Aviso: Saint Seiya não me pertence. Pertence a M. Kurumada e empresas associadas. Eu escrevo por diversão. A fic contém conteúdo adulto (sexo, violência, linguagem imprópria, etc), portanto não recomendável para menores de 18 anos. Todos os personagens citados que não estão na série do M. Kurumada são de minha autoria e eu não divido com ninguém.
Trata-se de um romance hétero. Quem leu a primeira parte sabe que misturei elementos e personagens de Lost Canvas com a saga clássica. Quem não leu, fica sabendo agora.
"Caríssimos
Conforme prometido, volto com a segunda parte da fic 'O Segredo das Internas'. Eu dei o título de 'Segredo dos Cavaleiros', pois pretendo mudar o foco das meninas para os rapazes nessa segunda parte. Depois de conhecerem a Jim e suas amigas, seus conflitos e paixões, vamos mergulhar no passado e presente dos cavaleiros de Athena e assim darei continuidade a estória. Prometo revelar tudo o que faltou na primeira parte, sem deixar faltar nada. Sei que deixei muita curiosidade no ar com o final da primeira parte, mas peço que vejam esse prólogo como o começo, as origens de tudo. Dela principalmente...
Vou acender a luz para tudo o que restou em escuridão na primeira parte. Espero que gostem e se divirtam lendo.
grande beijo."
~Luna
O SEGREDO DOS CAVALEIROS
RESUMO: A vida parece gostar de nos pregar peças. Aquele plano tão bem traçado, o rumo tão certo e definido por vezes escapa do nosso domínio sem uma palavra de explicação. O que há de mais seguro também corre perigo. Uma reviravolta inimaginável aconteceu antes do fim daquele primeiro ano de internato: Shaka tem uma noiva. Sim, Shaka tem uma noiva e esse fato novo causará um grande abalo na relação com sua amada discípula Jim. É possível um sentimento tão forte escapar ileso a tantas mentiras? Outras verdades surgirão antes que esse primeiro ano termine. Segredos terão que vir a toma, quer eles gostem ou não. As vidas dos cavaleiros terão que ser reviradas, revisitadas, desobstruídas. A paz também corre perigo com a revelação de um novo inimigo, que agora tem nome... (segunda parte do "Segredo das Internas").
PRÓLOGO
Vila de Rodório, 1743...
Botas douradas pisam a terra úmida. Ao redor do cavaleiro um cenário desolador se estende a perder de vista. Quase toda a vila fora devastada pelos espectros de Hades no que parecia ser um dos ataques mais ferozes que ele já havia testemunhado, mas graças a sua força e a de seus companheiros obtiveram vitória em mais uma batalha.
Aqueles espectros que atacaram daquela vez não eram grande coisa. Apenas queria se divertir massacrando gente inocente. A lembrança de tantas mortes o fez parar a caminhada. Olhou para o céu a procura do Sol que se escondia entre as nuvens. Era fim de tarde, logo a noite chegaria e a Lua reinaria absoluta.
Suspirou cansado e voltou a caminhar pelos destroços da vila. Entrou em uma área onde árvores caídas denunciavam a presença de um pomar. As frutas amassadas no chão disputavam espaço com inúmeros corpos das vítimas. A visão de mais carnificina o fez engolir em seco. Depois de anos treinando e lutando contra os inimigos de Athena, ele já deveria estar mais do que acostumado àquelas cenas, mas ele ainda se surpreendia com a crueldade humana e dos deuses.
Andou devagar por entre os escombros. Afastou cuidadosamente um grande tronco de árvore de cima dos corpos de três homens, entre eles um menino. Agachou-se e tocou os pescoços de cada um para ver se respiravam. Era praticamente impossível encontrar vida no meio de toda aquela destruição, mas ele não desistia. Nunca fora capaz de desistir da vida e de lutar por ela.
Balançou a cabeça negativamente e erguei-se ao constatar que estavam realmente mortos. Com semblante entristecido voltou a caminhar por entre as árvores e paredes despedaçadas. O vento carregou sua capa e seus longos cabelos. Desde o dia anterior ele lutava e salvava pessoas inocentes das garras dos espectros. Talvez se seu grupamento tivesse chegado alguns minutos antes aquelas pessoas teriam sido salvas...
E pensando nessas possibilidades diminuiu seu ritmo de caminhada até parar em frente a uma gigantesca pilha de escombros. Voltou a olhar para o céu que agora estava completamente laranja devido ao cair adiantado da tarde. Seria mais difícil continuar as buscas a noite, por isso ele resolveu se apressar.
Lembrou das vítimas que resgatou a mais ou menos uma hora antes buscando naquelas lembranças novo ânimo para continuar. Seu grupo conseguiu salvar menos da metade da população da vila, mesmo assim ele se sentia um pouco vitorioso, pois em outras vilas o número de sobreviventes de ataques semelhantes foi zero. Mais uma vez se condenou por não ter chegado antes. Talvez, meia hora antes quem sabe, teria salvado aquela gente.
Os espectros não eram numerosos tão pouco poderosos ao ponto de dar algum trabalho para um cavaleiro de ouro. Porém, o aviso do ataque lhe chegou tarde demais. Enquanto circulava a gigantesca pilha de escombros relembrou do pedido de socorro. Do homem que apareceu se arrastando no meio da estrada gritando por ajuda dizendo que sua vila estava sendo atacada.
Ele usou seu poder de teletransporte para chegar até lá junto com seus subordinados, mesmo assim, mesmo com sua rapidez, chegou tarde demais. Ele chegou tarde demais... O Santo de Athena cerrou os cerrou os punhos com força. A raiva encobriu seu cansaço por estar a dias lutando sem parar. Virou-se e avistou seus subordinados ajudando os poucos sobreviventes. A outra parte do grupo se preocupava em reconstruir alguma coisa para aqueles habitantes se abrigarem da noite.
