Olá meu povo e minha pova (x
Conforme a votação realizada no grupo do facebook "Adaptações Sasusaku" TUDO POR UM BEBÊ foi a grande vencedora!
YEHP
Por tanto, trago a você essa mais nova adaptação para o Universo Sasusaku. Espero que gostem!
P.s: Konoha é um cidade costeira. kkkkk
P.s2: Várias vilas da geografia de Konoha são citadas, já que Sasuke é um viajante. Caso queira ler a versão original, você pode adquirir o livro.
Essa fanfiction é uma adaptação realizada pelo grupo ADATTARE, do livro CORAGEM PARA AMAR – da escritora MICHELLE DOUGLAS. Publicado pela editora HARLEQUIN.
Sinopse:
E m Tudo por um bebê, Sakura decide que está mais do que na hora de ter um filho e parte para uma produção independente. O escolhido para ajudá-la nesse projeto é Sasuke, seu melhor amigo. Mas depois da inseminação artificial, ele percebe que o papel de "tio" não será o suficiente, e terá que convencer Sakura a embarcar em um novo projeto: formar uma família com ele!
TUDO POR UM BEBÊ
CAPÍTULO 1 - A PROPOSTA
— SASUKE, VOCÊ consideraria a ideia de ser meu doador de sêmen?
Sasuke Uchiha inclinou a cabeça para trás ao ouvir a pergunta de sua melhor amiga. Repousou a taça de vinho sobre a mesa de café antes que derramasse o líquido no chão, e virou-se para encará-la.
Sakura ergueu uma das mãos para o alto como se estivesse esperando que ele a interrompesse.
Interrompesse?
Ele tossiu. Engasgou-se. Mal conseguia respirar, quanto mais interrompê-la!
Quando perguntara a ela sobre o que estava pensando, não era isso o que ele esperava ouvir. Nem de longe. Sasuke pensou que teria algo a ver com a velha Chiyo ou com Kizashi o pai dela, mas...
Sasuke reclinou-se pesadamente contra as almofadas e agarrou-se com força no braço do sofá. Brevemente, de uma maneira covarde, desejou estar de volta em Yogakure em vez de estar ali em Konoha.
Um doador de sêmen? Ele? Sakura repousou uma das mãos sobre o peito dele, pressionando-o e fazendo com que os últimos átomos de ar saíssem de seus pulmões.
— Deixe-me lhe dizer primeiro por que eu gostaria que você fosse meu doador, e depois o que eu acho que seria o seu papel na vida do bebê.
O tom sensato de voz dela aliviou a pressão que ele sentia no peito. De súbito, Sasuke impulsionou o corpo para trás e apontou o indicador para ela.
— Por que, em nome de Deus, você precisa de um doador? — Ela estava com
27 anos, como ele. — Ainda há muito tempo.
— Não, não há.
As costas masculinas ficaram tensas. Sakura sentou-se na outra ponta do sofá e engoliu em seco. Ele assistiu a garganta dela se mover e suas mãos se fecharam em punhos. Tentou sorrir, mas o seu esforço o magoou.
— Meu médico disse que eu corro o risco de me tornar infértil.
Sasuke sentiu a bile queimar em sua garganta. Sakura sempre quisera filhos. Possuía um centro de assistência à infância, por Deus. Ela seria uma excelente mãe. Custou uma enorme força de vontade para que ele engolisse a fúria que queimava sua garganta. Lutar contra o destino não iria ajudá-la.
— Estou agendada para fazer uma fertilização in vitro para que eu possa engravidar o mais rápido possível.
Portanto, esta era a razão de ela estar pedindo para que ele fosse seu doador de sêmen. Ele?
— Você seria uma mãe brilhante, Sakura.
— Obrigada. — O sorriso dela estava um pouco tímido. Era o tipo de sorriso que desarmaria qualquer homem. — Nem todos serão tão compreensivos, eu temo,
mas...
