Um breve bla-bla-bla: Eu não publico nada há mais de 10 anos! Mas nunca parei de ler e escrever. Essa que estou postando é a ultima que comecei e quando reli achei que estava interessante... Nem sei se HH ainda tem público rs mas decidi dividir aqui e ver! Espero que gostem! Ah, e nenhum desses personagens me pertence, são da JK Rowling e eu não pretendo ter nenhum tipo de rendimento com essa história.
Já passavam das 2h da manhã e Hermione não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar. Por mais que tentasse esvaziar a sua mente para abrir espaco para o sono, a imagem de seu amigo de longos anos – aquele com olhos verdes e uma cicatriz na testa – tornava a aparecer em sua mente. Mas dessa vez era por um motivo completamente diferente daqueles que costumavam tirar seu sono quando se tratava de Harry Potter.
Quando fechava os olhos, a imagem e a sensação de um beijo apareciam em sua mente. E aí ela se lembrava daquele momento, quase conseguia sentir as mesmas emoções de novo – e eram tantas! Ela jamais imaginaria como seria beijar alguém que conhecia há mais de dez anos e que era seu melhor amigo. E a pior parte é que não tinha sido um beijo qualquer, daqueles que são esquecidos logo depois de terem acontecido.
E se inicialmente ela repetia para si mesma que aquela situação tinha acontecido porque ela havia sido movida puramente pela curiosidade e pretendia que esse beijo nunca mais se repetisse, agora já começava a ter dúvidas a respeito de quais seriam suas reais intenções e suas próximas atitudes – se ao menos tivesse certeza de que conseguiria se controlar e tomar a decisão mais correta e sensata, talvez conseguisse cair no sono.
O fato é que essa situação bizarra que ela havia criado demandava uma decisão por sua parte. E essa decisão envolvia três possibilidades: i) passar a ignorá-lo até que ele esquecesse, ii) contar a verdade e arriscar a perda de uma amizade sincera ou iii) dar um jeito de preparar novamente a poção polissuco e postergar a decisão por mais algumas semanas.
Antes de continuar pensando nisso, enquanto mentalmente já ia fazendo a lista dos ingredientes necessários para o preparo da poção, levantou da cama e puxou um caderno que estava em sua escrivaninha. Não tinha o costume de escrever um diário, mas pensou que talvez escrevendo, traduzindo em palavras aqueles pensamentos desconexos que ocupavam sua mente, conseguiria transformar toda essa loucura em algo que fizesse algum sentido. E a partir daí decidiria qual o próximo passo que deveria tomar.
Caderno:
E então eu decidi escrever essa loucura... Quem sabe escrevendo consigo entender como, de alguma forma, eu consegui me envolver nessa história bizarra com o Harry e... Comigo mesma! Talvez eu deva dizer que a história envolve eu mesma e a senhorita Jane, meu "alter ego". "Alter-ego"? Será que posso chamar assim?
Enfim, tudo começou com uma festa. Uma balada com as minhas amigas do trabalho. Era a despedida de solteira da Summer. Algum dia eu comentei com minhas amigas do departamento de "Reforço das Leis da Magia" sobre o costume trouxa de fazer festas de despedida de solteiro antes de se casarem. Elas acharam o conceito muito divertido e desde então ficou decidido que faríamos uma comemoração desse tipo assim que a primeira de nós se casasse.
Summer namorava desde que havia terminado os estudos em Beauxbatons, então não ficamos surpresas quando ela chegou um dia no trabalho com um sorriso enorme no rosto e um belo anel no dedo. Quando o grande dia começou a se aproximar, o assunto da festa de despedida de solteira entrou em pauta novamente. Eu, Avery e Julie decidimos ir a uma balada bruxa que estava na moda, assim poderíamos comemorar esse momento entre amigas.
Eu tinha achado a ideia da despedida de solteira inofensiva. Além disso, eu achava mesmo que estava merecendo uma comemoraçãozinha entre amigas para aliviar o stress do trabalho. Eu mal sabia o que estava por vir!
"Vou querer um dançarino bonitão, daqueles que vão tirando a roupa, sabe? Já vi em vários filmes trouxas e achei um máximo!" – disse Summer empolgada – "Vou pôr um galeão na cueca dele!"
