ATENÇÃO: FullMetal Alchemist é uma criação da Hiromu Arakawa. Isto é criação de fã sem fins comerciais.

nota introdutória: coleção da one-shots centrados nos personagens Roy Mustang e Riza Hawkeye contornando os instintos psicóticos da lista "You Know You've Had Too Much Royai When..." . É, eu sei que eu tenho exagerado na dose, mas royai é tão bom. Não é um desafio 100 temas. Pode parecer com um, mas não é. Eu só queria deixar um espacinho organizado para postar futuras fics curtinhas, porque elas ficam muito solitárias desse jeito e eu fico com dó de deixá-las sozinhas.

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BOM DIA

Depois de soltar um gemido ansioso e arranhar com as unhas o chão de madeira, o cachorro apoiou as patas dianteiras na cama e alcançou com seu focinho gelado a parte de trás do pescoço do homem que estava dormindo de costas, intercalando suas investidas com pequenos ruídos. Black Hayate já estava acordado há muito tempo, só esperando a hora certa de acordar os outros para que o seu dia pudesse começar oficialmente.

O alarme do despertador só tocaria às sete e meia, horário que sempre dava a Riza tempo suficiente para se preparar com folga e ainda chegar ao trabalho com antecedência, mas Roy precisava se antecipar e aproveitar a escuridão morta da madrugada para deixar o apartamento da subordinada e chegar ao seu – para depois se atrasar para o trabalho - sem levantar suspeitas inconvenientes e, nessa função, o filhote de shiba era melhor do que qualquer relógio e muito mais inteligente também.

Roy se lembrava muito bem da primeira vez que visitou o apartamento de Riza depois que ela adotou o filhote e do cuidado que teve ao abrir a porta para evitar que o cachorro o confundisse com um ladrão e começasse um escândalo que pudesse ser percebido pelos vizinhos, mas nada daquilo aconteceu. Hayate se levantou prontamente e correu até a porta, mas nem chegou a latir, pois sabia muito bem, pelo que tinha observado no quartel, que não era um invasor. Como ele ainda era um filhotinho cheio de energia, ficou saltitando e arranhando a barra da calça do coronel até receber um pouco de atenção, o que foi logo atendido e pouco depois Roy estava ajoelhado no chão brincando com o filhote que rosnava e tentava atacar, mas era facilmente detido com apenas uma das mãos do coronel que achou muito engraçado fazer hora com a cara do insistente cachorrinho. Na madrugada seguinte, Roy foi embora xingando aquele animal infeliz e mancando com o sapato em um dos pés e só a meia no outro, pois durante a noite Hayate havia pregado uma de suas peças de filhote e reivindicado um dos pés do calçado para si e nunca mais o devolveu. Aquele foi também o único sapato que o cachorrinho destruiu, pois jamais ousou encostar seus dentes em nenhum dos sapatos de Riza, o que também mostrava a clara preferência do mascote por sua dona, apesar da severidade com que ela o educava.

O incidente foi logo perdoado e Hayate continuou cavando seu espaço de mansinho e se inseriu com tanta maestria na rotina dos dois que agora seria difícil para o casal saber dividir o tempo sem a presença do cachorrinho, que acabou entrando para o pequeno círculo dos que conheciam toda a verdade – enquanto o resto só desconfiava e tinha que se contentar com suposições e indícios. E eles não poderiam ter escolhido um guardião mais dedicado e zeloso para guarda o segredo, pois os animais conhecem um tipo de lealdade instantânea e desinteressada que falta a certos bípedes racionais.

-Já acordei... Pode deixar. - respondeu de olhos fechados e o cachorro imediatamente desceu os pés da cama e ficou esperando no chão, com seu rabo batendo ansiosamente no assoalho, grunhido baixinho.

Roy se ergueu de lado na cama e passou a mão pelo pescoço da mulher dormindo em seus braços para afastar o cabelo loiro e poder beijar-lhe a pele macia e sussurrar em seu ouvido que ele precisava de seu braço de volta, depois foi descendo com mais beijos pelo pescoço e ombro e teria continuado se Riza não tivesse de mexido e soltado um gemido sonolento. Roy se aproveitou do movimento para liberar seu braço que estava servindo de travesseiro e, ao perceber que ela estava começando a ficar agitada e quase despertando, voltou a cobrir Riza de carinhos até que ela se acalmasse e voltasse a dormir tranqüilamente, beijando-lhe a testa e sussurrando que ainda era muito cedo e que ela ainda podia dormir mais um pouco. O método deu certo e Roy se sentou na cama esperando pela inspiração necessária para se levantar.

Esperando no chão ainda estava Hayate, abanando o rabo contente e aguardando a próxima tarefa, já que a numero um da lista há havia sido riscada. De onde o cachorrinho tirava tanta energia ainda tão cedo?

- Bom dia pra você também. Que foi? O que você quer? – perguntou baixinho, coçando atrás da orelha do cachorro que mexia mais a cabeça para esfregá-la na mão do outro – Sua dona não te dá atenção suficiente, não é? Pra mim também não.

Bocejou.

Depois se levantou para catar suas coisas pelo apartamento. Tudo estava mais ou menos no mesmo lugar: calça, blusa, casaco, um pé de sapato... Roy olhou envolta e já começava a achar que teria que ir para casa só de meias de novo quando Hayate chegou com o pé de sapato que faltava na boca e o largou na frente de Roy, que tornou a afagar sua cabeça e dizer "bom garoto".

Era por isso que Mustang gostava de cachorros. Por causa do senso de lealdade deles. Alguns poderiam até levantar acusações sobre a falta de independência dos cachorros, sua falta de orgulho, carência e subserviência cega, pra não dizer puro oportunismo, que os leva a abdicar de tudo pelo conforto de uma refeição certa, mas contra tudo aquilo, Roy nunca havia escutado histórias de gatos que morreram durante assaltos tentando proteger sua casa.

O coronel caminhou, ainda de meias para não fazer mais barulho, até a cozinha, abriu a lata de cookies, apanhou dois biscoitos, segurou um deles com os dentes e ofereceu o outro para Hayate, que guardou sua guloseima na boca e continuou seguindo Mustang que ia em direção a saída, trocando os sapatos de mãos para terminar de vestir seu casaco.

O homem se apoiou na porta e começou a calçar seus sapatos, depois parou e se voltou para o cachorro e falou muito sério como se estivesse passando uma missão importante para um de seus subordinados.

-Toma conta da Riza para mim.

Hayate entendeu bem o recado e ficou assistindo enquanto o homem saia e fechava a porta, só depois mordeu e engoliu o biscoito, lambeu os farelos no chão e voltou para o quarto, onde deitou sossegado nos pés da cama de Riza e ficou vigiando até que esta também acordasse.

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N.A: E começando pelo Hayate porque ele é parte fun-da-men-tal do casal. Ele é praticamente o filhinho dos dois. Exageros a parte, temos todos que concordar que o cachorrinho tem seu lugar no anime/desenho acompanhando a Riza.

A Wikipédia disse que a raça do Black Hayate é shiba inu, mas ainda acho que ele é um husky siberiano.

E obrigada para a Doks que revisou pra mim.