DO QUE AS BRUXAS GOSTAM
Nota da Autora: Fanfic baseada no filme "Do que as Mulheres Gostam", com Mel Gibson e Helen Hunt. Harry está, obviamente, longe do caráter de Nick Marshall e muitas relações entre os personagens são alteradas em relação ao filme. O decorrer da história, desde quando ela é familiar a todos (o ponto onde param os livros) até os fatos aqui narrados, é apresentado como lembrança no primeiro capítulo e comentários por parte dos personagens serão feitos ao longo da fic.
Capítulo 1 – A Governante do Apartamento
- Acorde, Sr. Potter! Está novamente atrasado para o trabalho! – uma bruxa simpática adentrou no quarto de Harry, abrindo as cortinas e puxando os lençóis.
Harry acordou confuso e tateou o criado-mudo em busca de seus óculos.
- Rose! Bom dia! Vai preparar meu café? – ele disse à velha bruxa, colocando os óculos.
- Já o fiz. Aqui está. Accio bandeja de café!
Rose fez o feitiço convocatório e, em seguida, uma bandeja com os desjejuns preferidos de Harry veio flutuando da direção da cozinha para repousar em seu colo.
Enquanto Harry comia, Rose arrumava o quarto, realizando vários feitiços domésticos com a varinha. Ao mexer na cama, uma lingerie bastante ousada flutuou pelo quarto.
- Nossa, Sr. Potter! Com que tipo de bruxa o senhor anda saindo?
- Ora, Rose! Está com ciúme, é?!! – Harry riu.
- Hunf... é claro que não. Ela não é nem mesmo capaz de acordar o senhor para o trabalho e lhe preparar um desjejum.
Harry sorriu. Era uma segunda-feira realmente especial. Ele havia se divertido bastante no Três Vassouras na noite anterior e conhecera uma jovem encantadora e sensual. Agora ela se fora e ele não fazia idéia de onde encontrá-la de novo.
Entretanto, ainda mais importante do que a maravilhosa noite, seria o dia no serviço. Hoje, o Sr. Mundungus Fletcher anunciaria sua aposentadoria e seria apontado o novo Ministro da Magia. Harry acreditava que seria o escolhido, pelos serviços à comunidade mágica que prestara em sua juventude, quando derrotou o maior bruxo das trevas de todos os tempos, Lord Voldemort. Além disso, ele tinha lá suas influências no Conselho de Decisão, com a presença de Arabella Figg e de Sirius Black, seu padrinho.
Quando o quarto estava em perfeita ordem, Rose suspirou.
- Bom, vou dar uma limpada no apartamento e checar a dispensa.
- Oh, Rose, o que seria de mim sem você? – ele disse, zombeteiro, jogando um travesseiro na governanta.
- Um marmanjo desses e não tem vergonha de depender de uma velha bruxa, Sr. Potter! O senhor deveria se casar! – ela disse e saiu rumo ao corredor.
- Mas eu já me casei! – Harry disse a uma voz que ela pudesse ouvir.
Rose apareceu novamente na porta.
- Então, case-se de novo! – disse com um olhar vencedor e foi para a sala, deixando Harry perdido em seus pensamentos.
Sim, ele se casara. Tentara ter uma família exatamente como ele nunca tinha tido. Memórias de há muito vividas ecoaram em sua mente.
Harry se viu no sexto ano de Hogwarts, chorando a morte da primeira namorada, Cho Chang. Ele viu Hermione Granger chorando a morte do primeiro namorado, Vítor Krum. Quando achou que sua dor seria amenizada com um novo amor, ele viu o coração de Hermione finalmente se voltar para Ronald Weasley.
Paralelamente, ele viu sua vingança contra Lord Voldemort, que lhe havia tirado seus mais queridos: seus pais, Cho, Hagrid, Lupin e até Dumbledore. Todos mortos pela sua varinha. E ele se viu, um estudante do sétimo ano de Hogwarts, envolto em uma aura dourada, exterminando Voldemort e trazendo uma paz aparente ao mundo mágico. Viu seus servos se esconderem em guetos e a esperança brotar nos corações de bruxos e trouxas. Viu-se aclamado na comunidade mágica como um herói mais uma vez.
Ele viu os amigos Hermione Granger e Ronald Weasley anunciarem o noivado no baile final. E ele a viu. Ele viu Virgínia Weasley andando em sua direção, bela e doce em sua admiração por ele. Ele achou que, como todos, devia-se permitir a chance de ser feliz.
Rony e Hermione casaram-se na primavera seguinte, na mesma época em que ele e Gina ficaram noivos. Gina foi trabalhar no hospital St. Mundus e o trio entrou no Ministério da Magia.
Os comensais estavam, novamente, se reunindo sob a liderança de Draco Malfoy, obcecado por vingar a morte do pai. Mundungus Fletcher, escolhido Ministro da Magia após a morte de Cornélio Fudge, fez alianças com os Ministérios de toda a Europa, intensificando o intercâmbio de funcionários.
