Nota ao leitor
Essa história seria uma "continuação" de minha outra chamada "Coisas de Estados", mas não é preciso ter lido-a para ler está (Além do que são 49 capítulos!) Mas seria bom se vocês lessem né rsrs
Eu criei está depois de perceber o grande espaço que o pequeno Carlitos tinha conseguido no corações dos leitores de CdE, e do meu também, claro!
À principio, a representação do Espírito Santo tinha um papel mais secundário, e o mineiro teria muito mais participação. Mas, qual a minha surpresa quando o próprio Espi não aceitou está posição? Não só não aceitou, como galgou posições, roubou o lugar de Minas, se fraternizou com o carioca, e tomou toda uma proporção inesperada.
Eu não podia estar mais orgulhosa desse capixaba arretado, e como minha recompensa a sua persistência, e sobre o pedido de muitas de minhas queridas leitoras, venho lhes trazer está história, onde desta vez o pequeno do sudeste e os demais Estados não representados em CdE serão os protagonistas.
Sejam bem vindos à "Crônicas de Estados" ! Espero realmente que seja uma leitura proveitosa a todos, como igualmente me foi sua escrita.
Dedicatória
_À Julia, que leu esta primeiro
_À Isabella, que se maravilhou com a ideia
_À Maya, que gostou também.
_À Marin que me deve review's
_À Lyssia, onde quer que esteja
E a você, que se encontra mais uma vez, ou pela primeira vez, na página que visitará nos próximos meses, amém!
Parte I – Crônicas de UM Estado
Capítulo I – Essa é minha história
Suspirou.
Virou-se para o outro lado da cadeira, e tornou a suspirar, sem ânimos, sem graça, sem motivos para sorrir ou comemorar.
Cabelos castanhos curtos meio lisos, pele vagamente pálida, docemente beijada pelo sol de seu litoral, olhos cor de mel, um tanto prejudicado verticalmente em relação a seus irmãos medindo apenas 1,63...Temperamento forte, porém amigável, fraternal, do tipo que se preocupa com todo mundo e sempre quer ajudar...Mas não consegue por ordem em sua própria vida... Exagerado que roubaria mil rosas, um maluco beleza, absolutamente direto ao ponto de parecer grosseiro, pé de cana realista, e acima de tudo...Um amante apaixonado.
Com um pouco mais de 400 anos de idade, e corpinho de 25, cabe dizer.
Este é o Estado do Espírito Santo.
Estado. Isso mesmo.
Os estados do Brasil possuíam representações humanas, personificações, não só o Brasil como outros Países também. Eram seres imortais constantemente afetados por seu entorno e habitantes, porém possuíam sentimentos e emoções, e se relacionam com os demais como humanos normais...
Emoções...Relações...
Ah, e as relações de Estados poderiam ser tão complicadas...Mas isso são Coisas de Estados...Isso é oooutra história...
O que vale dizer é que teoricamente os Estados deviam ser como irmãos, deveria haver uma relação fraternal entre todos... Mas as coisas não eram bem assim...
Os Estados em primeiro lugar eram separados como por panelinhas de acordo com sua região, quase como sub divisões de uma grande família...
Em segundo lugar...As relações eram bem mais complicadas do que simplesmente "fraternais"...Muita mais complicadas... Entre algumas relações, através do tempo e séculos, nasceu o desgosto, a indiferença, as intrigas... E o mais complexo de resolver e lidar...
O amor.
Por mais que o amor, uma relação mais afetiva entre Estados fosse proibida, um Tabu, que poderia desestabilizar até mesmo a sanidade da representação do País, ela acontecia, escondida, e fervorosa.
...Em alguns casos correspondida, já em outros...
- ..Eu odeio a minha vida... – Resmungou Espírito Santo deitando a cabeça contra a mesa.
-...Ressaca...?
Alto, bem alto...1,83 de pura petulância, cabelos negros desalinhados, pele pálida, e olhos de um azul claro intenso e desconcertante. Postura séria e indiferente, porém amigável com quem lhe convém, desagradável com os demais principalmente se são gaúchos. Este é o Estado de São Paulo, atende por "Sampa", "Sam", ou "Moh" se você for certo carioca...
