Disclaimer – Inuyasha não me pertence e a música Like You pertence à banda Evanescence, faço essa fic por diversão sem fins lucrativos.


Nota da Autora: ATENÇÃO, se você está procurando uma história fofinha com açúcar puro está no lugar errado. Desculpe, a autora tem diabetes... A história é mórbida e maléfica, com incesto, Miroku OOC e sentimentos sombrios, então leia por sua conta e risco.


Sinopse - O jogo deles era perigoso, eles sabiam disso... Para ela aquilo não era mais uma brincadeira, o divertimento se tornara amor. Mas ele apenas a usava, um sentimento bom era algo que Miroku não sentia. Talvez com a morte da jovem ele entendesse. Ou então, conseguisse o que sempre quis...


Like You

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Lá estávamos nós. Todos da família reunidos, não só os Higurashi. Inúmeros Tashio's e Yamamoto's também marcavam suas presenças, além de vizinhos e amigos da garota. Lamentávamos muito a morte de Kagome. Ninguém ali acreditava que uma menina tão alegre e cheia de vida cometeria um ato tão brutal contra si mesma.

Kagome se suicidara na noite anterior.

Sango me abraçou, recostando sua cabeça a meu peito. A herdeira Yamamoto sofria pela morte da amiga.

Fiz a única coisa que um bom namorado faria, confortei-a.

- Por que, Miroku? – a morena de olhos castanhos me perguntou soluçante.

- Eu não sei, meu amor. – afaguei-lhe os cabelos castanhos.

Eu menti. Talvez, fosse o único, além da própria Kagome, que soubesse o motivo.

Fique calma
Leve, escura e sem sonhos

Um rapaz de longos cabelos prateados parou ao meu lado. Seus olhos dourados me fitaram pesarosos, estavam inchados e vermelhos. Eu tinha certeza, Inuyasha Tashio chorara a noite inteira.

Sango me largou ao ver o hanyou. Caminhou em direção a ele e cumprimentou-o com um forte abraço. Mais uma vez minha namorada soluçou. Inuyasha, por outro lado, marejou os olhos.

Ele te amava, Kagome.

Eu sabia.

Nós dois sabíamos...

Depois que Sango largou-o e foi até minha mãe, Inuyasha seguiu até seu túmulo. Você estava lacrada em um luxuoso caixão de madeira nobre. Pálida, fria, sem vida. Era assim que você se encontrava ali dentro. E eu fui o único que viu você sendo posta lá. Ninguém da família tivera tal coragem.

Todos te amavam, Kagome.

Mas apenas eu, fui forte o suficiente para te ver. Fiz questão de observá-la bastante e decorar cada traço do seu rosto. Uma última vez...

Morta.

Uma garota jovem com muitos sonhos...

Morta.

Ninguém entendia, Kagome.

Ninguém aceitava.

Nem mesmo eu...

Você não mais realizaria seus sonhos. Nunca irá realizá-los... Eu sabia todos. Duvido que Inuyasha os tenha sabido. Mas eu sabia, Kagome.

Eu sabia.

Você não pode mais sonhar, Kagome.

Agora você não é mais desse mundo. Mas a sua lembrança estará viva na mente de todos, menos na minha... Por que nós dois éramos, somos e seremos, sempre, um só.

Muito abaixo dos meus pesadelos

E solidão

Eu me odeio
Por respirar sem você

Mais uma vez minha namorada veio ao meu encontro. Está começando a me irritar, Sango, eu pensei. Aquela choradeira toda era irritante.

Você morreu, Inferno! Chorar não adianta.

Diga a eles, Kagome.

Diga que você prefere assim...

- Meu amor, é melhor tomar uma água. Pode levá-la, Kikyou? – gentilmente pedi a uma prima minha que acompanhasse Sango. Ela concordou. Kikyou era outra que não parava de chorar. Eu realmente tinha razão, mulheres são fracas. Todas são.

Você era fraca, Kagome!

