BEM MAIS QUE AMIGOS
Nina Neviani
Beta-reader: Chiisana Hana
Capítulo I
Sábado à noite. E eu, Ikki Amamiya, estou sentado no meu carro esperando a minha namorada terminar de se arrumar.
Sábado à noite. Hoje é o dia de sair com os amigos. A cada mês escolhemos um sábado para nos reunirmos para jogar conversa fora, contar as novidades, reclamar dos chefes e, às vezes, da vida. Não que eu tenha o que reclamar da vida. Tenho saúde, um ótimo emprego, uma boa família e, agora, uma doce namorada.
Esmeralda. Ela é linda, loira, educada, meiga, praticamente um ser angelical. Ela é a garota que todo o cara sonha namorar, e que eu namoro. Claro que ela demora um pouco pra se arrumar. Mas toda mulher é assim. Hoje, ela ainda tem um motivo a mais pra demorar: ela vai conhecer os meus amigos.
Somos um grupo de dez. Com a Esmeralda, onze.
Shun Amamiya. Obviamente, meu irmão. Shun é um ano mais novo do que eu. É arquiteto. Eu sempre desejei que ele fosse engenheiro civil, como eu. Mas ele preferiu ser arquiteto. Paciência. Até porque ele é um bom no que faz. E por ser arquiteto, conheceu a June, sua namorada. A June é uma garota adorável, bonita e faz o meu irmão feliz.
Shiryu é o médico do grupo. Um cara muito gente boa. Sempre foi o "nerd" do grupo. O que tirava as melhores notas, aquele que os professores sempre elogiavam. Quanto a mim, é melhor não lembrar o que os professores diziam de mim. O Suiyama é casado com a Shunrei. Ela é enfermeira, ótima pessoa, bonita, e meiga. Meiga demais pro meu estilo. E é até bom que ela não faça o meu tipo, porque eu só não me envolvo com dois tipos de mulheres bonitas: as casadas e as mulheres dos meus amigos. Com as demais...
O Seiya é o mais brincalhão do grupo. Chega até a ser infantil, algumas vezes. Mas quando o assunto é sério, ele se comporta. Aliás, desde que ele começou a namorar a Saori, ele está mais comportado. A Saori é legal. É meio na dela e tem um jeito um pouco esnobe, mas ela é uma boa pessoa. O Seiya é administrador da empresa da família da Saori. Conveniente, não?
Ainda tem o Hyoga que é o outro intelectual do grupo. Ele é advogado. Gente boa também, é um pouquinho convencido, mas a amizade compensa. É namorado da Eire, que é jornalista. Ela é outra garota adorável.
O décimo membro do grupo é Minu Setsuna. Pense na pessoa mais irritante que você conhece. Agora multiplique por cinco. Pronto, você já vai ter uma leve noção de como a Minu é. Tudo bem que ela é bonita. Muito bonita, admito. É jornalista como a Eire, e elas trabalham no mesmo jornal. Ao que parece, a Minu está na seca há algum tempo. Não que eu fique regulando com que ela sai ou deixa de sair. Nada disso. É que nós do grupo sempre sabemos o estado civil um do outro. Por isso que hoje eu vou levar a Esmeralda na nossa reunião mensal.
Esmeralda que ainda não está pronta.
Já que a Esmeralda ainda não está pronta, voltemos ao tema "Setsuna". Ela sempre foi irritante, desde os tempos de colégio. Eu era um ano escolar à frente dela, assim como dos demais, uma vez que sou um ano mais velho que eles. Contudo, como ela era amiga do meu irmão, sobrava pra mim também. É completamente óbvio pra quem quiser enxergar que ela sempre teve, e ainda tem, uma queda pelo Seiya. O Seiya ela sempre tratou diferente. Tudo o que o Seiya pedia, ela fazia. Ela nunca levou à sério uma só provocação do Seiya, enquanto as minhas...
Em resumo, Minu Setsuna é a pessoa mais irritante que eu conheço.
– Demorei?
Finalmente a Esmeralda estava pronta. E estava linda, ou melhor, ela era linda. Ela possuía aquela beleza que fazia qualquer um parar para admirá-la. Como se ela fosse um ser celestial que merecesse ser admirado. Entretanto, às vezes, eu penso se ela não seria angelical demais para alguém como eu. Afastando esse pensamento, digo:
– A demora compensou. Você está linda.
– Será que os seus amigos vão gostar de mim?
– Quem em sã consciência não se encanta por você? Tudo bem que eles não aparentarão ser tão sãos assim, especialmente a Minu e o Seiya.
– Ikki! Não fale assim dos seus amigos.
– É a verdade, mas espere para ver com seus próprios olhos.
Esmeralda sorriu e concordou.
Ela sempre concordava.
Nunca discutia.
Nunca reclamava.
Aparentemente era o sonho de qualquer homem.
Aparentemente.
