Os dois ali, naquele momento, não eram Beckett e Castle, não eram o escritor e a detetive.

Eram Rick e Kate, duas pessoas imperfeitas, comuns, com mais curativos nos corações do que deveriam ter em um mundo justo. Duas pessoas que, finalmente, estavam no lugar certo, nos braços um do outro.

Ele sempre imaginou que, quando esse momento chegasse, sua mente estaria a mil por hora.

Ela sempre imaginou que, quando esse momento chegasse, sua mente estaria repleta de dúvidas.

Mas naquele momento, enquanto ela o guiava pela mão por seu apartamento, a mente dele estava em branco, como se seu cérebro ainda não tivesse feito as conexões necessárias para compreender tudo que estava acontecendo.

Já na dela, havia apenas uma coisa. Ele.

Kate não foi pelo escritório, optando pelo caminho mais curto, indo em direção à porta que dá para quarto dele, pela direita da sala. Durante os passos até lá, a única área de contato entre eles eram suas mãos, as pontas dos dedos formigando com a eletricidade no ar.

Quando ela tocou o trinco da porta, o sentiu puxando sua mão, fazendo com que ela se virasse e ficasse de frente pra ele. Rick não deu tempo a ela de reagir antes de pressioná-la contra a porta e atacar seus lábios. Ele sentiu que ela sorria durante o beijo e afastou seu rosto alguns centímetros, intrigado. Kate ainda estava sorria, as bochechas vermelhas, os olhos escuros.

-O que foi?, perguntou ele enquanto tirava uma mecha de cabelo que havia grudado no rosto dela, o colocando atrás da orelha.

O sorriso de Kate mudou para um de provocação e ela mordeu o lábio por um instante antes de responder:

-Você realmente gosta de portas.

Rick sorriu, colocou as duas mãos no quadril dela, uma perna entre as dela, e colou completamente seus corpos, pressionando, vendo como os olhos dela se fechavam por um instante antes de se abrirem novamente, todo e qualquer humor tendo ido embora.

-Não é da porta em si que eu gosto.


Ela abriu a porta do quarto e eles entraram, Rick a segurando pela cintura, seus lábios vagando pelo pescoço dela, distribuindo beijos molhados por toda região.

Não se preocuparam com acender a luz, sendo a luminosidade que vinha dos abajures no quarto e no escritório dele suficiente.

Kate levou as mãos ao peito dele, arranhando de leve, e então o afastou.

A surpresa pelo súbito movimento foi rapidamente apagada quando ele a viu dando um passo para trás, as mãos no casaco, o retirando. Ela o deixou cair por seus braços e passou a desabotoar o que faltava de sua camisa. Rick fixou os olhos nos movimentos dos dedos dela, na pele sendo exposta, e sentiu o coração apertando ao ver uma mancha escura na barriga dela.

Em um instante, ele já estava colado à ela de novo, a mão sobre a área machucada e uma expressão aflita no rosto.

-Kate...

Ela o calou com seus lábios, o beijando desesperadamente, as mãos em cada lado do rosto dele. Esse era o momento deles. Depois de tanta espera. Ela não ia deixar mais nada interferir nisso. Nem o universo, nem nenhum dos dois. Não mais.

Ao sentir ele não reagindo, Kate parou de beijá-lo e direcionou a boca ao ouvido dele, sua respiração pesada batendo em sua pele o fazendo se arrepiar:

-Depois, Rick. Depois. Por favor. -e mordeu de leve o lóbulo da orelha dele. - Agora, eu só quero você.

Ela o sentiu, mais do que ouviu, suspirando, se rendendo. E pouco depois as mãos dele já estavam segurando cada lado da camisa aberta dela, a retirando. A boca voltando à suas tarefas no pescoço dela. Kate, mesmo com o pouco espaço que havia entre eles, começou a desabotoar a dele, demorando muito mais do que o necessário em alguns botões quando ele sugava em algum ponto sensível ou ao sentir uma das mãos dele subindo por suas costas.

Após completar a tarefa, ela colocou os dedos no cinto dele e deu um passo para trás, puxando-o, enquanto ele se ocupava de terminar de tirar a própria camisa.

Ao chegarem na cama, Rick a empurrou levemente na direção desta, indicando que ela deitasse. Kate fez que não com a cabeça e levou as mãos à própria calça, desabotoando-a.

