Enternecido Temporal
Prólogo
Chuva de outono, mais um dia depressivo para Arthur que observava as gotas deslizarem pelo vidro. Em pé, frente à janela, apoiando seu corpo de forma a sentir a superfície gelada em seu rosto, a respiração calma e compassada era capaz de embaçar uma pequena região da lisa superfície, transformando-a em tela para seus vários desenhos abstratos. De traços incompreensíveis surgiam letras, várias vezes evitadas. Assim como também era evitada aquela palavra que o perturbava. As lembranças voltavam a rodear seus pensamentos, trazendo à tona a angústia pelo tempo.
"Isso é muito divertido Arthur!"
"Estou vendo. Mas será que vai ser divertido quando você pegar um resfriado?"
"Talvez até seja. Se você estiver por perto pra cuidar de mim!"
A chuva contribuía para que seu pensamento resgatasse aquele instante. Uma tarde similar ao dia em que Arthur começaria a viver regido por seus sentimentos.
