Ballad of Mona Lisa
Louis era o mais humano de todos nós, era também aquele cuja humanidade estava mais próxima, não tinha nossos poderes, mas ele tinha à Lestat, era a melhor arma que alguém podia ter, e Louis o tinha apenas para ele, porque, afinal, Lestat podia dizer o que fosse sobre amar à todos nós, os poderosos e antigos, mas todos nós sabíamos que a maior parte do amor do meu "Príncipe dos Moleques" era única e exclusivamente de Louis.
Lestat sempre dizia que lia Louis com uma facilidade extraordinária, ele havia se vangloriado disso em seus livros, mas todos nós sabíamos que a verdade era outra, Louis era como a Mona Lisa de Lestat, algumas emoções, as que Louis deixava transparecer em seus olhos verdes, Lestat realmente conseguia ler, mas, aquelas que ele escondia, Lestat simplesmente não conseguia saber, talvez fosse por isso que ele era tão atraído por seu filhote, por não poder decifrá-lo e enredá-lo tão bem quanto fazia com todos os outros à sua volta.
Os dois se amavam indubitavelmente, e, após seu reencontro, nunca mais se afastaram muito um do outro, é claro que , eventualmente, Lestat se cansava de ficar em um único lugar e decidia partir para outro, isso acontecia com muita freqüência, e nem sempre Louis o acompanhava, e, quando ele não o fazia, Lestat,inevitavelmente voltava mais cedo do que o previsto para Nova Orleans, era claro que inventava mil desculpas para tal, mas todos nós sabiam o real motivo de sua volta: ele não conseguia se separar de Louis por muito tempo, sentia falta dele, e sempre voltava para ele.
Ah, como nós os invejávamos, afinal, todos nós nos cercávamos com nossos próprios filhotes e companheiros, mas, nunca agüentávamos muito sua presença, e sempre nos separávamos, isso parecia não afetar os dois, muito pelo contrário, quanto mais passavam tempo juntos, mais ansiavam pela presença um do outro, e mais tempo passavam juntos, conversando, discutindo, indo juntos à teatros e óperas ou apenas deitavam-se no chão do jardim da casa que ambos dividiam e ficavam olhando as estrelas.
Louis sempre seria a Mona Lisa de Lestat, sempre ali, indecifrável, misterioso, e incrivelmente humano e frágil, como todas as grandes obras-primas espalhadas pelo mundo.
