A MOVE TO THE OTHER SIDE
N/A: Essa é uma tradução da fic de mesmo título, escrita por Nola_Rue, no Live Journal. É uma fic pela qual eu simplesmente me apaixonei, e resolvi pedir autorização a ela para traduzir e postar aqui. Quem quiser ler o original em inglês, o link é este: HTTP : // nola-rue. Livejournal .com / 16111 .html. Espero que gostem. Boa leitura.
Sumário: Jared trabalha num call center com seu amigo Chad. Ally e Kristen fazem seus cansativos dias de trabalho um pouco mais aceitáveis. Um dia ele recebe a ligação de um cara chamado Jensen, e tudo começa a partir daí.
Capitulo 1
Jared suspirou.
Por deus, eram apenas dez e trinta e oito da manhã e o dia já o estava consumindo de cansaço.
- Cara, esse trabalho é uma bosta. – Jared ergueu os olhos da tela do computador e percebeu que era Chad quem estava falando com ele.
- O que?
Jared tinha mesmo essa tendência de simplesmente se desligar do mundo a sua volta às vezes. Sua mente ficava branca, e quando percebia lá estava ele olhando para o nada. Dez e quarenta. Droga. Ele resolveu parar de olhar para a porcaria de relógio que ficava no canto da tela de seu computador.
Chad revirou os olhos.
- Eu disse que você tinha de sair com essa tal garota Hayley. Eu vi quando ela estava secando suas costas num dia em que você estava sem camisa e foi procurar pelos seus Twizzlers em cima do armário.
- Cara. Você tem consciência de que estava secando minhas costas também, certo? E isso não foi minha culpa. Era um dia normal, e por acidente eu peguei aquela camisa que tinha encolhido. Aliás, essa foi a ultima vez que eu comprei qualquer coisa no . E como que você sabia que os Twizzlers estavam em cima do armário?! E eu só fui pegar aquela caixa com os marca-textos!
Ele estava um pouco desapontado pelo fato de seus planos não terem saído tão bem quanto ele pensou que saíssem.
- Jared, todo mundo aqui sabe muito bem que você morre de amores pelo açúcar. Você tenta esconder, mas isso já esta começando a ficar ridículo! Por que você não pega um vicio de verdade, como craque ou pornô?
Jared suspirou ao perceber o tom de pena que habitava a voz de seu amigo. Por que será que o cara era tão idiota? Jared se perguntava isso todo santo dia.
Revirando os olhos, Jared abriu a gaveta de sua mesa e tirou de lá um pacote enorme de Skittles. Virou sua cadeira para não ver o rosto de seu amigo idiota, que provavelmente estaria rindo dele agora. Ah, mas com certeza ele era quem iria rir por último no jogo de pôquer de sábado à noite dos rapazes. Chad era nada mais nada menos que o pior jogador de pôquer que já existiu. E era tão interessante esse fato, porque Chad metade do tempo estava contando alguma piada, querendo ser o centro das atenções e na outra metade estava reclamando e com raiva quando começava a perder uma mão após a outra. O cara não sabia mesmo quando era hora de mostrar as cartas. Jared riu e se concentrou no sabor dos confeitos que estava comendo.
Então, ele começou a tirar todos os confeitos vermelhos e roxos de dentro do pacote. Aqueles eram seus sabores favoritos. Ele geralmente deixava o resto do pacote na sala de descanso. Aliás, ele não entendia como alguém ainda podia comer aquilo, mesmo sabendo que outra pessoa já enfiou a mão ali para escolher, mas mesmo assim, toda vez que ele deixava os doces lá, alguém pegava. Ele pensou que talvez fosse aquele cara estranho, Mike. Havia mesmo algo de esquisito com ele.
Ele olhou para o relógio outra vez: onze e vinte e três. Como pode o dia passar tão devagar?! Tendo esquecido a existência de Chad durante o tempo em que estivera com seus doces, ele ficou surpreso quando este apareceu, bem ao lado de sua cadeira.
- Por que diabos você me ajudou a pegar este emprego?!
Jared suspirou mais uma vez.
- Porque você precisava melhorar suas habilidades jogando Mahjong? – Ele disse, batendo na mão de Chad, que tentava roubar alguns de seus confeitos.
- Verdade. Eu realmente agora quase não tenho mais problemas no que envolve os formatos de dragão agora. – Jared olhou para cima, percebendo o olhar determinado que Chad tinha.
Jared se recostou na cadeira, contente por já estar terminando com os confeitos do pacote em suas mãos. Estava também aliviado pelo desejo que Chad tinha em se tornar o campeão mundial de Mahjong. Isso conseguia manter Jared uma pessoa sã e até mesmo feliz em seu trabalho. Ele não se importava em Chad querer derrotar o tal formato de dragão. Ele até mesmo comprou uma copia deste jogo, Bejeweled, e o deixou guardado no fundo do armário. Chad iria surtar quando descobrisse sobre este jogo ali.