Ela inclinou-se contra ele, seu cabelo roseado tocava seus ombros.
— Não estou com medo de ser mãe solteira, e estou muito bem financeiramente. Não tenho dúvida de minha habilidade em cuidar não só de mim como também de um bebê.
Sasuke também não duvidava disso. Estava falando sério quando dissera que ela seria uma excelente mãe. Sakura não seria fria e indiferente. Amaria seu filho. Preencheria os dias dele ou dela com amor e risada, e nunca haveria um momento de dúvida sobre o quanto esse bebê seria estimado.
Ele sentiu o peito incendiar. E a dor começar a incomodar seus olhos. Ela daria ao filho deles o tipo de infância que ambos sonharam.
Sakura endireitou o corpo.
— Agora, ouça. Só para lembrar, se você odiou a ideia, se isso o faz se sentir no mínimo desconfortável, então nós esquecemos do assunto, está bem?
O coração dele começou a bater.
— Sasuke?
O tom mandão de voz dela quase o fez sorrir. Ele assentiu com a cabeça.
— Certo.
— Certo. — Sakura inspirou profundamente. Sasuke sentiu o coração bater mais forte. — Sasuke, você é meu melhor amigo. Eu confio totalmente em você. Então me parece certo lhe confiar uma vida... Uma vida que será tão importante para mim.
Ele fechou os olhos e respirou fundo.
– Você é saudável, magro e inteligente... Tudo o que eu quero para um filho meu.
Sasuke abriu os olhos novamente.
Ela fez uma careta.
— E, embora eu nunca vá admitir isso na frente de outra pessoa, não há outro homem cujos genes eu admire mais do que os seus.
Por trás do sorriso dela, notou sua sinceridade. E, assim como qualquer outro momento em que ele lhe visitara, Sakura conseguiu derreter a frieza que havia crescido em seu interior enquanto estivera viajando o mundo com seu jato.
— Eu quero tanto um bebê. — O sorriso dela desapareceu. — Mas ter um bebê dessa maneira... Através de uma fertilização in vitro… Não existe realmente mais ninguém para compartilhar dessa jornada comigo. E um doador anônimo... — Ela baixou os cílios. — Eu não sei… Parece um pouco frio, é só isso. Mas se o doador fosse você, sabendo que você seria parte disso...
Sakura encontrou os olhos dele. Ele leu em suas faces o quanto isso significava para ela.
— Bem, isso não seria tão ruim, sabe? Quero dizer, quando a criança perguntasse eventualmente sobre o pai, ao menos eu seria capaz de responder às curiosidades dele ou dela.
Sim, mas ele seria esse pai. Sasuke correu um dedo ao redor da gola da camiseta.
— Que tipo de curiosidades?
— Cor do cabelo, cor dos olhos. Se você é divertido, gentil. — Sakura inspirou profundamente. — Olha, quero deixar claro que eu sei que você não tem desejo nenhum em se acomodar, e eu sei que você nunca quis ter filhos. Isso não é o que eu estou lhe pedindo. Não estou lhe pedindo nenhum tipo de compromisso. Vejo seu papel como o de um tio preferido e nada mais.
Ela o encarou por um momento.
— Eu o conheço, Sasuke. Prometo que o seu nome não vai aparecer na certidão de nascimento a menos que você queira. Prometo que a criança nunca irá saber sua identidade. E também – acrescentou ela – eu iria morrer se você estivesse disposto a me oferecer qualquer tipo de ajuda financeira.
Isso o fez sorrir. Sakura era totalmente independente... Ele daria isso a ela. Independente e mandona. Ele também suspeitava que provavelmente ela achasse que ganhava mais dinheiro do que ele.
O fato era que nenhum deles era miserável.
— Eu sei que independentemente de você concordar com a minha proposta ou não, você iria amar e suportar qualquer criança minha da mesma forma que me ama e me suporta.
Isso era verdade.
Sakura o encarou de uma maneira que subitamente o deixou inquieto.
