DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions (perdoem qualquer omissão).

Nota: não, eu não sou dona dos personagens. Mas isso não me impede de amá-los...

Observação: sugiro, para os que não leram ainda, lerem minhas fics anteriores. De uma certa forma, há fatos em todas elas que são referenciados aqui. São elas, em ordem cronológica das estórias contadas nelas: Quase Além de Qualquer Esperança, Um Sonho Estranho (não recomendada para menores de 18 anos), Flamenco, Depois da Tempestade, Valhalla, Uma Aventura Inusitada, Sacrifício Doloroso (não recomendada para menores de 18 anos, nem para aqueles que não desejem ler sobre violência – inclusive sexual). De qualquer forma, todas as referências a fatos dessas fanfics vão ter detalhes suficientes para permitir que o leitor compreenda a idéia mesmo sem tê-las lido. Pronto, meu "plimplim" (comercial) feito sobre as fics anteriores, aqui vamos nós...

Referências: The Journey Begins, Stranded, Salvation, Ressurrection, Tourist Season, Brothers in Arms, The Secret, Finn, Tapestry, Legacy, Trapped, Heart of the Storm e provavelmente muitos outros episódios que construíram esses personagens tão ricos...

Aviso: essa fanfic contém cenas que podem ruborizar olhos / ouvidos / corações mais sensíveis... (não necessariamente em todos os capítulos, claaaaro...). Terá também cenas de guerra e violência, que podem ser deprimentes. Gosto de realismo, e não acredito em mundo cor-de-rosa, então fica um aviso inicial aos navegantes, para desencorajar os que procuram apenas um divertimento leve (não é um divertimento leve o que essa fic se propõe fazer...)

Agradecimentos especiais: para Si, a primeira a ler e dar o apoio moral que, apesar da polêmica dos temas tratados eu devia ir em frente – e que também fez várias sugestões para tornar os personagens o mais próximo possível dos originais (quando vocês não os reconhecerem, foi provavelmente nos pontos em que eu recusei a sugestão dada pela Si de mudar – assumo toda a responsabilidade pelos eventuais erros remanescentes). E especialíssimos para Rosa: que leu, e me mostrou que eu podia ter dois patamares de resultado final: um, passável, se deixasse as coisas como estavam. E outro, mais realista, se fizesse os ajustes em diversas referências históricas para dar o realismo total à estória. Eu adotei o segundo patamar, o que significou retrabalhar a estória toda, mas cujo resultado final me agrada infinitamente mais. Obrigada, Rosa, pela paciência em olhar, criticar e sugerir os detalhes: tenho certeza que são eles que tornam o texto mais verossímil! Se vocês gostarem, os louros são todos da Rosa. Se não gostarem, a culpa é toda minha, ok? Mas Rosa, uma coisa importante: o fato de você já ter lido umas dez vezes essa estória NÃO TE EXIME de deixar reviews, viu? Aliás, não só nessa, mas em Valhalla, que está chorando, clamando pelas suas reviews! (buá, buá, buá – drama queen total – olha o que a convivência com a Si causa...)

Se Não Houver Amanhã...

Capítulo 1 – Mais um dia no platô...

E aquela coisa que chamamos: o TEMPO...

Dez anos.

Dez anos no platô.

Quem deles poderia ter pensado que ficaria tanto tempo preso nesse lugar?

E, o mais estranho, quem deles poderia sequer ter imaginado que até poderiam gostar de ter ficado no platô todo esse tempo?

O platô tinha mudado pouco naquele tempo todo. Continuava um lugar selvagem, cheio de surpresas que os cercavam a cada dia.

Mas todos os exploradores tinham mudado, e muito.

Marguerite e Roxton, e Verônica e Malone estavam casados oficialmente desde o quarto ano da chegada deles ao platô. Tinha sido engraçado descobrirem, um dia depois de chegarem de uma expedição para coletar amostras para Challenger, que durante a tal expedição os casais, que viajavam separadamente, tinham finalmente se declarado e decidido por um casamento. (para mais detalhes, veja capítulos 5, 6 e 7 de "Um Sacrifício Doloroso).

Os dois casamentos tinham sido realizado conjuntamente, apenas algumas semanas depois dos casais terem decidido se casar, e Challenger e Summerlee não poderiam caber em si de contentamento, pois era como se na verdade os quatro filhos que Challenger não tinha tido e que Summerlee adotara finalmente tivessem encontrado um caminho para serem felizes. Para Challenger faltavam apenas sua querida Jessie, e Finn, mas nem tudo era ou seria perfeito... (para mais detalhes sobre o desaparecimento de Finn, leia "Depois da Tempestade..." ou "Valhalla". Para o reaparecimento de Ned e Summerlee, leia "Uma Aventura Inusitada").