- Não, Chad, agora é sério. Eu não me importava de te pagar um lanche ou uma cerveja, mas quando você começou a me pedir pra te pagar por garotas de programa, eu achei que já era hora de você ter seu próprio salário.
Jared bateu amistosamente no braço de seu amigo, e não pode deixar de rir do olhar de raiva que ele carregava.
- Mas você sempre comprava coisas pra Sandy, e ainda por cima dava dinheiro pra ela!
- Claro, idiota. Ela era minha namorada. E nem vem tentando me pedir pra dormir comigo, por que definitivamente eu não vou querer ficar te sustentando. Além do que, eu não gosto muito de pinto, se quer saber.
Chad sentiu-se vencido, pois sua idéia foi rejeitada antes mesmo que ele tivesse a mínima chance de falar algo a respeito. Sim, e era por isso também que Jared tirava todo o dinheiro de seu amigo nas noites de pôquer. O cara era tão fácil de desvendar! O que ajudava também era que todos os planos de Chad envolviam algo sexual.
- Sei que este trabalho pode até ser chato, mas ele tem suas vantagens. Ah, e seu telefone está tocando. – Jared disse e observou enquanto Chad caminhava de volta para sua própria mesa.
Jared tentou olhar para qualquer lugar em sua mesa, mas parece que havia algum tipo de magnetismo com o relógio que estava na tela de seu computador. Uma vez ele até mesmo colou uma dessas notas auto-adesivas na frente do visor. É, mas isso foi mais uma medida desesperada.
Meio dia e quatorze.
Jared sabia que teria terminado de separar todos os seus confeitos provavelmente ao meio dia e vinte e cinco. E depois disso, o que ele iria ficar fazendo?! Olhando para sua folha de registro, ele percebeu que só havia recebido duas ligações desde as nove da manhã. Como um hábito, ele sempre almoçava à uma da tarde, então assim quando ele voltava, só haviam mais três horas de trabalho até que ele pudesse finalmente ir embora.
Ele conseguia ouvir Chad falar no telefone, mesmo que houvesse três cubículos de distancia entre eles. E essa distancia não havia sido acidental: Jared fez questão de que os cubículos de Ally e de Kristen ficassem entre os dele e de Chad, para que assim o outro tivesse mais distancia dele. Às vezes ele se sentia até mal por isso. Mas pensando bem ele não tinha tantos motivos assim para sentir-se mal, pois ele já agüentava o cara todo o tempo fora do trabalho, e Ally e Kristen também tinham que sofrer um pouquinho com as idiotices dele. Além do mais, Jared sabia que as duas eram capazes de mandar Chad se ferrar se fosse mesmo necessário, principalmente Kristen. Ele pensou nela por um instante. Quando veio trabalhar ali, há um ano e meio atrás, ele meio que tentou algo com ela, mas nada nunca aconteceu. Eram somente bons amigos agora.
Jared encarou o pacote de confeitos agora vazio, e deduziu que havia terminado, provavelmente mais uma vez perdido em seus próprios pensamentos e olhando para o nada. Meu Deus, ele precisava de um café ou algo assim pra se manter alerta.
Seu telefone indicou que ele tinha uma chamada. Jared quase derrubou todos os confeitos que havia separado com o susto. Jogou tudo para o lado e puxou sua folha de registro para sua frente.
- Obrigado por ligar para Pepsi "Como estou dirigindo", aqui é Jared, qual a placa do caminhão? – Jared percebeu uma longa pausa e segurou um suspiro.
- Como é? – Uma voz profunda perguntou.
- Eu disse, obrigado por ligar para Pepsi "como estou dirigindo", Aqui é Jared. Qual a placa do caminhão? – Ele ergueu as sobrancelhas, esperando para escrever o numero da placa em sua folha.
- Não, eu ouvi isso. Eu estava só… é que eu não tinha certeza… bem… é assim mesmo que atende suas ligações? Número da placa? Você ia se importar se eu te perguntasse há quanto tempo você trabalha aí, porque o seu jeito de atender me pareceu meio… abrupto ou algo assim.
- Bom, você está ligando a respeito de um mau motorista, não está? O numero da placa é a informação mais importante pra que a sua reclamação seja ouvida. – Jared esperou que tivesse conseguido esconder a irritação em sua voz. Não estava mesmo acostumado a ser interrogado a respeito de como fazia seu trabalho por ali.
O cara do outro lado da linha pigarreou.
- Ok. Tudo bem então.
