Olá, pessoas bonitas!
Depois de algumas eras estou de volta a ativa no mundo cibernético... ou quase.
Começamos agora uma nova história de Digimon que, para variar, vamos brincar com os tais dos 'E se...'. Então sim, estamos falando de um AU com o 'E se...' Takeru fosse um gênio, tipo Ken enquanto sob efeito da Semente das Trevas (Dark Spore), porém em total controle dele próprio, quais as mudanças que isso acarretaria na história e como seria a interação com as demais Crianças Escolhidas.
De ante mão eu já aviso que posteriormente teremos situações de violência (além das batalhas de digimons, é claro) e temas nada leves, que incluem morte de personagem (nenhuma das Crianças, felizmente), abuso de menores e jogos mentais (apesar de que esse eu ainda tenho que confirmar). Então vocês podem esperar por alguns OOC espalhados por aí, mas eu tentarei deixá-los naturais, ou tão naturais quanto as situações permitirem.
Saindo um pouco da história e indo para a pegunta que muitos vão querer respondida: qual a frequência de publicação?
Serei sincera: tão quanto eu conseguir, levando em consideração que estou naquela fase de começo de faculdade mais atividades extras a torto e a direito mais meu péssimo hábito de me enrolar com coisas pessoais. Então já viram, uma equação nada boa, mas paciências xD Espero que vocês a tenham comigo e eu terei com vocês. Mas é claro que incentivos sempre ajudam.
Creio que por enquanto é isso.
Apreciem a leitura!
E não se esqueçam de comentar!
01 – O ponto de mudança
-Abril de 2003-
- Mas, okaa-san!
- Takeru, pense bem: é uma oportunidade única, não são todos que podem morar em outro país e estudar lá. Além disso, não é como se você não verá seus amigos para sempre, você poderá vir para o Japão nos feriados e pelo que você me contou, o Mundo Digital permite que vocês possam se encontrar muito mais facilmente. E também, eu conversarei com seu pai para você morar com ele para você cursar o colegial. O que acha?
- Promete?
- Claro!
Há alguns minutos, Takeru e Natsuko estavam conversando sobre uma proposta de trabalho que ela recebera de alguns contatos dos pais. A proposta em si era muito boa para todos, exceto que ela teria que se mudar para a França, e sendo ela a guardiã legal de Takeru, ele teria que ir junto, uma situação nada favorável para o garoto. Se para ele já era ruim morar algumas cidades longe dos amigos, morar em outro país, sem falar em outro continente seria o inferno, pior que enfrentar todos os digimons malignos juntos mais uma vez.
Após então, Natsuko fazer essa proposta para o filho, o menino a olha apreensivo, pensando em todos os pós e contras da situação. Do próprio ponto de vista, ele teria mais contras, mas de forma lógica, a mãe tinha a vantagem.
- Certo, eu vou – Takeru concede e a mulher comemora e agradece o menino. – Quando nós vamos?
- Bem, eu ainda tenho que terminar de resolver algumas coisinhas no trabalho, - ela responde pensativa - então eu suponho que em um mês mais ou menos. Acha que consegue se despedir de todos e aproveitar nesse meio tempo, Takeru?
- Sim – ele assente com a cabeça. – Acabamos de entrar de férias também. Acho que é o bastante.
Com um suspiro, Takeru apoia-se no tronco de uma das árvores que cercavam o lago em que o grupo de Digiescolhidos decidiu passar o último dia de férias. Desde a conversa com a mãe, ele tentara contar aos outros o mais rápido possível para aproveitar o máximo possível o tempo que eles tinham juntos. Infelizmente, a oportunidade nunca aparecera e agora ele estava a um dia de viajar e ninguém sabia, nem mesmo o próprio irmão.
Olhando preocupado para o loiro, Patamon estava se segurando para não sair gritando pela atenção das outras crianças e adolescentes, a única coisa que o prendia no lugar era a preocupação pelo parceiro. Fazia um tempo que o Digimon era capaz de sentir um pouco os sentimentos do humano, e o último mês não foi um dos melhores momentos da vida do loiro.
- Ei, Patamon – Takeru de repente chama o parceiro. – Você acha que eles ficarão muito bravos se eu ir sem me despedir pessoalmente?
- Logicamente, eu acho que sim. Sabe, eu ficaria.
- Mesmo sabendo que foi você quem não me deixou falar nada? – o menino encolhe as pernas e as abraça, apoiando o queixo sobre os joelhos.
- Takeru...
De repente uma bola de futebol voa na direção da dupla, interrompendo o Digimon. A bola rola até os pés de Takeru, mas ele sequer nota o objeto. Por outro lado, Patamon desviou o olhar para o lugar de onde a bola veio.