Resolveu dar mais uma caminhada. Seria a última, afinal já haviam passado 4 horas e a chance de haver sobreviventes embaixo dos escombros eram mínimas. Talvez fosse melhor cuidar dos que estavam vivos e deixar os mortos desancarem em paz. Quando o dia amanhecesse voltaria ao santuário e faria com que um grupamento de soldados voltasse àquela vila para ajudar na reconstrução das casas e nos cuidados com os feridos.
No primeiro passo de volta ouviu um gemido abafado, depois ruídos que indicavam movimentação sob os escombros. Virou-se sobressaltado, os lábios entreabriram-se de esperança. Podia ser um sobrevivente...
Voltou-se para a montanha de escombros. Olhou com extrema atenção para cada ponto. Viu mais pedras se mexerem, as pequenas da parte de cima caíram e quebraram-se na parte mais baixa. Seu coração deu pulos quando ouviu de novo o gemido baixo. Tinha alguém ali.
Com muito cuidado removeu as pedras.
- Não se mova para não causar desabamentos... – disse em voz alta, torcendo para aquela vitima ouvi-lo – Apenas continue falando. Consegue falar?
Em resposta ouviu mais um gemido completamente incompreensível. A pessoa devia estar sufocando. Ele tinha que ser rápido.
- Tudo bem não se esforce... – disse mais uma vez em voz alta – Está a salvo agora, já encontrei você...
Revigorado pela possibilidade de achar alguém vivo, removeu as pedras com mais energia. Tirou uma a uma com cuidado e rapidez. Ele poderia dar um golpe e explodir tudo, mas isso era muito arriscado quando se tinha alguém sob tanto entulho. Ele não podia arriscar perder mais um habitante. Não ia deixar Hades levar a melhor desta vez, não ia de jeito nenhum!
Disse mais algumas palavras para tranqüilizar a vítima e continuou com o trabalho. Removeu talvez uma dezena de pedras e entulhos em menos de um minuto. Sorriu de satisfação ao ver uma mão coberta de areia se mexer. Calmamente retirou as outras pedras que cobriam o habitante. Ao poucos seu corpo foi se revelando.
Era esguio demais e possuía cabelo cumprido. No meio da areia apareceram como água brotando da terra cabelos ruivos. Era uma mulher, não uma jovem, ele constatou. Retirou de cima da jovem o móvel que serviu de abrigo. A madeira resistiu bem e protegeu a cabeça. Estava bastante ferida, porém viva.
O cavaleiro limpou a sujeira do rosto da jovem delicadamente. Seus olhos pareciam imensamente pesados, ela fez grande esforço para abri-los. Sem mais demora, o cavaleiro agarra o corpo da jovem e a puxa com cuidado para retira-la debaixo da pilha de escombros. Felizmente ela não estava presa. As pernas estavam intactas.
Quando saiu da prisão de pedras a moça tossiu colocando para fora saliva misturada a terra.
- Está tudo bem agora. – disse o cavaleiro limpando a poeira do corpo frágil estendido a sua frente – Você esta a salvo.
A moça tossiu mais, desta vez de forma lenta demonstrando todo o seu cansaço. O cavaleiro ampara sua cabeça para evitar que ela se engasgasse. Espera a respiração da jovem se estabilizar depois a coloca novamente a cabeça na terra. Olha para o corpo da jovem a procura de ferimentos e fica satisfeito ao encontrar apenas escoriações.
Os joelhos, os braços e o rosto estavam muito arranhados, mas era só isso. Dano maior havia sofrido as roupas, visto que estavam completamente rasgadas. A jovem estava quase nua.
- Eu me escondi aqui quando eles vieram... – disse a mocinha com dificuldades – Depois uma luz tomou conta de tudo e eu só ouvi gritos...
- Não fale... – pede o cavaleiro colocando gentilmente o dedo sobre os lábios marrons sujos de terra da jovem – Não se esforce. Apenas descanse.
Tido isso, puxa sua capa branca e envolve o corpo amolecido da jovem com a mesma. O brilho da armadura de ouro reluz em meio a escuridão do início de noite.
- Obrigado, senhor... – diz a jovem baixinho e sem conseguir segurar o choro. – Qual o nome do meu salvador? – pergunta fitando o rosto alvo do cavaleiro a curta distância.
- Shion, Shion de Áries. – responde o cavaleiro sem conseguir desviar do rosto da jovem.
Ela lhe deu um sorriso. Shion ficou com o rosto imóvel por alguns segundos apenas observando as lágrimas caírem pelo belo rosto da jovem. Não foi capaz de desviar daqueles olhos verdes límpidos durante aquele choro. Os lábios entreabertos denunciavam sua admiração. Não eram lágrimas comuns, elas brilhavam como cristais raros...
Shion levou a jovem ferida para uma das casas que escaparam da sede de destruição dos espectros. Era uma construção grande, com vários cômodos, dos quais a maioria servia como uma espécie de enfermaria improvisada. Achou por bem passar a noite no local junto com sua tropa de cavaleiros a qual liderava para prevenir outros ataques. Os habitantes agradecerem efusivamente aos cavaleiros pela gentileza, pois temiam a volta dos espectros. O exercito de Hades não dava trégua.
Colocou com muito cuidado o corpo frágil na cama aprontada especialmente para ele por um habitante agradecido. Porém, Shion ia deixar a cama e o quarto limpo para a jovem ferida e dormiria ao relento junto com os outros cavaleiros. Queria passar a noite vigiando.