- Ressaca...? O que é isso? –Questionou com um sorrisinho ladeado
- Quem dera eu ter seu fígado – Comentou com graça sentando ao lado do mais novo.
São Paulo era uma incógnita para muitos...Na verdade, para todos, mas alguns tinham o privilégio de conhecê-los melhor...E esses poucos sabiam que ele não era uma pessoa tão ruim assim, que por aqueles que ele realmente gostava podia chegar até mesmo a...Ser simpático!
Geralmente, ele só ignorada a maioria dos Estados nas reuniões, mas de um tempo para cá...Ele estava mais, digamos... Receptivo, amigável. Alguns Estados achavam essa a prova concreta de que o mundo estava no fim, os mais antenados sabiam que essa mudança, que também passava por sua aparência, tinha nome e sobrenome.
Estado do Rio de Janeiro.
E era graças a este Estado que Sampa estava ali agora, sentado ao lado do singelo Espírito Santo, conversando e interagindo amigavelmente
Mas que milagre era esse que Rio havia feito em seu vizinho? Simples, e ao mesmo tempo complexo.
É que já há um ano os dois Estados, contra toda lógica e regras, estavam juntos, ou seja, num relacionamento sério como namorados
Embora por muitas vezes pareciam mais casados...
- Cê quer? - Questionou o paulista oferecendo um sanduíche de queijo - Eu tinha comprado para o Rio, mas como sempre o imbecil está atrasado.
Para o capixaba, que viveu praticamente toda vida nas sombras dos grandes Estados de sua região, de forma invisível e praticamente sem nunca se relacionar com outros - Os quais sequer sabiam, ou acertavam seu nome- poder receber atenção assim... Nunca deixava de aquecer seu coração, e todo esse recente destaque era graças ao seu desorientado fratello.
Rio era o terceiro mais velho do sudeste, sendo Sampa o mais velho e ES o segundo, por tal Espírito Santo era o irmão mais velho por consideração estadual do carioca, e quando o fluminense há uns três anos atrás descobriu que era gay - De forma bem turbulenta cabe dizer- os dois acabaram tornando-se muito próximos, pois o espirito-santense também era - e ainda é! - homossexual
E o atrapalhado carioca precisava de toda a ajuda do muundo para lidar com essa nova situação, e por mais estranho que possa parecer, foi essa descoberta e ajuda que os uniu, tornando-os próximos como irmãos de verdade.
E além de ajudar o mais novo a entender sua nova opção sexual, o invisível capixaba também havia auxiliado com a tumultuosa relação que seu irmão tinha com o paulistano.
E quem diria que, no final a turbulência nada mais era do que um amor reprimido por séculos?
Devido a todo esse apoio, além de ganhar essa gostosa relação fraternal com o fluminense, também havia caído nas graças de São Paulo, e com isso entrado no seleto grupo de pessoas que ele realmente se importa.
Um grupo muito variado e ao mesmo tempo bizarro... Composto por Rio, Bahia, Paraná, Mato Grosso e Minas...
E secretamente Rio Grande do Sul também, pois era a última lembrança que ele tinha de um velho amigo capitania, São Pedro, que tinha o gaúcho em grande estima e quando vivo cuidava dele como um filho.
Mas esse grupo é complicado demais para abordar de uma vez, então sigamos em frente.
- Mas conhecendo o Rio, se ele chegar atrasado vai estar com fome, é melhor deixar pra ele.
- Você é mesmo uma graça Espi - O comentário fez o mais novo ruborizar -Não precisa se preocupar com esse idiota, qualquer coisa eu divido o meu com ele ou então eu peço outro, afinal a mulher da cantina me deu esses lanches porque esta apaixonada pelo Rio, e eu disse que ia falar com ele se ela me desse.
O capixaba o observava de boca aberta sem acreditar no que escutava.
- E você vai falar com ele ?
- Claro - deu de ombros.
- Você... - Diminuiu o tom de voz - ...Como namorado dele... Não se importa?