A mente de Rick pareceu finalmente cair em si sobre a situação e ele parou os movimentos dela colocando suas mãos sobre as dela e colou suas testas.

Ela estava de olhos fechado, ele olhando fixamente para os lábios dela, ambos com a respiração acelerada. Ele a sentiu abrindo os olhos, e subiu o olhar, seus olhares se cruzando.

Foi o último momento de hesitação da noite. A última pausa para considerar o que diabos estava acontecendo ali. Os olhos dela gritavam paixão, desejo, necessidade... amor? Não dúvida. Não arrependimento. Não dor. O restinho disso que ainda havia nos dele se apagou então e se igualaram aos dela.

Rick cortou o espaço entre seus rostos e a beijou. Por momentos que pareceram horas. Lentamente. Só lábios. Saboreando. Mas então não era mais o suficiente.

Kate mordeu o lábio inferior dele, o fazendo gemer e qualquer resquício de controle desaparecer. Logo, tudo que conseguiam processar eram o que estavam sentindo, o que o outro estava causando em seus corpos. Ele a colocou ainda mais contra si, uma mão nas costas e uma na nuca dela. Ela o abraçou pelo pescoço, o segurando no lugar.

Línguas se tocavam, procurando, provocando. Mãos exploravam, acariciando, acendendo a pele exposta. Gemidos de ambas as partes comparando forças com o barulho da chuva lá fora. E uma eletricidade no ar que tempestade nenhum conseguiria gerar.

Rick levou as mãos à calça dela, uma em cada lado de sua cintura, e começou a baixar o tecido molhado, separando seus lábios e abaixando para poder retirar a peça de vez. Kate ergueu uma perna, depois a outra, o auxiliando, usando uma mão no ombro dele para se equilibrar, enquanto ele aproveitava para retirar os sapatos e as meias dela. Ele terminou e foi se erguendo, suas mãos fazendo um caminho desde os tornozelos até se posicionarem na cintura dela.


Kate deu um selinho rápido nele e então subiu na cama, deitando meio de lado, apoiada no cotovelo, o lábio entre os dentes. Rick sentiu a garganta secando, o coração batendo forte em seus ouvidos. Kate, na cama dele, seminua e com uma expressão que só poderia ser caracterizada como de deleite.

Enquanto ele tentava se livrar do cinto e dos sapatos, Kate ficou a observá-lo. Seus braços e seu peitoral eram definidos, musculosos. Havia alguns quilinhos extras na cintura, mas nada que o deixasse menos gostoso naquele momento. Ele se atrapalhou com a última meia e, enquanto tentava puxá-la, acabou se virando, ficando quase de costas para ela. Kate umedeceu os lábios e foi descendo os olhos por ele. Sorriu para si quando ultrapassou o final das costas.

Nesse momento, Rick conseguiu se recompor e se virou. Kate rapidamente voltou os olhos para os dele. Ele deu um sorrisinho safado e subiu na cama, se colocando por cima dela, se apoiando nos braços para não depositar todo seu peso sobre ela, fazendo-a se deitar de costas.

Kate passou os braços pelo pescoço dele e levou seus lábios ao rosto dele, beijando sua bochecha, atrás de sua orelha, seu pescoço, todo lugar que conseguisse.

Ele fez pressão contra ela com seu quadril e em retorno a sentiu fincando os dentes na curva de seu pescoço, forçando seu rosto contra o pescoço dela. Ele respirou fundo e, mesmo podendo ser só um truque de sua mente, sentiu cheiro de cerejas.

Ela buscou a boca dele, o forçando a virar o rosto e o beijou com tudo que era capaz. Cada segundo se negando ao outro estava buscando compensação naquele e logo precisaram se separar para conseguir respirar.

Rick aproveitou para inserir uma mão por baixo das costas dela e abrir seu sutiã. Ao conseguir, voltou sua mão à cintura dela e desceu um pouco o corpo, beijando o caminho do rosto ao tórax dela até esbarrar em seu sutiã. Beijou delicadamente a cicatriz circular no peito dela e então, com os dentes, puxou cada alça do sutiã pelos ombros dela. Kate o ajudou com os braços e ele tirou a peça, a jogando para um lado qualquer.

