"(...) Estrelas em volta da lua bela
de novo escondem a luminosa face
quando mais cheia ela brilha
sobre a terra (...)"
Hermione abriu os olhos e ficou por alguns instantes com o olhar vago e a visão ainda embaçada pelo sono, encontrava-se deitada numa confortável cama forrada por macios lençóis de algodão, abraçada às costas de um corpo nu, igualmente ao seu: a nuca de uma vasta cabeleira cor de fogo repousava sob seu queixo.
O luar entrava pela janela semiaberta e banhava os corpos dos amantes, juntamente a uma gélida brisa que fora o que despertara a menina, recentemente saciada de seus íntimos desejos.
Apoiando o cotovelo ao travesseiro de plumas de ganso, de modo a oferecer suporte à sua cabeça e ampliar a visão daquele corpo que lhe doava tantas sensações boas, acariciou-lhe a pele clara e macia, sentindo-a levemente arrepiada, não sabendo se pelo seu toque ou pela queda brusca da temperatura na madrugada.
Prosseguiu com seu toque, subindo levemente pelo braço e ombro de sua companhia, parando numa mecha de cabelos ruivos sobre a orelha daquela criatura tão amada, descobriu-a delicadamente e pôde observar o desenho perfeito da faixa de cartilagem, singelamente enfeitada por um delicado brinco dourado.
Não se conteve à visão tentadora e, inclinando-se cuidadosamente para não retirar sua alma gêmea do mundo dos sonhos, depositou um suave beijo no lóbulo adornado.
— Hummmm... ? – gemeu a fonte de sua atenção, espreguiçando-se graciosamente.
— Não quis te acordar, meu amor... apenas não resisti em te fazer um carinho... – sussurrou próximo ao seu ouvido.
— Não te perdoaria se não o fizesse, Mione... – respondeu Ginny com meiguice, girando levemente o corpo e tocando o rosto de sua amada com as pontas dos dedos.
A garota de cabelos crespos sorriu satisfeita, enquanto se inclinava novamente, agora em direção aos lábios da outra, onde depositou um beijo úmido, apaixonado e com o melhor sabor que existe: o gostinho de quero mais!
N/A: O poema é de Safo, uma poetisa grega que viveu na ilha de Lesbos a partir de 630 a.C., e assinava como Psappha. Sua poesia, devido ao conteúdo erótico, sofreu censura na Idade Média por parte dos monges copistas, e o que restou de sua obra foram escassos fragmentos.