- Deixa que eu pego! – Patamon vê Ken acenando para os amigos com quem estava jogando até a bola sair voando. O menino corre até a dupla e para agachado ao pegar a bola. Ele nota a forma depressiva do loiro, uma imagem que ele nunca vira antes no melhor amigo, e pergunta preocupado, - Takeru? Aconteceu alguma coisa?
- Nada – Takeru responde fracamente, virando o rosto para o lado.
Diante de tal resposta, Ken ignora os gritos de Daisuke e V-mon para voltar logo com a bola e foca toda a atenção no amigo à frente.
- Se fosse nada, você não ficaria assim. O que aconteceu?
Takeru finalmente olha o outro garoto e encontra preocupação e interesse genuíno nos olhos dele. Talvez, ele pensa,talvez ele esteja realmente interessado, talvez ele queira me ouvir. Mas tão logo ele termina esse pensamento, o que tem se repetido nas últimas semanas volta a acontecer.
- Qual é, Ken! Eu quero continuar jogando! Vem logo! – Daisuke eficientemente vem correndo e puxa Ken de volta para o campo improvisado, ignorando as fracas reclamações do outro garoto enquanto este tenta voltar um último olhar preocupado para o loiro, que voltara a abaixar os olhos.
Ou talvez não, Takeru repensa e se contenta com a situação... de novo.
Ao lado dele, Patamon o olha preocupado e então observa o que todos os outros estavam fazendo.
Daisuke, Ken, Taichi e Sora com respectivos digimons estavam jogando bola. Miyako, Mimi, Hikari, Palmon e Tailmon estavam reunidas conversando sobre qualquer coisa que provavelmente nenhum dos meninos presentes se interessaria ou entenderia. Yamato estava sentado confortavelmente em uma sombra com Gabumon e Hawkmon, todos aproveitando para relaxar. Próximo ao trio, Koushiro e Jou explicavam alguma coisa para Iori, que decidira usar a oportunidade para questionar os senpais enquanto os parceiros digitais ouviam atentamente tentando entender sobre o que os humanos falavam.
Ninguém parecia se preocupar se alguém estava estranho ou diferente. Todos estavam ocupados demais com as próprias vidas para prestar atenção ao redor. Takeru não precisava ver para saber o que estava acontecendo, ele sentia, sempre sentiu como os sentimentos das pessoas ao redor afetava o ambiente. Patamon estava começando a desenvolver melhor essa habilidade (que quando ele evoluía ficava incrivelmente forte), mas só de olhar ao redor ele conseguia entender perfeitamente de onde vinham as sensações que o parceiro sentia, e isso o irritava a certo ponto. Infelizmente, não era como se eles pudessem fazer qualquer coisa ou como se o garoto fosse fazer qualquer coisa, não na atual condição.
Decidido a tentar melhorar, Takeru respira fundo e se levanta, movimento, apesar de visível a todos, percebido apenas por Patamon. Os dois cruzam olhares e o garoto sorri fracamente.
- Vamos passear? Talvez encontremos um dos nossos amigos Digimon por perto.
- Claro!
A pequena conversa inconscientemente por olhares feita, os dois parceiros começam a andar em direção às árvores em silêncio, um silêncio confortável que apenas os dois sabiam aproveitar.
Algumas horas mais tarde, com o dia em seus últimos minutos de luz solar, o grupo decide que é hora de voltar para casa. Todos se reúnem aproveitando para terminar alguma fofoca ou outra e trocar reclamações dos dias de aula que estão por vir. Chegando ao portal que levaria cada um de volta à própria casa, os humanos preparam seus digivices, ignorantes ao garoto que se manteve alguns passos atrás do grupo. Isto é, até ele os chamar.
- Hm... Pessoal! – em uma súbita onda de desespero, Takeru quase grita, chamando a atenção dos demais e recebendo olhares confusos deles e um de preocupação discreta do parceiro. Estando no centro das atenções, era apenas esperado que o loiro corasse um pouco e desviasse o olhar para baixo, reencontrando a voz com alguma dificuldade. – Hm... Eu só queria dizer que vou sentir saudades de vocês pelos próximos meses... E...
- Do que está falando, Takeru? – Daisuke o interrompe com um leve tombar de cabeça.
- Takeru-kun – Hikari solta um risinho. – Não é comum de você ser tão sentimental assim. Não haja como se não fôssemos estudar na mesma escola e dividir classes, porque nós vamos!