Você foi fraca.

Aproximei-me do hanyou. Ele agora estava a alguns metros do seu caixão.

- Inuyasha? – o chamei.

- Por quê? – indagou a mim, como há minutos atrás Sango fizera.

Eu o olhei paternalmente e lhe dei um abraço de consolo:

- Não sei..

Menti novamente.

Não era possível que todas as pessoas me fizessem a mesma pergunta.

Eu sabia a resposta, mas ela era proibida.

Eu e você prometemos nunca falar sobre isso, não é Kagome?

Entendam que nós não podemos falar.

– Eu conversei com ela antes do suicídio. – disse calmamente soltando o abraço. Inuyasha me olhou como se suplicasse uma continuação. – Ela falou de você.

Eu mais uma vez menti.

Não conversei com Kagome.

Nunca conversaria.

E você não sabe, Kagome.

- De... Mim? – a voz saiu embargada.

Eu apenas assenti:

- Disse que te amava mais que tudo nessa vida.

As lágrimas contidas dentro daquele mar âmbar desejavam sair.

Eu sabia.

E eu interiormente, queria vê-las.

- Eu também a amava demais. – a franja prateada caiu em cima de seus olhos, não me permitindo mais observar a face dele.

- Não tenha vergonha de chorar, Inuyasha. – coloquei uma das mãos em seu ombro. Ele levantou o olhar, mostrando-me o rosto banhado por lágrimas.

Senti uma imensa vontade de rir. Inuyasha também era fraco. Mais fraco ainda por chorar por você.

Logo por você, Kagome.

Ele está chorando por você, Kagome.

Todos chorando por você.

Menos eu...

E eu tenho certeza que você gostaria de saber o porquê de eu não chorar, não?

Afastei-me do hanyou deixando-o sozinho próximo ao seu túmulo. Era gratificante ver as lágrimas naqueles olhos.

Eu disse pra você que ele iria chorar, Kagome.

Eu e você sabíamos.

Um dia Inuyasha choraria.

E todos sofreriam... Por sua causa.

Ah, Kagome! Tenho enorme prazer em lhe avisar que: Eu sabia.

O estado de sua mãe era lastimável. Chorava copiosamente. A dor de enterrar uma filha era profunda e incalculável. Ver morta aquela que um dia você gerou com tanto carinho e amor, a pequena criança que você abrigou em seu ventre durante meses... Ela estava sem chão. Eu entendia, pelo menos, eu pensava entender. Não a consideraria fraca.

Não ela.

Nunca a Senhora Higurashi.

A minha mãe não.

A nossa mãe não.

Eu tinha esperanças que ela, somente ela, depois de toda a dor de sua morte se fortaleceria.

Ela era forte.

Nossa mãe é forte, Kagome.

E ela te ama muito.

Amava, quero dizer. Porque você não mais existe.

Era patética a forma que as pessoas choravam por você, Kagome.

Todos te amavam, respeitavam, admiravam e precisavam de você.

Menos eu...

E era por isso que eu te odiava.

Era por isso que eu me odiava.

Eu odiava saber que eu não amava você como as outras pessoas.

Eu não quero sentir mais nada por você

Você sempre foi a filha perfeita.

Obediente, educada, estudiosa, caprichosa, agradável, submissa.

Antônima a mim...

O demônio Higurashi.

Antipático, desagradável, desleixado, inconseqüente, mal educado, desobediente, irresponsável, baderneiro, galinha, revoltado.

Nós éramos opostos.

Você o bem, eu o mal.

A certa e o errado.

A verdade e a mentira.

A luz e a escuridão.

A humildade e a soberba.

A espontânea e o fingido.

Nos completávamos, Kagome.

Eu tinha certeza.

E você desconfiava disso, eu sabia.

Eu sentia que você queria.

Mas era errado, eu era o errado.

De luto por você
Eu não estou de luto por você

Fui ao encontro de Kikyou e Sango. Minha prima ao me ver deixou a morena ao seu lado sozinha.

