Notas
(N/A) nota da autora. Não tem a ver com o ponto de vista dos personagens
Cada capítulo mostra o ponto de vista de um ou mais personagens.
"ABC" – Pensamento
"-ABC" - Fala
Não inventei Pokémon e muito menos escrevi o mangá.
Tudo o que faço, é pela comédia. Fangirls, por favor, não me matem! .
CH 00
Prólogo –Always In a Trash Life
Visão do Bill
Segunda-feira 6:00 AM
Acordei com um estranho barulho.
Bateria? Essa hora?
Abri o guarda roupa e puxei uma roupa qualquer, mas ela não veio. Puxei de novo, nada.
-Que estranho, a roupa não tá vindo... Peraí, o que é isso? – Me aproximei cautelosamente - Aaaah! - rapidamente fechei o guarda roupa, foi impressão minha ou tinha um vulto preto lá dentro?
Tomei banho, me vesti, desci as escadas e comi uma barra de cereais.
-Quem deixou a janela aberta? Eu já avisei trilhões de vezes que se não fechar, a gente vai ser comido vivo...
Fechei a janela para evitar insetos e, ao tentar fazer o mesmo com a cortina, vi recortes em forma de moldes de roupas. Amaldiçoei o Ruby mentalmente.
-Da próxima vez, comprar uma verde-catarro ou amarelo-vômito. – falei para mim mesmo. Fui trabalhar e na volta comprei alguns lanches e comidas congeladas, era o mais prático e mais barato. Alimentar oito homens não é fácil...
Ao retornar, disse:
-Este é seu jantar de hoje. Podem comer. – joguei um pacote para cada e guardei o resto no armário da cozinha. Quando voltei à sala, havia um impasse no ar.
-Noodles? Eu comi isso três vezes nessa semana. E hoje é segunda! – Pearl manifestou-se.
-E dessa marca? A fábrica deles foi interditada na semana passada! – O Red parecia assustado.
Por isso mesmo estava mais barato...
-Sabor camarão?! Você sabe que eu tenho alergia a camarão! – Gold reclamou.
-Eu tô começando a desenvolver alergia a comida industrializada. Há quanto tempo não como algo feito em casa? – retrucou o Ruby.
-Comidaaa! – disse o Diamond antes de começar a devorar o seu lámen.
-Acho bom vocês comerem os seus sem reclamar, ou então, o Dia fará isso por vocês. – Às vezes o Dia era realmente conveniente.
-... – o Green não pareceu se importar.
-... – Este é o Silver.
Eles começaram a comer, mas a calmaria durou pouco.
-Bill! Eu tô com sede! – O Dia já tinha terminado o lámen, e queria um acompanhamento. Às vezes o Dia era realmente inconveniente.
-Eu também! Mas traz algo gelado, tá? – Gold, seu folgado!
-Ah, Bill! - O Ruby se aproximou de mim interesseiramente.
-O que você quer?
-Já que você vai às compras, será que poderia trazer algumas linhas para mim? – disse com um sorrisinho.
-Não. Eu já fui e voltei, e estou cansado. Não vou perder meu tempo escolhendo linhas para alguém que estragou as cortinas!
-Ah, aquilo? Heheheh – ele riu forçadamente – Eu remendo todas as roupas que você quiser!
Eu não quero. Mas estou mais interessado em me livrar dele; estou exausto!
-...tá. – Eu não acredito que eu disse isso.
-Então, aproveita e traz mais gel, porque o Pearl usou tudo! – disse o Gold.
-Eu, não! A culpa é do Red.
O Dia aproveitou a confusão para ir à cozinha. Pelo jeito, a comida reserva já era.
-Ei! A culpa é do Gold!
-Bláblábláblábláblábláblábláb lábláblábláblábláblábláblábl ábláblábláblábláblábláblá
-Chega, eu não vou mais! Se virem! – estava irritado e queria dormir – Bebam água de torneira ou chupem gelo. Eu não me importo! - antes que me viessem com mais pedidos, subi rapidamente as escadas. Ao andar pelo corredor, vi um monte de papéis e embalagens usadas no chão. Argh! Aqueles desorganizados nunca limpavam a nada.
Liguei a TV do meu quarto e mudei para o canal que passa a série que acompanho: Always In a Trash Life. Eu me identifico com o personagem principal.
Quando acabou, o pessoal chegou ao MEU quarto e disputou pela programação. Uns queriam ver animes shonen, o Ruby queria ver shoujo, o Gold queria ver ecchi... O Green não tinha vindo, preferia tocar bateria.
Mais tarde, a programação que eles queriam ver acabou (exceto a do Gold, que só deveria começar lá pras altas horas, mas eu não o deixaria assisti-las no meu quarto, obviamente) e eu os expulsei.
Tentei dormir maas...
Bateria.
Terça feira 00:00 AM
Não consigo dormir, maldita bateria! Será que o Green não conhece a lei das dez horas? (Caso alguém não saiba: a partir das 22:00h deve-se reduzir o barulho)
Virei para um lado, virei para o outro... Argh! Realmente não dava para dormir! Então, já que não ia conseguir dormir nem tão cedo, pensei em ler um livro em frente à lareira. Ironicamente, assim que eu desisti de dormir, o som da bateria parou. Mas eu já estava ali, e tinha perdido completamente o sono.