"Ia ser tão divertido! Precisamos arranjar um desse!" – disse Avery rindo. Eu estava na dúvida se elas estavam falando sério ou não.
"Eu juro que me arrependo diariamente de ter apresentado o cinema trouxa para vocês... Gente, sério, pensem quanta vergonha passaríamos com um stripper no meio da balada! Por aqui as festas de despedida de solteira não são exatamente uma tradição... Quem nos vir vai achar que somos completamente loucas!" – por via das dúvidas, tentei pôr algum tipo de razão na mente excessivamente criativa das minhas amigas. Era bem possível que elas estivessem falando sério. Realmente, será que só eu conseguia pensar na nossa reputação?! Eu já estava imaginando um artigo da Rita Skeeter ilustrado com fotos minhas dançando com um stripper e uma manchete descrevendo meu estágio avançado de loucura, depravamento ou ambos.
Para o meu desespero, Avery deu de ombros dizendo que não se importava nem um pouco com o que os outros iam pensar dela. Pelo menos nossa amiga Julie concordou com o meu ponto, mas ainda estava empolgada com a ideia da despedida de solteira e não queria simplesmente desistir – de nenhum detalhe. Eu ainda pensei em sugerir que fôssemos a uma boate trouxa, mas a chance de acontecer algum "acidente" devido ao mau uso de mágica por bruxas alcoolizadas me fez repensar a ideia e não falei nada.
"Ai, eu concordo! Sei lá, a Hermione é meio famosa. Imagina se tiram fotos nossas enquanto estamos bêbadas? Ou enquanto eu estou recebendo a minha lap-dance? Primeiro perco o emprego e depois o marido! Melhor esquecermos o tal do stripper."
"Se ao menos tivesse uma forma de não sermos reconhecidas" – Avery estava claramente decepicionada.
"Gente, vocês já ouviram falar de poção polissuco?" – comentou Julie – "Eu li um artigo a respeito em uma revista há uns dias. Na verdade não sei se é exatamente legal, mas seria perfeito!".
"Ah tá! Como se fosse fácil preparar uma dessas!" – comentou Avery.
"Além de que pode não dar certo. Aposto que também não deve ser nada fácil encontrar a receita para preparar" – completou Summer.
"Eu preparei algumas vezes enquanto estava em Hogwarts" – eu disse meio automaticamente. De certa forma eu tinha bastante orgulho desse feito. Mas obviamente, se eu tivesse guardado essa informação para mim nada disso teria acontecido! Afinal, as minhas amigas não me conheceram na época de Hogwarts, elas não sabiam de quase nenhuma das minhas aventuras. Porém, antes que eu pudesse dar mais detalhes, elas pararam de falar e viraram para mim com olhos arregalados e sorrisos no rosto.
"Sério?" – as três começaram a fazer várias perguntas sobre quando, como e por que eu fiz uma poção polissuco na época da escola. Eu respondi revelando o mínimo possível de informações.
"Nossa, então acho que temos uma solução!" – disse Summer com um sorriso no rosto – "Você faria isso por mim?".
Eu poderia ter dito que não. Aliás, eu deveria! Afinal, não era do meu feitio infrigir as regras – ou no caso, as leis, por um motivo tão estúpido quanto uma despedida de solteira para uma amiga! Era até uma vergonha se comparado com os motivos que me levaram a preparar a poção nas outras vezes. Eu poderia ter dado uma desculpa qualquer também, dizer que não me lembrava mais da receita ou que algum dos ingredientes era impossível de achar durante essa época do ano.
Mas o fato é que eu estava bastante confiante na minha capacidade de preparar a poção. Além disso, a chance de sermos descobertas era quase nula. E não faríamos nada de errado – ou pelo menos não muito errado - e a poção só ia servir para que nos divertíssemos durante uma noite.
"Claro! Vamos nos divertir horrores" – é, foi isso que eu disse.
Se eu me orgulho disso? Claro que não!
Se me arrependo? Acho que também não, embora devesse.
Nos próximos dias, nossos almoços de trabalho se transformaram em pequenas reuniões em que decidíamos os detalhes para a festa. Avery foi a responsável por nos arranjar fios de cabelo de mulheres desconhecidas nas quais nos transformaríamos. Eu preparei a poção. Julie cuidou do lugar e dos preparativos gerais para a festa – como o bruxo stripper (Não é que essa profissão existia! Nunca pensei.). Em duas semanas estava tudo pronto e a grande noite havia chegado.