Toquei de leve o rosto vermelho.

- Eu não quero te perder nunca. – a herdeira Yamamoto aproximou–se de mim. – Foi tão triste a forma como o Inuyasha perdeu a Kagome. – me disse colando o rosto na curva do meu pescoço, sensibilizada.

- Ele não perdeu a Kagome. – proferi abraçando a cintura fina dela. Sango deu-se por satisfeita pela minha resposta. Deveria ter imaginado algo como o amor é infinito e eterno, ultrapassa as barreiras da morte, ou qualquer coisa desse gênero. Mas eu não quis dizer isto.

Como Inuyasha pudera perder Kagome, se ele nunca a tivera para si? Ela nunca pertencera a ele.

Nunca.

O hanyou apenas não passara de uma peça de brinquedo de Kagome. Ela brincava com ele até enjoar e depois era pros meus braços que corria.

Eu tinha pena de Inuyasha.

Nós dois tínhamos, não Kagome?

E de Sango também.

Pelo visto os irmãos Higurashi gostam de brincar com os outros, não?

Nós gostamos muito, não é Kagome?

Adoramos o nosso teatrinho de bonecos.

Você, namorada de Inuyasha. Eu, namorado de Sango, sua melhor amiga.

Mas ninguém sabia...

Éramos tão parecidos fisicamente, cabelos negros e olhos azuis.

E eu sabia que no fundo éramos parecidos, bem no seu interior, você era tão fingida quanto eu...

Éramos irmãos, Kagome.

Nada pode empobrecer o amor real

Você e Inuyasha eram o casal perfeito. Pareciam tão apaixonados. Assim como eu e Sango.

Mas realmente ninguém sabia...

Ninguém sabia o que acontecia.

E eu tinha certeza de que se de alguma forma soubessem, não acreditariam.

Nunca acreditariam.

Nós éramos perfeitos, Kagome.

Mentirosos Perfeitos.

E eu me orgulhava de você.

Meus olhos azuis semelhantes aos seus, brilhavam ao vê-la atuar no nosso teatro.

Oh, eu adorava.

Mas eu era melhor que você, Kagome.

Sempre fui.

Mas ninguém reconhecia...

E eu começava a notar em seus olhos algo mais intenso.

Não via apenas o divertimento inicial.

Observava algo profundo, algo que me irritava, mas que eu adorei ver em seus olhos.

Eu começava a virar o jogo, Kagome.

Oh, Kagome! Você me amava.

E eu sabia.

E embora eu possa ter perdido meu caminho
Todos os caminhos me levam direto para você

Lembro-me de todas as vezes que estávamos eu, você e Sango.

Eu a abraçava por trás, beijando seu pescoço e olhava diretamente para você. Movendo os lábios em mudas e maliciosas palavras dirigidas a você.

Ah, Kagome. Era tão bom vê-la corar daquela forma.

Era perigoso aquele tipo de coisa mais eu gostava.

Nós adorávamos o perigo, não Kagome?

Veio a minha mente a vez em que nós três assistimos um filme lá em casa. Inuyasha não estivera presente. Não consigo lembrar muito bem o que aquele hanyou estúpido fazia naquele dia, mas era algo relacionado com o irmão mais velho dele. Na metade do filme Sango dormiu com o corpo recostado no meu braço esquerdo. Do meu lado direito estava você, olhava atentamente para o filme, parecia interessada. Mas eu não queria isso.

Sua atenção tinha que ser minha, assim como você. Passei a mão pela sua cintura, escorregando-a atrevidamente pelas suas coxas. Você sobressaltou-se um tanto assustada. Olhou imediatamente para Sango, verificando o sono de minha namorada. Eu dei um sorriso sarcástico. Você abriu um pouco as pernas, dando passagem às minhas mãos.

Meu sorriso aumentou.

Nos encaramos, com cumplicidade.