Depois de acomodar a pequena mulher, ergueu-se para sair, mas foi impedido.
- Não me deixe sozinha... Por favor... – pediu a jovem tremendo dos pés a cabeça.
Estava apavorada por conta dos momentos de terror passados nas mãos dos espectros, Shion presumiu. Seu olhar aterrorizado quase não se mexia, apenas sua boca balançava nervosa por conta dos soluços e das lágrimas cristalinas que derrama sem parar. Sensibilizado com aquela cena, e também hipnotizado pelo liquido brilhante que caia dos olhos da ruiva, Shion resolveu ficar.
- Não se preocupe. – disse com voz mansa de quem queria tranquilizar – Não vou a lugar nenhum.
Sentou de frente para a jovem e acariciou as mãos cobertas pela sua capa com delicadeza até que elas pararam de tremer. O contato a fez sorrir, um sorriso cansado e muito tímido, mas ainda sim o sorriso bonito. Este foi capaz de iluminar o coração do cavaleiro. Depois de presenciar tanta violência, dor e medo que era aquela guerra, um sorriso como aquele era igual a um presente.
Com a mesma delicadeza, Shion removeu parte da capa que envolvia a jovem. Ela deu um espasmo de susto quando sentiu estar sendo descoberta, já que aquele pano era a única coisa que a cobria, praticamente.
- Está tudo bem. Vou apenas ver como estão seus ferimentos. – disse o lemuriano.
Diante da calma e cuidado do cavaleiro, ela soltou o pano e se deixou ser descoberta. Durante todo o processo, ela não afastou os olhos do cavaleiro de Áries um só segundo. E Shion achou que ela estivesse com desconfianças de suas intenções, por isso ele tratou de ser rápido. Não queria assustá-la ainda mais.
Ficou satisfeitíssimo ao confirmar que os ferimentos eram realmente meros arranhões. Ela teve muita sorte em passar por um ataque e um desabamento sem quebrar se quer um osso. Quando levantou de leve o braço para verificar um corte maior ouviu um gemido. Então não eram apenas arranhões.
Avisando o que ia fazer e o tempo todo e olhando com suavidade para a jovem afim de tranquilizá-la, Shion a descobriu completamente e virou o braço machucado antes de realizar o atendimento. O pulso estava inchado e bastante vermelho. Na certa ela tentou se proteger do desabamento usando a mão e acabou machucando aquela parte com mais gravidade. Então para não causar mais alarme, avisou a moça deitada que ela estava apenas com o pulso torcido e não quebrado.
Colocou o braço na cama e voltou a cobri-la com a capa.
- Qual é o seu nome? – perguntou enquanto a cobria.
- Nya. – respondeu a ruivinha segurando o sorriso ao mesmo tempo ficando com as faces coradas.
- Muito bem, Nya... – disse Shion ao terminar de cobri-la – Vou buscar água e um remédio para tratar destes ferimentos. Eu não demoro... – fez menção de se levantar, mas novamente teve seu braço agarrado pela jovem – Não vou demorar, eu prometo. – disse mostrando um sorriso para confirmar suas boas intenções.
Voltou com uma tigela de água e alguns panos. Colocou seu material de cura no chão enquanto preparava a jovem. Mais uma vez teve que explicar tudo o que ia fazer. Durante todo o processo, percebeu que Nya não o encarava mais com tanta desconfiança e medo. Ele havia conquistado a confiança dela.
Com muito cuidado, Shion limpou cada ferimento usando pedaços de panos molhados como esponja, em seguida fez uma tala improvisada para colocar o pulso da moça no lugar. Quando terminou o atendimento cobriu Nya com a sua capa suja de terra e sangue, pois não havia outro lençol disponível em toda vila. Levantou as vistas para observar o rosto da jovem e a encontrou dormindo profundamente. Shion constatou através daquela respiração calma e daquele sono repentino que ela estava bem. Finalmente se sentia protegida, graças a ele.
Lutando contra o próprio cansaço, Shion saiu do quarto e foi para junto de seus companheiros. Conversou com um dos moradores sobre o ataque. Queria saber tudo para relatar ao grande mestre Sage. Passava da meia noite quando fora descansar.
Sentou-se na sacada de uma das casas que haviam ficado de pé e esticou as pernas no assoalho de madeira. Emitiu um longo e cansado suspiro apoiando a cabeça na coluna. De longe ele via seus companheiros de batalha também descansando. Alguns dormiam. Outros relaxavam o corpo do mesmo jeito que ele estava fazendo. Com a mente anestesiada pelo cansaço ergueu os olhos para o céu estrelado.
Contemplou as estrelas por incontáveis minutos. Fazia tempo que ele não via um céu tão claro como aquele. Era noite de lua cheia. Seus longos cabelos verdes foram levados por uma saborosa brisa noturna. Fechou os olhos não para dormir e sim para visualizar seus próximos passos. Assim que amanhecesse ele voltaria para o santuário. Teria uma reunião com Athena e o grande mestre Sage sobre aquela missão de reconhecimento na qual acabou encontrando pelo caminho vários espectros de Hades e vilas atacadas.
As forças de Hades pareciam ainda mais afoitas, atacando em plena luz do dia e a poucos quilômetros do santuário. A guerra dava sinais de que já tinha começado com toda sua força e tudo aquilo era exatamente o que parecia, só o começo da Guerra Santa.
Sem se dar conta de caminho que estava indo, sua mente viajou ate a grande casa a frente, precisamente para o quarto de apenas uma cama velha onde dormia Nya, a pequena ruiva que ele havia salvo a vida. Perguntou-se se ela ainda estaria dormindo. Que tipo de sonhos passariam por aquela cabeçinha?