Eu me transformei em uma mulher que provavelmente tinha a mesma idade que eu, em torno de 25 anos. Ela era um pouco mais alta que eu, tinha olhos castanhos e o cabelo liso, loiro e com o comprimento um pouco abaixo do ombro. Não era um loiro "Malfoy", mas era definitivamente mais claro que o meu cabelo. Ela era bem magra, mas tinha seios grandes – senti um peso "novo" e demorei um pouco para me acostumar e manter a postura.
Avery, Julie e Summer pareceram ficar bem satisfeitas com a minha nova aparência. Elas também estavam ótimas! Avery deixou o tom castanho escuro e os olhos mel para se transformar em uma loira baixinha com olhos azuis. Julie trocou os cabelos cacheados e curtos por cabelos longos e lisos, mas manteve o tom preto e a altura mediana. Já Summer, cresceu uns bons 10cm e mudou o cabelo para um tom avermelhado e fios na altura do queixo.
"Bom amigas, então estamos prontas! Lembrem-se que a poção vai durar só até as 2h da manhã! Caso a gente se desencontre, é importante que estejam em suas casas quando o efeito passar! Não queremos problemas para o nosso lado!".
Chegamos na tal balada. Ainda era cedo, então não tinha muita gente, mas a música já era bem alta.
Havíamos reservado um camarote para o show do bruxo-stripper. "Enquanto a balada estiver vazia o mico será menor!" – pensei . Depois do showzinho – com direito a lap-dance e galeões na cueca inseridos por quatro bruxas levemente alcoolizadas – nós continuamos curtindo a festa. Decidimos ir até a pista de dança, que a essa hora já estava bem mais cheia.
Andando pela pista de dança, que era um pouco pequena dado a quantidade de pessoas que estavam naquele recinto, eu avistei o Harry de longe. Minha primeira reação foi ficar feliz, pois Harry quase nunca saía de casa para se divertir. Ele nunca mais tinha saído com ninguém depois que terminou com a Gina há alguns meses e eu queria que ele encontrasse alguém e pudesse ser feliz. Ninguém no mundo merecia mais ser feliz do que o meu amigo Harry!
A minha segunda reação, provavelmente pelo efeito do álcool que me fez esquecer que eu tinha bebido a poção polissuco, foi ir até lá e dar um "Oi". Avisei as minhas amigas que voltaria em alguns minutos e fui em direção a ele.
Eu estava olhando para o Harry com um sorriso, caminhando até ele, quando ele se virou em minha direção e me viu. No momento em que ele me viu e não sorriu imediatamente de volta – apenas me olhou e piscou os olhos de leve, como se tentasse se lembrar da onde me conhecia. E foi aí que eu me lembrei que estava sob o efeito da poção polissuco. O olhar dele definitivamente não era o que eu estava acostumada a receber, estava intrigado, tentando se lembrar se me conhecia. Depois abriu um sorriso também. Eu cheguei a cogitar que ele tinha me reconhecido, mas era impossível! Ciente disso, eu deveria ter desviado o caminho, ido falar com um estranho qualquer ou ter pedido uma bebida para um garçom que não estava muito longe de mim. Isso teria evitado a situação que estava por vir. Mas eu não desviei meu caminho. Continuei andando em direção ao Harry e pensei em dizer a ele que o tinha confundido com algum amigo ou algo do tipo.
"Oi" – ele disse caminhando o restante da distância que nos separava. Notei que ele estava um pouco vermelho. Talvez também tivesse bebido alguns drinks. Ou talvez estivesse tímido.
"Oi, é... Tudo bem?" - não estava preparada para o fato de que ele seria o primeiro a puxar assunto.
"Melhor agora!" – ele sorriu mais. Aí eu me dei conta que o Harry estava flertando comigo. Achei muito engraçado! Pensei em retribuir um pouco e depois contar para ele quem eu era. Seria engraçado.
"Ah" – flertar não era exatamente o meu forte e comecei a me sentir desconfortável, será que Harry acharia mesmo engraçado descobrir quem eu era?
"Qual é o seu nome?" – ele perguntou falando no meu ouvido. A música estava alta.
