Saint Seiya é de autoria de Masami Kurumada, todos os seus direitos reservados.

Agradeço a Alana por ter betado e ter me incentivado tanto a escrever essa fanfic.


¹ A história transcorre entre o final da batalha do santuário e um pouco antes do início da luta contra Asgard.


É odiável amar você

por Pisces Luna

Capítulo I

Era uma bonita manhã de sol na Grécia, o céu nunca estivera tão azul e as nuvens tão brancas...

- E a pergunta talvez seja: Até quando essa tranqüilidade reinará?

- Até o dia em que os espectros de Hades tornarem a por os pés sobre esse chão.

- Hunf, devo estar realmente muito sedento por conversa! Não sei por que dou brecha pra você! - disse Milo que estava com os braços cruzados diante do peito e com o resto do corpo apoiada em uma pilastra.

- Digo o mesmo! - sentenciou Aiolia que trajava a armadura de leão - Vou procurar companhia mais agradável, seu humor está terrível nos últimos dias. Não sei por que pergunta algo que já sabe a resposta.

- Vá logo então! Para os braços da águia, eu suponho.

- Mesmo que fosse isso não lhe diz respeito. E não ouse ir soltando essas infâmias por aí, não quero ver Marin mal falada.

- Como queira! - respondeu revirando os olhos.

- Será que já teve o mínimo de consideração por alguém do sexo oposto além de Athena e da sua mãe?

- Não posso dizer que tive mãe, leão! - falou firme e cerrando os dentes.

- Não teve mãe? Então nasceu de onde? Chocadeira?

- Sabe onde você enfia a chocadeira? - respondeu em tom de falsa calma e deboche.

Aiolia não deu mais atenção e seguiu seu rumo, deixando Milo só.

- Maldito! - sentenciou em voz baixa.

O cavaleiro de escorpião seguiu até sua casa, não dando atenção aos demais conhecidos que encontrava no caminho. Mal humor, irritabilidade... Isso era tão atípico em sua personalidade. Não deveria estar feliz? Athena estava salva - pelo menos temporariamente - os cavaleiros de bronze a resgataram do templo submarino de Poseidon e agora tudo estava bem novamente... Como sempre foi.

- Camus, seu desgraçado! Se estivesse vivo pelo menos eu teria com quem desabafar e não teria que dar pistas fragmentadas da minha infelicidade para Aiolia!

O silêncio foi a resposta e algum tempo depois chegara ao seu destino: Oitava casa zodiacal, completa em todos os seus aspectos. Arquitetura, grandiosidade, significado, beleza, magnitude...

- A oitava maravilha do mundo. Ah! Que piada mais infame! - concluiu por fim, entrando em sua já conhecida morada, contemplando as paredes, seguindo pelo enorme salão que já fora palco para batalhas sangrentas entre ele e os cavaleiros de bronze. Vagando por entre as pilastras e subindo por um corredor de escadas laterais chegou ao andar superior para andar por mais um longo caminho e finalmente desbocar em seu quarto que era equipado com todas as conveniências daquele tipo de ambiente.

Deixou-se largar na cama de costas, com armadura e tudo. Os cabelos azuis escuros que formavam cachos nas pontas espalharam-se sobre o travesseiro; a franja se desmanchou e tendeu para as laterais da testa e os belíssimos orbes azuis estavam fixas em um ponto qualquer do teto. Tantas vezes não lhe falaram que seus olhos tinham a cor do mar mediterrâneo e que fascinavam da mesma maneira que as águas calmas. E quantas mulheres já tinham sido tragadas para dentro daquelas águas calmas? Milo já perdera a conta. Ele era bonito e sabia disso; além de inteligente, perspicaz e, por que não citar, convencido? Mas, esse era um charme que deslizava sobre sua pessoa, vestindo-o muito bem.

E apesar de tudo: POR QUE TÃO INFELIZ? Relembrou mentalmente de tudo que tinha passado nos últimos tempos. Saga sendo desmascarado diante do salão do mestre, o corpo de seu melhor amigo, Camus, estirado na casa de Aquário, o seu primeiro encontro com Athena, a luta com Hyoga, o extermínio na ilha de Andrômeda...

