Eu tinha uma paixão pelo obscuro.
E talvez, por isso, eu tenha me apaixonado por você, Tate.
Porque você é o obscuro.
I
Não era assim que ela imaginara as coisas. Ela se enganará; se iludirá. Estava cega e talvez por isso tenha acabado do jeito que acabou. Agora, sozinha ela chora no quarto. Chora pela vida que não poderá viver, chora pelos pais que de um jeito ou de outro acabaram como ela, chora pelos filhos que nunca pensará em ter, no entanto, eram possíveis enquanto ela estava viva. Ela chora por seu grande amor que nunca poderá se realizar.
Sua mãe acaricia seus cabelos enquanto ela finge dormir, fingir porque não consegue parar de pensar; imaginar. Quando sua imitação do sono se torna real o suficiente, sua mãe desaparece e só então, ela se permite voltar a chorar.
Seu primeiro amor, sua primeira desilusão. Sua eternidade, presa naquelas paredes sem qualquer chance de poder escapar é tudo o que ela tem. Tudo o que ela se tornou. E por mais que ela queira culpá-lo, ela não pode, pois por pior que ele seja; ela sabe o que o amor ele profere é verdadeiro. De um modo estranho e monstruoso, ela sabe, por que mesmo depois de todas as coisas horríveis as quais ela sabe, ele fez, ainda sente algo por ele.
Algo muito próximo ao amor.
II
Ele tem raiva, desespero. Sente-se despedaçado por dentro. Ele não chora, não! Não! Não! A raiva é o seu sentimento maior, o que habita o seu ser e o faz se mexer por entre paredes sem vida da casa. Não a espaço para chorar.
Ele grita com todas as suas forças, extravasa a raiva de todas as maneiras que ele conhece. Porém, não é suficiente, nunca é. Há um espaço faltando e não importa o que ele faça, ou o quanto ele tente. Ela não vai embora.
Passeia pela casa a esmo, com um único lugar onde gostaria de estar trancado. A força que o mantêm longe é potente. Tanta que nem mesmo a sua natureza se atreve a transpassá-la. Ele espera. Sentando sobre as tabuas de madeira, ele a observa a espera de qualquer brecha.
Ele pode ficar ali toda a eternidade.
Ele não se importa. Afinal é tudo o que lhe resta.
A eternidade.
E sem Violet, nem mesmo um pouco de luz que atravessa a casa é o suficiente para ele. Ele tem necessidade dela. E somente ela pode aplacar a obscuridade que o cerca. Ela não sabe, contudo é única luz que ele deixou entrar em seu coração. Ela é o que o torna menos obscuro mais humano.
E a única coisa que ele tem certeza é de que ele a ama.
Acima de todas as coisas.
...
Segunda, 19 de dezembro de 2011