Continuou de olhos fechados relembrando o salvamento. O momento em que avistou sua mão pequenina coberta de terra se movendo, depois quando a removeu debaixo dos escombros e vislumbrou seu olhar puro de agradecimento. Reviu quando a colocou na cama. Era tão leve que a cama nem fizera barulho quando ele a pôs! Nya era leve, frágil, delicada, de beleza angelical, tão doce e desprotegida como um passarinho molhado.
Lembrou-se com carinho de seu rosto infantil quase todo coberto de sardas. Os grandes olhos verdes brilhavam como duas esmeraldas encantadas. A imagem mais forte e que não saia de sua mente foi quando a viu chorar. Ela havia ficado ainda mais bonita quando chorou. Estranhamente as lágrimas deram ainda mais brilho aos seus olhos. Pintaram o rosto angelical de cristais, tristes e belíssimos cristais.
A tristeza de Nya pareceu estranhamente bela aos olhos de Shion. Tanto que ele mesmo não soube interpretar o que sentiu ao se deparar com aquelas lágrimas. Talvez uma imensa melancolia, ou vontade de abraçá-la e protegê-la para sempre. Sentiu também desejo. Não dava para negar que havia se sentido atraído pelos pequenos lábios trêmulos e rosados. Houve um momento em que ficaram com os rostos muito próximos e Shion teve que se segurar para não beijá-la. Afinal, isto não seria apropriado para um cavaleiro de ouro. Um santo de Athena não podia se aproveitar de uma vítima. Jamais.
Ele devia protegê-la, certo? Protegê-la e não... Abriu os olhos de repente como se tivesse levado um susto. Passou a mão no cabelo verde querendo afastar os pensamentos luxuriosos que tinha acabado de ter. Porém, tudo o que fez foi inútil. Ele não conseguia desviar o pensamento dela.
Quantos anos ela teria? Talvez 15 ou 16 anos... Não, não mais do que 16. Sua aparência era jovem demais para ter mais idade, ele concluiu. No meio de suas divagações tornou a fechar os olhos. Concluiu que também era inútil lutar contra a imagem do corpo da ninfa coberta apenas pela sua capa. Deixou que a imagem se instalasse em sua mente, fizesse uma cama confortável de lençóis de seda e dormisse tranquila coberta apenas por sua capa branca.
Virou a cabeça para a casa onde tinha deixado Nya ainda visualizando ela em sua cama imaginaria. Perguntou-se se ela estaria bem. Podia estar com febre por conta do terrível trauma que passou, podia estar tendo pesadelos, podia estar precisando de ajuda... Então, movido por essa curiosidade misturada ao instinto protetor que lhe fora despertado, Shion se levantou e foi até lá.
Entrou na casa tomando cuidado para não fazer barulho e assim não acordar os outros sobreviventes. Percorreu os quartos com olhos atentos a fim de checar se todos estavam dormindo. E estavam. A mais bela paz reinava naquele dormitório de flagelados. Dormiam um sono tranquilo tal como um presente dos deuses.
Caminhou quase nas pontas dos pés pelos corredores até o quarto de Nya e ao entrar um choque: ela não estava na cama. Correu até a cama afastando o lençol que na verdade era sua capa na torpe tentativa de encontrá-la. Já respirava acelerado pela descarga de adrenalina quando sentiu uma mão tocar seu ombro. Virou-se quase em posição de ataque e arregalou os olhos cor de violeta quando viu Nya de pé no meio do quarto.
Olhava-o com doçura envolta pela luz cintilante do luar que entrava pela janela aberta. Shion engoliu em seco observando com atenção inesperada a figura delicada parada a sua frente. Ele podia ver cada curva, cada contorno de seu corpo esbelto sob os farrapos que usava. Os cabelos ruivos brilhavam mais do que nunca assim como a pele alva. Tudo graças a luz da lua que deixou todo o quarto mergulhado numa atmosfera mágica onde a jovem de pé reinava absoluta como a mais graciosa das ninfas.
Ela deu um passo à frente e Shion deu um para traz. Não foi capaz de não olhar para o pequeno pé descalço que avançava em sua direção. Ela era toda perfeita. Ele tentou falar, mas seus lábios pararam no meio do caminho que levava a primeira frase produzida por sua mente.
Nya se aproximou mais, lenta e graciosa até parar em frente ao cavaleiro colocando a ponta do dedo nos lábios entreabertos de surpresa e excitação do ariano. Shion ficou estático. Os lábios de Nya se movimentaram até formarem um sorriso puro e malicioso, ou seria sombrio? Shion não pode distinguir a natureza daquele sorriso. Ela pôs a outra mão no ombro do cavaleiro e sussurrou:
- Precisa descansar...
Shion nada respondeu. Apenas olhava a moça fixamente sem forças para desviar daquele rosto infantil que exalava tamanha sensualidade por meio daquele sorriso e daqueles olhos verdes molhados. Com o controle total da situação, Nya deslizou o dedo que estava nos lábios do cavaleiro ao mesmo tempo em que o fez sentar na cama.
Encarando fixamente Shion, lendo na expressão e na respiração o desejo crescente do cavaleiro, Nya sussurra mais uma vez, faz um pedido mostrando outro sorriso doce:
- Por que não tira sua armadura para poder descansar melhor?
Shion engoliu em seco mais uma vez. Imediatamente sua mente respondeu aquela pergunta. Não era necessário tirar a armadura para dormir. Afinal, era sua armadura sagrada, sua segunda pele. Já passou dias com ela sem que sentisse qualquer incomodo. Dormir de armadura para ele não atrapalhava em nada, ele fora treinado para isso, para resistir as mais terríveis condições.
