Eu o agarrarei

Inconsequente

Eu o agarrarei. Beijei. Toquei. Lambi. Percorri. Satisfiz. Prendi. E por fim o matei.

Nós éramos isso, falsamente inconseqüentes, afundando e afogando-se um no outro, porque gostávamos de ser isso, falsamente inocentes, hipócritas.

Sabia cada traço seu, eu percorri e alterei cada um deles com os meus próprios. Vivíamos no outono a estação da constância, mas estávamos tão perdidos em nós mesmo, nos nossos sonhos impregnados de inconsequência e na nossa cobiça caluniosa que não enxergamos o inverno tempestuoso de nossas ações presunçosas.

Chegando ao ponto de nos entrelaçarmos, nos misturarmos sem saber aonde começava um e terminava outro, perdendo o que achávamos que era o nosso porto seguro, o outro. Eu esperava que ele me salvasse, me resgatasse de mim mesma, mas ele já havia se transformado em mim, o que era para resgatar por fim nos destruiu.

Depois de tanto tempo vejo que mesmo antes de nós satisfazermos nossos estúpidos anseios um pelo outro, já éramos essa mistura, antes virginal e agora sórdida.

Tudo foi uma conseqüência do tempo, do desmoronamento da jaula segura que nos afastava da conexão com o real e cremos no outro para não nos perdemos nas águas violentas da realidade ao nosso redor, parecia simples e certo no primeiro toque, no entanto o segundo, o terceiro foi virando loucura e obsessão de fugir daquilo que nos cobria, a realidade de que nada seria como antes, tínhamos tanto medo da morte que se mostrava a cada segundo mais perto. Vivíamos no calor de um verão límpido, cristalino e depois fomos lançados no fogo do inferno que era aquela guerra, arrancando e queimando nossa pele, nos transformando em monstros.

Eu queria tanto reconstruir a fortaleza de ilusões em torno de mim que acabei arruinando nós dois.

E quando tudo acabou, estávamos mais destruídos e devastados de nós mesmo do que se tivéssemos aceitado enfrentar o desconhecido, contudo preferimos o certo e o seguro. Enquanto os outros se levantavam das cinzas e voltavam para o conhecido, nós ficamos presos na gaiola do passado.

Seguimos a vida com a alma morta e imunda.

- Ginny... – ouço a voz dele me inundar como antigamente, mas o resto fica entalado sem vida em sua garganta.

Eu apenas dou um sorriso desmoronado, sabendo o que ele gostaria falar.

- Sim, Ron. Eu já sei.

Meu irmão era assim, incompleto como suas frases e eu as respostas vazias, ironicamente se completando.

Somos iguais, porém só para nós mesmos.

Fecho os olhos e vejo o meu passado nas minhas veias, e agora no meu leito de morte, tudo o que quero dizer é um suspiro de pêsames a minha outra metade, desculpas por não aceitar ser incompleta.

FIM

N/B: Não gosto do shipper, mas adoro quando falam dos sentimentos sem mostrar especificamente o que houve na fic, tão legal - E também gosto de incest quando não mostra o incest em si \o/ A fic tá linda, merece reviews não? Comentem! Comentem!

Beijos da beta Lou Malfoy!