Voltou a ficar na altura dela, os olhos se fixando, e se deitou de lado, saindo de cima dela. Foi descendo uma mão pelo centro do tórax dela lentamente, uma leve carícia, fazendo a pele dela se arrepiar. Chegou à barra da calcinha que ela ainda vestia e fez o caminho de volta, agora pela lateral, até chegar a um dos seios, o tomando com a mão. Um dos dois gemeu. Quase certeza que foi ele.

Rick voltou sua atenção ao que sua mão estava fazendo, e levou a boca ao outro seio, sugando de leve e, dessa vez, certeza que o gemido saiu dela. Ele ficou alguns segundos dando atenção à região, e então desceu a boca pela barriga dela, até chegar à ultima peça de lingerie. Era preta também, no mesmo estilo da parte superior (provavelmente um conjunto), e ele sentiu uma necessidade urgente de se livrar das calças o mais rápido possível.

A beijou sobre a peça, a fazendo errar uma respiração, e se posicionou de joelhos ao final da cama, puxando a calcinha pelas pernas delas. A retirou, a colocando de lado, e voltou sua atenção à mulher nua em sua cama. Se antes ele já tinha certeza, agora ela só ganhou força, ele não queria nunca mais ver nenhuma outra ali.

Se inclinou sobre ela novamente, se posicionando logo acima de seu centro. Rick olhou para cima e a viu o observando, as mãos agarradas ao lençol, os olhos mais negros do que nunca. Nenhum encorajamento a mais era necessário. Ele desceu o rosto e a beijou, totalmente embriagado por ela. Percorreu a língua pela região, até se focar no clitóris, arrancando um gemido roco dela e a fazendo fechar os olhos com força, a cabeça indo de encontro ao travesseiro. Foi subindo uma mão pela perna dela, apertando ao chegar na coxa e então passou a usar seus dedos em Kate também, primeiro só provocando, trabalhando a boca com mais empenho ao ter a prova em seus dedos do quanto ela realmente o queria.

Kate ergueu o quadril involuntariamente ao senti-lo colocando dois dedos nela. Rick ergueu o rosto para observá-la e a imagem com que se deparou o fez acelerar o movimento dos dedos. A cabeça jogada para trás, a boca entreaberta, a respiração acelerada. Completamente entregue. À ele.

Ela sentiu que ele a observava e o olhou, o ar vibrando quando ao ver a expressão de puro desejo nas feições dele, e ela sabia que precisava dele, nela, naquele instante.

Levou sua mão até a dele e o fez parar seus movimentos. Ele franziu a testa, intrigado. Ela retirou a mão dele dali e puxou o braço dele, indicando para ele subir. Ele o fez e ficou sobre ela de novo. Kate levou então seu rosto até a altura do ouvido dele e sussurrou:

-Eu quero você.

Rick grunhiu e sentiu como ela os virava na cama, ficando por cima.

Ela sentou-se, quadril contra quadril, roçando contra a evidência mais do que óbvia do desejo dele.

-Você está usando roupas demais. -falou ela, sedutoramente, enquanto percorria as mãos pelos ombros e peitoral dele, descendo.

-Pode me ajudar com isso, detetive?

Rick notou como as mãos dela pararam e a expressão de seu rosto ficou sombria por um instante, mas não teve tempo de analisar isso mais a fundo, pois logo uma das mãos dela estavam abrindo o zíper e outra passando por dentro do cós de sua calça. Ele ergueu o quadril, ajudando-a na tarefa de terminar de despi-lo e ela tirou a calça e o boxer que ele usava de uma só vez.


Ele se esticou para alcançar uma caixinha em sua mesinha de cabeceira e tirou uma camisinha de lá. A levou em direção à boca para rasgar a embalagem, quando sentiu os dedos dela segurando seu pulso e então retirando o pacotinho de sua mão. Rick engoliu em seco enquanto ela o abria e respirou fundo, tentando se controlar quando sentiu a mão dela o apertando e então descendo o preservativo por sua extensão.

Kate subiu um pouco na cama, sentando sobre ele novamente, tórax tocando tórax, e desceu a cabeça até seus lábios poderem se tocar. Se beijaram por alguns segundos, até ele parar de mover os lábios ao sentir ela pegando seu pênis para posicioná-lo contra sua entrada. Ela desceu lentamente sobre ele, respirações seguradas, até se encaixarem completamente, perfeitamente.