Sua boca rosada veio, ainda que vacilante, ao meu pescoço. Beijou-me de leve no local, ao contrario de mim, você era gentil nas caricias. Meu polegar se moveu lentamente em cima da sua calcinha. Eu sabia que aquele tipo de toque te deixava louca.

Oh, Kagome, eu sabia!

Virei meu rosto para você e deixei com que você tocasse nossos lábios. Meus dedos empurraram um pouco aquela pequena peça para o lado e invadiram seu interior. Você me olhou mais uma vez assustada, mas eu te reconfortei com um sorriso.

Você não sabia, mas meu sorriso era fingido.

Sua atitude foi morder seu delicioso lábio inferior e, para minha surpresa, encaminhar suas mãos para minha bermuda.

Kagome, você me surpreendeu, eu confesso.

Você apertava minha coxa enquanto eu lhe atiçava lentamente com meus dedos. Estava chegando perto, Kagome. Estava dolorosamente perto... Mas a Sango acordou.

Tirou rapidamente as mãos de mim e se mexeu para que eu tirasse meus dedos de dentro de você.

Calma, Kagome, eu pensei. Não seja tão apressada, a Sango pode perceber.

Continuei com os movimentos como se nada tivesse acontecido.

Sango não se virou para nós, apenas murmurou algo me pedindo água.

Calmamente tirei meus dedos de você.

Peguei uma garrafa d'água em cima da mesa e entreguei a ela, que agora prestava atenção no filme.

Os dedos que estavam antes em você, eu encostei em meus lábios e os chupei descaradamente.

Suas bochechas ficaram vermelhas.

Eu quero ser como você
Repousar frio na terra como você

Aproximei-me de sua sepultura e fitei a terra sob meus pés. Você agora fazia parte dela.

Estava agora abaixo de mim.

Um sorriso de escárnio brotou em meus lábios.

Minha maior ambição era ser melhor que você, Kagome!

Surpresa?

Oh, eu me esqueci. Você não sabia disso.

Agora eu era melhor que você.

Já que não existiria mais nenhuma Kagome para competir comigo.

Você era meu sonho.

Queria alcançar seu esplendor de qualquer forma, mas eu não brilhava como você.

E isso me matava aos poucos.

Eu te odeio, Kagome.

Até morta continua inalcançável a mim.

Meu desejo era obter você.

Não como na noite antes de seu suicídio.

Eu queria algo mais profundo.

Não saberia te explicar, mas eu sabia que só você poderia me dá-lo.

Meu desejo era ser como você.

Glória
Barreiras invisíveis entre nós

Oh, minha doce estrela.

Você era minha estrela, Kagome.

Era por você que eu acordava todos os dias.

Pois foi o meu ódio por você que me manteve vivo até hoje.

Foi ele quem me fez seguir em frente e agir do jeito que eu agi.

Eu fui mau com você.

Eu fiz você se apaixonar, Kagome.

E eu fiquei extremamente feliz por isso.

Eu fiz algo que nenhum outro rival faria.

Eu joguei sujo, confesso.

Mas o resultado foi gratificante.

Te odiar me alimentava, animava, acalentava, sustentava, acalorava.

E te revelo que detestar foi extremamente fácil pra mim.

Você era tão malditamente perfeita.

Por Deus Kagome, será que nunca percebera o quanto melhor que eu você era? O quanto melhor que eu te achavam?

Sua existência fazia da minha infeliz.

Nossos pais preferiam você.

Eu sabia.

E isso te tornava mais odiosa a mim.

Ah, Kagome! Lembro-me quando você era insignificante.

É, um dia você foi para mim.

Mas lhe colocaram num pedestal.

Sim, Kagome. Eles te idolatravam.

E eu não admitia isso.

Eu queria a atenção.

Era a mim que ela pertencia.

E não a você.

A partir daí eu senti raiva, inveja.

Eu queria ser como você.

Eu juro que eu tentei, Kagome.