Ela cruzou as pernas.
— Posso ver que você quer dizer algo. Por favor, eu sei que esse é um grande pedido, então simplesmente fale.
As palavras dela não o surpreenderam. Nunca haveria nenhum tipo de jogo entre ele e Sakura. Sasuke não estimava sua família... Nem sua mãe, nem seu pai e sua avó. Oh, ele entendia que devia muito à sua avó. Sakura o ensinava sobre isso toda vez que ele estava em casa, e ela estava certa. Chiyo o havia alimentado, o vestido e o hospedado, havia se assegurado de que ele fosse para a escola e visitasse o médico quando estivesse doente, mas ela fizera tudo isso sem qualquer sinal visível de prazer. Suas visitas agora não pareciam dar nenhum prazer a ela também. Eram meramente uma obrigação para ambos os lados.
Sasuke apenas a visitava para deixar Sakura feliz.
Ele poderia não estimar família, mas estimava amizades... E Sakura era sua melhor amiga. Sakur Haruno o havia salvado. Ela havia olhado para ele com sete anos, praticamente abandonado na porta de Chiyo, e havia anunciado que eles seriam melhores amigos daquele dia em diante. Ela dera ao seu coração cansado a companhia, a lealdade e o amor que ele precisava. Ela os alimentou com contos de fadas sobre famílias que se amavam; e com as coisas que eles faziam e as aventuras que tinham, enquanto cresciam.
Sakura o havia ajudado quando nada mais poderia aliviar a dor em sua alma. Sasuke tinha nadado ao lado dela quando nada mais poderia ajudá-lo, a não ser mergulhar em um mundo debaixo d'água... Onde ela iria nadar por quanto tempo pudesse antes de subir para tomar ar.
E ele tinha assistido mais de uma vez ela sofrer a agonia paralisante da endometriose. Nada em sua vida jamais o havia feito se sentir tão impotente quanto testemunhar a dor dela e ser incapaz de ajudá-la. Sasuke cerrou as mãos em punho. Não tinha percebido que ela ainda sofria disso.
— Sasuke?
— Estou preocupado com sua saúde. — A gravidez dela não seria um ponto desnecessário e esta altura? – É sobre isso o que eu quero conversar.
Sasuke se remexeu no sofá para estudá-la mais atentamente. Sakura ergueu sua taça e ele a serviu com mais um pouco do Chardonnay que estiveram apreciando no jantar. Contudo, a mão dele tremeu e sentiu algo se comprimir em seu interior. Colocou a garrafa sobre a mesa de café com mais força do que o necessário.
— Você está bem? — indagou ele sem preâmbulos.
Ela o encarou pela borda da taça enquanto sorvia um gole do vinho.
— Sim.
A tensão dele aumentou ainda mais.
Sakura não iria mentir para ele.
— Mas?
— Mas é um problema mensal. — Ela deu de ombros. — Você sabe disso.
Mas ele achou que ela tivesse superado isso!
Porque era isso o que você queria.
— Há alguma coisa que eu possa fazer?
As faces dela se suavizaram em meio à iluminação fraca e Sasuke desejou alcançá-la e tomá-la em seus braços... Apenas abraçá-la... Respirar próximo a ela, transmitir toda a sua saúde e vitalidade para o corpo dela para que nunca ficasse doente novamente.
– Sem dúvida Chiyo lhe disse que eu tive algumas crises severas de endometriose durante os últimos meses?
Seu estômago se revirou. Sasuke assentiu com a cabeça. Quando havia voltado para a cidade em sua bicicleta mais cedo, Sakura tinha o mandado imediatamente para a porta vizinha a fim de que ele fizesse a visita a sua avó, ainda que eles soubessem que Sasuke havia voltado para Konoha para visitar Sakura. Os dois assuntos mais importante de Chiyo tinham sido sobre a saúde de Sakura e a saúde do pai dela.
— A endometriose é o motivo de você estar correndo o risco de se tornar infértil?