- Olhar não tira pedaço, e só porque ela o vê ela cobiça, contanto que não toque num fio de cabelo dele não merece sequer minha atenção - deu uma mordida despreocupada em seu sanduíche - Então até ele dar um fora nela temos sanduíches de graça
- ... Isso é crueldade ... - Mas ainda assim aceitou o pão
- Obrigado - agradeceu o paulista pelo "cruel" - mas não diga a ninguém que foi eu que te dei, os outros Estados podem achar que eu sou simpático, e eu tenho uma má reputação à zelar.
Como antes dito, São Paulo é uma incógnita. Dito isso passou a mão na cabeça do capixaba bagunçando seus cabelos com um sorriso caloroso.
- Não precisa se preocupar com sua má reputação Paulista, seriam necessários séculos para limpá-la
Alto, apenas três centímetros mais baixo que o paulistano, cabelos loiros lisos até quase o ombro, olhos de um azul vivido e petulante, pele num tom europeu, um sorriso alto-confiante e uma aparência madura, mas na verdade Rio Grande do Sul que aqui se apresenta é o caçula de sua região, e portanto inexperiente em muitas coisas, como por exemplo relacionamentos.
Porém atualmente também guardava um segredo estadual, cometia igualmente como o paulista o delito de ter uma relação mais séria com um Estado, no caso noivo a pouco mais de um ano de Bahia.
O noivado era a maior prova de o quão desorientado sobre "relações sérias" este gaúcho era, afinal ao tentar oficializar seu namoro com a baiana com um anel de compromisso, acabou dando-lhe um de noivado por engano... Mas a nordestina ardilosa não o deixou voltar atrás com seu equívoco.
- Que estranho -Começou o São Paulo com sarcasmo- Eu não me lembro de ter perguntado sua opinião viado
-Educado como sempre - respondeu cortes o sulista - Bom dia para tu também bichinha.
São Paulo o observou com ódio no olhar, e como resposta o sulista apenas riu provocante, sentando-se em seu lugar.
-Qual a lógica de chamar-me "Viado" se a bichinha aqui es tu? - Apoiou o rosto sobre a mão, zombeteiro
-Repita isso e eu vou te castrar - Quase rugiu o paulistano - E não importa o que acontecer, você sempre vai ser a bichinha irritante.
-Engraçado...Essa descrição parece mais o seu "namoradiiinho".
À menção do carioca, os olhos do mais velho tornaram-se verdadeiramente assassinos.
-Morda sua língua put* metido à argentino.
-Oooooh, ficou braviinho~ Não se pode falar mal de su amorcito?~
-...Será que vocês não podiam parar com isso...? - Resmungou baixinho o capixaba, e para sua absoluta surpresa, os dois pararam e lhe encararam, deixando-o absolutamente sem graça. - Aaah...
-Estás bem? - Questionou o sulista - Não pareces muito saldável
-O mesmo digo, perguntei se ele estava de ressaca, mas acho que isso é até impossível.
-Talvez tu tenhas comido algo que te fez mal... Bahia talvez saiba algo bom para ele tomar
-Ah sim, com certeza ela sabe - Concordou o paulista- Sabe onde ela está?
- Não faz muito ela me enviou uma mensagem, creio que estás a chegar.
-N-não...!...Eu e-estou bem! Sério! - Estava quase tão vermelho quanto a bandeira de São Paulo, nunca ia se acostumar em receber toda essa atenção - ...Eu só...Eh... B-bem...
Costuma ser um Estado isolado, invisível, nunca esteve realmente muito preocupado em se envolver com os demais, isso não lhe importava...Sempre viveu no seu próprio mundinho... Mas, começar essa relação fraternal Rio...O qual até chamava de "Fratello", o estava tirando cada vez mais dessa espécie de..."Zona de conforto"
Porém sua fala foi interrompida quando os demais Estados começaram a entrar quase todos ao mesmo tempo na sala de reunião, entre conversas, brigas, e risos foram cada um tomando seu lugar. Espi institivamente mexeu um pouco a cadeira para fazer barulho, e para que assim ninguém sentasse no seu colo achando que a cadeira estava vazia... Como muitas vezes aconteceu...
Mas ninguém nem chegou perto de fazer isso, e alguns ainda por cima o cumprimentaram, no caso Santa Catarina e Ceará.
-Sudeste atrasado como sempre.