Oh, eu juro!

Mas eu nunca senti nada por você.

Afeição, amizade, carinho, fraternidade. Amor. Nada.

Eu só te odiava. Apenas isso.

Seu brilho me ofuscava.

Ofuscava a escuridão em que eu era envolvido.

E eu não queria isso.

Eu te odiava, sua desgraçada.

Satisfeita agora, Kagome?

-

Uma velha senhora se aproximou de mim e de Sango. Encarei-a com tranqüilidade. Esta me fitou analítica por alguns segundos e logo proferiu:

- Meus pêsames. – verdadeiramente desejou. Eu sabia que ela era verdadeira. Tanto tempo ensaiando meus gestos e expressões fizeram com que eu pudesse não só aperfeiçoar meu fingimento e controle de emoção, mas também, soubesse a veracidade das palavras e sentimentos das pessoas. – Ela era muito jovem, mas com certeza está em um lugar melhor. – disse cumprimentando eu e minha namorada, retirando-se de perto de nós.

Eu duvidava.

Não duvidava, eu sabia.

Você não está num lugar melhor, Kagome.

Tenho certeza.

O que fizemos não lhe permitiu tal lugar...

Derretam e nos deixe sozinhos novamente

Sussurrando, assombrando em algum lugar lá fora

Pecamos, Kagome!

Foi tão bom, mas era pecado.

Você não foi para nenhum lugar melhor.

Você foi para oinferno.

É pra lá que os irmãos incestuoso vão depois que morrem.

Estará junto com as outras pessoas ruins, Kagome.

Seu novo lar será o mesmo que o dos demônios.

Morará com eles.

Se bem que, você sempre morou com um, não?

Você não sabe o que eu daria para saber como você está lá do outro lado, saber o que você sente.

O eterno sofrimento.

Espero que você esteja sofrendo agora.

E que sofra eternamente.

Você merece.

E você sabe disso.

Se não soubesse não teria se matado.

Você foi fraca, Kagome.

Achou que se matando você acabaria com a sua agonia.

Mas você errou.

E você está pagando caro por isso.

Eu só lhe peço uma única coisa, minha irmã.

"Espere-me." – Oh, Kagome, me espere aonde quer que você esteja. Porque eu sei que iremos para o mesmo lugar.

Quero ver de perto o seu sofrimento.

Você não pode me negar isso.

Eu acredito que nosso amor pode nos ver através da morte

- Miroku, vamos, por favor. – Sango suplicou para que fôssemos. Minha namorada se deprimia cada vez mais ao fitar aquele caixão branco e saber que você estaria lá.

Ela te adorava, Kagome.

Você era como a irmãzinha que ela nunca teve.

Você supriu a necessidade fraterna de Sango quando Kohaku se foi.

Mas você a traiu.

É, Kagome.

Você apunhalou-a pelas costas.

Foi tão falsa e fingida quanto eu.

E eu adorei isto.

- Ainda não, meu amor. – pedi mais um tempo. Ela concordou.

Sango entendia como um irmão se sentia com a perda de outro, ela já sentira o mesmo...

Ela entendia um irmão.

Mas não me entenderia.

Oh, eu precisava ficar o máximo de tempo possível ali com você, Kagome.

Eu necessitava ver de perto sua derrota.

Carecia observar todas as pessoas dentro desse cemitério que choravam por você.

Eu precisava ver todas as pessoas que te amavam, minha irmã.

Você era tão querida, Kagome.

Mas eu fui o único a quem você amou de verdade. De todos esses que estão presentes.

E você, a única pela qual eu senti algo.

Eu te odiei, lembra-se?

Ninguém me despertara sentimento nenhum, Kagome.

Só você.

Os nossos sentimentos vão nos ligar para sempre.

Eu quero ser como você
Repousar frio na terra como você

O amor e o ódio.

Nós dois realmente somos belíssimos opostos.

Mas eu não queria ser oposto a você, querida.