Mas ele queria tirar a armadura dourada de Áries. Pela primeira vez a segunda pele de ouro lhe pareceu apertada. O metal era a barreira que o separava da ninfa sorridente, da bela jovem que o tocava e ele queria retribuir o toque também. Seu corpo e mente ansiava por isso.
De novo a parte racional da mente de Shion se manifestou. Ela era uma menina, uma menina que ele tinha salvado a vida. Tudo aquilo era errado, muito errado, mas o desejo não diminuía conforme ele pensava nisso. Muito pelo contrario, só aumentava. A cada sorriso que ela dava, cada movimento de suas mãos finas em seu rosto o atingia em seu ponto fraco, aquele mais em baixo...
O embate entre a racionalidade e o desejo masculino do jovem cavaleiro de 18 anos continuou. Então ele concluiu que estava realmente cansado. E se tirasse a armadura só para tirar um cochilo? Não ia tocá-la, apenas retiraria a armadura e deitaria na cama. Nada aconteceria...
- Deixe-me ajudá-lo com isso... – disse Nya conservando seu sorriso lascivo de anjo em corpo de mulher.
Shion Balançou afirmativamente a cabeça e viu Nya se ajoelhar na frente dele. Ela começou a ajudá-lo a remover a armadura. Não era necessário aquele dispêndio. A armadura de Áries sairia de seu corpo apenas com uma ordem de seu cosmo, porém ele estava achando muito atraente ter sua sobrepele de ouro removida por uma ninfa ruiva.
Quando a última peça da armadura de ouro fora retirada, Shion movimentou os ombros e o pescoço como se tivesse acabado de largar uma pesada carga no chão. Ele fechou os olhos fazendo uma massagem em si mesmo na região dos ombros, que era onde mais doía. Nya foi até a porta do quarto e a encostou, não fechou, apenas e encostou. Deixou uma mínima fresta entre o corredor e o quarto onde eles estavam.
Caminhou de volta para Shion passando a língua no lábio inferior. Observou cada detalhe do corpo do lemuriano agora exposto iluminado pela luz da lua. Viu gotas de suor descer pela testa do jovem cavaleiro e outras escorregarem pelos ombros até o peito musculoso. Shion apenas usava uma calça esverdeada e ataduras nos braços. O cabelo verde muito volumoso dava a impressão de seu corpo musculoso ser ainda maior. Aquele corpo enorme de lemuriano também acendeu o desejo de Nya, principalmente por todo poder que sabia que ele tinha. O poder da telecinese...
Parou em frente a Shion e sussurrou em seu ouvido:
- Abra os olhos.
Novamente Shion abre os olhos assustado. Já não sabia mais o que esperar nem como controlar as reações de seu corpo. Vê a ruiva parada a sua frente. Seus olhos caem e se fixam nos seios pequenos da jovem cobertos por aquele branco vestido esfarrapado sedutoramente transparente. Seu próprio peito se agita quando a vê pegar as alças do vestido e baixá-las...
- Nya, não... – diz sofregamente com voz embargada.
Já não ouvia mais os argumentos da razão. Já tinha se convencido do rumo que os acontecimentos tomariam, mesmo assim ele tentava resistir, fazê-la desistir, precisamente.
Ignorando o pedido do cavaleiro, Nya desce as alças do vestido ate o mesmo cair em cima dos seus pés.
- Deixe-me agradecê-lo por ter salvado a minha vida, Shion... – dá um passo na direção do cavaleiro sentado na cama e seu joelho encosta no dele causando um espasmo no homem. Satisfeita com o resultado daquele mínimo contato, ela continua avançando sem nenhum pudor – Por favor... – sussurra aproximando os lábios dos dele.
Shion recua a cabeça a tempo de ser beijado, mas isso não intimida Nya que tinha plena certeza que derrubaria aquela barreira de responsabilidade em questão de segundos. Lenta e sedutora ela se acomoda sobre as pernas dele.
Com as mãos trêmulas, Shion a repele mais uma vez. Segura em seus ombros e consegue afastar os corpos.
- Nya, não devemos...
Ela baixa os olhos em seguida morde os lábios com força. Leva as mãos até a frente da boca como se quisesse se cobrir, cobrir sua tristeza principalmente.
- Perdão, meu santo... – diz baixinho sem coragem de encarar o cavaleiro – Eu não queria constrange-lo... – morde novamente os lábios antes de levantar a cabeça. – Eu só queria agradá-lo... – emitiu um soluço alto – Eu jamais esperaria que correspondesse aos meus sentimentos... – aperta as mãos contra os lábios e irrompe num choro quase descontrolado, soltando um soluço atrás do outro, novamente enchendo seus olhos de lágrimas brilhantes.
- Não fique assim... – diz Shion com pesar em sua voz. Ele se culpava por aquilo ter acontecido afinal ele era "adulto" suficiente para resistir a tentação de um corpo jovem. Quem mandou sair de seu posto de vigília? – Por favor, não chore...
A frase fora interrompida pelas lágrimas que rolavam pelo belo rosto da jovem. A atração era evidente e irresistível demais para se pensar ou olhar para outra coisa. Sua respiração de repente se estabilizou enquanto o desejo fez a cueca se apertar quase que instantaneamente. Era errado, um pecado para um santo de Athena, mas não havia meios para fugir.
Ainda soluçando, Nya se aconchegou no corpo de Shion, sentando em cima de seu membro latejante coberto apenas pela calça de treinos. Abraçou o corpo forte do cavaleiro sussurrando "me perdoe", "me perdoe"... Fez uma trilha de beijos até o queixo do cavaleiro que a essa altura já afastava os cabelos das costas da jovem a fim de sentir a maciez da parte de trás de seu corpo.