— Sim. — Ela acomodou as costas contra as almofadas. — É por isso que estou fazendo esse pedido e...
— E? — A voz dele se tornou rouca.
Como o destino poderia fazer isso com sua melhor amiga?
— Não sei como chamar isso. Talvez não haja um termo para isso, mas parece errado de alguma maneira criar uma criança com uma pessoa anônima. Então, eu quero seus genes e sua falta de anonimato.
Sustentando o olhar dela, Sasuke repousou os cotovelos nos joelhos.
— Sem nenhuma responsabilidade paterna?
— Deus, não! Se eu achar por um momento que você vai se sentir pressionado nesse sentido, eu termino a conversa agora.
E teria um filho com um doador anônimo? Ele até poderia pensar que ela faria isso, mas também podia sentir que sempre houve uma preocupação na mente dela. Um medo do desconhecido e do que isso poderia lhe trazer.
Havia um simples motivo do porquê Sakura havia se voltado para ele... Ela confiava nele. E ele confiava nela. Sakura o conhecia, e sabia o quanto ele evitava compromissos de qualquer tipo. Sabia exatamente o que estava pedindo. E o que ela conseguiria se ele concordasse com seu plano.
Se Sasuke concordasse em ser seu doador de sêmen, iria ajudá-la a se tornar uma mãe. Fim de história. Não seria filho dele. Seria filho de Sakura. Ainda assim, ele conhecia Sakura. Sabia que ela arriscaria a própria vida em uma tentativa de engravidar e depois carregar o filho em seu ventre até o dia de seu nascimento.
Tudo em seu interior queria chorar ao pensar que ela nunca seria mãe, mas não poderia ser parte do risco que ela iria correr em uma gravidez. Sasuke passou uma das mãos entre o cabelo negros e tentou encontrar as palavras que precisava.
— Vou lhe dizer uma coisa. — declarou ela, enquanto se recostava no braço do sofá e esticava as pernas até que elas lhe tocassem os joelhos. — Estou seriamente ansiosa para deixar de ter endometriose.
Levou um momento para que ele conseguisse absorver as palavras dela.
Sasuke estivera muito atento em estudar-lhe o formato das pernas. E, inesperadamente, se viu transportado para aquele momento, há dez anos, quando havia percebido o quão bela Sakura tinha se tornado. Um momento que
havia começado como uma tentativa de conforto e se transformado em um momento apaixonado. Em um piscar de olhos. A lembrança o tornou frio. Ele havia pensado que tinha banido aquela memória de sua mente para sempre.
Naquela noite, Sasuke quase cometera o maior erro de sua pobre vida e arriscado destruir a única coisa que significava algo para ele... A amizade de Sakura. Ele meneou a cabeça, e sentiu o coração se acelerar dentro do peito.
Era estupidez lembrar-se disso agora.
Esqueça!
E então as palavras dela fizeram sentido. Ele inclinou-se para a frente, cuidadoso em não tocá-la.
— O que você acabou de dizer sobre a endometriose?
— Você não pode ter endometriose enquanto está grávida. A gravidez pode até me curar disso.
Se ele fizesse o que ela estava pedindo, se a ajudasse a engravidar, Sakura poderia nunca mais ter endometriose.
Ele quase caiu do sofá antes de o bom senso se instalar. Não que ele precisasse de proteção contra Sakura, mas queria pensar muito bem antes de concordar com o plano dela.
— Deixe-me esclarecer a situação. — declarou Sasuke. — Eu quero me assegurar de que estamos tendo as mesmas suposições aqui. Se eu concordar em ser seu doador de sêmen, gostaria de ser completamente anônimo. Eu não gostaria que alguém soubesse. Não gostaria que a criança me conhecesse. Da mesma forma que aconteceria se você tivesse ido a um banco de sêmen.
— Nem todos os bancos de sêmen são anônimos. — Ela deu de ombros. — Mas eu sabia que você iria querer o anonimato.