Jared notou na hora que o tom de voz do cara estava parecendo mais frio. Ótimo, agora ele havia conseguido o irritar. Iria ser uma ligação daquelas. Por um momento Jared desejou que já estivesse perto da uma da tarde, mas ele ainda tinha vinte minutos de trabalho. Como essa ligação só iria lhe tomar mais uns três minutos, ele poderia jogar paciência e esperar Kristen e Ally voltarem do almoço.
- Certo, ok, me diga, como você acha que eu deveria atender então?? Quero dizer, "Como posso ajudar" seria meio redundante, não acha? Todos que ligam pra cá, ligam pelo mesmo motivo. Então, ao invés de ter de ouvir todos dizerem que algum motorista maluco quase passou por cima deles na estrada, eu simplesmente pulo logo pra parte realmente importante.
Jared ouviu o cara rir e pensou que havia feito a coisa certa ao se explicar.
- Ok, ok. Acho que você está certo nessa. Apesar de que mesmo assim, eu só consigo imaginar que uma senhora de oitenta anos diria algo como isso, mas de qualquer modo… o número da placa é 45589-RF26.
Jared escreveu o número em sua folha. Ele estava tentado a terminar essa ligação o mais rápido possível, mas então começou a se perguntar: o que mais tinha pra fazer nesse tempo livre? Então que seja, havia conseguido fazer o tal cara rir, e estava inexplicavelmente feliz pelo fato.
Sorrindo, Jared passou para a próxima parte.
- Pode me passar seu nome e endereço?
- Hum… olha, desculpa, eu não quero ser um chato, mas… pra que vai precisar disso?
Jared sorriu outra vez, porque quase todos os que ligavam, faziam a mesma pergunta. Ele encarou o banner que estava em cima do filtro e começou a bater levemente com a caneta em sua mesa enquanto explicava.
- Não é algo que realmente precisamos, mas como você está gastando seu tempo para dar um feedback à companhia, eles vão te mandar um cupom promocional. Acho que eles não querem ficar com uma reputação ruim, e por isso distribuem essas coisas. Agora, só entre nós dois, eu se fosse você aceitava esse cupom. É um presente até bem legal, especialmente pra famílias grandes, porque dá pra comprar muitos refrigerantes com ele. – Deus, às vezes Jared se sentia um vendedor quando começava a explicar sobre esses cupons. Apesar de que nem sempre ele se preocupava em usar essa persuasão toda.
- Tudo bem então. – O cara respondeu e Jared teve a impressão de que ele estava sorrindo. Estava impressionado pelo fato de como essa ligação que começou ruim, agora havia mudado de lado. – Meu nome é Jensen Ackles. Meu endereço é 2538 West Mason St. Richardson, Texas 75080.
- Você é de Richardson?!
- É, não é uma cidade muito popular, fica logo na saída de Dal-
- Dallas. Ta zoando? Eu sei disso, sou de San Antonio. – Jared ficou um pouco preocupado a respeito da linguagem que estava usando. Ele era geralmente muito profissional em suas ligações. Ao ouvir uma risada divertida de Jensen, no entanto, ele sentiu-se mais calmo.
- Sério? E eu aqui achando que ia ligar pra um call center na America do sul ou algo assim. Tem certeza que seu nome é Jared ou você esta usando esse só porque eu não iria conseguir pronunciar o verdadeiro?
- Meu nome na verdade é Vinicius. – Jared brincou de volta. – Mas eu acabei escolhendo Jared de uma lista de nomes mais pronunciáveis. Na verdade, acho que esse nome me cai muito bem, vou acabar mudando pra ele de uma vez. – Jared sorriu e percebeu que estava se divertindo em brincar com ele.
- Que seja, engraçadinho.
Jared se recostou na cadeira.
- Então, Sr. Ackles, qual sua reclamação afinal? – Jared não conseguia tirar o sorriso de seu rosto.
- Hey, agora que eu já sei seu primeiro nome, acho que seria legal se você me chamasse só de Jensen. Quanto a minha reclamação? Um de seus motoristas malucos quase passou por cima de mim na estrada.
Jared meio que riu com a resposta.
- É sério! – Jensen falou. – Olha, eu estava tentando fazer uma ultrapassagem pelo lado esquerdo, e o capô do meu carro já estava emparelhado com a traseira do caminhão. Quando eu me dei conta o cara estava com a seta ligada e já ia trocar de faixa, vindo pro meu lado! Eu tentei diminuir um pouco e buzinei, e foi aí que ele voltou pra faixa dele. Daí eu continuei com a minha ultrapassagem, bem, quando eu já estava perto da janela do motorista, eu vi que o cara estava falando no telefone! Eu nunca imaginei que eu ia acabar ligando pra uma dessas coisas de "como estou dirigindo", mas acho que vocês deviam saber que o sujeito usa o telefone enquanto dirige. E isso é bem perigoso, ainda mais contando pelo tamanho daquele caminhão, e eu acredito que vocês devam ter alguma regra contra isso, certo?