Eu congelei e não conseguia falar mais nada. Era uma pergunta absurdamente simples. Ninguém em sã consciência deveria ter dificuldade em responder o próprio nome. Mas eu não tinha nem pensado em qual seria meu nome! Que descuido da minha parte! Ele estava olhando para mim esperando uma resposta. Eu tentei pensar em um nome qualquer, mas também pensei que provavelmente ele perceberia se eu mentisse. Se eu pelo menos tivesse um nome comum...
"Jane" – eu disse sorrindo – "Meu nome é Jane".
"Eu sou Harry. Muito prazer Jane" – senti um alívio ao perceber que ele não achou estranho a minha demora em responder meu próprio nome. Mas talvez fosse melhor acabar logo com essa brincadeira, estava me deixando nervosa.
"Desculpe. Essa situação está muito estranha!" – eu comecei a falar. A intenção era contar para ele quem eu era de uma vez, eu estava alcoolizada demais para manter a minha mentira. Mas antes que eu conseguisse continuar, Harry começou a rir.
"Essa situação deve ser engraçada mesmo... É, você me reconheceu?" – ele parecia um pouco apreensivo ao dizer isso.
"Ahn, me desculpa! Não consegui evitar" – de repente eu queria entender melhor o por que daquela apreensão. Concluí que ia manter a mentira sobre a minha identidade por mais alguns minutos. Até porque achei que talvez o Harry pudesse se sentir desconfortável se eu revelasse agora quem eu realmente era.
"Não tem problema, não é algo raro" – ele disse enquanto olhava para baixo, como se estivesse tímido por ser reconhecido.
"Eu fiquei um pouco nervosa, quero dizer, você é importante... "
"Ah, deixa isso para lá, Jane! Por que não pegamos um refil para essa sua bebida? Seu copo está vazio!" – Harry acenou para um garçom vir nos atender e eu pedi um Bloody Mary. Harry pediu vodka.
"E então, em que você trabalha?" – Harry me perguntou parecendo interessado.
"Ah, eu trabalho no Ministério" – sorri. Quanto menos eu precisasse mentir, melhor.
Continuamos conversando por um tempo. Falamos sobre Hogwarts, eu disse que era da Lufa-Lufa e mudei o assunto, não me sentia a vontade mentindo para o Harry. Então falamos sobre nossos programas favoritos em Londres – restaurantes, bares. Nossas bebidas chegaram e eu não pude deixar de notar que Harry estava claramente interessado na Jane. Percebi que as minhas amigas já tinham visto onde eu estava e olhavam para a gente sem entender nada. Talvez tivessem pensado que eu havia aberto o jogo sobre quem eu era para o Harry. Por ora, tentei fingir que não percebi seus olhares intrigados e continuei conversando com meu amigo. O fato é que a conversa estava bem interessante. As reações de Harry nem sempre eram as que eu previa. Era como se eu estivesse conhecendo novamente o meu melhor amigo, pois a situação e o tipo de conversa eram completamente novos para nós.
"Sabe Jane, eu gosto de conversar com você" – ele disse sorrindo – "Você tem opiniões, sabe se expressar, é simpática. Parece que eu te conheço há anos!".
"Ah é mesmo?"
"Acho que você me lembra alguém, mas não estou conseguindo pensar em quem"
"Acho que eu tenho um rosto comum!"
"Pode ser. Mas então, já que descobrimos que temos gostos culinários parecidos, que tal se você saísse comigo amanhã? Conheço um restaurante de comida francesa que é excelente!".
"Ah eu adoraria..." – eu comecei a falar enquanto já pensava em qual roupa eu ia usar... Opa! Não, eu não posso sair com ele amanhã! Eu não tenho mais poção polissuco e jamais conseguiria preparar mais em um dia! Eu nem sabia de quem era esse fio de cabelo. Esse negócio de o álcool desacelerar o raciocínio é muito verdade.
"Ótimo!" – ele estava sorrindo.
"Não! Quero dizer... Eu adoraria, mas eu farei uma viagem a trabalho! Longa! E eu estarei bem ocupada" – eu vi o sorriso morrer no rosto dele. E ele fez uma cara de desapontamento. Ele estava se sentindo rejeitado, levando um fora. Eu não podia causar esse sentimento no meu amigo! Não quando eu sabia que ele estava se arriscando quando decidiu sair de casa para ir a uma balada e quando decidiu abordar uma garota e convidá-la para sair.