O sol era escaldante naquela pequena ilha localizada próxima à costa da África. Os guerreiros mantinham o mesmo ritmo de treinamento de um dia normal, com um sistema disciplinar excessivamente rígido e que era coordenado de perto por Albion de Cefeu, guardião da ilha de Andrômeda e considerado um dos mais fortes cavaleiros de prata.

- Está tão dispersa hoje! - provocou Reda fitando a amazona de camaleão - Pensando no seu namorado? O Andrômeda...

- Cale-se! - ordenou June - Não estou para suas brincadeiras hoje. Onde está Albion?

- Treinando alguns aspirantes á cavaleiro perto da praia! - respondeu Spika se aproximando do bando, sendo seguido de perto por um pequeno grupo de garotos que não deviam ter mais de sete anos e também estavam ali para receber alguns ensinamentos.

- Cuide do treinamento deles por enquanto, eu vou procurá-lo. Em que parte da praia?

- Lado norte! - respondeu Spika - Mas, não pense que vamos ficar cuidando deles enquanto você bate perna por aí.

- Eu não me demoro! - replicou rispidamente e deixou-os.

Pouco tempo depois de se separar do grupo no centro da ilha encontrou o mestre na areia da praia, auxiliando um grupo de cavaleiros.

- June, o que faz aqui? Não deveria estar cuidando de suas obrigações junto a Reda e Spika? - perguntou Albion sem desviar os olhos dos dois jovens que lutavam com afinco diante da pequena platéia.

- Eu queria informar-lhe sobre um... Um... Pressentimento...

- Pressentimento? Você nunca foi disso?

- Pois é...

- Bom? Ruim?

- Não sei lhe informar!

- Entendo... Hei você! Mais força nesse punho e deixe o antebraço rígido, use seu corpo como impulso e aplique o golpe. - voltou a falar calmamente com a garota - June, não se preocupe. Deve estar só um pouco apreensiva... Talvez com Shun, já que sempre foram tão ligados e ele se mudou para o Japão há pouquíssimo tempo.

- Dessa vez não é com ele! - ela virou o rosto e passou a mirar a orla - O mar está agitado não?!

- Natural nessa época do ano, como você bem sabe.

- É eu sei.

- Sabe June... Eu treinei Shun tendo a noção de que ele era o mais apto a conseguir a armadura de Andrômeda. E você tendo o pressentimento de que seria você a me substituir um dia. Não importa que Reda e Spika sejam cavaleiros de prata, eles não tem o seu senso de justiça.

June não sabia o que responder perante a declaração do mestre. Por fim, depois de um período em silêncio, ela sorriu meio sem graça por detrás da lisa e simplória máscara.

- Obrigada.

- Não tem pelo que agradecer, é tudo verdade.

Albion sempre foi um homem reservado, mas não deixava de demonstrar sua opinião quando julgava necessário.

Até que chegou à hora: a ilha de Andrômeda mantinha seu habitual regime de treinamento, todos ocupavam suas respectivas funções. Entretanto, o temor de um ataque por parte do santuário, graças ao fato de um dos traidores da deusa Athena ter recebido treinamento ali, fez parecer que todos ali compactuavam das mesmas intenções.

- O mar está agitado demais! - comentou June em voz alta.

- O que você teme, amazona? - perguntou Reda debochado e fingindo falsa preocupação.

Ela não respondeu e preferiu engolir a resposta mal criada que estava disposta a proferir. Até que o vento forte passou a circular com maior violência, quente e seco dando uma impressão sufocante. Ela, Reda e Spika seguraram a respiração ao mesmo tempo e os poucos cavaleiros que treinavam na areia se distanciaram com passos apresados de perto do mar selvagem e uma luz dourada e reluzente como o ouro passou a banhar o horizonte; seria uma vista admirável se o sentimento de medo e insegurança não tivesse aflorado nas pessoas tão abruptamente. June foi uma das primeiras a ver o cavaleiro de ouro, Milo de escorpião colocar os pés em terra firme.

O diabo enviara um representante temido e assustadoramente forte. Muitos fugiram sem ao menos esperar que esse proferisse o primeiro golpe e o pânico se fazia presente como nunca se vira naquela humilde ilha.