Mas faltava alguma coisa. Talvez a adrenalina da discussão, a constante expectativa de não saber se ela vai concordar ou não com aquilo que eu disser. Na realidade, não sei exatamente o quê, mas falta algo no meu namoro.
Os meus pensamentos foram interrompidos quando chegamos ao barzinho onde todos os meses nos encontrávamos. Não que eu goste realmente do lugar. Claro que tínhamos passados bons momentos ali. Mas agora, que todos já estávamos estabelecidos na vida, acho que poderíamos freqüentar um lugar um pouco melhor. Afinal, já não somos mais universitários que viviam de mesada.
Logo avistei a mesa que sempre ocupávamos. Saori e Seiya, e Shiryu e Shunrei já estavam lá. Foram muito simpáticos com a Esmeralda. Eu mal tinha acabado de apresentá-la quando Hyoga e Eire chegaram junto com Shun e June.
Shun ficou realmente feliz em me ver namorando. Há uns quinze dias, quando nos falamos pela última vez eu a Esmeralda ainda não tínhamos começado a namorar.
Enfim, todos simpatizaram quase que instantaneamente com a Esmeralda. A única pessoa que ficou menos contente foi a Eire, o motivo eu nem imagino qual possa ser. Ou será que ela tem uma queda oculta por mim? Acho que não... ela parece mesmo apaixonada pelo Hyoga. E mesmo que ela tenha uma queda por mim, ela quebra uma das regras da minha vida. É namorada de um amigo meu.
Quando eu ia começar a contar como eu e a Esmerada nos conhecemos, ela chegou.
Como sempre, estava muito bonita. Usava um vestido relativamente comportado que ficaria normal na maioria das mulheres, mas que nela ficava naturalmente sensual.Ora, eu nunca fui de eufemismos: a Minu está muito sexy. E num momento como esse é que eu me pergunto porque eu e ela nunca...
– Minu, até que enfim você chegou!
Seiya. Esse era o motivo.
Minu que até então olhava pra Esmeralda, respondeu.
– Olá, pessoal, desculpem o atraso.
E deu um sorriso para todos, mas que se demorou mais quando se dirigia ao Seiya.
Não disse que ela tem uma queda por ele?
– Não me lembro de uma reunião nossa que você tenha dito a mesma coisa.
O que era verdade, pontualidade não era o forte dela. Ela, porém, ignorou a minha constatação e disse:
– Boa noite pra você também, Ikki!
Meu irmão ofereceu a cadeira dele para a Minu. Eu tinha esquecido de colocar uma cadeira a mais. Pude notar o desagrado da Minu por não ter, a princípio, cadeira para ela.
Ou seria por que assim não sentaria do lado do Seiya, como de costume?
Logo, ela voltou à simpatia normal e perguntou:
– Então, sobre o que falavam antes de eu chegar?
– Sobre a sua incapacidade de chegar no horário em um compromisso.
Eu não sabia o porquê, mas tinha uma estranha satisfação em provocar a Minu. E geralmente quando eu percebia já tinha provocado. Quase sorri quando vi o controle que ela fez para não me xingar. Não que ela nunca tenha me xingado, pelo contrário.
– É mentira, Minu. – Foi Eire, a fiel escudeira da Minu, quem esclareceu – Nós também acabamos de chegar. E o Ikki estava apresentando a Esmeralda.
Ah, sim! A Esmeralda! Por um momento tinha me esquecido da minha namorada, o que, obviamente, não era um bom sinal. Ou talvez, alguém como eu não sirva ara ser de uma pessoa só por muito tempo. Estou namorando a menos de quinze dias e já sinto que o meu namoro não está bem. A Minu, como os outros, foi simpática com a Esmeralda.
– Oi, Esmeralda! Tudo bom?
– Oi, Minu! Tudo bem. O Ikki me falou de você.
Era verdade, eu tinha falado um pouco de cada um dos meus amigos. Porém, era verdade também que eu tinha me estendido um pouco mais ao falar da Minu. Mas apenas pelo fato de ela ser tão... irritante. Apenas isso.
Minu deixou clara a idéia que tem meu respeito quando disse:
– Oh, sou bem realista para pensarque as coisas que o Ikki falou não são muito agradáveis, mas não acredite totalmente nele.
Tudo bem que eu nunca fui de fazer elogios, mas nunca critiquei seriamente a Minu.
– Oh, não... – Esmeralda começou, mas eu a interrompi, afinal a Minu não precisava saber que eu a elogiava.
– Então, Minu. Eu ia começar a apresentar a minha namorada.
E ela disse:
– Fique à vontade.
– É Ikki. Conte-nos como conheceu a Esmeralda. – Shiryu apoiou.
– Umas três semanas atrás, eu fui contratado para dar a minha opinião.
Ela não me deixou continuar, pois me interrompeu.