Um rapaz baixo, rosto redondo, cabelos castanhos claros penteados para trás numa tentativa de parecer responsável, olhos negros como a noite, porte quase de adolescente , aparentemente responsável e centrado, mas o piercing escondido na orelha, e a tatuagem oculta no ombro revelavam sua mentalidade moderna, porém ainda era muito inocente para sua posição. Este era a Capital, Brasília.
-Nem adianta olhar assim pra mim -Respondeu Sampa cruzando as pernas - Eu cheguei cedo.
-Ao menos um, não é
-Dois, Espi também chegou, antes de mim até - Apontou para o menor que tentava inutilmente esconder-se atrás do ar.
Brasília deteve seu olhar no capixaba um instante, e algo incomodo e envergonhado retratou-se.
-Ah...Desculpa..."Espi"...- Meditou internamente não lembrando-se de existir um Estado com este nome. - ...Eu não te vi.
-A-ah...O-ok...Sem...Problema...Capital...
-E Minas está numa reunião com seu chefe, coisa de praxe, provavelmente ele não chegue a tempo.
-E Rio?
-O idiota nem deve ter levantado ainda - Deu de ombros vetando importância- Dois de nós já é metade, vamos começar de uma vez que eu tenho coisa melhor para fazer.
Muitos Estados não gostavam nada de Sampa muito provavelmente por essa atitude insolente que possuía, onde a Capital bufou, mas começou a reunião mesmo assim. ES por outro lado, chegara a conclusão que este era um traço da personalidade do primogênito, e talvez tivesse alguma coisa haver com a época das Bandeiras...
A junta então iniciou-se, falaram sobre a crise da água, uma possível crise de energia...
Também sobre o penteado novo de Santa Catarina, o que a baiana almoçou, os filmes que estavam passando no cinema... E claro, o foco da reunião que eram as eleição foi absolutamente esquecido, como sempre...
Estavam quase chegando a metade da reunião, onde Ceará contava sobre sua nova ideia empreendedora, quando a porta se abriu de golpe, sem licença ou batida prévia.
Alto, pele alaranjada claramente proveniente de um bronze diário e continuo, cabelos compridos até o ombro presos num rabo-de-cavalo cheio de mechas loiras entre os fios castanhos claros, óculos escuros de cara marca, um cavanhaque que lhe sobressaía por seu rosto de traços quadrados, vestia só uma regata e uma calça jeans. Este era o Estado do Rio de Janeiro.
-Não lamentem mais, eu cheguei. - Caminhou lento e torto até seu lugar, e sentou-se jogando as pernas sobre a mesa - Podemos começar de verdade agora. Qual é a pauta mesmo? Esqueci de ler.
Brasília ia criticá-lo. Porém não foi necessário...
PUUUM
São Paulo deu uma rasteira na cadeira do menor, derrubando-o no chão.
- EEEI! - Exclamou o fluminense levantando-se ultrajado sobre a risada dos demais.
- Cê ao menos tenha a decência de pedir licença para entrar infeliz, é por essas merdas que cê faz que temos que ouvir merda da merdinha do Brasília sobre nossa região!
- COMO ASSIM MERDINHA?!
-Mermão, isso não justifica tu me derrubar da cadeira! - Reclamou levantando-se com dificuldade - E se eu não cheguei antes, é porque ninguém se deu o trabalho de me dar uma carona
- Cê pode muito bem pegar um Taxi
- Em plena segunda-feira à tarde?!
- ...Gente...Por favor...A Reunião...
E para completo choque do capixaba, mais uma vez uma briga se deteve.
- Brô! E aí? - cumprimentou o carioca como se nada, voltando a se sentar - Enfim, o importante é que eu cheguei
- Egocêntrico.
- Mal humorado
- JÁ CHEGA - Berrou Brasília - E EU NÃO SOU UM MERDINHA!
- Sensível - Comentaram Sampa e Rio em unisolo
Espírito Santo estava quase em estado de choque... Tudo bem que fazia muito tempo que os Estados não se reuniam para uma junta...Mas a atenção que estava recebendo nesta... O que tinha feito ultimamente que ainda lembravam dele...?