Desejava ser como você.

E para realizar essa minha cobiça eu lhe usei.

Ah, Kagome.

Eu te usei.

Você não sabia.

Porém, por trás do meu cativante sorriso minha mente calculista trabalhava.

Eu desejava te derrubar.

Mas eu precisava de sua confiança para isso... Eu precisava de seu amor.

Meu ego clamava pela sua afeição.

Eu necessitava te usar da pior forma possível para me sentir satisfeito.

E você nem desconfiou...

Minha doce Kagome, você era tão ingênua e pura. Foi deliciosamente fácil te enganar. Oh, como foi.

Anteontem ainda estava na minha mente.

Você se entregou a mim, Kagome.

Você me confiou sua virgindade.

Mas eu não fui delicado com você, eu não era o tipo de homem doce e suave.

Era violento e rude. O seu oposto.

Mas você não ligou.

Você me amou. E eu te castigue.

Infligi a você todo o ódio que sentia.

E você não reclamou.

Nunca reclamaria.

Continuou proferindo inúmeras juras de amor.

Você era tão carinhosa...

Eu fico pensando, o que será que seu hanyou ia pensar ao saber que a querida e idolatrada namorada dele havia transado com o próprio irmão?

Ele ia morrer de raiva, Kagome.

Inuyasha sentiria ódio de nós.

Porém, o dele não seria maior que o meu.

Há espaço aí dentro para dois e eu não estou de luto por você
Eu estou indo por você

Vejo algumas pessoas segurarem nossa mãe. Ela se debatia e tentava se aproximar de seu túmulo. Papai, Inuyasha e o pai de Sango a impediram. Ela queria abrir sua sepultura.

Você acredita nisso, Kagome?

Sango me abraçou. Ela tinha medo. Eu sabia, apenas ao olhar para seus olhos castanhos. Seus lábios se cerravam enquanto ela procurava minha proteção.

Eu a protegi, Kagome.

Não porque eu gostasse dela, mas porque eu te odiava.

E eu queria que você sofresse a me ver com ela.

Porque você me amava, Kagome.

Essa era sua fraqueza.

Você tinha uma fraqueza, Senhorita Perfeição.

O amor.

E eu me aproveitei dele.

E me aproveitarei, quanto mais eu puder, dessa sua patética fraqueza.

- Não se preocupe, Miroku. – Sango chamou minha atenção. – Eu vou sempre estar com você. – disse tentando me confortar. Rodeou as mãos pelo meu pescoço e me deu um afetuoso abraço.

Era uma graça vê-la tentando me consolar. Ela que mal se agüentava de tristeza tentava aliviar a minha.

Oh, Sango. É muito bonito de sua parte. Mas eu não preciso disso, penso.

Levanto delicadamente o rosto bonito dela e faço-a me encarar:

- Eu sei, meu amor. – meu tom era afável e meigo. Fito rapidamente o epitáfio da sua sepultura.

Seu nome, data de nascimento e morte. Só. Aquilo agora era você, Kagome. Você era resumida ao seu nome e alguns números. A única coisa valiosa ali era o vestígio da nobre família 'Higurashi' em seu sobrenome, nada mais. Porém, para mim o respeitável em seu túmulo era o 'Kagome'.

Nada foi tão grandioso quanto o que você era. Nenhum sobrenome era tão importante quanto o que um dia você significou para as pessoas.

O 'Higurashi' não era tão imponente quanto você, minha irmã. Seu ser expressava muito além de um nome de família.

Você não está sozinha
Não importa o que te disseram, você não está sozinha

Olho para os lábios de Sango. Eles tremiam. Os olhos e nariz vermelhos devido ao choro contrastavam com a delicada boca inchada. Aproximei meu rosto do dela. Minha namorada recuou tentando avisar-me com o olhar que ali não era local propício para beijos.

Eu não quero nem saber, contando que a Kagome veja.