E agora estavam no finalzinho do ano de 1929. Pouco mais de dez anos depois de terem chegado ao platô, numa expedição de ilustres desconhecidos que tinham se juntado por motivos tão diferentes, que tinham sido acolhidos inesperadamente, e que tinham se mantido juntos desde então num crescente aprendizado e exercício dos conceitos de humanidade, amizade, companheirismo, e por fim de família.

Mas o tempo é inexorável, e não deixava de passar, dentro e fora do platô.

Finalmente tinham conseguido estar todos reunidos, os seis amigos. Ah, e claro, os dois filhos de Verônica: Marguerite Abigail e Tom. Os gêmeos tinham acabado de completar seis anos de idade. Seus nomes tinham sido herdados de seus avós, pais de Verônica. Aliás, Marguerite Abigail tinha o nome de Marguerite porque Verônica fizera questão de honrar o compromisso selado com a amiga à beira de um abismo, dentro da caverna desabando, quando tinham tentado pela primeira vez sair do Platô. Apesar de Marguerite ter insistido que a dispensava da promessa, Verônica não arredou pé, e a menina chamou-se Marguerite Abigail, mas para evitar confusão com duas Marguerite's na casa, todos a chamavam de Abigail, ou Abi. Os dois tinham sido batizados por Marguerite e Roxton, e se é que isso era possível, serem compadres aumentara ainda mais os laços que uniam os dois casais.

Marguerite nunca tivera filhos – o ferimento com a lança de Eos tinha definitivamente acabado com quaisquer sonhos de maternidade que ela pudesse ter (para detalhes, vide capítulos de 1 a 4 de "Um Sacrifício Doloroso"). Mas Roxton fora muito explícito ao afirmar para Marguerite que antes de mais nada ele a escolhera para sua esposa, para ser a mulher com quem ele compartilharia sua vida. Se isso incluiria filhos ou não era algo que não era o mais importante para ele. Diante dessa reafirmação de Roxton, nada havia que os pudesse separar, e ela e Roxton eram muito felizes, e adoravam seus sobrinhos-afilhados.

Nunca tinham deixado de eventualmente procurar uma saída do platô. Afinal, o objetivo original da expedição tinha sido exatamente provar a existência do mundo perdido, e se tivessem uma chance de voltar a Londres, essa seria a oportunidade de provar ao mundo que as suspeitas de Challenger em 1919 eram reais. Mas, com o passar dos anos, se sentiam cada vez mais em casa no platô.

Challenger e Summerlee cuidavam desde cedo daquilo que eles chamavam de "educação científica" de Abigail e Tom. Ned e Marguerite cuidavam da educação mais formal deles, eventualmente auxiliados por Verônica e por Roxton, e graças a isso as crianças já começavam a aprender um pouquinho de matemática, ciências, literatura, e além do inglês – que usavam o tempo todo – tinham algumas noções de francês, e até mesmo português (afinal, o platô ficava na selva amazônica e se saíssem dali poderia vir a ser útil). Tia Marguerite tinha provido os dois jovens através de suas habilidades para diferentes línguas.

Por sua vez, Roxton e Verônica tinham como principal responsabilidade ensiná-los técnicas de sobrevivência no platô, assim como o pai de Verônica fizera tantas vezes com ela quando ela ainda era uma criança. Ned e Marguerite colaboravam como podiam, mas certamente as habilidades dos caçadores e as habilidades dos intelectuais, somadas à inteligência dos cientistas, davam às crianças uma ampla gama de conhecimentos para que eles sobrevivessem da melhor maneira possível à rotina do platô.

Eles tinham uma vida quase rotineira, se é que algo poderia ser rotineiro no platô. Afinal, eventuais encontros com os homens-macaco e com os dinossauros eram praticamente inevitáveis. Mas em todo esse tempo eles tinham aprendido a evitar sempre que possível os encontros com as tribos do platô, exceto a tribo de Assai.

Aliás, Assai agora era a rainha de seu povo, já que seu pai, o chefe Jacoba, tinha morrido no ano anterior. Ela e seu esposo Jarl eram os líderes dos zanga, desde então.

E por falar em Assai, estando toda a família dos exploradores reunida logo após o lanche da tarde na Casa da Árvore, ouviram a voz melodiosa da amiga comum chamando-os do nível do chão...