"É uma pena" – ele disse dando um passo para trás – "Me desculpa se eu me precipitei".
"Não!" – ele parou e me olhou com aqueles olhos verdes ansiosos – "Quero dizer, eu não acho que você se precipitou e eu adoraria sair com você se eu pudesse e... Ah, quer dançar?"
"Eu sou péssimo dançarino, mas... Por que não?".
Enquanto dançávamos continuamos conversando.
"Não é como se a fama me ajudasse, você sabe. Sei lá, talvez seja uma boa forma de atrair as mulheres, mas elas tendem a achar que me conhecem. E na maioria das vezes eu não sou exatamente como elas pensam que eu sou e isso gera um certo desapontamento".
"Eu sei! Quero dizer, posso imaginar... E também, as vezes as pessoas não entendem o quanto foi difícil para nós, digo, para você e os demais envolvidos, estar em todas aquelas batalhas e ver tantos amigos nos deixando...".
"Exatamente! Nossa, você parece ser a primeira pessoa a me entender!".
"Ah, eu só... Bem, mas vamos falar sobre coisas melhores..."
"Vamos para minha casa?" – ele disse, sério. Não imaginei que Harry fosse tão direto e persuasivo. Aquele olhar penetrante e o sorriso no rosto dele, meio de lado me desconcentraram e eu quase disse que sim.
"Oi?" – Foi o que eu consegui dizer, embora devesse ter dito um sonoro "não" e estapeado Harry... Seria uma boa forma de acabar com essa situação bizarra e ainda ensinar a lição da sutileza ao meu amigo.
"Desculpe minha abordagem. Mas... É só que eu pensei que poderíamos tomar um vinho, conversar um pouco mais. E, eu teria esperado mais alguns encontros antes de te convidar, mas você disse que terá uma viagem longa de trabalho"
Nunca pensei em estar sendo convidada para passar a noite com o Harry nessas circunstâncias! E que safadinho, convidar uma moça que ele mal conhecia para "tomar um vinho" em sua casa! Mas é claro que eu jamais aceitaria esse convite! Uma coisa era flertar e bater um papo, mas aceitar um convite para a casa dele era completamente inapropriado...
"Eu não posso" – eu não sabia exatamente como declinar, mas não é como se eu tivesse outra escolha. Eu estava bem nervosa, comecei a mexer nos meus anéis, arranquei um deles do dedo e joguei dentro da minha bolsa – "Quero dizer, acabamos de nos conhecer e não seria certo, você sabe".
"Ok. Entendo. Não é exatamente algo que eu faça sempre, mas é que você me parece uma pessoa diferente de todas as outras... Faz anos que não me divirto assim com alguém! Quando nos vemos de novo? Quando você volta da sua viagem?"
"Eu. Eu vou estar fora por algumas semanas" – eu devia ter dito "anos". Mas o olhar dele me distraiu e eu não consegui mais dar qualquer desculpa – "Mas assim que eu retornar, acho que podemos marcar alguma coisa...". – Era um misto de uma real vontade de passar mais tempo com o Harry nessas circunstâncias e falta de coragem de declinar o convite.
"Ótimo! Vou aguardar ansiosamente" – e ele sorriu de lado. Curioso que eu nunca tivesse notado esse sorriso do Harry, era tão sedutor! Talvez ele nunca tivesse usado esse sorriso comigo. Mas o fato é que, talvez pela minha curiosidade quanto a essa nova expressão do meu amigo ou talvez porque eu realmente estivesse sendo seduzida, eu não consegui desviar o olhar do dele e cheguei a ficar com as bochechas um pouco coradas.
"AMIGA!" – eu levei um susto quanto alguém apareceu do meu lado. Demorou uns 2 segundos para notar que era a Avery sob efeito da poção polissuco.
"Oi amiga, está tudo bem?" – perguntei. – "Esse é o Harry" – eu apontei para Harry enquanto pisquei e acenei para minha amiga, para ela entender que ele não sabia quem eu era. Ela entendeu e fez uma cara estranha.
"Prazer, Harry! Eu sou Av...a. Ava!" – Avery também não tinha pensando em um nome falso para usar na balada – "Amiga, eu vim te avisar que são 1h45!".
