Disclaimer: Harry Potter, a série, (c) à J.K. Rowling. Harry Potter, o personagem, (c) à Swiit Dawn. Super fato (com ou sem hífen?).


- Desafio de casais odiados proposto por 'Dusk Cherry –


Um começo

O par de olhos castanhos corria com curiosidade pelas crianças em volta. Todas pareciam nervosas ou excitadas. Uma menina de tranças cor de mel ao seu lado parecia ter um tique nervoso, tal qual a freqüência com que batia os pés no chão. Alheio a toda essa ansiedade, um garoto de cabelos louro platinados chamou a atenção de Rose. Ela se lembrava vagamente do pai comentando algo sobre ele na estação de trem. O que era mesmo? Manter boas relações de amizade? É, provavelmente, era isso.

"Al, eu vou ali um minutinho, ok?"

E, sem esperar resposta, a menina saiu de perto do primo e parou em frente ao menino loiro. Ele não pareceu notar a ruiva, que sorria com a mão estendida a sua frente.

"Olá."

O garoto desviou os olhos do vazio com relutância e encarou-a.

"Oi."

"Meu nome é Rose e o seu?"

"Rose Weasley?"

Rapidamente, um lampejo de conversas antigas de seus pais e seu tio iluminou a mente da garota ao ouvir o leve tom de desprezo na voz do menino.

"Sim, algum problema, Malfoy?"

"Não sou como meu avô ou meu pai, caso queira saber, Weasley. Aliás, meu nome é Scorpius.", ele disse, sorrindo levemente e apertando a mão que Rose ainda conservava estendida.

Ela também sorriu.

E começava assim uma grande amizade.

X

Um meio

Os olhos cinzentos perscrutaram os corredores da biblioteca em busca de cabelos cor de fogo. Encontrou-os esparramados sobre um livro, acompanhados de uma cabeleira negra e desarrumada.

Scorpius jogou a mochila no chão e sentou-se na cadeira vazia, colocando os pés sobre os papéis espalhados na mesa.

"Meu avô é um babaca. Para não dizer coisa pior.", declarou.

"Tire as patas do meu trabalho de Poções.", a ruiva sibilou.

O garoto loiro revirou os olhos cinzentos, abaixando os pés.

"Qual o problema?", Albus perguntou.

"Ele me mandou uma carta dizendo que 'não é apropriado e nem digno que alguém da minha estirpe ande com ralés'. Velho estúpido.", ela respondeu, franzindo o nariz.

"Pos ralé eu devo entender...eu e Rose?", o moreno apontou dele para a prima.

Scorpius deu de ombros.

"Provavelmente. Imbecil desprezível."

A garota olhava de um para o outro, sacudindo distraidamente a pena embaixo do nariz. Esse gesto fez com que o pergaminho em que escrevia ficasse salpicado de tinta. O loiro apontou o estrago com o dedo fino.

"Droga! Demorei horas para fazer isso!"

Enquanto Rose, murmurando, apagava os salpicos com a ponta da varinha, uma garota de longos cabelos ondulados passou pela mesa.

"Olá, Albus.", ela sorriu, acenando com a mão.

Scorpius riu debochado para o amigo.

"Ei, Al, a Wood estava dando mole para você! Vai atrás dela."

Albus coçou a cabeça por um momento, observando o sorriso malicioso do sonserino e a ruiva praguejar quando errou o feitiço, apagando todo o conteúdo do pergaminho. Por fim, levantou-se e foi atrás da garota.

"Quer saber? Não estou nem aí!", Rose falou, olhando para o pergaminho.

"Uow! Onde foi parar a CDF responsável do primeiro ano?", Scorpius zombou.

"Ficou por lá."

Houve um breve momento de silêncio, em que ambos encararam-se, debruçados na mesa desarrumada.

"Scorpius..."

"Hum?"

"Você não pretende deixar...de ser nosso amigo, pretende?", a grifinória tinha uma expressão de tristeza no rosto.

"Por que eu faria isso?", ele se surpreendeu.

"Por...você sabe. Seu avô e tudo o mais."

óbvio que não. Meu avô é um idiota. Você sempre vai ser minha amiga. E o Al também."

X

E um...fim?

Os olhos de Rose viam cálculos e mais cálculos de Aritmancia do quinto ano, quando foram encobertos por duas mãos quentes.

"Scorpius!", ela reclamou.

As mãos saíram dos seus olhos e o dono delas largou-se na cadeira ao lado, bagunçando os longos cabelos negros.

"Estava pensando nele?"

Rose corou, escondendo-se atrás de uma cortina de cabelos vermelhos, usando o pretexto de se baixar para pegar um livro na mochila. Desde quando ela corava ao pensar naquele sonserinozinho petulante?

"Não seja estúpido, Albus! Só...", incapaz de pensar numa desculpa, a ruivinha desconversou "Afinal, o que veio fazer aqui?"

"Tecnicamente, eu tenho livre passagem pela biblioteca. Sou sonserino, mas não sou um foragido da justiça. Vim te contar uma novidade."

"Fofoqueiro.", ela murmurou, porém suficientemente alto para que ele ouvisse.

"Cale a boca. Scorpius convidou a Roxanne para sair. Próximo fim-de-semana em Hogsmead.", Albus sorriu, aparentemente satisfeito.

Rose arregalou os olhos.

"Roxanne? A nossa Rox?"

"É.", ele respondeu, dramaticamente.

"Mas ela é..."

"Mais velha, eu sei, mas o nosso loirinho faz sucesso com as garotas por aí."