Jared assentiu e anotou em sua folha o que havia acontecido.
- Eu sinto muito. Mas pelo menos eu sei que a companhia realmente faz uso dessas ligações, então você pode ter certeza de que algo vai ser feito a respeito disso.
Jared ficou muito contente por ao menos poder assegurar o cara de que aquela ligação não fora em vão. Jensen parecia ser mesmo uma pessoa muito legal, e ele não achou que seria bacana falar simplesmente um textinho decorado ou algo assim.
- Bom, ao menos isso aconteceu comigo, e não com algum motorista novato, de 17 anos.
- Com certeza. – Jared sorriu, mas rapidamente foi se corrigindo. – Não que eu esteja feliz por ter acontecido isso com você, claro que não!
E com isso, ele ouviu Jensen rir.
- Não, tudo bem… eu entendi o que você quis dizer.
- Bem, mas agora que eu já estou com seu endereço anotado aqui… eu estou seriamente pensando em te mandar uma daquelas camisetas escritas "Quase fui atropelado por uma carreta da Pepsi e tudo que ganhei foi um cupom idiota". – Jared riu divertido e passou a mão pela nuca. – Eu me sinto mal porque a única coisa que podemos oferecer é este tal cupom.
- Eu agradeço pela oferta da camiseta, mas por favor, não mande! Mandar alguma coisa pro meu endereço, e até mesmo mencionar que você sabe meu endereço, fica meio estranho, hein Jared? Ia parecer que você esta querendo me perseguir ou algo assim. – Ele riu.
Jared percebeu que era a primeira vez que Jensen dizia seu nome, e isso havia soado tão legal. Ele gostou de ter ouvido. Ta, talvez isso fosse estranho. Mas de qualquer modo, ele tinha esse pressentimento de que, se fosse numa realidade alternativa, ele e Jensen poderiam ser ótimos amigos.
- Merda. – Jared disse bufando.
- Hum? Que houve?
- Ah, me desculpe, não é nada demais. É que eu acabei de perceber que já são meio dia e cinqüenta e sete. Cara, eu fiquei no telefone com você pelo que? Vinte minutos eu acho. Já está na hora do meu almoço.
Jared nem sabia porque havia dito isso para Jensen. Na verdade, Jensen não devia nem ligar. Ele ainda não podia acreditar que a ligação estava durando tanto, pois geralmente ele não gastava mais do que cinco minutos para já estar desligando. Ele estava chocado.
- Sério? Tudo isso, vinte minutos? Cara, o tempo voa… Hey, do que você está rindo?
- Engraçado você dizer isso, porque pra mim o tempo estava passando bem devagar até, tanto que eu já estava ficando maluco. Cara, eu fiquei separando confeitos e joguei acho que umas cinqüenta partidas de paciência. Ah, e também fiquei olhando pra tela do meu computador sem fazer nada. Muito tempo. Mas daí você ligou, e eu acho que realmente me diverti, porque o tempo passou mesmo muito rápido. – Jared disse, e seu rosto começou a queimar. Nossa, dessa vez ele parecia um perfeito idiota. Não sabia o que o havia possuído pra que dissesse algo assim.
- É, eu me diverti também. Até que estou meio contente por quase ter sido pego por aquele caminhão… Você parece um cara bem legal, Jared. Eu aposto que se tivéssemos crescido na mesma cidade no Texas íamos ser tipo melhores amigos, ou qualquer merda dessas. Mas, de qualquer maneira, bom almoço pra você.
- Espera aí um minuto. O único jeito de sermos melhores amigos era se você aceitasse perder a vida toda de mim no Guitar Hero e no Halo. E quanto ao meu almoço, espero que seja bom. Acho que vai ter sanduíche hoje.
- Você até pode me vencer no Guitar Hero, mas de jeito nenhum no Halo. Cara, eu mando no Halo. Hum, sanduíches, é? Tem pimenta pra colocar neles?
- Ah, não, cruzes. Eu não gosto. Por isso nem me preocupo em saber se tem ou não.
- Eita, cara, você não sabe o que está perdendo. Eu adoro colocar pimenta nos meus sanduíches. Mas… - Ele parou, os dois bem conscientes de que estavam se perdendo na conversa mais uma vez. – De qualquer modo, valeu pelo cupom. Mas eu espero mesmo que você não mande aquela camiseta.
Jared suspirou ao ouvir as vozes de Ally e Kristen se aproximando dele.