Eu malvadamente puxo Sango pelo pescoço, dando-lhe um caloroso beijo, que nada combinava com a cerimônia.

Rude.

Como o último beijo que eu dera em sua boca, Kagome. Meus lábios se prensavam e minha língua invadia a boca frágil dela exigentemente assim como a sua anteontem.

Mas a boca de Sango não possuía o mesmo do sabor da sua.

Ela não era você, Kagome.

Como muitas vezes eu tentava imaginar.

Queria que estivesse viva para me beijar, Kagome.

Eu lhe daria meu beijo amargo novamente.

Eu lhe envenenaria.

Novamente...

Eu sorrio após a caricia, enquanto Sango coradamente se recompõe. Algumas velhas senhoras nos olham acusadoramente.

Aqui não é lugar para isso, elas deviam pensar.

Que vão para o inferno todas elas.

Leve-as para o inferno, Kagome.

Ou não. Era melhor não.

Deixe-as aqui por enquanto.

E me espere no inferno.

Em breve estarei ao seu lado.

E você não mais estará sozinha, Senhorita Perfeição.

Eu estarei bem ao seu lado para todo o sempre

Seremos livres, Kagome. Oh, sim.

Poderemos, enfim, nos completar em paz.

Enfim poderei te odiar em paz.

Nossas existências permanecerão infelizes.

Sofreremos juntos, minha irmã.

E ninguém nos julgará.

Porque estaremos juntos.

Para sempre.

E nós finalmente poderemos constatar a verdade.

Nós somos iguais.

Malditamente iguais, Kagome.

Eu quero ser como você, maninha
Repousar frio na terra como você fez

Observo mais uma vez nossa mãe. Kikyou estava cuidando dela. Ela estava em boas mãos, nós sabíamos.

Algo que eu nunca senti invade meu peito ao ver a Senhora Higurashi naquele estado deplorável.

Era culpa.

Eu estava me sentindo culpado, Kagome.

Aquilo doía, minha irmã.

Saber que alguém importante sofre por seus atos dói.

Será que você se sentiria assim se soubesse a verdade antes?

Você ia se sentir culpada pela minha dor?

Será que ia, Kagome?

Eu quero que você sinta isso. A dor da culpa é forte demais. O coração se comprime.

Oh, Kagome, por favor, sinta isso.

Eu preciso que você sinta.

A minha obsessão por você clama pela sua culpa.

Sinta, Kagome.

Aonde quer que você esteja, sinta.

Há espaço aí dentro para dois e eu não estou de luto por você

Minha namorada me chama para ir até a Senhora Higurashi. Ela estava preocupada. Digo-lhe para ir até lá, eu ficaria ali com você.

Não iria até nossa mãe.

Nunca iria.

Vê-la sofrer daquela forma por você fazia com que eu me sentisse culpado.

Eu era o culpado pela sua morte.

Eu sabia.

Mas eu não me arrependia, Kagome.

Só quando eu olhava para a mamãe.

Jamais poderia encará-la da mesma forma.

Eu matei a filha dela.

Eu fiz você se matar, Kagome.

Ela iria me odiar se soubesse da verdade.

Oh, Kagome, não permita que ela me odeie.

Não deixe que me odeiem, por favor.

Pelo amor que você sente, me prometa, não deixá-los me detestarem.

Promete, Kagome?

Mantenha esse nosso segredo sórdido.

Não deixe ninguém saber.

Era proibido falar, você se lembra?

Não quebre nosso pacto, Kagome.

E quando nos deitarmos numa felicidade silenciosa
Eu sei, você se lembrará de mim

Não se esqueça do que nós prometemos.

Não esqueça.

Talvez quando nos reencontramos poderemos ser felizes, minha irmã.

Eu, você e o meu ódio. Ele irá comigo. Ele sempre esteve comigo.

Você não se importa, não é Kagome?

Conviveu com ele há anos, é lógico que não se importa.

Mesmo que eu o confessasse você me amaria, não?

Eu sei que amaria...