Imaginou que agora que seu meio irmão carioca estava namorando e os dois saiam bem menos, por não andar mais com o popzinho do Brasil, logo os outros Estados voltariam a esquecer-se dele...
Porém, mesmo mais de um ano depois do inicio do relacionamento, algumas UF ainda o reconheciam! ...Embora nenhum deles provavelmente soubessem seu nome depois que Sampa espalhou o apelido "Espi"...Na verdade, tinha dúvidas se o próprio paulista o sabia...
Mas para efeito de comparação, entre 17 Estados presentes - e Brasília - cinco o terem reconhecido era quase um recorde!
...Ainda assim...Sentia que algo estava faltando...Se ao menos conseguisse precisar o quê...
-.-.-.-.-.-.-..-.
A reunião, como era de costume...Não chegou a lugar nenhum, e todos saíram para o intervalo falar sobre assuntos diversos.
Ainda assim fora abordada por Bahia - a mulher que o criou desde que tem memória e que considera sua mãe - antes de saírem para que pudesse lhe entregar um remédio de aparência estranha para lhe ajudar com os..."males do espírito". Por experiência própria o capixaba achou melhor nem perguntar o que havia ali...
Sendo assim, desceu do prédio envidraço em que estavam para procurar algum barzinho 'risca de faca' em que pudesse tomar umas cachaças sossegado e pensar na sua vida alguns instantes...
Era um boteco muito sujo e suspeito, que realmente só mantinha-se aberto porque a filha do dono era casada com um agente sanitário , porém isso não lhe importava, sentou num banco qualquer e esperou pacientemente que alguém notasse sua presença ali. Vinte minutos depois uma senhor esparrou em sua cadeira e então finalmente pode fazer seu pedido, três copos de cachaça, um para ele, outro para ele mesmo, e o terceiro pra sua pessoa. Já pagou direto, e se prestou a ouvir o radiozinho velho e empoeirado que tocava uma radio qualquer.
"...Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa..."
Observava o liquido transparente como se esperasse que ele lhe desse as respostas à uma pergunta que ele desconhecia. Sentia-se perdido, mesmo sabendo bem onde estava... Devia estar feliz, devia estar orgulhoso...Mas...Mas...Por que não estava? Não tinha conseguido o que queria afinal...? Os Estados começavam a nota-lo! Tinha amigos, tinha um irmão de verdade, um namorado!... Mas...Quando pensava que tinha atingido seus objetivos...Esse pensamento não parecia passar de uma grande piada...E de mal gosto.
Mas, o que mais queria afinal...?
"Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado"
….Tinha tudo que queria, tudo que sempre quis...Mas ainda sentia um vazio indescritível no peito, que só crescia e crescia com o passar dos dias e horas... Era como se tivesse sede de boa bebida e tomasse um vinho a ponto de vinagre, bebido uma vodka quente... Era o que queria, mas ao mesmo tempo era uma decepção.
Lembrou-se de Minas Gerais...
"Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "E daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aí parado"
….Tantas e tantas décadas havia amado este homem...A representação do Estado de Minas Gerais... O havia seguido como se fosse seu fiel escudeiro e sombra, apaixonou-se por ele perdidamente... E faria de tudo para ter um beijo verdadeiro daqueles lábios...
Estavam juntos...Faziam um ano de namoro no mesmo dia que os são-minense - Sampa e Rio respectivamente - e ainda assim... Não havia a mesma paixão que se via entre os dois... Não havia o mesmo amor...
Depois...De décadas tentando algo com este homem, o pediu em namoro...E o mineiro, ferido e desconsolado por ter perdido seu amor platonico de também décadas à fio... Acabou por aceitar o relacionamento... Com o velho discurso de "Não custa tentar"
Porque Minas Gerais foi apaixonado por anos por seu ex-tutor, São Paulo, embora tenham até chegado a ficar juntos por algum tempo - Política do café-com-leite- …. Sampa nunca conseguiu amá-lo, ou mesmo vê-lo da mesma forma que o mineiro o via... E esta frustração platônica provavelmente fechou com chave o coração de seu amor...
Seu amor platônico ter um amor platônico...Que ironia!
Então, tentaram começar um namoro.