– Eles pagam por uma opinião sua? Onde esse mundo vai parar?
Como alguém tão pequena podia ser tão irritante?
Seiya, o recém-saído do Jardim de Infância, e Eire, a fiel escudeira, riram da ótima piada da Minu. Os demais sorriram, menos a Saori. Até a Esmeralda sorriu, mas ela estava apenas querendo ser simpática.
– Mais alguma gracinha, Minu?
Ela fez que não com a cabeça, e eu pude continuar.
– A empresa que me chamou era do pai da Esmeralda e lá eu a conheci.
Esmeralda sorriu para mim. Sem dúvida ela era linda.
Sorri para ela também. Talvez valesse a pena deixar de lado a vida de solteiro por causa dela.
Minu pediu para que o Shun chamasse o garçom. Lógico que ela devia estar odiando não estar sentada ao lado do Seiya, porque caso estivesse nesse momento ela poderia ficar tocando nele.
Novamente ficava claro que a Minu tem uma forte queda pelo Ogawara. O que eu não entendo é porque o Seiya não fez nada a esse respeito. Nas vezes que eu pensei sobre esse assunto, cheguei às seguintes hipóteses do que se passa na mente do Seiya (supondo que ele tenha uma):
1. Ou ele é muito burro e não percebeu os sentimentos dela.
O que eu acho meio impossível, já que ele não é tão burro assim, e nem ela muito discreta.
2. Ou ele percebeu e ainda assim prefere a Saori.
O que eu acho que seria novamente burrice, porque a Minu é muito mais bonita que a Saori. Tudo bem que a Setsuna pode até ser mais irritante, mas é, de qualquer forma, mais interessante.
3. Ou ele está curtindo com a Saori antes de ficar realmente com a Minu.
Essa última hipótese eu acho a menos provável, já que a "curtição" dele com a Saori já dura quatro anos.
Enfim, o garçom anotou as bebidas. A Minu, obviamente, pediu uma bebida alcoólica enquanto a Esmeralda pediu um suco. O abismo era notável.
Quando as bebidas chegaram, a conversa já estava animada. Mesmo com a presença da Esmeralda, seguimos a nossa "rotina" normal. Casa um começou a falar o que tinha acontecido de interessante desde o último encontro. Esmeralda parecia estar gostando da conversa, e depois de quase todos terem falado, perguntou.
– E você, Minu? É jornalista, não?
A Setsuna, entretanto, não respondeu até que Eire a tirou de seu estado de torpor. Que a Minu era chegada numa bebida a cidade inteira já sabia, mas será que ela agora estava usando algo mais forte?
– Minu?
– Oh, desculpe. Sim, Esmeralda, sou jornalista. Trabalho no mesmo jornal que a Eire.
Nesse momento, o celular da Minu tocou. Ela pediu licença e foi atender a ligação.
Será que a Minu está saindo com alguém?
Não era muito provável, uma vez que já há algum tempo ela estava solteira, ou "encalhada", que era como eu gostava de perturbá-la. Claro que ela estava solteira por opção própria, porque vários homens se interessavam por ela. Mas ela ficava esperando pelo Seiya...
Ela desligou o telefone e disse:
– Desculpe, pessoal, mas tenho que ir.
– Quem era? – Quando eu vi já tinha perguntado. Não que fosse da minha conta, mas mesmo assim ela respondeu.
– Era a Marin, minha chefe. Estão precisando de mim no jornal. Sinto muito.
– Tudo bem. – Shun disse. E os outros também concordaram.
Ela deixou a parte dela da conta e saiu. Não sei o porquê mais fiquei mais aliviado quando ela disse que era a chefe dela. É estranho, e eu nem quero imaginar o porquê de a resposta dela ter me causado essa reação.
A noite continuou animada, todos continuaram sendo muito simpáticos com a Esmeralda. Cerca de uma hora e meia depois, nos despedimos. E minutos depois eu deixava a Esmeralda na casa dela.
– Boa noite, Esmeralda.
– Boa noite, Ikki.
E a noite acabava bem.
Sem nenhum convite para entrar. Só o meu apartamento – vazio – me esperava, mas mesmo assim a noite acabava bem.
Continua...
Nota da autora: Eis a versão do Ikki!
Analisando a corretíssima interpretação da pesonalidade do Ikki sugerida pela Pisces Luna, eu e a minha amiga Jéssica escolhemos o nome dessa fic. Espero que tenham gostado.
Agradeço a Pisces Luna também por todas as maravilhosas sugestões e opniões que ela tem me dado.
Agradeço também a Chiisana Hana por ter betado tão bem e em tão pouco tempo esse capítulo.
Ah, recomendo as fics dela que são maravilhosas.
O sobrenome "Setsuna", é de minha autoria. Caso seja utilizado em outras fics, peço que dêem os devidos créditos.
É isso... até o próximo capítulo!
Beijos!
Nina
Neviani
