Voldemort caminhava lentamente por aquela sala escura e silenciosa. O único som emitido naquele local eram os passos dele e a respiração descompassada de Bellatrix, sua serva mais fiel.

Tinham acabado de aparatar dentro da mansão Malfoy depois de terem sido vistos no Ministério. A volta do Lorde das Trevas passou foi provada e no dia seguinte provavelmente todos estariam sabendo. Isso o deixou ainda mais furioso.

Bellatrix, que se encolhera num canto mais escuro daquela sala, soluçava baixinho. Não tinha como esconder o medo que sentia naquele momento. Ela não conseguira obter a tal profecia, e esse foi um erro fatal.

- Parece que meus Comensais da Morte – soou a voz fria de Voldemort, fazendo os pelos da nuca de Bellatrix se arrepiarem – já não são como antes. Não conseguem cumprir o que mando...

Bella sentiu como se seu coração fosse sair pela boca. A última coisa que desejava nesse mundo era desapontar seu Lorde, mas foi o que aconteceu. Não conseguira a profecia.

- Perdão, Milorde – sua voz saiu quase num sussurro. O medo a deixou sem forças.

- Pedir perdão não vai trazer a profecia, vai, Bellatrix? – e então ele se virou e, num aceno de varinha, fez uma Bellatrix soluçante vir até ele e cair aos seus pés. Ela não olhou para cima, concentrou seu olhar em suas mãos apoiadas no chão. – E você deve saber que não costumo deixar passar algo assim tão grave... Sabe que merece ser punida.

- Milorde?

- Crucio!

Uma onda de calor tomou conta do corpo da bruxa que agora se contorcia de dores no chão. Ela sentia facas amoladas perfurando todo o seu corpo, rasgando cada parte, como se a matasse aos poucos. Bellatrix achou que não iria aguentar. Por mais que adorasse aquela maldição, estava sendo usada pelo seu Lorde, contra ela.

Então ela pensou em Sirius. Por alguma razão que nem ela sabia exatamente, seu primo tomou conta da sua mente, o homem que matara há poucas horas estava nos seus pensamentos mais profundos. Era como se aquela visão do seu primo afastasse o efeito da maldição. Ela sentiu o corpo dele junto ao seu, tomando-a, penetrando-a, fazendo-a sentir-se viva novamente. Ele era sua força, mas ela mesma deu um fim nisso.

De repente Bellatrix é despertada dos seus devaneios por uma risada desdenhosa de Voldemort. Quando deu por si, seu vestido estava todo amarrotado, sua mão direita passara por baixo de sua saia e estava posta na sua região íntima. Sua respiração ofegante indicava que a bruxa acabara de gozar.

- Admiro sua força e coragem, Bellatrix – começou Voldemort, afastando-se em direção à janela. – Dizem que o amor é uma magia muito forte... mas depois do que acabei de ver, matar o seu primo foi uma escolha digna de uma Comensal da Morte.

Bellatrix nada mais disse. Não tinha mais voz. Se arrastava lentamente tentando sair daquela sala. Suas forças se foram.

- Espero não precisar repetir este ato – disse, por fim, Voldemort.

Ela não sabia se aquilo seria bom ou ruim. Por mais dolorosa que fosse a maldição cruciatus, de certa forma ela encontrava prazer em sentir dor. Essa dor lembrava Sirius, ele era sua força. Ele fazia essa dor suportável, uma dor que ela gostava de sentir.