- Não se preocupe. – Jared sorriu, tentando assumir um tom amigável, mas agora bem mais profissional. – Tem mais alguma coisa que eu posso fazer por você, Jensen?
- Há, não, valeu, Jared, obrigado pela ajuda.
- Então tenha um bom dia e cuidado com os caminhões da Pepsi!
- Você devia mesmo dizer isso? Não, aposto que está tirando isso da sua cabeça, né? Te cuida!
Jared desligou o telefone. Ele olhou para o relógio do computador, e viu que eram uma e seis da tarde. Sacudiu a cabeça sem mesmo acreditar nisso. Jensen com certeza havia sido algo não esperado, e ele nunca havia conversado com alguém tão interessante assim. Ficou imaginando o quanto seria divertido se estivessem juntos nesses jogos de pôquer, imaginou se ele era tão previsível quanto Chad. Mas depois percebeu que Jensen parecia ser bem mais inteligente que Chad, e consequentemente, muito mais difícil de se vencer num jogo de pôquer. Eram poucos os amigos com os quais Jared havia convivido desde criança, e com certeza, se fosse o caso, Jensen estaria entre essa lista.
- Oie! Terra para Jared!
Ele piscou algumas vezes seguidas e fixou os olhos em Ally.
- Jarebear, você estava ai tão distraído, e com uma cara tão estranha… - Os olhos dela estreitaram-se de uma maneira suspeita. – Você não esta pensando em aparecer por aqui amanhã e sair matando todo mundo, está?
Jared riu. Aquela era Ally. A mais otimista do grupo.
- Há, há, há. Não, você não está em perigo, se é o que quer saber. Eu acho que esse tipo de Serial Killer não são tão bonitos quanto eu, e eu tenho certeza absoluta de que nenhum deles tem covinhas. Então, eu não estou qualificado. – Jared lhe deu um grande sorriso, covinhas à mostra.
Os olhos de Ally ainda estavam mostrando um pouco de ceticismo. Kristen e Chad estavam entretidos na conversa deles.
- Acho que essa sua desculpa é meio fajuta, mas vou aceitar. Mas espero mesmo que esteja me dizendo a verdade, porque se eu estiver em perigo, eu juro que faço aquele tal de Tom, que trabalha no setor de vendas, acabar com você. Ele é quase da sua altura mesmo… e algum dia bem que eu podia ter ele como guarda costas…
Jared ergueu uma sobrancelha e continuou olhando para ela.
- Tom, né?
Ela corou, exatamente como ele suspeitava. Allison era uma mulher linda, mas Tom era o motivo pelo qual Jared somente havia tentando algo com Kristen. Ele percebeu logo de cara que Ally tinha uma queda por Tom. Uma queda das grandes mesmo, então, pra que se dar ao trabalho? Ele tinha bastante atenção com Kristen.
- 'Padadick', escuta, eu estou com tanta fome que acho que poderia comer minhas próprias bolas agora, então vamos logo comer aquelas porcarias de sanduíches que tem na lanchonete.
Kristen era baixinha e pequena, mas ela sabia bater, e os dois já haviam aprendido que precisavam tomar cuidado com ela. Jared observou satisfeito enquanto ela bateu com força no braço de Chad.
- Você é tão pervertido, Chad. Suma da minha frente porque eu não estou afim de te aturar agora.
Jared esperou até que as duas já estivessem com os fones no lugar, e riu. Afinal, não era toda hora que tinham uma ligação. Puxou Chad pelo braço para finalmente irem para a lanchonete.
***************
- Rapaz, você tinha que ter visto que mulher louca que me ligou hoje. Aposto que ela tinha algum tipo de transtorno bipolar ou algo assim e esqueceu de tomar os remédios.
- É, eu ouvi você rindo. Pensei que você estivesse falando com alguém interessante.
Jared nunca prestava muita atenção para as coisas que podia adicionar ao seu sanduíche. Sempre pedia um de carne, porque era o maior e claro, Jared precisava de muita comida. Os outros ingredientes nunca chamaram a atenção dele, mas hoje, parecia especialmente atento à eles.
- Eu estava rindo dela. Daí ela desligou na minha cara, mas eu tenho quase certeza de que ela ligou de novo e aquele cara estranho, Mike, a atendeu.
Enquanto falava, Chad ia pedindo pra colocarem praticamente tudo que podia dentro de seu sanduíche.
- Depois eu estava jogando Mahjong, e eu juro, cara, quase ganhei. Mas daí acabei fazendo pares errados. O jogo estava quase perfeito.
Jared riu da raiva de seu amigo e preferiu fazer um sanduíche de presunto de peru hoje. Pediu queijo, e também mais vegetais.