O loiro abre a boca para corrigi-la, para dizer-lhe que não iriam, que eles não estudariam na mesma classe, que não freqüentariam a mesma escola e muito menos morariam na mesma cidade, aliás, que não viveriam sequer no mesmo continente. Mas antes de conseguir que qualquer som saísse de sua boca, Miyako intrusivamente enlaça-lhe o braço e o puxa para o portal sob o sorriso dos outros.
- Mas já que você já está com tanta saudade assim, e nem nos despedimos para a noite, que tal passarmos mais algumas horas juntos na minha casa? – e sem esperar resposta de qualquer um, ela abre o portal para o Mundo Humano e parte, englobada pela luz. Os outros Diagiescolhidos mais novos a seguem se despedindo apressadamente dos mais velhos enquanto riam.
Os seis Digiescolhidos restantes riem um pouco da atitude dos mais novos e seguem respectivos caminhos para casa.
Ao chegar em casa, Yamato tem uma surpresa ao encontrar a mãe na sala do apartamento no que parecia ser o final de uma conversa com ar de negócios com sentimentos pessoais em segundo plano. Era estranho, sempre foram estranhas as vezes em que os dois pais se encontravam, para Yamato, como se eles sempre quisessem fazer ou dizer algo mais e nunca tinham a coragem de fazê-lo.
Natsuko notou a presença do filho mais velho e o cumprimentou devidamente como mãe, mas brevemente e saindo logo em seguida. O adolescente olha o pai com a pergunta clara no olhar e espera pacientemente o homem escolher as palavras com as quais explicar melhor a situação.
- Não é nada muito sério, Yamato. Sua mãe só estava aqui para acertarmos alguns detalhes de um arranjo que fizemos para daqui alguns anos. Não é nada com o que você tenha que se preocupar. E onde está Takeru? – Hiroaki pergunta curioso, achando estranho que os dois irmãos que parecem mais ligados do que um casal de namorados recém-formados não estavam juntos diante das atuais circunstâncias.
- Ele está com a Hikari e os outros mais novos. Takeru estava mais emocional do que o normal hoje e o pessoal decidiu alegrá-lo. E eu prefiro não me envolver, sabe-se lá o que se passa na cabeça daquelas crianças – Yamato diz rindo levemente. O pai ainda acha estranho que o primogênito tenha tomado tal decisão, mas decidiu não comentar. Esses garotos que decidam o que eles acham que é melhor, afinal para quem já salvou dois mundos duas vezes, eles deveriam ser capazes de fazer tais decisões.
Em outra parte de Odaiba, espalhados o mais confortavelmente possível dentro de um quarto, as seis crianças e seis digimons se divertiam como conseguiam, embora certo garoto loiro estivesse segurando-se para não sair correndo dali com lágrimas de frustração nos olhos. Enquanto ele estampava um sorriso no rosto e evitava olhar diretamente nos olhos de qualquer um, Takeru se perguntava por que não conseguia dizer. Era muito simples, palavras fáceis "Eu estou mudando com minha mãe para a França por três anos"; viu, era simples. Mas por que não conseguia? Ele podia interromper qualquer um enquanto eles o interrompiam, mas... Não dava...
Mais tarde, naquela noite, quando o garoto finalmente voltou para casa, a primeira coisa que fez foi socar a parede do quarto. Estando o apartamento vazio, a mãe provavelmente saíra para alguma compra de última hora ou qualquer coisa, Takeru finalmente deixou que a torrente de emoções fluísse para fora sem restrição alguma.
Os gritos agoniados e frustrados serviram de trilha sonora enquanto os próprios punhos eram castigados mais e mais contra a superfície dura das paredes até não agüentar mais e começar a puxar os cabelos. Quando ele cai de joelhos no centro do quarto com a cabeça baixa, Patamon, que assistia a tudo desde a porta do cômodo, decide que é hora de agir. Ele se aproxima do parceiro e, sem saber exatamente como, evolui para Angemon e abraça o melhor amigo, refugiando-o entre os braços fortes da crueldade do mundo externo permitindo que ele abrisse o coração e deixasse tudo exposto.
Foram algumas horas que eles permaneceram assim, o Digimon anjo guardando Takeru como podia enquanto este derramava as lágrimas contidas do último mês, lágrimas de tristeza, saudades e principalmente de frustração.
Quando Natsuko chegou em casa, em um horário razoável, ela estranhou que o apartamento estivesse quieto e escuro. Cuidadosamente, ela tenta o quarto do filho e tem um pequeno susto. O filho estava lá, definitivamente, e estava adormecido, mas a surpresa dela estava na companhia do garoto. A mulher já esperava que o parceiro Digimon estivesse por perto, eles eram praticamente inseparáveis, mas a forma que ele tomara era uma que ela não via há um bom tempo. Ao invés da forma que lembrava um porquinho da Índia com asas de morcego, quem abraçava protetoramente o menino era o anjo que sempre protegera ele.
