio... Não, não... Accio fitas,

Nada aconteceu.

— Mais uma vez, mais forte. Accio fitas.

Dez segundos se passaram até eu ver algo colorido voando no céu. Sorri pra mim mesma.

Quando as fitas pararam em minha mão, eu dei uma volta com elas no ar. Depois as joguei no chão, e comecei a murmurar o feitiço que eu sabia tão bem, por praticar escondido em casa. As fitas vibraram levemente.



Limpei as mãos sujas de terra, e já me preparava para sair quando senti uma sensação de estar sendo observada.

— Não seja boba, você está sozinha aqui. — sussurrei.

Comecei a andar na direção do castelo, mas ouvi um farfalhar de folhas atrás de mim. Me virei tão rápido que estalei o pescoço. Saquei minha varinha e murmurei Lumus.

— Quem está aí?

É óbvio que mesmo que houvesse alguém, não iria responder. Mesmo assim o impulso de perguntar foi maior. Depois de me certificar que não havia ninguém, e convencer a mim mesma que só havia sido um animal, voltei para o castelo. Mais uma vez, todo o caminho estava desimpedido, e quando eu deitei totalmente exausta na cama, dormi. Meus sonhos foram perturbados por visões de milhares de folhas se mexendo, fitas coloridas e Al de mãos dadas com Vanessa que exibia aquele sorriso nauseante.


Ok, esse começo é uma porcaria kakaka. Sério, é meio chatinho mesmo, mas depois melhora juro. E fica mais divertida, também, afinal é uma comédia romântica. Espero que vocês gostem e quero reviews okkkkk? KKKKK sério ~poder~ na1

bjsss