Mas...Agora, mais de um ano depois... O que tinham realmente conquistado nesta relação...? Nada realmente... Sequer haviam se deitado! E podia contar o número de beijos sem precisar de outros dedos...
Tinha que fazer alguma coisa...Não podia ficar simplesmente parado, lamentando suas desventuras no amor...
Estava decidodo... Ia conversar com São Paulo... Precisava de um novo sentido para sua vida, que se tornava cinzenta e sem graça, talvez o paulista soubesse o que fazer...
-.-.-.-.-.-.-
-Eu que deveria estar bravo com tu!
-E eu posso saber por quê?
-Como por quê? Tu me derrubou da cadeira! Que eu fiz pra tu fazer isso?!
-O quê? Que tal...Chegar quase uma hora atrasado?!
-Foi tu que saiu apressado e não me deu carona!
-Mas foi você que foi dormir no sofá!
-E tu...Espera... - O carioca que andava pelo corredor discutindo em alta-voz com o paulista parou de caminhar, e teve o bom senso de diminuir o tom de voz - ...Então é por isso que tu está bravo...? Porque eu fui pro sofá... -Tentou não rir ao repetir a frase- e qual o problema disso?
-COMO QUAL O PROBLEMA?!
-Shhhh! Fala baixo Sampa...
-Quem é você para me dizer para falar baixo?! - Exclamou exasperado, ainda assim tentou respirar fuuuuundo e seguir - … Quando eu acordei estava sozinho...
-Mas a cama era de solteiro! Eu estava caindo, foi só por isso.
-...Ainda assim devia ter me avisado...
-Tu já estava dormindo
-Não é desculpa - Cruzou de braços e quase, quaaase, fez bico.
Rio de janeiro deu uma risadinha, soltando seus cabelos com a mão.
-Por que não disse logo? Mesmo por mensagem...Em vez de ficar descontando em mim por um motivo aleátorio... Pensando bem...Antes de ontem...Fazia quanto tempo que não tinhamos dormido juntos, não é...?
-Dois meses...Uma semana...e três dias - Resmungou o paulista.
- ...Nossa...Sabe quantas horas também...? - questionou com graça
O paulista fez menção de abrir a boca para contestar e dizer "22 horas, e 47 minutos", mas percebeu a chacota e chutou seu vizinho de Estado.
-Ei!
- Esse tempo é apenas um chute, eu não estava contado!
-Nãaao, claro que nãaao...- Ao receber um olhar ameaçador, deu uma tossida e resolveu mudar de assunto...Ao estilo Rio.
Tomou de assalto o paulista pela cintura e o guiou até as escadas...Era um prédio de 27 andares e estavam no 25º, ninguém devia usar as escadas.
Bateram contra uma parede, e o ar escapou dos lábios paulistas.
-...Tu realmente acabou comigo ontem - Sussurrou a centimetros dos lábios contrários - ...Tive uma dificuldade impressionante de levantar...E caminhar é uma prova de resistência.
São Paulo sorriu com suficiência, usando das próprias mãos para tomar as partes baixas de seu sexy amante, fazendo-o soltar uma exclamaçãozinha de dor.
-...Onde você pretende dormir essa noite...? - Seguiu o jogo, sussurrando numa distancia ainda menor. Rio entrecerrou os olhos.
-...Onde tu quiser...E fico... -Sampa aproximou-se mais... E o fluminense já estava operando no automático. - ….Quanto tempo tu quiser...
-Isso queria ouvir...- E o beijou quase com violência. Onde as mãos de cada um sobraram pelo corpo contrário.
Estavam alguns degraus de distancia do meio da escadaria que levava ao andar inferior, por isso tinham grandes chances de passar desapercebidos... Ou isso imaginavam.
-Sério...Por que sempre que acho vocês, os dois estão se pegando...? - Ao ouvir a voz do espirito-santense os dois se sobressaltaram, São Paulo que manejava o carioca tropeçou nos próprios pés, e ambos foram ao chão, escorregando alguns degraus inclusive.
-Aaah! Desculpa! - Exaltou-se o capixaba correndo para ajudar - Eu não quis assusta-los! Estão bem...? Não estão sangrando não é...?