- Hey… hum… vocês por acaso tem pimenta?
Ele coçou a nuca e viu quando a moça sacudiu a cabeça em negativa. Ele pegou a maionese e foi para a mesa comer. Ainda podia ouvir Chad comentando coisas nada apropriadas a respeito de alguma garota que ele encontrou no Mcdonalds próximo do trabalho, mas não estava mesmo prestando atenção. Estava pensando em porque eles não tinham pimenta. Talvez tivesse um gosto estranho com o sanduíche, e nem todo mundo gostasse, então eles simplesmente não colocavam ali. Além do mais, não era como se Jared fosse mesmo colocar alguma no seu sanduíche mesmo se tivessem. Ele nunca colocava.
- E então, nós vamos jogar Halo mais tarde, ou vamos sair pra algum lugar?
A única razão para Jared ter entendido o que Chad estava lhe dizendo era porque o conhecia a vida toda. O cara estava com a boca completamente cheia.
- Você pode ir lá em casa. A gente chama mais uns amigos e fica jogando Halo.
Jared se pegou pensando como será que Jensen era. Ele conseguia imaginar Jensen convivendo com eles, jogando Halo, tomando cervejas, comendo asas de frango… mas de repente se deu conta que não era bem assim. Nem sabia quantos anos o tal Jensen Ackles tinha. Tirando pela voz, talvez ele estivesse entre vinte cinco e trinta anos, mas aquilo não era suficiente pra saber. Ele piscou e Chad interrompeu seus pensamentos.
- Cara, termina logo seu sanduíche. Você estava aí viajando de novo… espero mesmo que Ally não esteja certa a seu respeito, porque eu não quero mesmo ser o primeiro da sua lista.
****************
Jared pediu um monte de asas de frango e mandou Chad trazer bastante cerveja. Estavam em seis, e geralmente dividiam as despesas de tudo no fim da noite.
Agora ele estava terminando de ajeitar a sua segunda TV. Ele tinha uma de tela plana na parede de sua sala, e uma outra, até bem grande, de quando ele se mudara da casa de seus pais. Esta ficava em seu quarto. Era um pouco velha, mas servia muito bem quando seus amigos vinham pra jogar Halo. Chad também iria trazer seu X BOX 360, daí eles iriam poder jogar nas duas TV's.
Verdade seja dita: Jared era péssimo em jogar Halo. Ele preferia muito mais jogar Guitar Hero, ele jogava este jogo muito mais, e com certeza era muito melhor. Ele conseguia ganhar quase sempre. O fato de Jensen ter mencionado que era bom em halo provavelmente teria a ver com ele jogar exaustivamente o jogo, por isso talvez ele conseguisse mesmo vencer Jared.
Jared ouviu a campainha e imaginou Chad do outro lado da porta, todo nervoso por ter de trazer todas as cervejas sozinho. Mas ele não estava nem aí: afinal, ele já estava oferecendo a casa para poderem jogar, então nenhum problema quanto a Chad trazer as bebidas. Nisso, ficou pensando se Jensen por acaso não estaria on-line no jogo hoje. Não que isso importasse tanto assim, mas pela ligação daquela manhã ele teve uma impressão tão boa do cara, que seria mesmo legal ter noticias dele outra vez.
- Eu vou arrasar com você essa noite. Cara, eu não acredito que você me fez trazer essas cervejas todas, e sozinho! Nem sei porque diabos eu sou seu amigo afinal!
Uma outra voz deu a resposta:
- Talvez porque ele realmente queira ser seu amigo, então você pode se considerar um cara de sorte. – Justin foi entrando e Jared bateu em suas costas num cumprimento. – Ah, e eu não posso ficar até tão tarde hoje, Jay. Erica está toda hora falando que eu não estou passando muito tempo com ela e essas baboseiras todas. Preciso fazer ela ficar feliz então.
- Certo, Justin. Eu sei como é, Sandy costumava ter desses ataques também.
- Bom, vamos começar logo esse jogo enquanto a gente espera eles trazerem essas asas. Essa noite está tudo complicado, e eles disseram que vão fazer a entrega em uma hora e quinze minutos. – Jared olhou para o relógio no microondas, para ter mais ou menos uma noção da hora em que chegaria seu pedido. Jason ia acabando de chegar naquele momento.
- Desculpe pelo atraso, esse trânsito está uma droga! Então, vamos fazer partidas com dez jogadores não é? Vamos procurar por mais quatro e daí nos dividimos assim: cada time vai ter três de nós e dois jogadores qualquer. Eu gosto mais de jogar desse jeito porque nunca se sabe se o cara que vai estar no seu time é bom pra caramba ou muito ruim. Faz as coisas ficarem um pouquinho mais interessantes.