Ela deslizou o corpo no dele até se encararem. Os olhos se encontraram e ficaram conversando por longos segundos. Ela ainda estava com olhos molhados e isso fora suficiente.
- Beije-me, Shion... – disse a ruiva num tom entre doce e imperativo.
A mão grande de Shion apertou cintura da jovem quando os lábios se encontraram. Ele tomou os lábios de Nya, com rapidez e vontade. Já não se sentia mais dono de sua vontade nem de seu raciocínio. O desejo era quem ditava as regras. E ele dizia para beijar Nya, provar os lábios da tentadora ninfa.
Ainda estavam com os lábios colados quando a mesma mão que apertava a cintura feminina, deslizou atá o bumbum apertando aquela parte macia em seguida. Mudou de posição e a deitou na cama caindo sobre ela. Ambos tinham pressa. A pressão que a cueca fazia em seu membro chegou a níveis dolorosos, tamanha a sua excitação.
Habilmente Nya se encaixou sob o cavaleiro. Escorregou na cama de modo a dar todo espaço para ele. Suas partes mais sensíveis ficaram coladas durante os primeiros beijos que deram deitados, ou melhor, quase acoplados. O contato fez Shion investir entre as pernas de Nya ignorando o fato de ainda estar de calça.
Durante aqueles movimentos apressados, Nya arranhou as costas de Shion gemendo enquanto tinha seu pescoço chupado da curva dos seios até a orelha. Abriu os olhos verdes e procurou tirar a calça de Shion, a fim de proporcionar os primeiros alívios. Ela sentia perfeitamente bem o quanto ele estava excitado.
Shion levanta o corpo para facilitar o trabalho, paira sobre a ruiva buscando vez ou outra seus lábios tentadores. Sorriram um para o outro quando ela conseguiu desamarrar a faixa que prendia a calça a cintura do cavaleiro. Nesse momento uma sombra passa pela fresta da porta. Shion levanta a cabeça sobressaltado imaginando que estavam sendo espionados ou prestes a serem descobertos.
Ficam um tempo imóveis olhando para a fresta da porta. A iminência do flagra não diminuia o desejo de ambos, pelo contrario, aumentava ainda mais, dava perigo e muito mais excitação ao sexo. A sombra não voltou mais. Shion se livrou da calça e tornou a cair sobre o corpo da jovem em busca de seus lábios e de sua pele macia.
Ele podia levantar e fechar a porta. Trancá-la, seria mais indicado. Isso disse a sua parte racional para a sua parte irracional, mas ele não fez isso. Achou a possibilidade de ser descoberto fazendo sexo com uma camponesa ainda mais excitante. Era um tempero a mais saber que alguém poderia aparecer a qualquer momento.
Beijaram-se ate o ar faltar e os lábios incharem. Os cabelos ruivos de Nya se destacavam em meio a brancura dos lençóis e da sua pele. Abraçá-la era o mesmo que receber um carinho de um anjo. O corpo dela lhe proporcionou imenso conformo como nenhum outro até aquele momento da sua vida.
- Ah, meu santo de Áries... – ela sussurrava cada vez que Shion beijava-lhe nos pontos mais sensíveis.
Ele fez um rastro com a língua até os mamilos completamente intumescidos. Ajeitou-se na cama de modo a ter livre acesso aquela delicada parte. Naquele momento a lua fora coberta por uma grossa camada de nuvens envolvendo o quarto humilde numa quase escuridão. Apenas os olhos de ambos se destacavam os dela verdes contra os violetas do lemuriano.
E Nya encarava os orbes violetas de forma incansável. Os viu adquirirem um brilho safado quando Shion mordiscou seus seios, depois os chupou, e lambeu cada um várias vezes. A carícia fez as costas de Nya se arquearem e nesse momento, Shion abriu as suas pernas e encaixou-se ao corpo da jovem sem se importar se estava sendo ansioso ou afoito demais.
Em resposta recebeu um sorriso, não um dos anteriores que transmitiam pureza, e sim um safado, na mesma medida do seu.
Lentamente Shion deixou seu corpo cair sobre o de Nya na medida em que a penetrava com delicadeza. Ele não queria comprimi-la com seu peso tão pouco ser rápido demais. Era terrivelmente complicado se conter, mas ele se continha. Era um cavalheiro além de ser um cavaleiro.
Continuou sem se deitar completamente sobre ela, pairando a uma distância segura, mas com livre acesso a seus lábios. Praticamente não desgrudaram os lábios durante aquele inicio de penetração. Ficaram assim, nesse jogo de experimentação até os corpos se "encaixarem" completamente.
Ambos emitiram um gemido de dor e prazer quando o encaixe ocorreu. Quando um preencheu completamente a outra. Durante os primeiros movimentos mais profundos, Nya abraçou os ombros de Shion. Encarou os olhos cor de violeta do lemuriano até que uma onda de prazer a obrigou a fechá-los. Não foi capaz de conter os gemidos. Estes arrepiaram as costas de Shion e o estimularam a ir cada vez mais rápido e mais fundo.
Os gemidos dela eram baixos, o que levou Shion a achar que ela temia ser descoberta no meio do ato, por isso ele alternava entre ir mais rápido e mais devagar. Não queria chamar atenção dos outros habitantes que dormiam na casa.
Cada vez que Shion investia com mais velocidade contra o corpo de Nya os seios pequenos e arrebitados de adolescente se movimentavam para cima e para baixo numa dança terrivelmente erótica e irresistível para Shion. Sem se dar conta da realidade, Shion deixa-se levar completamente pelo movimento do corpo jovem a sua frente, indo cada vez mais rápido...