Era uma noite fria, e seria bom me aquecer. Acendi a lareira e comecei a ler: no clímax da história, quando o detetive estava prestes a prender o assassino e encontrou-o já agonizando.
Detetive: Seu filho da mãe! Eu tive tanto trabalho para te encontrar e você vai morrer aqui?!
Assassino: E-eu fui traído, doutor. Fui tão enganado quanto os outros nessa história. Ele não queria que eu fosse preso e interrogado e me envenenou; não queria correr o risco de ter seu nome envolvido...
Detetive: Um mandante... Eu já suspeitava disso. Diga-me o nome agora, e se redima pelos seus crimes.
Assassino: O nome dele é...
Detetive: ...Siiim? – Seus olhos brilhavam de forma magnânima.
Assassino: É-é S... – de repente, o homem começou a sufocar, o veneno já penetrara em suas entranhas. Ele gemia dolorosamente e...
Uuugh! Aaahnn... Squiiik!
Olhei assustado ao redor, para me certificar de que não havia ninguém ali. Eu podia jurar que ouvira gemidos horríveis.
Paft!
-Aaaaaah!
Que susto! Uma coruja velha caiu sufocando da chaminé, ela se retorcia pelo chão, passando mal. Se contorceu várias vezes até parar de vez. Será que morreu?
Fui buscar uma pá, um saco e uma vassoura para apanhar o cadáver. Mas, ao encostar a ponta da vassoura em suas costas, a ave se manifestou enfurecida, bicando-me compulsivamente. Felizmente, a janela estava semiaberta (geralmente eu não ficaria feliz por isso) e ao ver uma brecha, ela logo fugiu.
Algumas bicadas tinham me machucado, eu precisava lavar o ferimento e colocar um band-aid, mas o banheiro estava cheio de marmanjos. Peraí! Já é de manhã?! Cocei os olhos.
O banheiro tava tumultuado por causa de um pote de gel de cabelo. No geral, sempre tínhamos dois potes no banheiro. Mas, como o Green se apropriou de um, o resto da casa foi obrigado a dividir o outro. E manter o cabelo do Pearl, do Red e do Gold não era moleza.
-Você já usou! Agora é MINHA VEZ!
-Se você usar o pote agora vai acabar com ele!
-Meu cabelo é maior do que o seu!
-Parecem até crianças... – sussurrei para mim mesmo.
Desci até a cozinha para tentar pegar gelo, não tava com paciência para aguentar briguinhas inúteis tão cedo. Felizmente o gelo ainda estava lá. Comi uma barra de cereal, a única comida comestível (e confiável) de lá. Saí para dar uma volta pelo bairro e, quando voltei, quase todos já tinham se dispersado. Aproveitei para tomar um banho, e fui trabalhar. Foi um dia tranquilo, no geral. O único problema foi quando voltei para casa. ...Mais bateria.
Esses dois dias explicam um pouco da minha rotina todos os dias. Trabalhar, me assustar, ser explorado e não dormir.
Mas nem sempre foi assim e vocês devem estar se perguntando como é que eu entrei nesta situação. Bem, isso tudo começou há um ano e meio atrás. Um dia quando eu estava tranquilamente almoçando o delicioso curry da minha mãe, o telefone tocou. Bem, isso parece meio irrelevante, mas tem certas vezes que o telefone toca e essa ligação pode mudar toda a sua vida. Essa foi uma delas.
Minha mãe nervosamente agitou o telefone para mim.
-Quem é? – perguntei assustado.
Ela agitou ainda mais o telefone e quando eu finalmente peguei, ela me observou impacientemente.
-Alô, aqui quem fala é o Bill.
-Boa tarde, senhor Bill. O senhor deve estar sabendo que a abertura do testamento do senhor Tony Starly, seu falecido avô, foi realizada hoje.
Meu avô paterno havia falecido há cerca de dois meses atrás. Ele estava doente há anos, mas sua situação se agravou muito nos últimos dois anos e havia, depois de muita resistência, sido transferido para um hospital. Ele era viúvo há muitos anos e morava sozinho num casarão em outra região.
-Sim, eu estou ciente.
-Era desejo de seu avô que seu neto primogênito herdasse o seu casarão e o terreno circundante.
Minha mãe me olhava ansiosamente.
-Q-quê? Você está me dizendo que eu herdei aquele casarão antigo? – eu estava pasmo. Precisava que ele repetisse aquilo até que eu acreditasse.
Ao ouvir isso, minha mãe deu um pulo e correu até o corredor.
-Sim, parabéns, você é o novo proprietário da casa. – disse o advogado seriamente.
Naquela hora eu me senti meio desequilibrado e tive que puxar uma cadeira para me sentar.
-Eu gostaria de me encontrar pessoalmente com o senhor para tratar de todos os detalhes. O senhor estaria disponível hoje à noite?