Voltaram a se beijar, lentamente, ainda sem se moverem, apenas sentindo a magnitude daquele momento.

Ela iniciou os movimentos. Vagarosos, profundos, o quadril subindo e descendo. Logo Rick começou a participar. Colocou as mãos em cada lado da cintura dela, auxiliando seus movimentos, dando a eles mais energia.

Kate se moveu, procurando ficar mais confortável, as pernas prendendo as dele, se apoiando nos joelhos. Os movimentos ainda lentos, mas ritmados, sem parar. Rick ergueu uma das mãos e passou a massagear seus seios. Parou quando ela soltou um gemido particularmente alto e passou a observar a cena à sua frente, a mulher à sua frente.

Era uma cena que ele tinha certeza que nunca seria apagada de sua memória. Os cabelos úmidos, um pouco em seu rosto, outro tanto caído por seus ombros, grudados à seu pescoço. Os olhos escuros, fixos nele. Os lábios vermelhos, a boca entreaberta. O torso desnudo. E os dois unidos, se movendo juntos.

A pegando totalmente de surpresa e arrancando um gritinho dela, ele os girou na cama, ficando por cima de novo.

-Acabei de fazer Katherine Beckett gritar na cama?

Kate entrelaçou os dedos no cabelo dele e trouxe seu rosto para junto do seu.

-Se esse é o único jeito que vai conseguir me fazer grit...

O resto da frase ficou engasgada em sua garganta quando, em resposta, ele deu uma forte investida nela. Rick ergueu o tronco, a olhou e sorriu.

Ela colocou uma das pernas ao redor da dele, apoiando o outro pé na cama, se abrindo mais para ele, e voltaram a se mover um contra o outro, agora com mais vigor. Ela o puxou pelo pescoço para beijá-lo, os movimentos de seus corpos causando uma bagunça de lábios, línguas e saliva, até que ela desistiu e direcionou a boca para o pescoço dele, passando a língua pelo caminho até seu ombro e então mordendo o local, o fazendo grunhir e dar uma investida forte e profunda, a fazendo fechar os olhos e gemer.

Pouco depois, Rick a sentiu se aproximando do clímax e diminuiu a velocidade, quase saindo dela deliberadamente a cada movimento. Ela ergueu o quadril da cama, ansiosa, tentando retomar o ritmo, a proximidade, e arqueou as costas ao sentir os lábios dele alternando entre seus seios.

Ele a notou movendo a mão até onde estavam unidos e a visão dela se tocando nublou qualquer ideia de fazer eles durarem mais um pouco e ele voltou a acelerar os movimentos, erguendo o tórax, se apoiando nos joelhos, querendo ter uma boa visão dela quando ela chegasse lá.

Não demorou muito para a respiração dela acelerar ainda mais e ela sentir a pressão em seu abdômen ficando insuportável. As primeiras ondas atingiram a área onde estavam unidos e a fizeram soltar um grito abafado. Rick sentiu o orgasmo dela a atingindo, e isso engatilhou o seu próprio, dando ainda uma última longa investida contra ela.

Ele deixou a cabeça se apoiar sobre o tórax dela, ambos se desfazendo em prazer. Quando então a respiração dela se acalmou e finalmente veio o relaxamento, ele ergueu a cabeça e a olhou.

Kate estava sorrindo para ele. Um sorriso que ele ainda não conhecia nela e que não queria que ninguém mais conhecesse, nenhum outro homem. Um sorriso de pura satisfação.

Rick se aproximou e eles se beijaram carinhosamente por um tempo, até ele se levantar para ir ao banheiro.

Quando retornou, Kate estava deitada de costas para ele, já sob o cobre-leito. Ele se moveu até o outro lado da cama e se deitou também. Ela estava de olhos fechados, com uma expressão de serenidade que ele não lembrava de ver nela há muito tempo. Levou a mão ao rosto dela, o acariciando, e se surpreendeu ao senti-la chegar mais perto, um braço o abraçando pela cintura, o rosto se encaixando no vão de seu pescoço.

Ambos suspiraram, contentes, e pouco depois estavam adormecidos, um nos braços do outro, como deveria ser.


A ser continuada (cap 2: a manhã seguinte).

Espero que gostem, é a primeira fic M que escrevo em muiito tempo.

Comentários são sempre muito bem vindos.

Gabs.