Assai e Jarl subiram usando o elevador que seus amigos tinham baixado. Depois de trocarem os abraços habituais entre os amigos, todos se sentaram novamente para conversar.

'Você parece preocupada, Assai. O que aconteceu?', Verônica foi a primeira a perceber a agitação da amiga.

'Não consigo esconder nada de você, mesmo.' Assai não pôde conter um sorriso, mesmo através de sua preocupação. Sabia que podia contar e confiar em seus amigos.

'Onde estão as crianças, Assai?' Marguerite perguntou. Roxton, a seu lado, não pôde deixar de sorrir. Quem conhecera Marguerite nos primeiros anos de platô jamais poderia imaginá-la preocupada pela ausência de crianças. Os filhos de Assai e Jarl eram apenas um pouquinho mais velhos que os filhos de Verônica e Ned.

'Ficaram na aldeia, junto com os outros. Algo está acontecendo, e julgamos perigoso caminhar com eles da aldeia até aqui' Jarl respondeu, sério.

'Tom, Abigail, que tal virem comigo para repassarmos um trecho em francês, enquanto os outros conversam?' Marguerite convidou, notando o constrangimento na sala e sabendo que todos conversariam mais abertamente sem a presença dos filhos de Verônica e Ned. Ela podia pressentir perigo, mas teria que se contentar em atualizar-se mais tarde, quando Abigail e Tom estivessem mais ocupados.

Relutantemente as crianças deixaram a sala com sua tia Marguerite. Apesar de curiosos pelo que tia Assai e tio Jarl poderiam contar, eles adoravam quando tinham a chance de passar algum tempo sozinhos com tia Marguerite. Ela sempre lhes lia trechos interessantes de livros, e sabia explicar a estória para eles de uma maneira muito peculiar que sempre os prendia por horas. Então, eles foram juntamente com Marguerite para o laboratório de Challenger, onde estavam os livros e também as mesas de estudo – e onde não ouviriam as conversas dos adultos na sala de jantar, Marguerite calculou. Ela também adorava os dois, e sabia que depois de meia hora entretidos com as estórias ela poderia voltar à sala para participar da discussão sem correr o risco das crianças abandonarem algum assunto que realmente os interessasse.

Quando as crianças saíram do campo de audição, acompanhadas por Marguerite, Assai e Jarl continuaram a conversar mais livremente, mas a preocupação agora estava ainda mais estampada em seus rostos do que antes.

'Algo aconteceu desde a última tempestade.' Jarl começou.

Eles tinham tido uma forte tempestade de verão há menos de uma semana.

'Como assim?' o sempre curioso repórter especulou.

'Parece que a tempestade desencadeou algum encontro de realidades...' Assai disse.

'Ondas espaço-temporais?' Challenger cogitou.

'Não sabemos, mas várias tribos estranhas apareceram de repente e andam rondando nossos territórios. Atacaram alguns de nossos guerreiros. Até os animais estão inquietos.' Jarl continuou.

'Planos de realidade... Mas a última vez que isso aconteceu foi há mais de sete anos.' Roxton emendou. Ele nunca se esqueceria de seu encontro com os conquistadores espanhóis nem de toda a confusão causada na última tempestade elétrica e todos os encontros de diferentes planos de realidade que tinham acontecido então.

'Não sabemos se é isso. O fato é que esses desconhecidos não parecem saber onde estão, e temos medo que nos ataquem. E viemos avisá-los porque eles também podem atacar vocês, eventualmente.' Jarl disse.

'Viemos, na verdade, convidá-los a ficarem uma temporada conosco na aldeia zanga. Talvez estejam mais protegidos conosco, afinal estaríamos todos juntos.' Assai completou.

Verônica tomou as mãos da amiga nas suas 'Obrigada, Assai. Não sei como agradecermos sua preocupação, por vir nos avisar, e também pelo convite.'

'Vocês virão conosco?' Assai insistiu. Era notável que ela estava realmente preocupada.

'Você sabe que demoraremos pelo menos uns dois dias para estarmos com tudo pronto para uma viagem de alguns dias pra sua aldeia, Assai.' Verônica respondeu.

'E nesse meio tempo, eu e Roxton vamos aproveitar para investigar o que está acontecendo e para avaliar o real tamanho do perigo.', Ned completou.

'Por favor, não se afastem muito da Casa da Árvore, e tenham cuidado. Nós vamos agora, mas em dois dias enviaremos um grupo de guerreiros para acompanhá-los até a aldeia zanga. Estarão mais seguros conosco.' Jarl disse, levantando-se para se despedir.