- Ah, meu santo de Áries... Meu santo... – gemia Nya também carregada pelas ondas de desejo que vinha dele enquanto a invadia.
O quarto continuava escuro, apenas a silueta das costas largas de Shion podia ser vista fazendo sua sombra na parede subir e descer entre as pernas da jovem. Assim permaneceram até chegarem ao mais alto prazer. Quando se sentiu ser invadida pelo líquido seminal, Nya abraça seu amante com carinho e faz com que ele caia em cima dela. Ficam assim, encaixados e atados por longos minutos.
Ate que o cansaço os atingiu e ambos adormeceram sem se preocupar em mudar de posição.
Quando a madrugada chegou a escuridão ainda dominava o quarto. Nya fora a primeira a acordar. Abriu subitamente seus olhos verdes como se não tivesse dormido nem por um minuto. Olhou para o cavaleiro adormecido sobre seu corpo para ter certeza de que ele estava realmente dormindo. Com muito cuidado para não acordá-lo, afastou o corpo pesado de cima de si e levantou. Uma sombra passa rápido pela janela aberta chamando sua atenção. Era a sombra de um pássaro...
Nya vai até a janela e vê uma grande ave negra voar em círculos pelos céus. Estava aguardando por ela. Ela sorri e vai até Shion deitado na cama.
- Meu santo de Áries... – sussurra acariciando os cabelos verdes de Shion na altura da testa. – Meu delicioso e gentil cavaleiro... – diz agora próximo ao ouvido de Shion que dormia profundamente – Obrigada...
Dá um beijo no rosto adormecido de Shion e se levanta levando consigo o vestido esfarrapado e a capa do cavaleiro. Já vestida e coberta com a capa, afinal ela jamais apareceria na frente de seus aliados vestida com trajes tão humildes.
Sai da casa pela janela e salta para o jardim da mesma atingindo o chão com graça. Ágil, vai para os fundos da vila onde os arbustos mais altos lhe serviriam de esconderijo para a fuga. A ave negra, que na verdade era um corvo a segue durante todo o trajeto. Certificou-se que não era vista por ninguém olhando para os lados, então ergue o braço e sussurra algumas palavras que serviam para chamar a ave para pousar em seu braço.
- Diga a Mephistopheles que o aguardo neste ponto... – faz um carinho na imensa ave negra – Rápido!
A ave ganha os céus desaparecendo entre as nuvens com grande velocidade. Menos de trinta segundos depois, o espectro aparece na frente de Nya.
- Onde esteve todo esse tempo, docinho? – indaga o homem vestido de smoking e cartola negra com um sorriso largo no rosto, porém seus olhos emitiam apenas sombras.
- O que importa, isso Youma? – diz com um sorriso insinuante. A ave negra pairava sobre a cabeça da ruiva – O que importa é que estou aqui...
Youma de Mephistopheles caminha até Nya mostrando seu largo sorriso cômico. Acaricia o queixo de ruiva como se acariciasse o de um animalzinho de estimação.
- Meu docinho... – levanta o queixo da jovem para obrigá-la a encará-lo – Não desapareça de mim de novo. Estive com saudades... – aproxima os lábios da orelha da ruiva cheirando os cabelos em seguida.
Nya caminha para frente interrompendo o contato, quase fazendo Youma cair por ter se projetado completamente sobre o corpo dela. Ele era bem mais alto do que ela, de modo que sempre tinha que se curvar para beijá-la.
- Vamos logo, Youma... – diz não se esforçando para esconder a irritação e a pressa na voz – Preciso de um banho...
O espectro arruma a gravata borboleta antes de se virar para a dama.
- Precisa de um banho é? – repete levantando uma sobrancelha e com tom irônico – O que o meu docinho favorito esteve fazendo esse tempo todo longe de mim?
- Você logo saberá, meu querido – oferece um sorriso doce para o espectro que aceita de bom grado – Podemos ir?
- Claro que sim...
Youma pega sua aliada no colo e juntos desaparecem no meio da escuridão da noite sendo seguidos pelo corvo.
Descem no telhado de uma mansão situada no meio da floresta onde uma neblina espessa e branca cobria o espaço até as copas das árvores como um imenso lençol natural. Depois de se banhar, Nya escolheu um vestido lilás de um ombro só longo e fluído. Penteou o longo cabelo ruivo, mas não os secou com a toalha. Queria que o cheiro de seu perfume frutal exalasse por toda a casa medieval.
Caminhou sedutora e confiante até seu aliado espectro. Pousou em seu colo acarinhando os braços masculinos com movimentos circulares.
- Youma... – disse chamando atenção do espectro que se derretia com seus carinhos – Kairos... – a menção de seu verdadeiro nome o fez abrir os olhos e encará-la – Quero que faça uma coisa para mim.
- Sim...
- Quero que faça o bebê que estou esperando nascer como minha filha no século XXI...
- Estais grávida? – perguntou Kairos arregalando os olhos. O movimento brusco de sua cabeça quase derrubou sua cartola. – E quem é o pai?
Nya mordeu os lábios antes de mostrar outro de seus sorrisos insinuantes. Kairos entendeu aquele gesto no mesmo instante.
- Eu espero que sirva aos nossos propósitos...
- Servirá. – disse Nya com um sorriso confiante – Ela vai te ajudar a vencer qualquer guerra contra qualquer deus, meu caro.
- E por que quer que nasça tão longe no futuro? – perguntou o deus retirado sua cartola da cabeça e a polindo com a manga do smoking.
- Por segurança. Afinal não precisamos de mais aliados para esta guerra, que já está ganha...