Os dois trocam um breve olhar, apesar de Natsuko não ter certeza por causa do capacete do Digimon, e a mulher deixa os dois parceiros, confiante de que o filho não poderia estar mais seguro do que no momento, protegido pelo ser de luz.
Na manhã seguinte, Takeru, Natsuko e Patamon acordam cedo, não para que o garoto pudesse se preparar para o primeiro dia de aula desse ano letivo, mas para que os três tivessem certeza de que nada importante estivesse ficando para trás para a grande mudança. Tendo tudo em ordem, eles deixam o apartamento com as várias malas.
Durante o caminho, Takeru tenta uma última vez contar aos amigos sobre a mudança, dessa vez, sem chances de interrupções. Ele manda um e-mail para cada um dos outros Digiescolhidos e desliga o D-Terminal, não querendo responder qualquer pergunta que seja no momento. Ele enviara a hora e local exatos do vôo, então se eles quisesse lhe dizer alguma coisa, que viessem fazê-lo pessoalmente.
Uma hora depois, a bagagem tinha sido despachada e mãe, filho e Digimon esperavam na área de embarque, conversando sobre o que fariam assim que pousassem em Paris.
- Takeru!
Um grito de várias vozes corta a conversa do aeroporto e faz com que todos os presentes se virassem para o grupo de jovens sem fôlego que acabara de chegar. Os Takaishis sabiam que falta aproximadamente trinta minutos para a primeira chamada de embarque, então não estavam com pressa, mas essa nova situação poderia se complicar, então os três concordaram em mantê-la simples.
Takeru se levanta com Patamon nos braços e vai até os outros Digiescolhidos, mantendo o rosto neutro.
- Bom dia – ele diz calmamente.
- Takeru! – Yamato começa dando um passo à frente. – Qual o significado disso?
O loiro mais novo sabia que o irmão se referia à mensagem que mandara uma hora atrás, e não pensava em enrolá-lo.
- Bem, eu tentei dizer-lhes mais cedo, mas nunca consegui encontrar um momento oportuno. Desculpem-me – ele finaliza abaixando os olhos e inclinando-se levemente para frente.
- Takeru, por quanto tempo você ficará longe? – dessa vez é Ken quem pergunta, aproximando do loiro até ficar a um passo de distância do melhor amigo.
- Três anos.
- Certeza? – Hikari aproxima-se também, ficando ao lado de Ichijouji. Takeru assente e os três trocam sorrisos pequenos.
- Tanto faz! Eu não posso engolir que você não nos disse nada! – Daisuke exclama a meio caminho até o loiro com punhos cerrados.
Por um breve momento, os olhos de Takeru ganham um brilho frio, mas voltam ao azul celeste calmo de sempre antes que qualquer um percebesse. Natsuko aproxima-se das crianças e põe uma mão no ombro do filho mais novo.
- Está na hora.
O grupo troca despedidas longas e dramáticas recheadas e cobertas de promessas de se manterem em contato, então os Takaishis embarcam no vôo que mudaria a vida de Takeru para sempre.
-Maio de 1998-
Takaishi Takeru, sete anos de idade, primeiro ano do ensino fundamental da Escola Primária de Tamachi.
O jovem loiro franze o rosto, não gostando do som que essas palavras juntas produzem. Ele as estranhava, elas não soavam certas, não para os ouvidos dele. Ele suspira derrotado, porém. Não era como se pudesse mudar as coisas. Ele não tinha autoridade, não tinha autonomia e também não tinha esperanças de que a situação pudesse melhorar. Entendia bem qual era a própria posição e o que podia fazer. Uma das maldições de ser o que os adultos chamam de 'gênio', ele sempre entendia tudo muito bem.
Takeru olha em volta de si e observa à distância como as outras crianças hesitavam em se aproximar, estranhando e apontando descaradamente enquanto comentavam sobre a aparência 'anormal' dele. Bem, até então, nada fora do comum. Do outro lado da sala, ele vê um grupo de crianças reunidas. Alguns meninos e meninas conversavam, mais como se exigissem algo do menino que estava sentado no meio deles e parecia querer que a terra abrisse e o engolisse ali e agora.
Curioso com a linguagem corporal do menino no centro, o loiro presta atenção nas palavras trocadas entre eles.
- Meu irmão me disse que seu irmão é um gênio – um menino disse.
- Minha mãe também. Ela disse que eu deveria fazer como Ichijouji-senpai e ser uma boa menina na escola – uma das meninas concorda.