Rony e Hermione foram mandados a missões na Áustria e Harry nunca mais os vira desde então, embora Rony, às vezes, escrevesse de anos em anos, e ele próprio escrevia por vezes a fio para o casal, sem resposta.
Harry e Gina se casaram antes da partida de Rony e Hermione. Eles foram morar em uma bela casa em Manchester e foram felizes por uns breves anos. Da união, resultou uma filha, Brenda W. Potter, o que muito alegrou o coração de Harry, apesar de ele não a ver há algum tempo.
Quando Brenda ainda era bem pequena, Gina desgostou-se do casamento, ao que pareceu. Harry respeitou sua decisão e, além disso, em seu íntimo, também não estava totalmente satisfeito.
Então, Harry deixou a casa de Manchester para as duas e se mudou para Londres, onde vive atualmente. É um prédio alto e imponente, próximo ao Caldeirão Furado e ao edifício do Ministério da Magia, apenas a sede de uma empresa aos olhos dos trouxas. Seu apartamento é amplo, um cômodo mais atraente que o outro. Dessa forma, ele foi levando sua vida de solteirão londrino, gozando-a da melhor maneira possível, no bom sentido e no melhor também.
Morando próximo ao trabalho, ele se dedicou mais a seu emprego, passando por vários setores administrativos e assumindo sucessivos cargos de chefia. E hoje, aos 38 anos, preparava-se para ser um dos mais jovens e aclamados Ministros da Magia, o cargo de mais alta hierarquia no mundo bruxo.
Para ajudar-lhe a cuidar do apartamento, Harry contratou Rose Peanuts, uma bruxa idosa muito simpática, indicação de Arabella Figg. Era Rose quem o acordava todas as manhãs, de segunda a sexta, não importa com quem ele tivesse passado a noite.
Foi Rose quem o jogou nesse dilúvio de pensamentos e era ela quem agora cantarolava na sala.
Mas o que fez Harry voltar à realidade não foi a melodia de Rose, e sim uma coruja batendo asas na janela, querendo entrar.
Harry recepcionou a ave, que trazia uma carta de seu amigo de muito, Ronald Weasley. Era uma ocasião rara, pois Rony já não escrevia há uns dois ou três anos.
Harry abriu o pergaminho, ansioso. Ele dizia:
"Olá, Harry!
Como vai? A barriga inchando por causa das cervejas amanteigadas? Por Merlin, já não somos jovens!
Eu estou bem, na medida do possível. Gostaria de falar com você. Já faz tantos anos! Você está careca ou apenas grisalho?
Estou enviando meu endereço para nossa conexão pela rede Flu. Por favor, assim que receber o bilhete, dê um pulinho na minha lareira.
Abraços,
Rony."
Harry muito se alegrou com a carta do amigo, divertido como sempre, apesar do passar dos anos. Puxa, teriam tanto o que conversar depois de todos esses anos praticamente sem contato! Harry desejou poder tirar o dia de folga, mas lembrou-se a data histórica que haveria de ser hoje.
Em todo caso, ele se vestiu para o trabalho e foi em direção à sala.
As conexões pela rede Flu em muito haviam se modernizado e o método mais atual era o Endereçamento de Lareiras, ou EL, um conjunto de números que propiciava localização exata de cada uma das lareiras disponíveis na rede. Para a conexão inicial, era realizado um feitiço complexo envolvendo o EL desejado. Após a primeira conexão, era possível nomear a lareira-destino de acordo com a conveniência de cada um. Essa técnica havia vindo da Áustria alguns anos antes e o próprio Harry acompanhou a implantação do projeto no Reino Unido.
Harry executou o feitiço para cadastrar a lareira de Rony em sua rede, jogou um pouco de pó de Flu na lareira e entrou nas chamas esverdeadas.
Ele viu Rony sentado em uma sala, mexendo em um telefone trouxa vermelho. Estava bem mais velho, é verdade, mas ainda não estava careca e seus cabelos mantinham-se vermelhos.
Rony ouviu as chamas crepitarem e encarou o amigo de tão longa data. Os cabelos, ainda pretos, despenteados como sempre e a expressão aberta em um largo sorriso, denunciando algumas rugas não tão visíveis no rosto estático.
- Harry! Venha, sente-se! Temos tanto o que conversar!
- Rony, estou muito feliz em te rever. Mas hoje é o dia mais importante da minha carreira e eu quero ter melhores notícias para te contar do que tenho nesse momento.
- Mas, Harry, tem uma coisa que você precisa saber...
- Claro, Rony, tem muitas. Vamos nos encontrar no Caldeirão Furado depois do expediente?
- Bom, certo, então... – Rony tinha um ar ligeiramente preocupado.
- Combinado, Rony! Até mais! – Harry desapareceu das chamas.
Rose já tinha ido embora. Harry desligou a lareira, fechou o apartamento e saiu, ansioso tanto pelo trabalho quanto pelo reencontro com o amigo.
N.A.: Qualquer semelhança da "modernização" da rede Flu com os endereços IPs dos computadores e a tecnologia VoIP não é mera coincidência. :)