Nya saiu do colo de Kairos que se levantou junto com ela. O deus segura o queixo fazendo uma expressão seria de quem estava refletindo sobre o que estava ouvindo. Mesmo querendo e se esforçando para ser sério, Kairos ainda parecia cômico. A pose e os gemidos que o deus manipulador do tempo emitiam ao caminhar pela sala provocou risadas na ruiva.
- Sim, está ganha... – disse de costas para a mulher – Se tudo ocorrer como eu planejei, venceremos Athena e Hades facilmente.
Deu alguns passos refletindo depois se virou para Nya com um sorriso aberto.
- Está bem! – exclamou ao se virar – Porém, vou fazer com que ela carregue um pouco de meu sangue. Para no caso de eu vir a precisar de vocês, Hanzo no futuro. – completou sua proposta abrindo ainda mais o sorriso.
Nya virou o rosto ao ouvir aquela proposta. Aquele acordo implicaria na sua filha estar ligada aquele deus por toda a eternidade. O risco numa aliança como aquela era muito grande, mas ela tinha que correr. E depois de pensar um pouco a respeito, respondeu:
- Que assim seja, Kairos.
Kairos foi para frente de Nya e pôs a mão em seu ventre. Fechou os olhos enquanto usava seus poderes de manipulação do tempo. Uma luz azulada saiu de sua mão e circulou a barriga da mulher, então a imagem de um relógio surgiu em cima do ventre feminino tal como uma imagem holográfica. Com a outra mão, Kairos ajustou os ponteiros de seu relógio sobrenatural para o século XXI conforme a vontade de Nya.
Quando terminou o processo agarrou o corpo da jovem sugando todo o cheiro de fruta que vinha do pescoço feminino numa só fungada.
- O que você não me pede chorando que eu não faço sorrindo, docinho... – disse segurando o queixo da jovem lambendo-lhe os lábios rosados em seguida.
Nya sorriu, mas na verdade sentiu nojo daquele contato. Ela ainda se lembrava do gosto de Shion em sua boca e aquilo era uma lembrança considerada por ela boa. Lembrança esta que Kairos estava maculando com aquele contado indelicado.
- Adoraria ficar, mas preciso ir agora, docinho – disse Kairos a soltando. Nya adorou se ver livre dos braços do deus, é claro que procurou não demonstrar nada – Tenho um assunto de suma importância para resolver... – disse Kairos ajeitando a gravata borboleta em seguida colocou a cartola altivamente na cabeça – Me espere aqui quietinha até eu voltar, sim?
Nya concordou com a cabeça. Ao passar por ela Kairos deu-lhe um tapa na bunda.
- Assim que eu gosto, docinho... – soprou-lhe um beijo e saiu do quarto, deixando por fim o casarão.
Quando se viu livre da presença de Kairos. Nya soltou o ar aliviada por não ter que aturar o deus manipulador do tempo e seu jeito falastrão naquela noite. Voltou para os seus aposentos e contemplou a capa do cavaleiro de Áries estendida em sua cama que ela tinha levado consigo como um souvenir. Era sua doce lembrança. A sua doce lembrança de Shion, o verdadeiro pai da filha que carregava no ventre.
Quando acariciava a capa branca estendida na cama sentiu a presença de alguém no quarto.
- Hanzo... – virou-se para receber o visitante que na verdade estava lá aguardando por ela há bastante tempo – Bom saber que esta aqui, meu filho.
Um homem alto de cabelos tão negros quanto suas roupas sai das sombras e se curva perante a jovem que assim como ele, apenas aparentava ter pouca idade, mas já tinha vivido mais de um século.
- Mãe... – beija a mão da ruiva e encosta a mesma na testa em seguida – Estava preocupado com tamanha demora...
- Hanzo... – a voz firme e tranquila faz o filho levantar a cabeça. Nya toca o próprio ventre e dirige um olhar de felicidade para o filho – Está feito.
Hanzo abre a boca maravilhado. Aquela era uma excelente notícia.
- Quando ela nascerá?
- No século XXI, meu filho amado... – responde acariciando o rosto do jovem – Ela será a melhor e mais perfeita criação de nosso clã... "O guerreiro perfeito"...
- Por que ela não nasce agora? Por que não nesta guerra para nossa vitoria ser plena... – pergunta ele mostrando sua agitação na voz. Naquela época, ele ainda não era tão frio.
- É a nossa melhor alternativa, meu filho. – interrompe a voz firme da mãe – no século XXI ela estará mais segura, será melhor para nosso clã...
Hanzo baixa a cabeça. Não aceitava, mas não podia ir contra as regras da mãe, principalmente por que ela nunca errava em suas previsões. Fora capaz de salvar o clã ate nos piores momentos. Quando eles foram descobertos por Abel e perseguidos pelos guerreiros do deus Sol e pelos cavaleiros de Athena. A inteligência de Nya livrou os Hanzo da extinção certa.
- Meu filho... – disse segurando o rosto de Hanzo com carinho – Quero que me prometa que vai esperar pacientemente até o nascimento de sua irmã e que vai seguir com o nosso plano até o último momento... – segurou o rosto do filho com as duas mãos olhando com suplica e firmeza – Prometa Hanzo, que vai fazer tudo pelo nosso clã, prometa que não vai permitir que sejamos extintos. Jure que vai preservar e proteger o nosso sangue sob qualquer pena...
Hanzo tocou as mãos delicadas da mãe sob o seu rosto e respondeu:
- Eu juro...
Então?
nos vemos no primeiro capítulo. Querem saber mais? Acessem Cdzficsession, nossa página no facebook. E continuem lendo, claro ^^.