-Sim! – minha voz saiu um pouco mais entusiasmada do que eu queria. Mas a surpresa era muito grande, eu tinha herdado o maior tesouro do meu avô.
-Então, encontro você no fórum local às 20:00h.
-Certo, eu estarei lá. – disse entusiasmado.
-Até mais, senhor. – ele se despediu e encerrou a ligação
Fiquei estático por um momento, esperando a minha mente se acalmar. Nesse momento, minha mãe retornava à sala trazendo consigo minha irmã.
- O quê? É verdade maninho? – Ela tinha uma expressão incrédula.
Olhei para ela com uma expressão tão surpresa quanto.
-Pelo jeito, o vovô deixou o casarão aos meus cuidados. Ah, e o terreno ao redor também. Eu vou saber de mais detalhes hoje à noite.
As duas começaram a pular e gritar felizes e me abraçaram.
Bem, algumas semanas depois, quando toda a parte burocrática estava resolvida e quando eu havia conseguido uma transferência do meu emprego, eu me mudei para a cidade onde ficava o casarão, Miror Town. Minha mãe e minha irmã permaneceram na nossa cidade, devido aos seus emprego e escola, mas prometeram vir me visitar. Eu cheguei ao novo território com apenas uma maleta, uma chave e a promessa de uma nova vida.
Foi aí que as coisas começaram a desandar... Qual não foi minha surpresa ao encontrar um casarão com aspecto de abandonado, como se não visse uma faxina há anos! Não só isso, mas os móveis se encontravam em estado deplorável, com mofo avançado e estruturas comprometidas. Desisti de tentar examinar a ala oeste, pois o teto estava caindo e o piso cedia a cada passo. Além disso, uma barricada de móveis e entulho ou sei lá o que era aquilo tudo, impedia a passagem.
-O que o vovô esteve fazendo esse tempo todo? – falei comigo mesmo espantado – Como ele deixou a casa ficar desse jeito?
Um tanto decepcionado, continuei a explorar outras áreas. Por sorte, a ala leste estava num estado menos precário e era possível caminhar sem medo. O primeiro andar possuía quartos que, com uma boa limpeza estariam novamente habitáveis. Em um deles, me admirei ao encontrar a lareira em que o vovô costumava me contar histórias quando era pequeno.
Sim, era isso mesmo. Ele me segurava no colo, contando histórias em sua velha cadeira de balanço. A casa que fez parte de várias lembranças da minha infância ainda estava aqui em algum lugar. Sua beleza escondida pelos entulhos e poeira. Agora estava certamente muito acabada, mas era possível notar vestígios da beleza de outrora.
-Talvez a esperança não esteja completamente perdida. – falei olhando para o hall à minha frente – Aguarde, vovô. Eu farei com que essa casa volte a ter o brilho de antes. –e eu fiz essa promessa a mim mesmo.
Depois daquele dia eu abri uma poupança, passei a viver mais economicamente e a não gastar com o que eu não precisasse de verdade. Ouvi falar também que muitos estudantes de outras cidades se mudavam para cá com o intuito de estudar numa famosa escola da região e procuravam quartos para alugar. Qual não foi minha surpresa quando recebi uma ligação de um velho amigo, Red, me perguntando se eu conhecia algum lugar onde havia quartos para alugar a um preço bom. Foi aí que uma ideia surgiu na minha mente.
O que se seguiu vocês já devem imaginar... Essa louca rotina que tenho vivido.
Porém as coisas mudam e, certo dia, outra ligação veio para mudar minha vida de novo.
Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiin
-Alô? – Perguntei cansado.
- Ei, Bill, sou eu. - uma voz feminina falava.
-Ah. Oi, maninha. Como vai a vida por aí? Mamãe está bem?
-Aqui está tudo tranquilo e ela está bem. Ela quer saber como você está se virando por aí.
-O de sempre, 'cê sabe ...
-Você continua abrigando aqueles caras? – sua voz estava contrariada.
-Bem, na verdade, agora tem mais cinco. – fechei os olhos esperando a bronca.
-EU NÃO ACREDITO NISSO, BILL! Com aqueles dois já era uma bagunça, imagine com sete! Seu sem-noção! Fica abrigando mais e mais gente nessa casa acabada e os deixa fazer o que bem entendem! Ainda mais, é incapaz de dizer não! – ela parou para tomar ar - E nem nos avisa!
Claro, se eu avisasse você ia fazer esse mesmo escândalo que tá fazendo agora...
-Não se preocupe, mana. Ninguém morreu até agora. - ...nem eu
-Mas, se eu bem te conheço, você vai ficar inerte até que a casa pegue fogo. – ela fez uma pausa - Ai, ai... Esse meu maninho...
-Ei, eu sou o irmão mais velho.
-Olha, não se preocupe. – ela me ignorou - Seus problemas acabaram. As coisas irão mudar de agora em diante.
-Não tome decisõe...
-Me aguarde! – ela me ignorou de novo.
Clanc!
-Desligou na minha cara... – suspirei – Espero que ela não faça o que estou pensando...
Prólogo- Always In a Trash Life - End