Jason era um dos jogadores mais experientes dali, e Jared com certeza iria querer ele no seu time.
- Ok, então vamos ser eu, você e Ryan. E no outro time Aaron, Chad e Justin. Tudo bem? – Jared separou os times.
Ryan e Jason eram dois jogadores muito bons, mas ele podia dar-se por satisfeito por não estar num time com Ryan e Chad. Quando aqueles dois estavam juntos, eles simplesmente faziam um monte de idiotices. Jared havia cometido o erro de estar no time com eles uma vez, mas com certeza isso não se repetiria mais.
Jared logou-se no jogo e colocou o headset. Às vezes ele se achava infantil por ainda jogar vídeo-games aos 24 anos, mas quando olhava para Chad, via que não tinha nada do que sentir vergonha em si próprio.
O jogo carregou com certa rapidez, e logo eles estavam engrenados no jogo. Droga. Nem havia se passado um minuto quando Jared, por distração, percebeu que já estava numa área aberta e muito vulnerável.
- Jared, por favor hein, vê se ao menos consegue atirar em alguém! E de preferência em alguém do time adversário. – Seu amigo Ryan lhe disse pelo headset. Ele estava na verdade, no seu quarto enquanto Jared jogava na sala.
- Calma aí… quem está no time adversário? – Jared respondeu com uma pergunta.
Jared ouviu alguns grunhidos e sorriu maquiavelicamente. Ele até que gostava de torturar seus amigos com isso, e se eles realmente achavam que ele era tão idiota a ponto de não saber quem estava em seu próprio time, eles mereciam sofrer.
- Jared? Eu conheci um Jared hoje. – Ele ouviu um dos outros jogadores que estavam com eles falar em seu headset.
Não brinca. Era ele. Jared conhecia essa voz. Era estranho, mas isso era mesmo real. Mas estranho num bom sentido, claro, e Jared sentiu-se animado de tal forma que nem conseguia explicar. Em todas as noites que jogava Jared somente tentava não ser morto tantas vezes assim. Mas agora ele estava subitamente sentindo-se mais competitivo do que o habitual.
- É, eu sou o Jayman. – Jared respondeu enquanto tentava se aproximar sorrateiramente de um dos membros do time adversário. O apelido do cara era Máster Chief. Que original.
Por alguma razão Jared não disse que era ele, o Jared que havia conhecido pelo telefone mais cedo. Ele não queria fazer isso na frente dos seus amigos. Jared se perguntou se Jensen havia reconhecido sua voz, porque ele havia reconhecido a de Jensen logo de cara.
- E você é quem?
- Você está jogando com seus amigos, não está? – Jensen perguntou a ele. Jared ouviu alguns dos jogadores reclamarem enquanto eram acertados por algum tiro no jogo.
- Sim.
Jared estava lá olhando o nome de cada um dos caras que estava jogando. Ele nem estava mais tentando acertar ninguém, só corria pelo mapa procurando achar o máximo de jogadores possíveis e checar seus nomes.
- Ah, talvez não seja tão difícil você descobrir quem eu sou. Nós estamos em times de cinco contra cinco, e desses dez, seis são seus amigos.
Havia um tom na voz de Jensen, como se estivesse tirando um sarro com a cara de Jared. Este foi até uma área que estava vazia, e quando se voltou para ir embora pelo mesmo caminho que veio, foi logo acertado por uma espada. Filho da mãe. O nome do jogador responsável por tirar Jared do jogo era este: SenJen. Cara, aquilo chegava a ser fofo! Ele ouviu Jensen rir pelo headset.
- Você vai pagar por essa.
- Promessa é divida… Jayman…
Ouvir Jensen provocá-lo daquele jeito só fez o sangue de Jared correr mais rápido e seu coração bater mais forte. Dessa vez ele sentiu mesmo a adrenalina em suas veias, e meio que entendeu porque seus amigos eram sempre tão competitivos no que se referia a esse jogo. Isso era algo que ele nunca havia sentido antes. Mas agora Jensen estava no jogo, e isso tornava tudo diferente.
- Jared, qual é, cara? Uma espada?! Você foi morreu pra uma espada?! Cara, isso faz de você o pior jogador de todos, ninguém, por pior que seja, fica tão vulnerável à ponto de ser morto por uma espada. Você é um fodido nisso. – Jared ouviu Chad falar rindo pelo Headset.
Jared voltou ao jogo e fixou-se na tela, concentrado. Ele tinha de matar Jensen. Nem que fosse uma vez.
- É verdade, Jared? Você é fodido?
Jared bufou, mas por uma estranha razão, aquilo não soava tão ofensivo vindo de Jensen. Mas ele nem teve tempo de dizer nada de volta porque já ia sendo morto novamente por SenJen, e dessa vez com uma pistola.