-Ah, de boas 'fratrellho', eu cai em algo macio
-SAI DE CIMA! NAA- RESPI-RO!
E todo esse barulho e palavreados porém, chamou a atenção de uma quarta pessoa...Que até então caminhava pelos corredores perdido nos próprios pensamentos.
-Sorte que eu não uso mais óculos, se não você teria partido eles no meio, seu gordo - Resmungou o paulista quando conseguiram separar-se e sentar na escadaria.
-GORDO?! COMO SE ATREVE A ME CHAMAR DE GOORDO?! - A bicha ofendida exclamava horrorizada para todos os céus ouvirem- Eu sou musculoso! É muito diferente! Eu malho, caminho, como direito...!
-Ta, ta...O que foi Espi? Estava procurando a gente?
-Não me ignoreeeee!
-Que inferno Rio! Estou tentando conversar aqui! - Bufou irritado - Ta, cê não é gordo, é só uma bicha pesada e escandalosa. Melhor?
-Hunf, melhor e...Ei!
Tampou a orelho do lado que o carioca seguia escandalizado, e voltou-se mais uma vez ao capixaba.
-Aconteceu algo importante? Alguma coisa com Minas? Ele te ligou?
-Blah, Minas... - E Rio tinha mudado de crise narcísica para crise de ciúmes, cruzando os braços...
-Ah... N-não!...Na verdade não...Ele não me ligou...Em realidade...Nunca liga - Suspirou entristecido, e até o fluminense parou de resmungar. - A verdade é que eu queria falar...Contigo Sampa...
-Comigo...? -Estranhou - ...Bem...Se é sobre Minas...Acredito que não possa ajudar..Toda vez que tentei foi um desastre...
Rio, a personificação do ciúmes, concordou com a cabeça vetando a possibilidade da ajuda.
-...Não exatamente sobre isso...Mas...Na verdade, eu queria pedir alguns conselhos...
-...Vaya... - Comentou em espanhol surpreso, isso sim era algo realmente raro. O fluminense também franziu a sobrancelha sem entender.
-... Bem, com o Brô eu posso até cogitar em te deixar sozinho - Dito isso, o litorâneo levantou-se oferecendo uma mão para o paulista - Eu vou comer alguma coisa, metade de um lanche não foi suficiente! Eu encontro vocês na reunião depois.
-...Obrigado Fratelllo.
-AH! Rio, quase esqueci, vá comprar o lanche na cantina do terceiro andar, com uma menina morena de óculos. Só não deixe ela tocar em você! - Alertou em tom perigoso. ES não pode evitar de bater a mão contra a testa com a recomendação da merendeira apaixonada, e seus lanches de graça.
-...Er...Ta...- Nessa relação com o paulistano, o carioca havia aprendido que as vezes era melhor nem perguntar...- Ok, encontro vocês mais tarde.
Deu um suave selinho nos lábios de São Paulo, e bagunçou os cabelos de Espírito Santo com uma risadinha.
Saiu, e pouco depois os dois mais velhos do sudeste saíram também em direção ao lado oposto, passando sem perceber por alguém...Que observou e viu tudo, escondido ao lado de um extintor de incêndio...
Alto, pele sutilmente avermelhada, olhos negros profundos e complexos, cabelos castanhos escuros, curtos e lisos sem grandes detalhes ou movimentos. O homem sorriu de lado, vendo como os outros dois Estados conversavam enquanto se afastavam.
-Êêêê Égua...- Sorriu com malícia - Quem diria... São Paulo e Rio...Juntos... Ilegalmente juntos.
Este era o Estado do Pará. Sorriu mais abertamente com sua própria sorte. Aaah, isso ia lhe ser útil.
Ah, se ia...
Este é o capítulo um, de cunho mais introdutório...
Vou tentar fazer capítulos mais curtos dessa vez...Para conseguir revisá-los, e não entregá-los a vocês com aqueles erros grotescos de digitação e falta de atenção rsrs...
...Vamos ver por quanto tempo vou conseguir escrever capítulos curtos...
Mas então? O que acharam? Aos que não conheciam CdE deu para se ambientar na historia? Por favor me enviem suas opiniões nesse campo lindo abaixo S2
Nos lêmos!