"MAS JÁ?" – eu tinha perdido completamente a noção do horário, ainda bem que Avery veio me avisar! – "Poxa, eu acho que preciso ir embora, eu encontro você e as outras meninas em 2 minutos!".
Avery nos deixou a sós.
"É que eu tenho esse compromisso amanhã e eu combinei horário com as minhas amigas, sabe?"
"Eu também nem notei o tempo passar! Mas que pena, você precisa mesmo ir embora?"
"Sim... Bom, então acho que é isso. Boa noite, Sr. Potter" – Eu estendi a mão para me despedir com um aperto de mãos, um inocente aperto de mãos. Mas Harry pegou na minha mão, me puxou mais para perto dele, escorregou essa mão em minha cintura e encostou sua bochecha na minha. Me deu um beijo no rosto e falou no meu ouvido – "Vou esperar ansiosamente pelo seu retorno para tomarmos aquele vinho na minha casa".
Nossa, o Harry realmente conseguia seduzir uma mulher! Era quase um desperdício que ele tivesse ficado tanto tempo em casa sem sair com ninguém por causa dos sentimentos mal resolvidos com a Gina. Era como se eu prestasse um serviço as bruxas solteiras por encorajá-lo a voltar a se relacionar.
Quando eu fui me desvencilhar dele para voltar para casa, senti que minhas pernas estavam um pouco moles. Eu não conseguia me mexer. Sem saída, mantive a minha bochecha colada a dele e fechei os olhos. A pele dele estava quente. Talvez pelo fato de eu ter ficado ali, inerte, ele se sentiu encorajado. Foi arrastando a bochecha para o lado de forma que nossos lábios se encostaram. Ele fez isso de uma forma meio lenta... Não acionou os meus reflexos! E só por isso, eu não mexi meu rosto para evitar o beijo que atualmente tira o meu sono.
Quando ele começou a me beijar, foi de forma bastante suave, os nossos lábios encostaram-se de leve, enquanto ele me abraçava. Aos poucos, ele foi aumentando o ritmo. Ao mesmo tempo, ele subiu uma das mãos pelas minhas costas, até a minha nuca. Eu suspirei com a sensação que o toque dele causou. Ele aproveitou disso para aprofundar o nosso beijo e eu simplesmente deixei. Acho que foi até minha a iniciativa de usar a língua, não lembro mais. Só lembro que foi uma sensação única. Fiquei completamente arrepiada com aquilo. Tive uma séria dificuldade em interromper o beijo. Eu precisava fazer isso ou me transformaria de volta em Hermione bem na frente dele. Me afastei um pouco, empurrando os ombros dele:
"Eu... Realmente... Preciso ir!" – ele tinha os lábios vermelhos, consegui notar, então saí. Meio correndo, até. Mas eu precisava sair antes que a poção perdesse o efeito.
Encontrei Avery na frente da balada. Julie e Summer já tinham ido embora, mas Avery fez questão de me esperar:
"O que foi isso, Mione? Eu vi vocês se beijando! Ele não sabe que era você?"
"Eu não sei o que foi isso, amiga... Deve ser o alcool! Mas ele definitivamente não sabe que sou eu".
"Cara, esse foi o babado do século. Se eu vendesse essa informação para a Rita Skeeter ia ficar milionária!" – Eu devo ter olhado com uma cara tão feia que ela completou rapidamente – "Estou brincando, Mione, calma!".
"Eu acho que eu realmente preciso ir para casa".
E eu aparatei para a minha casa. Isso foi há três semanas. E ainda não esqueci nenhum detalhe daquela noite.
Depois que Hermione aparatou, Avery estava se preparando para fazer o mesmo, quando Harry saiu da balada e deu de cara com ela:
"Ah, que bom que te encontrei! Ava, não é mesmo?"
"Ahn, sim, sou eu!".
"A Jane deixou cair esse anel" – ele tinha um anel verde nas mãos – "Eu tentei trazer a ela...".
"Ok, eu entrego, pode deixar"
"Na verdade, não. Eu não vou deixar com você, quero entregar a ela em mãos. Me passa o contato dela?".
Sabendo que Harry sabia o endereço de Hermione, Avery deu seu próprio endereço para que Harry mandasse mensagens via coruja. Eles se despediram e foram para suas respectivas casas.