- Sim, aparentemente eu sou um grande fodido mesmo.
Ele ouviu um coro de reclamações, pois ao que tudo parecia, seu time estava perdendo e era por causa dele. Seus amigos levavam esse jogo muito a sério. Claro que eles se divertiam jogando, mas o orgulho deles também estava em jogo, uma vez que queriam ver quem conseguia matar mais vezes e contribuir diretamente para o placar.
- Da próxima vez nós vamos ter que ver direito quem é que vai ficar no time do Jared.
- Nós ficamos com ele. – A voz de Jensen soou nos fones. – Podemos reorganizar os times, daí vão ser nós quatro e mais o Jared, contra vocês cinco aí.
- Cara, sério, você não precisa fazer isso, mas nem por isso eu vou te impedir.
Jared ficou meio chateado, porque ele notou que a voz de Ryan era num tom estranho. Eles queriam se livrar dele, era obvio, assim iriam poder jogar de verdade sem se preocupar com um jogador tão ruim quanto Jared.
- Ótimos amigos vocês. Da próxima vez não vou deixar vocês idiotas virem jogar aqui no meu apartamento.
- Ah, Jay, não é pra tanto.
- Vai a merda, Chad. Você vai ver, vou acabar com você junto com esse novo time. Melhor prestar atenção em onde anda.
Uma hora depois, as coisas estavam ficando tensas. Jared ainda não havia conseguido matar ninguém durante o jogo. Em algum momento do jogo, ele e Jensen começaram a jogar juntos, um dando cobertura ao outro. Certo, era mais Jensen tomando conta para que Jared não morresse do que outra coisa, mas Jared queria tanto se vingar de seus amigos que nem estava ligando muito para o fato de que a sua parceria com Jensen estava sendo meio egoísta.
Agora Jensen estava deixando Jared guiar o caminho, e o moreno já havia conseguido matar cinco de seus amigos. Dois dos quatro ele já havia conseguido matar três vezes. Foi então que Jared viu na tela um jogador com o nome C-Dog, se esgueirando por uma parede. Ele rapidamente trocou de arma e pegou a espada silenciosamente. Espere e veja.
- Ah, caramba, Jared! Não ferra! – Chad reclamou com raiva. Ótimo. Ele ouviu Jensen dar um sussurro vitorioso, e se ele estivesse ali, iria cumprimentá-lo na hora. Com a ajuda de Jensen, Chad foi um dos jogadores mais fáceis de achar e matar. Jared sempre sabia jogar e levava tudo na esportiva. Mas não dessa vez.
- Quem é o fodido agora, hein?
- Jared, dá pra parar de ficar dando pulinhos?
- Não brinca que ele ta fazendo isso, Jason?
- Ah, está sim! – Jason respondeu.
- Ah, qual é, cara, eu estou no meu momento de glória, ok?
- Olha, agora eu vou ter que ficar do lado dos seus amigos, Jayman… eu te ajudei a chegar até aqui, fiz você parecer que é bom nesse jogo… e daí você estraga tudo?
Jared sorriu ao ouvir Jensen comentar em tom de brincadeira.
- Sabe, a gente fez um ótimo time. – o jogo havia terminado, e agora Jared estava esparramado em seu sofá. Dava pra ouvir Ryan e Chad trocando insultos pelo meio da conversa.
- Bom, se com a palavra time você se refere a mim, então sim, o time é ótimo.
Jared revirou os olhos ao ouvir o comentário de Jensen. A campainha tocou, mas Jared não queria atender, pois a conversa com Jensen sempre ficava interessante. Mas agora todos já estavam se levantando, e se ele continuasse ali conversando com Jensen ia mesmo parecer estranho.
- Asas! – gritou Chad pelo corredor.
- Foi um bom jogo. – Disse Jared. – Ser morto toda hora com certeza não seria tão legal.
- É, até que foi divertido bancar o Obi Wan pra você, Luke Skywalker. Mas foi só dessa vez. Na próxima vamos contra, então eu sugiro que você comece e melhorar esse seu jeito de jogar, hein?
- Há,há,há. Engraçado. Então, quem sabe a gente não se esbarra de novo no jogo qualquer dia desses?
- Esteja preparado. – Disse Jensen.
Com isso Jared levantou-se e deixou o fone no sofá. Pensando a respeito, Jared percebeu que nunca se livrava dos seus amigos, seja em casa ou no trabalho. Seu estomago começou a roncar, e ele entrou na cozinha, encontrando a mesa repleta de caixas de comida. Estava ele ali, pronto para se empanturrar de cerveja e asas de frango. E sim, essa noite havia acabado de se transformar em algo bem divertido.