- Ken-kun também é um gênio? – outra menina pergunta.
O menino, Ichijouji Ken, não responde verbalmente, apenas se encolhe mais no assento e balança a cabeça negativamente quase como se não quisesse.
Takeru entende a situação instantaneamente. Ele ouvira falar do 'menino gênio de Tamachi, Ichijouji Osamu'. Então aquele era o irmão mais novo do prodígio e não tinha as mesmas habilidades do irmão, mas todos o cobravam de forma direta ou indireta.
O grupo de crianças continua a pressionar o menino por mais alguns minutos até que o loiro decide que bastante é o bastante.
Ignorando os olhares curiosos dos outros colegas de classe, Takeru caminha calmamente até o grupo e para um passo de distância deles.
- Com licença – ele pede e chama a atenção do grupo inteiro. Fixando o olhar no menino encolhido, ele sorri brilhantemente. – Você é Ichijouji Ken-kun, certo? – ele pergunta e o menino de cabelos negros assente timidamente. – Eu sou Takaishi Takeru e acabei de me transferir para essa escola. Poderia me ajudar com a matéria?
Todos o olham em surpresa, mas Ken é o mais surpreso e confuso.
- Mas eu não sou tão inteligente – Ken murmura, desviando o olhar para o chão.
- Não tem problema! – Takeru responde imediatamente e o outro menino volta o olhar imediatamente. – E eu duvido que você não seja inteligente. Você me ajuda?
Lentamente, Ken processa as palavras proferidas pelo loiro e quando ele as registra, sorri largamente e aceita o pedido.
As outras crianças se dispersam e deixam os dois meninos as sós. Rapidamente eles passam por todas as anotações e colagens nos cadernos de Ken, com este explicando tudo animadamente e Takeru respondendo com pequenas palavras para deixar claro para o outro que ele estava ouvindo. Quando terminam, o moreno percebe que o outro não trouxera nenhum material e que apenas ouvira tudo o que ele tinha a tagarelar.
- Takeru-kun, você não precisava de minha ajuda, precisava? – Ken pergunta confuso e com um respingo de mágoa.
Takeru sorri desculpando-se e encolhe os ombros.
- Desculpe-me, Ken-kun. Você está certo, eu não precisava. Mas eu achei que seria uma boa desculpa para fazer as outras crianças pararem de magoá-lo e para eu tentar começar uma amizade.
Ken o encara confuso, aceitando a desculpa, mas ainda havia uma coisa que ele não entendia.
- Por que você quer ser meu amigo, Takeru-kun?
- Por que não? – o loiro pergunta, piscando em surpresa.
- Porque... Ninguém quer ser meu amigo... Todo mundo só se interessa no Osamu-nii-chan...
Takeru não responde imediatamente. Ele olha bem para o outro menino em silêncio, pensando em como responder.
- Deixa eu ver como posso explicar... Eu já ouvi falar do seu irmão, que ele é um gênio – Ken se encolhe, mas Takeru não perde um segundo e continua, sua próxima frase fazendo o outro levantar o olhar. – Mas eu não tenho interesse nele. Quero dizer, ele parece ser legal e tudo mais, mas ele é mais velho e se eu quisesse um amigo mais velho ligaria para meu irmão. E você parece mais interessante.
- Mas eu sou normal...
- Exatamente! Até hoje meu único amigo é meu irmão. Eu gostaria de ter um amigo normal.
Os dois se olham em silêncio por algum tempo, esperando a resposta do outro. Então sorriem.
A partir desse dia, Ken e Takeru se tornaram melhores amigos, fazendo de tudo juntos, estudando, praticando esportes, brincando. Até que dez meses depois Takaishi Natsuko teve que se mudar novamente por causa do trabalho, indo para Kawada. Os encontros dos dois tornaram-se mais difíceis, sem dúvida, mas nada que os impedisse por completo.
Pelos próximos meses, Takeru sempre conseguia uma brecha nos horários da mãe para os dois irem a Tamachi e reforçar os laços de amizade entre os Ichijoujis e Takaishis. Nesse meio tempo, Ken descobre que Takeru era tão genial quanto o irmão, mas diferente do menino mais velho, o loiro incluía Ken em tudo, e quero dizer tudo, que ele fazia, desde as matérias de escola que eles viam separadamente, ajudando o moreno a entender qualquer coisa que tinha dificuldade, à prática de esportes diversos, despertando a paixão por futebol em Ken.
Após as férias de verão de 1999, porém, tanto Takeru teve uma experiência inesquecível, como a situação familiar dos Ichijoujis sofreu drásticas revira-voltas.