O guerreiro livrou-se da capa que estava pendurada sobre os ombros largos, depois com uma expressão de contentamento proferiu o primeiro de muitas investidas. Uma nuvem de areia levantou e alguns soldados que nem tiveram tempo de desembainhar suas armas foram golpeados seriamente. A perna direita dele foi para trás enquanto a esquerda dava sustentação ao corpo; os ombros ergueram-se, assim como os braços - que semi flexionaram-se - e, por fim, as duas mãos abertas de tal maneira que lembrava um escorpião a espera de suas presas. Reda e Spika petrificaram-se, assim como alguns retardatários e ficaram a mirar aquele show de horrores, enquanto observavam seus companheiros serem arremessados a metros de distância. Pelo jeito, o guerreiro ainda não tinha percebido o trio e por enquanto, eles estariam salvos.

Milo avançada aos poucos para perto da floresta de pedras que ficavam no interior da ilha, quando June que quase tinha sido arrastada pela rajada de vento - desperta de seu transe momentâneo - resolveu fazer alguma coisa, pegando impulso e correndo desabalada em direção ao seu oponente já com o chicote em mãos, aproveitando-se do fato deste estar de costas. Mas, Milo foi mais rápido. Virou-se lateralmente permitindo que o corpo dela atravessasse rente ao seu e agarrou o chicote. Por um segundo o olhar dos dois se cruzou e ele puxou-a com força, fazendo com que ela se deslocasse em sua direção. June, por sua vez, foi arrastada sem poder reagir, até que sentiu uma das mãos do cavaleiro segurar seu pescoço e levantá-la do chão alguns centímetros e fazendo com que ela, involuntariamente, tentasse se libertar do membro que a sufocava. Ela encarou seu agressor que não mais ria, mas fitava sua expressão fixamente. Passava pela sensação mais estranha que já sentira, apesar do cosmo dele ser temido, forte e medonho, mesmo assim era nobre. Não! Como pode o cosmo de um assassino daqueles ser nobre?

A voz saia esganiçada de sua garganta enquanto tentava aparar os pés que se movimentavam sem sustentação. Depois de algum tempo quando já sentia que a consciência lhe faltaria sentiu que os dedos dele afrouxaram um pouco permitindo que voltasse a respirar melhor (Por que ele fazia isso?). Sentiu a ponta dos pés encostarem levemente no chão, com o toque ela abriu um pouco os olhos podendo vislumbrar a imagem difusa do cavaleiro que ainda mantinha a expressão inalterada: dura e séria. Porém, não menos bela.

Até que Milo foi atacado com um golpe nas costas que não lhe provocou grandes danos, mas fez com que ele se assustasse e joga-se a garota violentamente na areia. Ele se virou para encarar seu oponente e defrontou-se com Albion aplicando um golpe neste.

- JUNE, CORRA! - gritou o mestre.

A moça rastejou ofegante para fora do diâmetro do combate dos cavaleiros e tratou de fugir rapidamente do lugar. Não teria condição de lutar com o outro cavaleiro dourado e poderia atrapalhar Albion no combate...

Recuperada do susto, voltei para ver o que tinha acontecido e o que sobrou de tudo... – relembrava a amazona, June de camaleão, mentalmente

...Não gosto de lembrar disso. Mas, meu mestre Albion estava

morto

Ao lado dele jazia uma rosa vermelha.

(1ºdia)

O que me soou estranho, já que não existem rosas na ilha de Andrômeda.

(2ºdia)

Odiei Milo de escorpião! Odiei-o como nunca pensei que poderia odiar uma pessoa.

(3ºdia)

O que me impediu de correr atrás dele e tentar matá-lo foi minha necessidade de avisar Shun de que ele corria perigo!

continua...


Nota da autora:

Eu lamento imensamente a condição do site de "impor" sua formatação padrão (americana) e simplesmente me impeça de usar os recursos originários da língua portuguesa em que as normas de construção textual funcionam de outra maneira.

Essa é uma das poucas vezes que pretendo dar meu parecer ao longo da história. Espero que gostem do enredo e desse casal tão incomum.

Até o próximo capítulo!