E mesmo que você mergulhe no esquecimento eterno você não me esqueceria, não é?

Assegure-me de que você não me esquecerá, Kagome.

Por favor.

Lembre-se...

Eu preciso que você se lembre...

Não esqueça, isso me mataria.

Pelo seu amor, não me esqueça, Senhorita Perfeição.

Eu quero ser como você
Repousar fria na terra como você

Estava preocupado com o rumo que as coisas tomariam daqui em diante. Você não encontrava-se mais aqui.

O que seria de mim agora? Era o seu oposto, mas e agora que você não mais existia? O que eu seria?

Senti uma mão em meu ombro. Virei-me e fitei meu pai olhando-me.

Ele não disse nada, mas eu entendi.

Compreendi o olhar dele, e fiquei extremamente feliz com isso.

Eu estava feliz, Kagome.

Nunca me senti tão feliz assim, minha irmã.

Ele havia me aceitado.

Nosso pai finalmente me aceitou, Kagome.

Finalmente você não era mais a preferida.

Eu era agora tão querido quanto você.

Sua derrota estava próxima, Kagome.

Oh, estava deliciosamente próxima.

Ele me abraçou.

Não havia necessidade de palavras, eu entendia.

Eu sabia o que ele queria me dizer.

Quando nos soltamos ele olhou para minha mão estranhamente. Segui seu olhar e dei um sorriso sem graça:

- Lembram-me ela. – expliquei.

Nosso pai assentiu concordando.

Há espaço aí dentro para dois e eu não estou de luto por você
Eu estou indo por você

Era uma rosa amarela.

Caminhei para sua sepultura novamente, agora com ela em minhas mãos.

Em cima daquela terra fúnebre havia inúmeras flores.

Margaridas, Girassóis, Cravos, Lírios.

Todas em colorações bem alegres e vivas. Você amava flores assim.

Todos sabiam.

Nenhuma rosa.

Branca, vermelha ou amarela.

Nenhuma.

Seria apenas a minha.

A única...

Você não gostava de rosas.

Detestava rosas.

Principalmente, as pálidas rosas amarelas.

Odiava rosas.

Você odiava, Kagome.

As rosas foram a única coisa que você um dia me já disse odiar.

Odiava rosas.

Todos gostavam tanto dessa famosa flor. Por que você não? Eu me fiz uma vez essa pergunta.

Talvez eu soubesse...

Ela era conhecida demais, boa demais, perfeita demais para você, Kagome.

Assim como você para mim.

Enfim, eu descobrira o porquê de você detestar rosas...

Inveja.

O mesmo motivo pelo qual eu te odiava...

Você queria ser como uma rosa.

Assim como eu queria ser como você...

Beijei de leve as esbranquiçadas pétalas amarelas daquela rosa, como eu fizera com a sua mão no momento em que a puseram naquele caixão, e a coloquei ao lado das outras flores.

Eu sabia que se você as visse, notaria logo a minha rosa, Kagome.

E você saberia que fui eu quem a deixou lá.

Você a reconheceria, minha irmã.

Lembrar-se-ia...

Por que agora você sabe.

Você sabe que eu te odeio.

E a rosa provava isso.

Olho mais uma vez para o epitáfio.

- Até breve, minha irmã. – sussurrei para a terra.

Caminhei até Sango. Ela me esperava. Passei a mão pelo ombro dela, protegendo-a do vento frio que agora cortava o ambiente.

Era você, Kagome.

Eu sabia.

Espere-me, minha Kagome.

Logo irei contigo para a eternidade...

Passamos pela porta do cemitério, lentamente virei meu rosto para a sua sepultura.

Um sorriso débil brotou em minha face:

"Eu finalmente te ganhei, Kagome Higurashi."

Fim


Nota da Autora: Se vocês acham que essa humilde fic maléfica merece, reviewnize ela. (: Ou então, o Miroku do mal vai puxar seu pé de noite, hoho'.