Sakura tinha entendido corretamente. Se a criança soubesse quem era o seu pai, teria expectativas. Ele não queria isso.
— E esse é o seu bebê, Sakura. A única coisa que eu vou fazer é doar o sêmen,
certo?
— Absolutamente.
— Eu seria o tio Sasuke, nada mais?
— Nada mais.
Ele abriu e fechou as mãos. Sakura seria uma mãe brilhante e merecia cada oportunidade de transformar seu sonho em realidade. Ela não estava pedindo mais do que ele poderia dar. Sasuke ficou de pé.
— Sim — disse ele. — Eu vou ajudá-la da forma que eu puder.
SAKURA TAMBÉM se ergueu do sofá. Seu coração batia tão forte que ela achou que fosse saltar do seu peito. Envolveu os braços ao redor do seu querido amigo.
— Obrigada, Sasuke! Obrigada! Querido, querido Sasuke.
Ela recuou quando ele repousou as mãos contra o seus ombros, lembrando-se imediatamente da vitalidade e da vida por trás daquele corpo alto e musculoso.
Uma lembrança que a atingia mais de uma vez a cada uma das breves visitas de Sasuke.
Seu coração perdeu uma batida enquanto ela se abraçava. Um bebê! Todavia, Sakura recuou mais um passo e engoliu o excesso da sua empolgação.
— Tem certeza de que não quer um tempo para pensar melhor? — Sakura não tinha intenção de apressá-lo em uma decisão tão importante como essa. Ela queria... Precisava… Que ele estivesse confortável e em paz com essa decisão.
Sasuke meneou a cabeça.
— Eu sei de tudo o que preciso saber. Além do mais, eu sei que você será uma ótima mãe. E você sabe tudo o que precisa saber sobre mim. Se está feliz em ser mãe solteira, então eu estou feliz em ajudá-la.
Sakura se abraçou novamente. Sabia que seu sorriso deveria estar estupidamente largo, mas não podia se conter.
— Você não sabe o quanto isso significa para mim.
— Sim, eu sei.
Sim, provavelmente ele sabia. A resposta dele fez com que ela se sentisse aliviada, e a lembrança do único beijo roubado deles voltou a sua mente...
Como sempre acontecia quando a emoção tomava conta dos dois. Sakura suprimiu um suspiro. Havia feito o seu melhor para se esquecer daquele beijo, mas dez anos tinham se passado e ela ainda se lembrava.
Ela ficou tensa. Não que quisesse repetir aquilo!
Bom Deus! Se as coisas tivessem saído do controle naquela noite, como quase ameaçaram sair, eles... Um tremor percorreu seu interior.
Bem, eles não estariam tendo essa conversa agora. Aliás, ela provavelmente nunca teria repousado os olhos em Sasuke novamente.
Sakura engoliu sua náusea súbita.
— Como está o cansaço do voo? — Ela forçou um tom alegre de voz.
Ele cruzou os braços na frente do peito e ergueu o queixo.
— Eu não canso de lhe dizer, não fico cansado com as horas de voo. Um dia você vai acreditar em mim.
Sasuke exibiu aquele sorriso encantador que deixava todas as mulheres a seus pés. Mas não ela. Sakura meneou a cabeça. Não tinha ideia de como ele conseguia entrar e sair de diferentes fusos horários tão facilmente.
— Preparei uma salada de frutas, se estiver interessado, e eu sei que é apenas primavera, e ainda está frio, mas como a lua está quase cheia, achei que pudéssemos sentar na varanda e admirar a vista.
Ele deu de ombros.
— Parece ótimo para mim.
Eles se dirigiram às cadeiras almofadadas da varanda. Sob a luz da lua, o arco da baía cintilava em tom de prata e as luzes na água piscavam e tremeluziam. Sakura inspirou fundo, deixando que o ar salino invadisse seus pulmões. A brisa fresca da noite esfriou suas bochechas quentes e seu pescoço, e eventualmente ajudou a estabilizar sua pulsação acelerada. Mas seu coração permanecia alegre em seu peito. Um bebê!