'Já? Mas ainda é cedo! Fiquem para jantar conosco!' Verônica convidou, amigavelmente.

'Não, com tantos estranhos rondando o platô o mais seguro é voltarmos logo pra aldeia zanga, para chegarmos lá ainda com claridade. Há um grupo de guerreiros nos aguardando, porque não é recomendável andar sem escolta por aqui'.

'Está tão perigoso assim?' Ned questionou.

'Com certeza. Três de nossos guerreiros desapareceram misteriosamente há dois dias, não conseguimos localizá-los, seus rastros terminavam num emaranhado de rastros de muitos homens, provavelmente foram capturados, não sabemos se ainda estão vivos.' Jarl contou.

'Vou chamar Marguerite para vocês se despedirem.'

'Não a incomode, nem às crianças. Quanto menos as crianças souberem, melhor, assim não vão ficar curiosos para fazer investigações por conta própria. Mandem um abraço para eles.' e assim dizendo os dois desceram no elevador para sair.


Nesse meio tempo, Marguerite estava com as crianças.

'Tia Marguerite, mas que livro é esse?'

'É A Guerra dos Mundos, de Wells.'

'É o livro que você estava lendo quando vocês viajaram no tempo e foram para o futuro do platô, tia?' a curiosa Abigail perguntou. (1)

Marguerite sorriu, satisfeitíssima com a boa memória da menina – e também por saber que ela prestava atenção em tudo que lhe era ensinado. Mas não pôde deixar de sentir uma ponta de saudade de Finn...

'Exatamente, Abigail.' Ela respondeu, abrindo o livro. Sabia que Verônica e Ned não aprovariam aquela leitura, mas só o primeiro capítulo não causaria nenhum dano, mesmo à imaginação fantasiosa das duas crianças.

'Mas não conte para sua mãe ou seu pai que começamos a ler esse livro. É um segredinho que fica só entre nós, entenderam?...' ela disse, piscando para os dois.

'E agora, vamos começar do início, isto é, lendo o primeiro capítulo. Tom, você começa. Você pode ler em voz alta para nós, por favor?'

O menino mais que depressa tomou o livro de suas mãos e começou, devagar, na fala de quem está apenas aprendendo a ler: 'A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells. Livro Um. A Chegada dos Marcianos. Capítulo Um. Às vésperas da Guerra. E tem uma citação aqui: "Mas quem permanecerá nesses mundos se eles forem desabitados?... Somos nós ou são eles os Senhores do Mundo?... E como todas as coisas foram feitas para o Homem?" de Kepler, em "A Anatomia da Melancolia".'

Ele parou de ler e interpelou-a: 'Tia, o que quer dizer essa citação?'

Marguerite sorriu. Sabia que Tom podia ser profundamente curioso, e tinha que lhe dar uma resposta à altura.

'Bom, meu querido, é importante que você saiba do que se trata esse livro. Ele está falando do encontro de mundos e culturas diferentes, em que os seres desses mundos diferentes vão se confrontar pelo poder. Então, Wells usa uma citação de um outro autor, em um outro contexto totalmente diferente, para preparar o humor de quem está lendo sobre o que pode esperar no capítulo. No caso, ele usou Kepler. E se vocês terminarem de ler esse capítulo, no final podemos discutir a relação entre essa citação e o capítulo que vocês leram, que tal?'

As crianças se entusiasmaram, pois sabiam que quando terminassem de ler sua tia teria mil observações para fazer, ajudando-os a entender as conexões entre os dois assuntos. Assim, os dois se calaram e começaram a ler o capítulo, juntos e devagar, como era de se esperar de crianças que estão começando a aprender a ler.

Vendo que tinha entretido seus dois sobrinhos, Marguerite voltou à sala onde os outros estavam, mas parou no meio do caminho vendo os rostos preocupados de seu marido e de seus amigos de tanto tempo, e notando que Assai e Jarl já tinham partido.

'O que aconteceu por aqui enquanto eu fiquei fora? Parece que meia hora foi suficiente para transtornar a todos!'

Notas:

(1) "A Guerra dos Mundos", de H. G. Wells, é mencionado no episódio Finn. Embora, na minha opinião, esse livro de Wells tenha uma relação mais direta com o episódio "The Quality of Mercy" da segunda temporada, e "A Máquina do Tempo", também do Wells, fosse mais adequado ao episódio "Finn"...

CONTINUA...

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