Olá! Que saudade dessa seção de Gundam Wing. Só postei algo por aqui quando Gundam ainda passava no Cartoon… E eu nem gostava de yaoi, nossa. Estou ficando velha… Enfim, esta fanfic é um presente para Blanxe! Quero agradecer muito à ela por ter uns gostos tão maravilhosos e curtir 6x2 e 13x2 como eu. É soda gostar de casais meio bizarros, né? Enfim, é a primeira fanfic longa que terminei de escrever, e tem aproximadamente 40 páginas no word. Vou postar com frequência, então não se preocupem!
Preciso fazer alguns avisos antes: esta fanfic contém linguagem imprópria, violência, tortura, e uma cena implícita de estupro. A fanfic é yaoi, e o casal principal é 6x2, com alguns hints de 13x2 e 13x6. Também contém muito drama e angst! Ah, e é AU. Não gosta disso tudo? Não leia!
Caso você goste e resolva ler, deixe um comentário, é sempre legal!
- Akari
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"Os homens apressam-se mais a retribuir um dano do que um benefício, porque a gratidão é um peso e a vingança, um prazer."
- Tácito
PRÓLOGO
Era um daqueles dias perfeitos demais, em que tudo dava errado. Duo se perguntou como sabia, se era o gosto de areia na boca e a sensação da sua língua ter virado uma lixa; ou então, os dedos formigando. Mas não podia ser isso. Isso era normal.
Duo já havia perdido a conta de quanto tempo havia ficado parado. Ele não devia, era claro. Tinha que contar até os segundos - estar alerta - mas ele não foi capaz de tomar a coragem necessária pra levar um relógio. Ele não era que nem o Yuy, um merdinha que conseguia ficar parado por horas, e as horas se estendiam infinitamente quando você tinha um relógio. Sabia que ia observar o arrastar dos ponteiros ininterruptamente, e ficaria perguntando pra si mesmo por que diabos uma hora parecia ocupar o espaço de tempo de um dia inteirinho. Então, Duo simplesmente não conseguiu levar um.
Estava quente ali. Estava quente pra caralho. Duo ao menos queria que tivesse alguém por perto, talvez Quatre, ou sei lá. Quatre era legal, Quatre não se importava de conversar de vez enquanto. Céus, ele realmente precisava de alguém com quem falar. Aquele rifle já estava pesando na sua mão há horas, talvez dias, Duo não tinha certeza, e o calor já começava a fazer o metal grudar nas suas mãos. Não literalmente, claro, ele estava usando luvas, mas bem parecia. Duo tinha a impressão de que, se soltasse a arma, a pele do seus dedos descolaria com ela.
E também tinha a sede. Ele tinha um cantil pendurado na cintura, mas Duo tinha conseguido a façanha de ficar na mesma posição por horas, se escondendo na areia, então ele não tinha a coragem de se mexer. Sabia que todos tinham a sua posição no mapa. Mesmo que ele não conseguisse nem enxergar as próprias mãos, ele sabia que Yuy ia conseguir. De algum jeito, se ele se mexesse, Yuy ia ficar sabendo.
Que porra. Yuy bem que podia ser um pé no saco menos de vez em quando. Duo não queria fazer o esforço por dois.
Por sorte, estava desconfortável demais pra dormir. Mesmo assim, ele devia ter cochilado um pouco, só um pouco, porque do nada o comunicador dele ficou maluco. O troço pulou em seu ouvido, um monte de estática e vozes abafadas quando o silêncio era total há horas. Bem que eles podiam arranjar um material decente, ele teve tempo de pensar, antes de tentar focar no que era dito do outro lado. Era tudo que Duo pedia. Um comunicador decente - e que Yuy abrisse a boca pra falar de vez em quando, porque por mais que tentasse, Duo não conseguia falar pelos dois.
… Posição … 02, alvo se aproxima … ângulo de 11 horas …
Era ele. Todos estavam lá, mas sobrara pra ele fazer o trabalho. Era engraçado até, tanto tempo tentando não pensar em um relógio e vinham e lembravam pra ele. Bufou. Segurou a arma firme e moveu o corpo ligeiramente para esquerda, se guiando pelo ângulo dos ponteiros de um relógio imaginário, com ele no meio, para ficar de frente para o inimigo. Ainda assim, Duo teve que esperar.
Ele não tinha como saber quanto tempo se passou até ver a caravana se aproximando no horizonte. Que merda. Ele tinha certeza que Yuy estava mais perto. Ele podia acertar a cabeça de todo mundo ali com um tiro só, sem Duo nem saber como. Aparentemente, entretanto, ele era o único que tinha visão total, sem armadilhas criadas pelas ruínas em volta deles ou pela areia do deserto. A medida que o grupo se aproximava, o seu coração foi batendo mais forte, ele não sabia se de excitação ou de medo. Um pouco dos dois, provavelmente.
Duo colocou o grupo na mira. Conseguia ver melhor assim - um punhado de gente passando em fila indiana. Demorou mais um pouco até ter uma visão de alguém que importasse. O segundo em comando, Treize Kushrenada, braço direito e tutor do príncipe, e comandante de seu exército particular. A herdeira dos Peacecraft, com um vestido bonito e não muito apropriado para aquele tipo de travessia. Seu coração foi quase na sua boca, e Duo esperou, esperou e esperou por ele, o príncipe daquele reino.
Enfim, viu. Havia acontecido alguma coisa, porque as pessoas haviam se amontoado num canto, falando qualquer coisa. Kushrenada puxara Peacecraft pelo braço e a obrigara a andar perto dele. O outro não, o irmão dela não. O príncipe, por quem tinha esperado por tanto tempo, estava ocupado demais, o rosto abaixado, sussurrando alguma coisa na lapela. Ou talvez gritando, era a mesma coisa a distância. Um homem tentou se aproximar, mas ele foi afastado.
Tinha alguma coisa acontecendo, mas o que importava era Milliardo Peacecraft andando direto na sua mira.
Ninguém desejou boa sorte pelo comunicador. Duo engatou o rifle e apertou o gatilho. E derrepente, o mundo explodiu em sua frente.