— Chiyo me disse que seu pai esteve doente...
Ela apreciou uma colherada da salada de frutas e depois assentiu com a cabeça.
Sasuke franziu o cenho. A luz da lua estava mais brilhante do que a lâmpada da sala de estar onde eles estiveram, e ela podia ver cada uma das emoções dele estampadas em seu rosto... Primeiramente frustração e depois preocupação por ela.
— Chiyo disse que ele teve uma infecção nos rins.
Tanto ela como Sasuke chamavam a avó pelo nome dela. Não avó, ou vovó, ou mesmo um honrado tia Chiyo. Era assim que ela preferia.
Sakura suprimiu um suspiro.
— Foi horrível. — Não havia sentido em ser qualquer outra coisa além de honesta com Sasuke, ainda que ela estivesse tentando protegê-lo do seu pai e de Chiyo. — Ele ficou frágil durante a noite. Eu me mudei para casa para cuidar dele um pouco. — Sakura tinha desistido de seu apartamento no centro de Konoha, mas não de seu emprego como diretora do centro de assistência à infância do qual era dona, mesmo que seu substituto estivesse no comando por uma semana.
— Como ele está agora?
— Isso levou alguns meses, mas ele está perfeito novamente. Mudou-se para um pequeno apartamento no extremo norte de Konoha. Meu pai disse que quer estar perto do conforto... O médico, as lojas, o boliche. — Sakura respirou fundo — Embora eu ache que isso tenha sido apenas uma desculpa, ele simplesmente não poderia mais suportar ficar na mesma casa que eu.
Sasuke parou a taça a meio caminho da boca.
— Droga, Sakura, por que você tem que levar isso para o lado errado?
Depois de todo esse tempo. Ela fitou a baía e aguardou para que a dor em seu peito fosse aliviada.
— De qualquer forma — ele franziu as sobrancelhas – aposto que ele apenas não queria que você sacrificasse sua vida para cuidar dele.
Sakura deu risada. Querido Sasuke.
— Você tem certeza disso, não é? — Desde a época em que a mãe de Sakura falecera quando ela tinha seis anos e o pai dela havia... O quê? Desistido? Esquecido que tinha uma filha? Ah, ele estivera ali fisicamente. Continuou a trabalhar duro e a ganhar dinheiro. Mas havia se fechado emocionalmente... Mesmo com ela, sua única filha.
Quando voltou a encarar Sasuke, ela o encontrou fitando a baía, com os lábios comprimidos em uma linha fina e os olhos estreitados. Tinha a sensação de que ele não estivera apreciando a vista. A dor ainda permanecia em seu peito.
— Eu não os entendo, sabe?
— Eu também não. — Ele não se virou para encará-la. — A diferença entre você e eu, Sakura, é que eu desisti de tentar entendê-los. Eu desisti de me importar.
Ela acreditou na primeira declaração, mas não na segunda. Nem por um momento.
Sasuke se virou para fulminá-la com o olhar.
— Eu acho que está na hora de você parar de tentar entendê-los e se importar tanto com isso.
Se fosse tão fácil. Ela deu de ombros e mudou o assunto.
– Como foi hoje com Chiyo?
– O mesmo de sempre.
Quando Sakura e Sasuke estavam com sete anos, a mãe dele o havia entregado para a avó. Ela nunca retornara. Nunca telefonara. Nem uma vez. Chiyo, que nunca fora exatamente cheia de vida, tinha se tornado ainda mais fria. Sakura não podia se lembrar de uma única vez em que Chiyo havia abraçado Sasuke ou mostrado a ele o menor sinal de afeto.
— Alguma coisa está acontecendo com eles. Eles se tornaram tão frios quanto ladrões.
– Sim, eu também tive essa impressão.