A menina podia sentir um bolo se formando na boca do estômago, ela tinha certeza que se abrisse a boca para falar alguma coisa, vomitaria, e Albus parecia esperar algum comentário dela a respeito da aparente fama de Scorpius com as garotas. O sinal indicando o começo das aulas salvou a ruiva de responder.

"Aritmancia.", ela murmurou, saindo.

X

Rose, sentada em uma poltrona no fundo do Salão Comunal, observava as pessoas que iam e vinha por cima de um livro. Cada vez que alguém percebia estar sendo observado, ela afundava-se mais um centímetro na almofada. Constantemente, seu olhar era atraído para um grupo de garotas risonhas em um canto. A mulata, que parecia ser a líder delas, jogava os cabelos negros para trás constantemente, os olhos azuis brilhando com lágrimas de riso.

A ruivinha não entendia porque se sentia cheia de cólera ao observar a prima. Ela sempre fora mais próxima de Lily e Victoire, mas tinha uma boa relação com Rox. Elas até mesmo jogavam quadribol juntas quando pequenas. De uns meses para cá, no entanto, toda vez que a morena ria, Rose tinha uma vontade de jogá-la numa piscina de ácido sulfúrico.

Perdida em pensamentos, que envolviam desde a maneira mais dolorosa de matar Rox até porque ela tinha que ter aquele cabelo irritantemente armado, a menina não percebeu quando Roxanne deixou a sala. Ao olhar em volta e não avistá-la, saiu pelo buraco do retrato. Sem saber por que, uma vontade de segui-la a acometeu. Se ela encontra-se a morte pelo caminho, Rose queria estar lá para ver.

Não foi difícil encontrar a prima. A risada escandalosa herdada do pai era facilmente identificada à distância. Roxanne encontrava-se apoiada numa parede, abraçada com Scorpius. O garoto beijava o pescoço da morena.

Rose sentiu tornar-se vermelha de cólera, por algum motivo desconhecido, ao observar a Weasley mais velha tomar a boca de seu amigo num beijo sensual e sem pudor.

Como ela pode ficar se agarrando como uma vagabunda com ele no corredor? Duvido que o tio George gostaria de ver uma coisa dessas! E, aliás, por que eu me importo? Minha prima e meu amigo. O que tem de mais nisso? Eu deveria ficar feliz, afinal, o Scorpius iria entrar para a família, não é? Droga, porque eu me importo? Olha só, a mão dele entrando por baixo da blusa daquela vadia!

A garota perdeu a razão dos sentidos e encaminhou-se a passos duros e decididos para o casal. Nenhum dos dois pareceu perceber sua presença. Rose cutucou o ombro de Roxanne, que se virou, aparentemente aborrecida por ter sido interrompida.

"Que..."

A ruiva colocou toda a força que tinha sobre sua mão direita e pregou um tapa na bochecha de Rox. Mesmo na pele escura, cinco dedos ficaram marcados.

"Fico louca, Rose?", a morena esbravejou.

"Decididamente eu fiquei.", ela respondeu, num fio de voz, e saiu correndo.

Onde ela estava com a cabeça ao bater na menina? Ela não tinha nada a ver com nenhum dos dois. Que grande besteira! Rose começou a sentir que seus olhos se embaçavam à medida que corria e lágrimas quentes corriam por suas bochechas.

Dois corredores depois, sentiu um braço seu ser puxado com força. Ao virar-se, se deparou com Scorpius que a olhava, zangado. Mais lágrimas caíram ao constatar a frieza com que ele a tratava. Ele nunca havia ficado zangado com ela antes.

"Porque bateu na Rox?"

"Eu...", ela começou, em voz alta, porém terminou sussurrando. "...não sei."

"Rose...", a voz dele de repente tornou-se piedosa. Mas ela não queria piedade.

"Ela estava me irritando, está bem? Balançando o cabelo e...rindo! Me deixando louca!", a ruiva gritou, batendo as mãos do lado do corpo em sinal de desespero.

"Isso não é motivo para bater nela.", Scorpius arqueou as sobrancelhas "Ciúmes, talvez?"

A garota soltou uma risada aguda. Falsa.

"Ciúmes de quem?"

"De mim!"

Rose puxou o braço, que ele ainda segurava, com uma careta de desprezo.

"Não seja egocêntrico."

A menina saiu andando, mas sentiu que ela segurava seu ombro. Ela virou-se, zangada. As lágrimas haviam parado de cair.

"Que é? Vai reiterar, agora?"

Os dedos finos de Scorpius passaram brevemente pela bochecha da amiga, limpando as lágrimas que ainda estavam lá.

"Você decididamente não fica bonita quando chora."

Rose riu, baixinho. Ele tirou as mãos do rosto dela com relutância, colocando-as no bolso e rindo brevemente. A grifinória deu as costas ao amigo e andou lentamente para longe dele, consciente do olhar pregado às suas costas.

Ciúmes? Daquele loiro egocêntrico? Bobagem! Ele é apenas meu amigo. Se bem que...

Ela olhou levemente para trás, somente para constatar que ele ainda estava lá, olhando-a, com as mãos nos bolsos.

Alguma coisa finalmente começara a fazer sentido naquele dia.


N/A: Antes de mais nada, muito obrigada por betar essa fic pra mim, Murder. E, sim, por sua causa, eu vou continuar. Vai ser uma two-shot.

Eu odeio RoseScorpius, mesmo. Me lembra DracoHermione, que eu detesto. Mas, entre uma gargalha maníaca e outra do Joker, a 'Dusk me pediu que eu fizesse uma fic que não fosse drabble do casal para ela. Isso ficou martelando na minha cabeça, até que eu tive que pegar o meu caderno ultra-velho e escrever por três horas seguidas. Eu não vi o Cássio por sua culpa! Filha-da-mãe.

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