O pai dela havia começado a paternidade muito tarde, Chiyo tinha começado a maternidade cedo, e a filha dela... A mãe de Sasuke... Tinha engravidado muito cedo também. Isso tornou Chiyo e o pai dela contemporâneos.
– Mas... – Sasuke se moveu em sua cadeira. – Nós realmente nos importamos?
Sim, infelizmente Sakura se importava. Diferente de seu pai, ela não poderia desligar seus sentimentos com tanta facilidade. Não conseguiria enterrá-los tão a fundo a ponto de nunca mais verem a luz do dia novamente.
Sasuke cerrou uma das mãos em punho.
– Sabe o que me incomoda? Que você agora está presa cuidando dessa casa, que não passa de um elefante branco.
Sakura ficou tensa. Sasuke não sabia?
— Não estou precisamente presa com isso, Sasuke. A casa é minha agora... Ele me deu de presente. Meu pai passou a propriedade para mim antes de partir.
— Ele o quê? Por quê?
Sakura apreciou mais uma colherada da salada de frutas e depois deu de ombros.
— Para me sondar.
Ele inclinou-se para a frente.
— E você aceitou isso?
Ela havia aceitado. E se recusava a se acovardar com a incredulidade no tom de voz dele.
— Por quê?
Contudo, Sakura não estava certa de que pudesse explicar isso a Sasuke.
— Pareceu importante a ele.
Os olhos negros de Sasuke fulminaram os dela. Ela sabia a cor exata dos olhos dele, ainda que não pudesse enxergar direito em meio à luz da lua.
— Você está se aprontando para ter mais decepções – observou ele.
— Talvez, mas agora ninguém poderá argumentar que eu não tenho espaço suficiente para criar um bebê, porque eu certamente tenho.
Ele deu risada.
— Não quando você está vivendo em uma mansão de cinco quartos com uma sala de estar formal, uma sala para a família e uma garagem para três carros — concordou ele.
— Mas?
— Deve ser um pesadelo limpar essa mansão.
— Não é tão ruim. — Sakura exibiu um largo sorriso. — Hora de me confessar… Eu tenho uma faxineira. — Ela endireitou as costas. — Você vai ficar aqui por uma semana, certo? — Sasuke nunca permanecia mais do que uma semana. — Você se importa se eu marcar uma consulta com o meu médico para nós na quarta ou quinta-feira?
— Enquanto estiver em Konoha, Sakura, estarei à sua disposição.
— Obrigada. – Ela fitou a baía. — Agora, você me contou como acabou em Yogakure quando eu pensei que você estivesse guiando um grupo em um tour em Suna, mas para onde você irá conduzi-los depois?
Sasuke conduzia tours de aventura ao redor do mundo. Trabalhava como freelancer para múltiplas companhias de viagem. Ele estava em demanda também, o que significava que tinha que escolher para onde iria e o que iria fazer.
— Os campos de esqui em Yukigakure.
Ele esquematizou os planos de sua próxima viagem e suas faces se iluminaram. Sakura se perguntou sobre o que ele iria fazer uma vez que conhecesse tudo. Começar do início novamente?
— Você já viajou em um iate ao redor do mundo?
— Ainda não.
Esse era o objetivo dele em sua lista do que mais gostaria de fazer. E ela não tinha dúvida de que eventualmente ele iria.
— Leva um tempo velejar ao redor do mundo. Tem certeza de que vai conseguir ir sem uma companhia feminina?
— Nunca ouviu falar de uma mulher em cada porto?
Sakura deu risada. Sasuke não pôde se conter. O problema era que com ele isso provavelmente não seria uma piada. Sasuke nunca namorou uma mulher por mais de duas semanas. Era cuidadoso em não namorar qualquer mulher tempo suficiente para ela se tornar mandona e possessiva. Sakura duvidava de que algum dia ele fosse deixar isso acontecer.
Seu estômago se apertou, e depois ela sorriu. Esse era o motivo de ele ser o candidato perfeito.
Ela uniu as mãos. Um bebê!
